Halestorm – Into the Wild Life [2015]
por Ulisses Macedo
Acompanhar a carreira de uma banda é algo sempre legal, especialmente no caso de um grupo como o Halestorm, que tinha cara de sucesso em seu debut autointitulado. Mas no mainstream eles só acertaram o alvo há três anos, com The Strange Case Of…, que contém o single vencedor do Grammy “Love Bites (So Do I)”, responsável por lançarem-nos ao sucesso definitivo, junto à canções como “Freak Like Me” e “Here’s to Us”. Hard rock de qualidade, com uma vocalista respeitável e instrumental sólido. Não tem como dar errado, mas dá pra ficar melhor, não é?
Into the Wild Life me mostrou que sim, provando o que o quarteto afirmou quando disse que compôr o novo álbum foi libertador. A abertura com “Scream” é, admito, menos empolgante do que as aberturas dos CDs anteriores (a já citada “Love Bites” e, a minha favorita, “It’s Not You”), mas funciona bem, trazendo alguns elementos eletrônicos/industriais discretos – serve muito bem para colocar o ouvinte no clima da banda. “I Am the Fire” é um hino em que Lzzy aproveita para soltar seu vozeirão imponente; o instrumental aprimora o impacto do refrão, que é ótimo para que o público cante a plenos pulmões durante o show. Um solo de bateria inicia “Sick Individual“, típico hard’n’heavy no estilo da banda, com um gingado irreverente. “Amen” vem logo em seguida, com um groovezinho que destaca o baixo de Josh Smith e não deixa pedra sobre pedra!
Só nessa brincadeirinha, a banda nos presenteou com este quarteto inicial de faixas que estão entre as melhores do grupo, mas a parte mais interessante ainda está pra vir. “Dear Daughter” é uma das baladas mais legais já compostas pela banda; acompanhada pelo teclado, Lzzy homenageia a mãe, que sempre ajudou ela e Arejay em sua decisão de mergulhar no mundo da música. O final da faixa dá a deixa para a brisada e cativante “New Modern Love“, uma daquelas canções que ninguém esperava do Halestorm, com uma pitadinha bem colocada de country, que alguns atribuem ao tempo que a banda passou na estrada com o músico country Eric Church. Ah, esta é outra faixa que fala de amor, mas é aquele amor que saiu do armário, sabe? “Bad Girl’s World” é uma agradável surpresa também, trazendo uma vibe mais oitentista que é bem gostosa de ouvir. Josh e Arejay formam uma cozinha hipnótica, e Joe traz linhas delicadas que permeiam muito bem a faixa inteira, como uma névoa; o fim se estende num breve solo de guitarra que desliza para a safada “Gonna Get Mine”. “Mayhem” estava no meio desta muvuca aí, super mal-posicionada, apesar de ser uma das melhores e mais pesadas faixas do play – serviria muito bem para abrir o disco, e não para se intrometer entre as experimentais “New Modern Love” e “Bad Girl’s World”; este equívoco com o tracklist me deixou bem chateado, mas se isso é tudo o que eu tenho pra reclamar, então dá pra ver que a coisa tá indo bem pra caramba!
“The Reckoning” e “What Sober Couldn’t Say” são outras boas composições do lado mais lento do grupo, enquanto que “Apocalyptic“, o primeiro single do disco, remete à sonoridade icônica do Halestorm, sendo o tipo de faixa que funcionaria nos discos anteriores, mas que parece ganhar um peso a mais com a produção de Into the Wild Life. Por fim, “I Like It Heavy” é um arena rock dos bons, no melhor estilo AC/DC, e o momento final, a capella, serve bem para fechar a bolacha. Quem pegou a edição de luxo ganhou mais duas faixas: o swing rock “Jump the Gun”, que conta com a presença de teclados animados, e a radiofônica “Unapologetic“, que eu admito ter gostado, apesar de ser pop até demais.
Into the Wild Life polarizou a fanbase do Halestorm. Alguns (como eu) gostaram da coragem que o grupo teve de trazer vários elementos diferentes ao seu som, mas sem se descaracterizar. Outros, entretanto, achando que o disco é uma decepção e que a banda está comercial demais, clamam pelo retorno ao hard rock mais direto dos dois discos anteriores. Não se enganem, leitores: o disco traz uma diversificação muito bem vinda e flui muito bem. ‘Can I get an Amen?’ 😀
“If there is a church, it’s rock ‘n roll / If there’s a devil, I sold my soul”
Tracklist:
1. Scream
3. Sick Individual
4. Amen
5. Dear Daughter
6. New Modern Love
7. Mayhem
8. Bad Girl’s World
9. Gonna Get Mine
10. The Reckoning
11. Apocalyptic
13. I Like It Heavy
Deluxe Edition:
14. Jump the Gun
15. Unapologetic
O bacana deles é que atingiram até relativamente bem um pedaço do mainstream tocando o bom e velhíssimo hard rock.
Halestorm é uma baita banda!Mas esse álbum não chega nem perto da qualidade que foi o The Strange Case of….”!Esse é o disco mais fraco deles até agora!
Uns dizem é o melhor, outros que é o pior… eu ainda prefiro o debut. 😀
O segundo álbum é fraquíssimo. Não sei como cultuam ele. Poucas músicas empolgam.
Sou fã de Halestorm desde 2014. Por acaso o YouTube me recomendou “I Miss The Misery’ e achei o visual da Lzzy no clipe meio Hale Willians em Misery Business e decidi dar uma chance.
Foi amor a primeira audição, sai baixando todas as musicas e passei a amar a banda. Sou uma pessoa muito crítica, é extremamente difícil eu gostar de um album completo, mas o Into The Wild Life mudou isso.
Concordo com todas as suas palavras, parabéns pelo post (e pelo bom gosto)!