Baladas: Sucesso e Rejeição
Por Fernando Bueno
Essa primeira década do século 21 foi a época de um grande número de “revivals” de bandas e estilos musicais, principalmente dos anos 80. Existe uma tendência cultural de se chamar os anos 80 como a “década perdida”. Porém, no âmbito musical, acho que a década perdida foi a dos anos 90. Claro que muitas bandas legais surgiram e até mesmo o grunge será lembrado futuramente como um dos movimentos musicais mais importantes da história, mas mesmo assim não dá para comparar a produção musical da década de 90 com a das duas anteriores.
Poison em 2008
Mötley Crüe em 2009
Um dos “revivals” que mais chamaram a atenção foi o das bandas de Hard Rock, mas especificamente as oriundas da Califórnia – como outras que não são de lá, mas possuem as mesmas características em seu som. Esses grupos foram também denominados como Glam Metal, com claras referências ao Glam Rock dos anos 70 devido ao visual extravagante, andrógino e até mesmo afeminado de alguns de seus componentes. Em algumas publicações também foi denominado Hair Metal, por motivos óbvios, basta dar uma olhada nas fotos da época. Porém, percebemos esse fenômeno não apenas relacionando à volta às atividades de bandas oitentistas, mas também ao surgimento de outros grupos bebendo diretamente da fonte dessas pioneiras, como é o caso das bandas de hard rock escandinavas (Crashdiet, Reckless Love e Crazy Lixx).
Quando comecei a ouvir música, além do Iron Maiden outra banda foi responsável por eu escutar rock até hoje; o Guns and Roses. Depois do GNR veio o Skid Row, o Bon Jovi, o Mötley Crüe, o Poison, etc, para ficar apenas nessa linha. Uma das características dessas bandas é que quase todas tocavam direto nas rádios, o que poderia ser bom para a imagem delas e para a captação de novos fãs para o rock and roll. Entretanto, isso acabou não acontecendo devido à escolha das músicas que eram divulgadas. Para ser mais específico, vamos lembrar aqui alguns hits dessas bandas que tocavam nas rádios no fim dos anos 80 e início dos anos 90 (clique no nome das músicas se quiser ouvi-las).
Skid Row: “I Remember You” e “Wasted Time”
Poison: “Every Rose Has Its Thorn” e “Something to Believe In”
Mötley Crüe: “Home Sweet Home”
Extreme: “Song For Love” e “More Than Words”
Warrant: “Let it Rain”
Isso sem esquecer o Bon Jovi…
Capa do Single Patience do Guns And Roses
Capa do Single Wasted Time do Skid Row
Capa do Single More Than Words do Extreme
Poderia acrescentar muitas outras a essa lista, mas acho que esse número já está suficiente para o objetivo do post. Qual é a semelhança entre todas essas músicas? Todas elas possuem os requisitos necessários para serem chamadas de baladas. As baladas resumidamente são músicas lentas, ou de andamento lento, que possuem elementos líricos sentimentais, não necessariamente amorosos.
Warrant
Por serem de fácil assimilação, até mesmo com apelo pop, muitas dessas canções caíram no gosto de todo mundo, inclusive das irmãs, primas, amigas, vizinhas e até das mães de muitos headbangers. Esses caras tinham tudo para gostar dessas bandas, mas devido à uma característica intrínseca a muitos headbangers, todas as bandas citadas, incluindo as outras similares, foram execradas. Essa característica citada é a inexplicável aversão que muitos fãs de música mais pesada têm quando uma banda faz sucesso. Todo mundo conhece alguém que fala algo do tipo “essa banda é boa, mas virou moda e ficou ruim”, ou “eu não gosto disso porque até toca na rádio”. Esse tipo de sentimento que muitos headbangers têm é incompreensível, já que todos reclamam que os diversos estilos de música pesada não têm espaço na mídia, mas quando conseguem é porque a banda ficou pop e se vendeu… Vai entender…
Stryper – Hair Metal Cristão
O que também ajudou a atrapalhar o sucesso dessas bandas foi o surgimento do grunge, que pregava uma visão mais pessimista do mundo, que era bem diferente das músicas sobre mulheres, bebidas e diversão que tinham as músicas do Mötley Crüe, para citar um exemplo. O visual das bandas somente não seria suficiente para evitar que as pessoas gostassem delas. Basta lembrarmos que as roupas coladas, por exemplo, eram usadas por muita banda que todo mundo chama de “true” por aí. Ou alguém esqueceu das roupas do Iron Maiden na World Slavery Tour? Ou dos cabelos do Ozzy? Nessa época também foi cunhado o termo “rock farofa” que por ter um tom pejorativo também ajudou a afastar alguns fãs.
Mas o que essa gente perdeu foi as centenas de ótimas músicas que essas bandas produziram e ainda produzem. O curioso é que a gente vê muita gente que criticou o estilo durante anos se interessando por esse “revival”. Claro que com o tempo e a maturidade adquirida os preconceitos vão caindo por terra. Mas eu gosto muito de zoar alguns amigos quando reconhecem que o Skid Row tem muita música porrada, que são excelentes, e não só baladinhas “mela-cuecas”.
Para finalizar é necessário que se diga o óbvio, mas a fim de esclarecimentos é válido. É claro que não é só as bandas americanas de Hard Rock dos anos 80 que fazem ou fizeram baladas. Muito pelo contrário. Poderia citar milhares de músicas de sucesso com esse tipo de formato em outros estilos musicais. E dentro do rock temos bandas que são especialistas nessa seara como Scorpions, Whitesnake, Kiss, etc… Outra banda especialista nesse tipo de música é o Aerosmith, mas a impressão que eu tenho é que eles se aproveitaram do sucesso de algumas músicas assim para se dedicarem a fazer só isso, o que acabou enjoando um pouco. Até o Iron Maiden apareceu com a “Wasting Love”.
O principal é não ter preconceitos ou criar paradigmas sobre muitas bandas antes mesmo de escutá-las. É possível que muita gente continue não gostando das outras músicas dessas bandas depois de dar uma chance à elas, mas pelo menos essas pessoas poderão dizer o por quê de não gostarem ao invés de ficar repetindo “mantras” por aí…
Não gosto das baladas das bandas de hair metal, acho muito melosas.
E dizer que não surgiram bandas legais nos anos noventa é um clichê. Grandes bandas surgiram nessa década, como em todas as outras, por sinal. Nomes? Gov´t Mule, Wilco, Flaming Lips, Pearl Jam …
Hahahaha Você não gosta de hair metal mas curte essas bandas alternativas que fazem um som insosso, chato e indie? É muito cara de pau você então vir falar mal dessas grandes bandas dos anos 80. rsrs Podem falar o que for do hair metal. Pelo menos George Lynch e Warren de Martini sabiam solar e tinham técnica. Tem pessoas que não dão valor nenhum para guitarristas técnicos. Classificam esses guitarristas pejorativamente de “exibicionistas”. Não acho. Saber solar e bem é uma virtude que deveria ser valorizada ao invés de desprezada.
Sou suspeitíssimo pra falar pois sou um grande "baladeiro". Perdi as contas de quantas vezes juntei os amigos, compramos muita cerveja e passamos o tempo nos divertindo ao som de muitas bandas de hard rock, em especial das famigeradas power ballads. A lista das boas canções nesse formato é grande, poderia passar muito tempo escrevendo a respeito.
Concordo com o Fernando a respeito do Aerosmith: outras bandas originárias dos anos 70, como Whitesnake, Kiss e Scorpions utilizaram esse formato de canção com muita propriedade, mas sempre equilibraram seus álbuns de maneira a não dar destaque exagerado a essas canções. Enquanto isso, o Aerosmith se calcou demais nesse formato. Não à toa parece que até tentou ume espécie de remissão com um suposto disco de blues. Mas depois da péssima "I Don't Want to Miss a Thing" fica difícil se redimir…
Apesar de ser um grande entusiasta do estilo, nao gosto de muitas das baladas compostas por bandas de hard rock. Algumas poucas excecoes sao as do Def Leppard, as do primeiro disco do Harem Scarem, Alone Again do Dokken, Home Sweet Home do Motley Crue, Wasted Time do Skid Row e Patience do GnR, grandes musicas. Heartbreak Station do Cinderella tambem. Mas acho que para por ai. As baladas do Bon Jovi e principalmente do Stryper eu nao suporto.
Já em relação ao preconceito, quando eu comecei a ouvir Metal, no comeco dos anos 90, o preconceito com o estilo era enorme, daqueles de voce nem pegar para ouvir dependendo do nome da banda ou da capa do disco. Mas um belo dia eu vi o clip de Primal Scream, do Motley Crue, na finada MTV, e adorei a musica. Meio que a ficha caiu. Se o Motley Crue, que tinha um dos visuais mais exagerados, podia fazer uma musica como aquela, pesada e agressiva, nao tinha porque ter preconceito. Peguei o "Decade Of Decadence" para ouvir e pirei. Aí, foi um caminho sem volta. Ratt, Dokken, Def Leppard… Todos vieram na esteira. E assim como ia descobrindo as "perolas" esquecidas do Metal, como Omen e Jag Panzer, e as novidades da epoca (Iced Earth, In Flames), tambem descobri bandas esquecidas de hard rock como Pretty Boy Floyd, Tuff e Alleycat Scratch.
Hoje em dia, todos compartilham espaço na minha colecao…
Exatamente Leonardo! Muitos críticos musicais debocham do chamado hair metal. Antes um guitarrista considerado “exibicionista” por um desses babacas que curtem hardcore e punk do que um guitarrista medíocre que não sabe solar e só toca três acordes e ainda se acha. Hardcore é música pra babaca revoltado com o mundo. As bandas “farofas” tinham dinheiro, mulheres lindas ao seu lado. Enquanto esses punks cretinos só saiam com barangas e não tinham nem dinheiro pra comprar cerveja. kkkkkkkkkkk
Cadão
Se vc ler novamente vai perceber que eu falei que muitas bandas boas surgiram nos anos 90. Em hora nenhuma eu disse que não surgiram grandes bandas, portanto não houve clichê. Outro ponto, todos concordam que as décadas de 70 e 80 foram MUITO melhores que a de 90, não?
Tenho que concordar com o que já falaram. O Grunge apesar de ter tido algumas bandas mais ou menos como o Alice in Chains que na minha opinião tinha um pé no metal(a banda de death metal GRAVE gravou uma cover de “Them Bones” do Alice in Chains) destruiu o rock legal mano! Pode reparar que depois do estouro do Grunge que começou a decadência no rock. As bandas novas que surgiam tinham em sua formação músicos limitados e sem brilho. E acabou ficando aquele patrulhamento ridículo que a MTV Brasil mais usou a exaustão no começo do ano 2000. De que não era necessário ser um bom músico para montar uma banda. Na MTV várias vezes aqueles vjs medíocres e idiotas debochavam da boa música feita nos anos 80, dizendo se tratar de “posers”, “farofeiros” que “faziam música descartável e sem alma”(Se não foi isso que falaram, é mais ou menos por aí). É, “bom” pra MTV era o Ira! e sua música chata e insossa. “Bom” pra MTV também era a batucada ridícula da Nação Zumbi. Ou então desgastar até não poder mais a imagem dos Ramones como se eles fossem a única banda punk do mundo. A MTV e o Grunge na verdade acabaram com o Rock no mainstream.
Eu sou um fã das baladas, nao digo que são minhas musicas preferidas, mas gosto bastante.
Já usei diversas dessas musicas para gravar coletaneas para mostrar as pessoas que o ROCK tem um lado muito musical, que pode agradar todo mundo.
Sem contar quando era para conquistar um menina, onde essas músicas são infalíveis!!!
Um ponto interessante nas baladas são que qualquer estilo musical pode lhe oferecer uma balada e as baladas de rock são as melhores.
As origens dessas baladas são evidentemente ELVIS e toda a sua época com muitas baladas e a Stairway to Heaven que mostrou para muita gente o caminho para um rock mais leve vamos dizer assim.
Excelente post Fernando! Sobre o preconceito, acho que qualquer banda ou artista que tenha uma mega-exposição vai sofrer disso. É natural.
Eu escuto o que eu gosto e nunca me importei com o que os outros acham.
E digo mais, adoro os dicos acusticos tipo o Lançado pelo Kip Winger ou o Danny Vaughn que denre outras musicas coverizaram suas antigas bandas nesse formato!!!
Para quem gosta de baladas hard, o primeiro disco do Harem Scarem, s/t, é um prato cheio! Algumas das melhores baladas que já ouvi estão nele!!
"Eu sou um fã de baladas"
Sério mesmo Daniel??……hahahaha
Se você não falasse nunca iria desconfiar…hehehehe
O primeiro disco do Harem Scarem está em um altar aqui em casa. "Distant Memory" é a mais sagrada oração. Mas para quem quiser se aventurar pelos melódicos caminhos da banda recomendo fortemente o segundo álbum, "Mood Swings, o terceiro e um tanto incompreendido "Voice of Reason" e "Karma Cleansing", que contém minha favorita, a não-balada "Die Off Hard". Dos mais recentes rcomendo fortemente "Weight of the World" e "Overload".
Ah, o The Flaming Lips é dos anos 80. O primeiro álbum é de 86.
Caras , eu sou um fanático pelas chamadas "Power Ballads" ,foi uma das coisas que me trouxe ao mundo do Rock , e embora hoje eu me especialize em bandas beeem fora da midia , ainda assim admiro muito baladas bem feitas , acusticos etc …
Vale lembrar que grande parte da mídia tb se deu pelo fato dessas baladas estarem constantemente em grandes sucessos do cinema , e nas novelas da globo , também teve o famoso sucesso do AOR nos comerciais de cigarro .
E o que me dizer daquela versão horrenda do Yahoo para Love Bites do Def leppard? A original ainda vai. Mas a do Yahoo nem bêbado aquilo lá desce. rsrs
https://www.youtube.com/watch?v=5tMEmvRrDEk Assassinaram a música do Def Leppard
Não conheço esse Harem Scarem. Vou procurar amanhã…
Eu não acho que os anos oitenta tenha bandas melhores que os anos noventa e que os 00. Acho que isso é preguiça e acomodação, contentar-se com o lugar comum. Em relação aos anos 1960 e 1970 sim, que realmente foram diferenciados, mas dali em diante todas as décadas se equivalem.
Olá pessoal, primeiramente quero parabenizar a iniciativa de mais um blog de bom nível tratando sobre música. É a minha primeira visita, visitarei-os a partir de então pra ver o que tá rolando.
Bom, sobre o assunto, acho interessante a pauta do Fernando. Eu particularmente, não sou um entusiasta de baladas, principalmente as baladas dos anos 80, que me soam melosas ao extremo. (Aliás sou suspeito pra falar de anos 80, uma época que eu realmente considero como perdida em termos culturais). Baladas são um antro de clichês, pelo fato de que, assim como alguém comentou aqui, todos os estilos podem fazer (e fazem) baladas.
E Daniel, Stairway to Heaven nunca foi nem nunca será uma balada. Ela é uma música climática, com variações. Ter partes lentas e acústicas não significa ser uma balada. Se quiser boas baladas nos anos 70, pegue discos dos Faces, Humble Pie, Lynyrd Skynyrd, o próprio Led Zeppelin em muitos outros exemplos (Thank You, That's the Way, Ten Years Gone, etc…)
Cadão, fecho com vc…anos 80, 90 e 00 se equivalem.
Abraço!
Ronaldo
Você disse tudo. Stairway to Heaven eu também nunca considerei uma balada. É na verdade uma música com vários climas mesmo. E o solo de guitarra impecável dela é o seu ponto alto.
Ronaldo
Seja bem vindo ao blog. Quando tiver vontade de ajudar com alguma coisa fique à vontade. O blog é de todos…
Não adianta a gente discutir porque não há verdade absoluta. Eu acho os anos 80 muito melhores do que os 90 e já acho a primeira década de 2000 melhor que os anos 80 até pelo que disse no texto. Devido à volta de bandas e estilos dos anos 80. Vamos ver se daqui uns anos, quando tivermos uma impressão um pouco mais bem definida da década para ver se manterei essa opinião.
O ponto é, alguns gostam e outros não gostam das baladas. Então podemos dizer que elas influenciaram o interesse nessas bandas…Sim ou não? Acho que sim…
Baita texto, mas não acho q as baladas se tornaram famosas com o Led, e sim com os Stones. Esses sim, fizeram muita cosia boa em termos de baladas, e inspirou ao resto tudo fazer o q o Fernando escreveu aqui.
Ronaldo, seja bem vindo ao blog meu velho!
Abraços
Só para apimentar a discussão, o rock morreu com o lançamento de Saturday Night Fever. Depois disso, até surgiu muita coisa boa, mas nada que já não tivesse sido feito anteriormente (com exceção de bandas como Slayer, Metallica, Venom e Possessed)
80, 90 e 00 se equivalem na minha opinião, apesar de que pelo menos nos 80 deu para curtir um som pop de fundamento (Erasure, A-ha, Roxette, Tears For Fears e por ai vai)
Pára com esse negócio que o rock morreu!!! Hehehe… Ele poderia estar morimbundo, mas ele conseguiu se recuperar. Acho que o surgimento da NWOBHM e consequente influência no hard rock e thrash americano o rock conseguiu se manter, em especial, é claro, o heavy metal…
Com isso as bandas clássicas que ainda estava em atividade tiveram um novo fôlego para passar pela fase difícil que foi o fim dos anos 70 e para um novo surgimento no inicio dos anos 80.
Baladas pra conquistar corações no rock começaram com Elvis e os Beatles.
E o rock morreu não sei aonde, Mairon. Tem ótimas bandas lançado excelentes discos, tanto em 2010 como já em 2011.
Ouça o The King is Dead do The Decemberists e o American Spiritual do Dirty Sweet pra comprovar.
Viver fechado, seja nos anos setenta ou em algum gênero específico, me irrita e acho uma perda de tempo.
Cadão
Esse disco do Dirty Sweet realmente é demais. Ontem a noite antes de dormir coloquei ele no fone de ouvido e escutei até o fim e hoje já estou procurando ele no Ebay…
Fernando, ótimo disco, né? A faixa título é arrepiante, parece uma oração.
Falei que apimentar a discussão, heheheh
Obvio que o rock não morreu, mas que tem muita gente por ai que acredita nisso acredita. Ele viveu uma fase bem morinbunda, mas tudo o que o Diogo falou é verdade. apesar de eu não gostar, não posso negar que bandas como Pearl Jam, Soundgarden, Alice In Chains, Flaming Lips entre outros são importantes no cenário de hoje
Parabéns pela iniciativa, o blog tá lindo e com certeza será sucesso! Uma dica: My Angel, do Kotzen.
Não acredito que gêneros e formatos surgem do nada, assim como não acredito que as baladas estejam necessariamente presas a um certo tipo de lirismo que sim, muitas vezes é um antro de clichês que pouco ou nada tem a acrescentar em relação ao que já foi feito.
Apesar disso, em se tratando mais especialmente de power ballads, o formato especificamente abordado nesse texto, uma canção que não necessariamente foi o marco zero nem a única da época é "Dream On", presente no primeiro disco do Aerosmith. Na verdade eu até tinha uma pequena lista na cabeça de canções que acredito terem ajudado a moldar esse formatom, mas fugiram da minha cabeça agora, heheeh… se eu lembrar posto aqui pra ver o que vocês acham!
Gostei da sua citação do Aerosmith, o Eminem (aquele cantor polêmico de hip hop e rap americano) a regravou depois
"Oh, Darling", dos Beatles, pode ser considerada uma power balada, certo?
Yeah! O Paul levou sete dias até conseguir gravar o vocal definitivo que mais lhe agradou. Ele queria um resultado forte. Queria que sua voz soasse o mais potente possível.
http://www.thebeatles.com.br/new/video-oh-darling-apenas-vocais-e-a-historia-da-gravacao/
Bem lembrado, Ricardo. Ao contrário de outras canções, como "And I Love Her", "Michelle" e "All My Loving", "Oh, Darling" contém aquela dramaticidade que é uma das características mais fortes das power ballads. Não tenho agora como vasculhar meus discos nem meus arquivos, mas lembrei-me de um exemplo mais antigo ainda, que acredito possa se encaixar nessa categoria, que é "To Love Somebody", presente em "Bee Gees' 1st", de 67.
Queridona LArissa , quando for pintar Kotzen aqui , vc mesma pode colaborar comigo na elaboração , pois sei que é grande fã.
era isso que ei ia falar! Kotzen é um mestre das baladas…vide My Angel, Stoned, A Woman & a Man, Let's Say Goodbye e muitas outras!!
Kotzen é mestre…
Apesar de eu adorar "November Rain", "I Remember You", "Hearts Breaking Even" e milhões de otras baladas [quanto mais melosas melhor! =D], nenhuma balada jamais irá superar "Hard Woman" do primeiro disco solo do Mick Jagger! Infelizmente fui conferir o resto do disco, como sugeriu o Bueno, e não me pareceu nada à altura..
Quanto às 'primeiras power ballads', "Oh, Darling" não tem lá grande diferença com relação às baladas soul que vinham desde o início dos anos 60. Pra exemplificar, basta conferir as versões dos Stones pra "You Can Make It If You Try", do Gene Allison, ou pra "Cry to Me", do Solomon Burke [essa última bem diferente da original, com um lindo acompanhamento de guitarra do Keith].
Todos de certa forma tem seus (fortes)argumentos, mas me parece que praticamente TODOS apreciam as "power ballads", sejam de que época forem. Na minha modesta opinião, nosso referencial muda conforme ouvimos coisas novas, e consequentemente e inconscientemente, fazemos nossas próprias comparações. É claro que em todas as décadas surgem coisas boas, mas depois de décadas como as de 60 e 70 tendemos a ser exigentes, o que explica o fato de algumas pessoas serem um pouco duras com os anos 80. Entretanto, creio que o surgimento do "grunge" nos 90 meio que "matou" ou pelo menos "eclipsou" outras tendências. Boa parte dos conjuntos de então queriam tocar alto e em dois ou três acordes, no máximo, estilo Nirvana. Mas aí vão dizer: não existiam bandas que faziam isso nas décadas anteriores também? sim, mas também existia o folk, o prog, o r & b, o (bom) funk and soul, etc., ou seja, maior diversificação de sons e ritmos no rock. Creio que neste sentido, e pelo menos na minha opinião (também baseado em um pouco de memória afetiva, confesso, afinal de contas já passei dos 40…) prefiro os anos 80 aos 90 e até aos 00. Mas é claro que assim como se produziam coisas boas em todas as épocas, também se produziu muita porcaria também. Mas aí eu sarto de banda, porque cada um tem o seu "trash" particular, que não suporta ouvir nem por reza braba…
É isso aí Rodrigo. Todo mundo no fim das contas gostam das baladas. O problema é que em certo ponto muitos tinham vergonha de admitir isso. Obrigado pela visita e volte sempre.
Esse artigo me lembrou de um grupo que tocava direto no radio na decada de 80 nos Estados Unidos quando eu morava lá. É o REO Speedwagon.
Alguem já ouviu falar? Eles fizeram muito sucesso com uma balada "Keep on loving you". Pelo que vi no Google eles existem até hoje.
Amigo, se você curte REO Speedwagon, dá uma conferida nesse link: http://consultoriadorock.blogspot.com/2011/05/i-wanna-go-back-reo-speedwagon-hi.html
Olá pessoal,
Bacana o texto e o debate.
De algum tempo noto que à História do que se produz na Cultura Pop, se arrola num certo emaranhado de elitismos hierárquicos; sacramentações, reverências vetustas, etc
Acho muito pobre se guiar à guisa de comparações- sem cometer anacronismos- vide que tais movimentos representam à conjuntura, contexto e questões sócio-políticas de suas épocas. Relacionar uma década em detrimento da outra, não é legal.
Reconheço todo pioneirismo e genalidade inventiva dos precursores sessentistas/setentistas. Calhando com toda urgência e psicodelia de movimentos civis, políticos no auge da Guerra Fria. Mas me incomoda este eterno ''retrovisor''. Muita gente tem o hábito de tratar com desdem tudo que veio a seguir. Como sendo: ''calouros frívolos''; ''subgêneros bastardos''.
Entendo aquele tiozinho que viveu o auge do Movimento Hippie de São Francisco e o Woodstock californiano e sua memória afetiva com bandas à época. Afinal, uma vez alguém disse: ''música é a do nosso tempo''. É uma afirmação limitada – reconheço – mas tem lá sua verdade.
Sempre gostei de Hard Rock. Mr, Big e Extreme foram bandas que ajudaram à construção de minha reputação musical.Coincidiram com a chegada da Mtv no Brasil e tal.
Mas eu não tenho constrangimento nenhum de dizer que: Kurt Cobain foi o meu John Lennon. E gostaria de ''entender'', o porquê da década de 90, ter sido ''a década perdida''.
Baseado no quê? Talvez tivesse se ''perdido'', se faltamente – e era o que se estava desenhando – tivesse repetido sua predecessora. Com aquele mesmo formato bifase: de um lado as bandas de Metal sisudas, e de outro todo aquele excesso glitter – e alguns casos – pré fabricado das bandas de Hair Metal.
“e de outro todo aquele excesso glitter – e alguns casos – pré fabricado das bandas de Hair Metal.” Como se o seu ídolo de barro fosse grande coisa. Não sabia tocar e nem solar e ainda se achava o máximo. Um depressivo que fez de tudo para chegar ao sucesso, ter fama e dinheiro pra depois vir dar uma de retardado dizendo que “o dinheiro é sujo, injusto. Mundo capitalista maldito”. Fez um show no Brasil. fez papel de idiota, não tocou nada e só fez palhaçada em cima do palco. Kurt Cobain era um ser desprezível e medíocre. Era o John Lennon dos anos 90 mesmo. Tão panacão quanto o Beatle hippie e fedido que acreditava que a japa bruxa o amava de verdade e não sua conta bancária $$$$$$$$$$$$$$. Kurt Cobain se orgulhava de ser limitado e não saber nem afinar a sua guitarra. E infelizmente foi isso que destruiu o rock. De lá pra cá parece que o legal é ser limitado e simples ao extremo ao invés de ter noção de música.
Depende do que você considera excesso glitter. Deixe de lado as roupas exuberantes dessas bandas e foque na parte instrumental principalmente no som das guitarras. Os guitarristas daquela época eram músicos de verdade. E pra falar a verdade não tenho nada contra músicas diretas e simples. Acabei me expressando mal no outro texto. Você pode criar músicas mais simples mas tudo com carisma e composições boas.
Mas houve o surgimento de uma Terceira Via. O surgimento da hecatombe e toda quebra de paradigma trazida com a ''explosão'' do Rock Alternativo de Seattle pro mainstream. Instalando novas concepções estéticas, como comportamentais. Consolidando o Alternativo pro grande público, e demonstrando que o Rock poderia muito bem voltar às suas origens: ser simples, direto e cru. E visceral, catártico. Até muito mais que todo malabarismo de ''200 notas por segundo'' das virtuosas. Apuração técnica, por si só, nem sempre garante ''transpiração''.
Existia má vontade com os 80 também, por nostalgia dos 70. Lembro de como os mais reacionários tratavam a New Wave/Pós Punk/ Synthpop. Até mesmo o Hard Rock. Eu ''entendo'' este certo ''ciúme'' das hordas de headbangers com o Grunge. Pois passaram a ter de ''competir'' com o novo grande holofote.
Muitas bandas de Hard viveram em função do Japão nesses idos de vacas magras. Muitas até tentaram reformular-se.
O que rolou na Primeira Metade dos anos 90 – foi desses grandes Movimentos – que de ciclo em ciclo inaugura algum capítulo indelével à História da Música Pop, Rock. E acho que nem houve o necessário distanciamento de tempo pra ''julga-lo'' com maior exatidão.
Houve está tudo muito diluído, pulverizado. A profusão fonográfica aumentou, juntamente com o declínio das Majors. E afronteiras de estilo estão mais efêmeras/hibridas.
Agora: ''Roxette'' como exemplo de ''Pop de Qualidade''. Sei não. Concordo com as outras duas. Tendo as mesmas atravessado toda década de 90.
Das bandas de Seattle, a única que nunca gostei, foi o PJ. Nunca''engoli'' àquele vozeirão do Vedder, sempre soou falso a mim.
Sei que o texto não é maniqueísta, é muito sóbrio por sinal. E estou explanando de modo genérico pras ressonâncias do que eu vivo e me cercam.
O ''PRESENTE'' parece sempre o vazio de um passado que ainda não se ''decantou'' no futuro. O que tem dos 60/70 é a nata da nata de uma seleção bem peneirada. Houve muita porcaria, tb, porcaria quem consta nos autos da História pela tamanha falta de substância.
Concordo queexista um certo comodismo, uma preguiça e resistência quanto ao novo. E tem uma nova geração muito conservadora de público. E onde há resistência, se torna lugar comum dizer que o Rock Morreu. Várias vezes foi'' morto'', mas como criança peralta, sempre volta.
Abraços.
Muito legal essa análise que vc fez. A estória de década perdida é mais uma questão de comparação. O Cadão falou aí em cima que acha que as décadas tem importância iguais em relação à música. Eu já penso que os anos 90 foram bem mais fracos. Mas tudo isso é questão de gosto mesmo.
Seja bem vindo e espero que continue lendo nosso textos aqui do blog.
Até mais
Meu caro Sob o Meu Guidão, que belas palavras. Parabéns pelo teu texto. Eu citei Roxette como exemplo de pop interessante, mas existem bandas bem melhores. Até vejo o roxette como um rock fraco do que pop (na linha 4 Non Blondes por exemplo). Pop de verdade, bom ou ruim, quem fazia era Erasure, Depeche Mode na fase inicial, New Order, OMD, Pet Shop Boys e por ai vai.
O rock realmente não morre, e tão pouco envelhece. É tão bom ouvir bandas novas lançando material de qualidade. O problema é que hoje em ida isso é um pouco mais raro. Na "Revolução Grunge", a novidade era zero na minha visão. O grunge é um punk depressivo, apenas isso. Os três acordes estão lá, assim como toda a revolta e opressão do punk, mas a diferença é no tratamento das letras.
Reafirmo, a última revolução (e que acabou com a novidade) foi o Bee Gees com Saturday Night Fever. Dali por diante, por mais que tenham existido (e existem) bandas excelentes, tudo virou cópia. Tanto que nesse ano de 2012, se olharmos as listas de melhores lançamentos, a maioria serão de bandas antigas.
Aproveitando, no inicio de janeiro sairá nossa lista dos melhores de 2012.
Valeu a participação e vamos continuar essa discussão.
Boa matéria sobre a origem das power balladas do rock, mas ficou faltando falar de “Beyond the Realms of Death”, “Night Comes Down” e “Before the Dawn” (Judas Priest), “Winter Dreams” (Accept) e algumas coisas dos Scorpions, tipo “Always Somewhere”, “Lady Starlight”, “Believe in Love”, “When the Smoke is Going Down” e – obviamente – “Wind of Change”, essa sim a melhor de todas as power balladas que eles criaram (não aquela coisa detestável que atende pelo nome de “Still Loving You” que estragou todo o disco Love at First Sting). O Pink Floyd também sabia fazer baladas de qualidade, vide a faixa-título de Wish You Were Here (1975) e a clássica Comfortably Numb (The Wall, 1979).
Resgatando uma matéria do fundo do baú, meu caro Igor
Pois é, recordar sempre faz bem!
Essas que você citou além de belas baladas são verdadeiras obras-primas. Principalmente Comfortably Numb do Pink Floyd e Beyond the Realms of Death. Espetaculares!
Muito obrigado, Anônimo!
Vocês são todos um bando de cafonas. Românticos, claro, mas cafonas.
Como eu disse no meu recente texto do Warrant: quando as bandas acertam uma boa balada no hard rock, são quase sempre as minhas favoritas.
Tem uma balada que não é hair metal que consegue ser muito pior das que o Marco Gaspari odeia: Hey jude dos Beatles. Essa daí já se tornou música que toca em sala de espera de dentista. Mais cafona que isso impossível.
E, de repente, encontro uma matéria das antigas que ainda não havia lido na Consultoria. O auge de minha juventude foi entre os anos 80 e início dos 90, e aqueles eram tempos em que as baladas eram uma constante nas rádios. Músicas lentas, como eram chamadas naqueles dias. Por razões óbvias, e por um pouco de memória afetiva, ainda gosto de power ballads, ballads e afins. Mas os meus ouvidos são outros. Portanto, nem tudo me cai bem nos dias de hoje. Há coisas que não perderam o valor. “Time” do Alan Parsons Project ainda me emociona. Mas “Still loving you” dos Scorpions realmente cansou… Se fosse puxar na memória, faria uma lista enorme de grandes e marcantes baladas. Eis algumas que ainda me emocionam:
1. Still got the blues, Gary Moore;
2. Second chance, 38 Special;
3. Take it on the run, REO Speedwagon;
4. Persephone, Wishbone Ash;
5. And how am I to know, Ars Nova;
6. Parents, Budgie;
7. A million miles away, Rory Gallagher;
8. I believe, Tears For Fears;
9. (Make me do) anything you want, A Foot In Coldwater;
10. Twilight cruiser, Kingdom Come;
11. Do I love you, Lake;
12. Carry me Carrie – Dr. Hook;
13. Daytime, Jane;
14. On the turning away, Pink Floyd;
15. So far away, David Gilmour;
16. Winter, Atomic Rooster;
17. Landslide, Fleetwood Mac;
18. Fears of the night, Rare Bird;
19. Ashes, the rain and I, James Gang;
20. Save a prayer, Duran Duran…
Obrigado Francisco.
Essa foi uma das primeiras idéia que tive para um texto quando montamos a Consultoria do Rock. Hoje eu teria escrito ela um pouquinho diferente, mas acho que o cerne da mensagem é esse mesmo.