Melhores de Todos os Tempos: 1992

Melhores de Todos os Tempos: 1992

Por Diogo Bizotto

Com Alissön Caetano Neves, André Kaminski, Bernardo Brum, Bruno Marise, Davi Pascale, Eudes Baima, Fernando Bueno, Leonardo Castro, Mairon Machado e Ulisses Macedo

Participação especial de Giovanni Cabral, colaborador do site Music on the Run e autor do blog Trajeto Alternativo 

Após uma parada devido ao site ter ficado fora do ar, retomamos a série “Melhores de Todos os Tempos”, atendendo a pedidos dos leitores e dos próprios colaboradores, no aguardo de mais oportunidades para que novas discussões a respeito do tema venham à tona, elencando preferências, apontando supostos absurdos e discos que fizeram falta nessas listas anuais. Em 1992, ano forte para o mainstream roqueiro, predominaram álbuns que ultrapassaram a casa do milhão de cópias e fizeram a cabeça de muita gente, seja do público ou mesmo de futuros artistas, que posteriormente colocariam essas influências em prática. Pela segunda vez, o topo ficou com o Megadeth, que já havia ocupado a posição mais alta na edição dedicada a 1990, com Rust in Peace. Como é de costume, lembro que a compilação segue o sistema de pontuação do campeonato mundial de Fórmula 1, baseado nas listas individuais de cada colaborador, que podem ser conferidas no final desta publicação. Agora é com vocês: usem e abusem do espaço de comentários.


01 Countdown to Extinction

Megadeth – Countdown to Extinction (92 pontos)

Alissön: Reouvi Countdown to Extinction para a matéria, mas não foi desta vez que dei uma chance ao tio Mustaine. Tenho minhas preferências pela fase thrash do grupo, e mesmo assim fazia um bom tempo que simplesmente perdi a vontade de ouvi-los. Não serei maluco de desmerecer este disco. Pelo menos três dos maiores clássicos da banda saíram daqui: “Symphony of Destruction”, “Sweating Bullets” (com um refrão todo estranho, mas funcional) e “Skin O’ My Teeth”. Concluindo: apesar de clássico, preferi ser honesto e deixá-lo de fora. O motivo? Megadeth para mim já deu o que tinha que dar.

André: Mustaine estava tinindo na época. Com a mesma formação do disco anterior, Countdown to Extinction é mais uma obra-prima do catálogo do Megadeth. Diferente da pura velocidade thrash dos primeiros trabalhos, Mustaine e Friedman refinam ainda mais as guitarras para soarem mais heavy tradicional neste registro e nos subsequentes. Registrando mais um clássico que viria a ser corriqueiro ao vivo, cá temos “Symphony of Destruction”, com seus riffs pegajosos até a alma, com “Sweating Bullets” fazendo algo parecido. Outra que também adoro é “Architecture of Aggression”, com o melhor registro de bateria de Menza na banda na opinião deste que vos fala. Poderia destacar muito mais faixas, mas finalizo este comentário citando ainda “Ashes in Your Mouth”, com uma baita cozinha de baixo e bateria que finaliza brilhantemente este álbum. Merecidíssima primeira posição.

Bernardo: Apesar de não considerá-lo o grande disco da banda, é aquele com o qual tenho a relação mais íntima – foi o primeiro álbum que comprei e ouvi, e desde a abertura rápida e agressiva “Skin O’ My Teeth”, passando pelo hino e hit “Symphony of Destruction” e minha preferida “Sweating Bullets”, com uma atmosfera neurótica e perturbada, com Mustaine mostrando ter um poder de interpretação surpreendente. Um rock pesado mais acessível que o thrash de alguns anos antes, mas que mantinha o nível.

Bruno: Um álbum mais cadenciado e polido, seguindo a tendência do som pesado na época. As melodias também são mais presentes, tornando algumas faixas até radiofônicas, sem perder o vigor característico da banda. O único porém é a duração, que torna a audição um pouco cansativa. É o último grande disco do Megadeth.

Davi: Este álbum traz aquela que considero a melhor formação do Megadeth: Dave Mustaine, David Ellefson, Nick Menza e o genial Marty Friedman. Aqui, a banda trazia uma nova sonoridade, de certa forma mais acessível. Provavelmente, de caso pensado. Afinal, no ano anterior, o eterno rival Metallica havia lançado o “Black Album” e invadido o mainstream. Embora não tenha atingido o mesmo status do grupo de Lars Ulrich, deu certo. O quarteto adentrou de vez a programação da MTV e aumentou consideravelmente seu público. A qualidade do disco é alta e várias canções, como “Symphony of Destruction” e “Skin O’ My Teeth”, tornaram-se clássicos do conjunto. Belo disco!

Diogo: Não sabia que alguns colegas tinham este álbum em tão alta conta. Sim, é um grande disco, mas fiquei bastante surpreso ao vê-lo na primeira posição, que achei que seria ocupada pelo Alice in Chains. Não sei como foi a recepção na época, tendo em vista a avalanche thrash que havia sido Rust in Peace (1990), mas para mim a evolução soou natural e a polidez de Countdown to Extinction não atenuou nada além da agressividade. A capacidade de Dave como compositor e da banda em geral como instrumentistas ficou ainda mais na cara, e compreender seus dois maiores hits é essencial: “Symphony of Destruction” é uma música simples, mas tão bem construída em sua simplicidade que não há outra alternativa a não ser se render e entoar “Me-ga-deth” sobre seu riff principal durante os shows. “Sweating Bullets”, por sua vez, parece “torta”, “errada” e com melodias inesperadas, mas tudo isso somado novamente funciona bem demais, fazendo dela minha preferida no álbum. Felizmente, Countdown to Extinction não fica só nisso, pois praticamente todas as músicas equilibram peso, garra, técnica e acessibilidade muito bem, com destaque para “Skin O’ My Teeth”, “Architecture of Aggression”, “Foreclosure of a Dream”, “Ashes in Your Mouth” e a faixa-título.

Eudes: Metal bem arranjado, bem tocado e com um nível de criatividade melódica mais alto do que a média da concorrência. Mas, para meus ouvidos senis, é quase indistinto em relação às bandas do estilo do final dos anos 1980/início dos anos 1990. Ouço sem sofrimento e até com prazer… Mas melhor disco… Sei não, viu?

Fernando: Sempre quando alguém comenta sobre os melhores trabalhos do Megadeth, Rust in Peace e Peace Sells… But Who’s Buying? (1986) são os mais lembrados, mas digo que este álbum não fica muito longe deles. Inclusive o prefiro a Peace Sells (Rust in Peace é imbatível!). Porém, lembro de ouvir este disco em LP e a diferença de qualidade entre o lado A e o lado B é enorme. Quase não dava pra trocar para o lado B, mesmo este tendo a ótima faixa-título e “Psychotron”. Mas não dá para competir com a introdução sensacional de bateria de “Skin O’ My Teeth”, com a beleza de “Foreclosure of a Dream” e, ao meu ver, o maior clássico da banda, “Symphony of Destruction”. Lembro-me da sensação de agonia que a capa me dava. Belo disco que deixa a primeira posição em excelentes mãos.

Giovanni: Apesar de preferir álbuns como Rust in Peace e Youthanasia (1994) a este, é de se elogiar as ótimas linhas de guitarra da dupla Marty Friedman e Dave Mustaine. “Symphony of Destruction”, com o seu marcante riff, é uma das melhores e mais conhecidas músicas da carreira do Megadeth; “This Was My Life”, “Psychotron” e a faixa-título também são boas. Apesar das notáveis qualidades do disco no thrash metal, na minha opinião, há obras melhores que Countdown to Extinction presentes neste top 10.

Leonardo: Seguindo os passos do Metallica, o Megadeth simplificou um pouco seu som, abandonando os riffs técnicos e intricados do disco anterior, e investiu em riffs mais diretos, melodias marcantes e refrãos fortes neste álbum. O resultado foi excepcional. Ressaltadas pela produção cristalina de Max Norman, as composições de Countdown to Extinction continuavam apresentando o peso característico da banda, mas eram muito mais acessíveis e ganchudas. Muitas das melhores canções da carreira do grupo estão neste disco, e os  solos de Marty Friedman continuavam imperdíveis.

Mairon: Que o Megadeth mudou muito de Rust in Peace para este disco é fato, e que ele não é um dos melhores do grupo também, mas o que Marty Friedman está tocando é uma barbaridade. Os norte-americanos fogem do thrash que os consagrou, chegando a flertar com o hard em “High Speed Dirt” e “Skin O’ My Teeth”, com um som mais acessível (pop?) na faixa-título e também com o experimentalismo de “Captive Honour”. As clássicas “Architecture of Aggression” e “Sweating Bullets” foram as responsáveis por me apresentar à banda lá na década de 1990, quando seus videoclipes apareciam direto na MTV (ao vivo e em estúdio, respectivamente). “Symphony of Destruction” é o grande momento do LP e, não à toa, também se tornou um grande sucesso do grupo, mas também gosto da pegada de “Psychotron”. Os poucos momentos thrash aparecem em “Foreclosure of a Dream”, “Ashes in Your Mouth” – um dos solos mais lindos de toda a carreia do grupo – e “This Was My Life”. Um dos últimos bons discos do Megadeth antes de entrar em uma paranoia generalizada, da qual demorou quase 11 anos para sair, mas jamais, jamais o melhor de 1992.

Ulisses: Com Rust in Peace, o Megadeth atingiu o ponto máximo do thrash metal, integrando um trabalho instrumental impecável a arranjos complexos e memoráveis, e ainda assim contagiantes. No ano seguinte, entretanto, o Metallica soltou os cachorros de vez – todos sabemos como –, e o velho rancoroso Mustaine decidiu experimentar um caminho semelhante; felizmente, deu tudo certo. Countdown to Extinction sacrifica boa parte das estruturas erguidas em Rust in Peace em favor de um som mais simplificado, embora o resultado ainda soe pesado e com a cara do Megadeth, como bem nos lembra “Skin O’ My Teeth” e “High Speed Dirt”. “Symphony of Destruction” é o hit da vez, praticamente a “Enter Sandman” do Megadeth, de andamento simples, porém com um ótimo solo. A segunda metade do disco é sólida, mas sem grandes surpresas além do encerramento espetacular de “Ashes in Your Mouth”.


02 Dirt

Alice in Chains – Dirt (89 pontos)

Alissön: Faltam palavras para descrever as qualidades deste disco (sério, foi o último sobre o qual me propus a escrever, e ainda com imensas dificuldades em descrevê-lo). Bom, resumindo, porque ainda não sei o que dizer: OUÇA, porque é um puta disco.

André: Embora eu goste mais do primeiro disco, este segundo também é muito bom. Curioso como uma banda que usa principalmente bases lentas e pesadas do heavy metal conseguiu tanto sucesso e tantos fãs em plenos anos 1990. Certo que a ascensão do grunge e o fato de relacioná-los com a cena ajudou nas vendas, mas ainda assim surpreende como o grupo é tão amado mesmo por muitos fãs do heavy metal veloz oitentista. Mesmo sofrendo com as drogas que tentava largar sem sucesso, nada prejudicava a voz e o desempenho de Layne Staley, como pode se notar em “Dam that River”, “Dirt” e “Angry Chair”, músicas de destaque da infelizmente curta discografia da banda pelo seu tempo de longevidade.

Bernardo: Dirt é a obra-prima do Alice in Chains, que começa destruindo meio mundo com o grito primal de “Them Bones”. Até o final, com a cadenciada e explosiva “Would?”, Dirt consegue sintetizar ainda mais que o Nirvana o zeitgeist dos anos 1990. “Rooster”, composição de Jerry Cantrell sobre o serviço militar do seu pai na guerra, escala degrau por degrau até se tornar infernalmente pesada. O disco também se sai muito bem nas baladas, como “Rain When I Die” e “Down in a Hole”. Disco para ouvir até riscar e estragar os amplificadores.

Bruno: Uma clara evolução de sua estreia, deixando de lado as influências hardeiras e funkeadas para investir pesado no sludge arrastado e melancólico que se tornaria a marca registrada da banda. Se Facelift (1990) soava promissor, Dirt é a consagração total. As harmonias entre Layne Staley e Jerry Cantrell são de arrepiar, e a performance do vocalista um primor. O tracklist é tão absurdo que parece uma coletânea involuntária. A qualidade das composições é impressionante, criando um clima triste que combina com a temática das letras, praticamente um disco conceitual sobre o vício na heroína.

Davi: Meu álbum favorito do grupo. Gosto até mais do que do ótimo Facelift. Comprei este disco na época e ouvi diversas vezes. Os caras faziam um som pesado, por vezes arrastado, e empolgante. Layne Staley mandava muito bem no gogó, Jerry Cantrell mandava muito bem nas guitarras. As canções eram excelentes. Dentre essas, destaco os clássicos “Them Bones”, “Angry Chair” e “Would?”, além de lados B como “God Smack” e “Junkhead”.

Diogo: Posso ter colocado Mondo Bizarro em primeiro, mas o grande disco de 1992, tanto em qualidade quanto em representatividade (ao menos no rock), é Dirt. Facelift já havia sido uma estreia muito promissora, mas Dirt é um álbum melhor e mais maduro, deixando de lado boa parte da pegada hard do anterior e investindo em uma sonoridade mais pesada, melancólica e arrastada, combinando com a cada vez mais agoniada voz de Layne Staley. A ligação mais forte com Facelift é a contagiante “Dam that River”, e, em menor proporção, “God Smack”, mas a fantástica abertura com “Them Bones” também se encaixaria bem no anterior. De resto, trata-se de um compêndio de canções graves, arrastadas na medida que gosto, pra fazer corar 99% dos grupos atuais que se dizem stoner ou algo do tipo, especialmente pois se trata de composições com qualidade e sinceridade de sobra, coisas que nunca faltaram a um cara talentoso como Jerry Cantrell. Versar sobre as qualidades de músicas como “Down in a Hole”, “Angry Chair” e a faixa-título exigiria palavras que estão me faltando neste momento, então limito-me a dizer que “Would?” é uma das melhores canções que a década de 1990 nos deu.

Eudes: Como todas as bandas de Seattle dessa época, o Alice in Chains sacou que a profissão deles não era fundamentalmente a de elevar o volume, a velocidade dos pedais do bumbo e a estridência, mas compor e executar boas canções. Em Dirt não faltam boas canções e as execuções são de extremada paixão e fúria. O disco traz o pecado de quase todo mundo que usou o formato CD nessa época, a longa duração, que permite entrar algumas faixas mais fracas. Mas isso é de menos. Diagnóstico: um disco de rock. E isso não é pouco!

Fernando: Fazia muito tempo que não ouvia este disco. “Them Bones” e “Would?” são, para  mim, as duas melhores músicas do grupo. Muito legal como as vozes de Layne Staley e Jerry Cantrell combinam.

Giovanni: Dirt não entrou na minha lista final por um triz, talvez seria o 11º colocado. As canções são muito fortes e ainda têm um peso incrível sobre mim, mesmo após ter deixado de ouvi-lo há uns quatro anos. Os vocais e a maioria das letras de Layne Staley são condizentes para um usuário de heroína (e isso é apenas uma constatação, não uma crítica), fortes e torturantes; como principais exemplos disso estão dois dos singles do álbum: “Down in a Hole” e “Would?”. Mesmo tendo o icônico vocalista presente aqui, quem era (e ainda é) o ponto de equilíbrio do Alice in Chains é o guitarrista Jerry Cantrell.

Leonardo: Melhor disco lançado por todas as bandas da cena grunge. Denso e pesado, com ótimos riffs de guitarra e os vocais maravilhosos de Layne Staley, Dirt apresenta um conjunto de canções extremamente fortes, como a abertura com “Them Bones” e as marcantes “Angry Chair” e “Would?”, que fecham o disco. Recomendadíssimo até para quem não suporta os demais grupos da época.

Mairon: O segundo disco do Alice in Chains é muito mais maduro e bem construído que seu antecessor. Uma paulada de fundamento, comandada pela guitarra endiabrada de Jerry Cantrell – guitarrista injustiçadíssimo – e os vocais dilacerantes de Layne Staley . “Them Bones” e “God Smack” representam aquilo que consagrou o Alice in Chains, com alternâncias de ritmos entre lento e veloz e um refrão grudento e pegado, além dos solos de Jerry. O peso come solto em “Dam that River”, “Angry Chair”, “Rooster”, “Junkhead” e “Duster”, todas ótimas para balançar o pescoço lentamente e brincar com os riffs de guitarra na sua air guitar. Adoro as viagens de guitarra em “Rain When I Die”, “Hate to Feel” e na doentia “Sickman”. Ainda temos a baladaça “Down in a Hole” (só eu acho esse riff parecido com o de “Something for Nothing”, do Rush?), a irônica “Iron Gland”, vinheta claramente satirizando “Iron Man” (Black Sabbath), e a superclássica “Would?”, uma obra-prima seminal na discografia dessa grande banda. Não votei em Dirt por pouco, já que julguei The Crimson Idol (W.A.S.P.) com qualidades superiores principalmente pela questão conceitual, mas é muito bom ver que ele entrou nos dez mais.

Ulisses: Lento, sujo, pesado e depressivo, com um foco especial no vício em drogas. Gosto dos hits “Them Bones”, “Rain When I Die”, “Rooster” e “Would?”, a melhor do CD. Fora isso, é apenas um bom disco.


03 Dehumanizer

Black Sabbath – Dehumanizer (73 pontos)

Alissön: Os fãs já tinham perdido a esperança de voltarem a ouvir algum disco de qualidade do Black Sabbath, isso depois de uma longa e tenebrosa fase com Tony Martin nos vocais. A volta de Ronnie James Dio foi um fio de esperança, que se concretizou maravilhosamente com Dehumanizer, facilmente o disco mais sólido desde Born Again (1983). Monolítico e extremamente pesado, surpreendeu quem esperava algo na mesma categoria dos discos Heaven and Hell (1980) ou Mob Rules (1981), sendo até mais próximo dos primeiros discos registrados ainda com Ozzy nos vocais.

André: Este aqui é um bom disco. Não diria que no mesmo nível dos álbuns clássicos do Sabbath com Ozzy e mesmo os dois com Dio dos anos 1980 (cujo nível é altíssimo), mas que não decepciona em meio à clássica discografia do grupo. Não há o que falar do desempenho do meu vocalista preferido de todos os tempos, por isso me concentrei mais em ouvir as composições e a performance dos outros membros neste registro. O Sabbath aqui soa pesado, com as guitarras e o baixo da dupla de bigodes mais querida do heavy metal debulhando tudo, com Vinny Appice também em grande forma e apenas o eterno “quinto membro” Geoff Nicholls sendo mais discreto com seus teclados. “TV Crimes” é bem a cara de Dio, parecendo ter sido composta para algum álbum de sua banda solo com a vantagem de ter os membros do Sabbath tocando nela. “Master of Insanity” já soa como um metal mais moderno, bem diferente do que a banda costumava compor, mas ainda assim muito boa. Dio, após as tretas com Ozzy que obrigaram Rob Halford a substituí-lo às pressas nas últimas datas da turnê deste disco (convenhamos, o grupo foi sem noção e Dio fez o certo), retornou com sua banda, na qual ficaria novamente sem contato com o Sabbath até 2006, já como Heaven & Hell, para sua despedida poucos anos depois.

Bernardo: Minha admiração pela fase Ozzy diminui um pouco meu interesse pela fase Dio. Gosto dos dois primeiros discos, mas este aqui já não me chama tanta atenção. Continuo com a impressão de que o Sabbath com ele continuava excelente, mas já não tão singular.

Bruno: Depois da constrangedora fase com Tony Martin, Iommi convocou de volta Ronnie James Dio, Geezer Butler e Vinny Appice. O resultado é um incrível retorno à forma, com um disco pesadíssimo e mais direto, fugindo das firulas e da farofice dos trabalhos anteriores. Apesar de contar com praticamente a mesma formação, o LP soa diferente até mesmo dos clássicos Heaven and Hell e Mob Rules, aproximando-se do que o Sabbath fazia nos anos 1970, um som mais cadenciado e cru. As letras também fogem das temáticas fantásticas sempre usadas por Dio e abordam problemas mais reais e contemporâneos. Dehumanizer é o exemplo perfeito de uma banda veterana que sabe se adaptar às tendências de uma determinada sem perder sua identidade e qualidade habitual. Uma pena que essa fase tenha durado tão pouco, acabando logo em seguida.

Davi: Ótima retomada do grupo de Tony Iommi. Para mim, é difícil escolher o álbum favorito do Sabbath, tendo em vista que o grupo teve vocalistas com estilos opostos e geniais, mas certamente Dehumanizer está entre meus favoritos. Ronnie James Dio estava arregaçando nos vocais, Tony Iommi inspiradíssimo, além do excelente Vinny Appice assumindo as baquetas. “Computer God”, “TV Crimes”, “Time Machine” e “I” marcaram os fãs daquele período. Talvez o último grande disco do Sabbath.

Diogo: A segunda união de Ronnie James Dio com o Black Sabbath não resultou em algo muito próximo ao que esse time já havia feito antes em Heaven and Hell ou Mob Rules, nem ao que a banda havia feito com Ozzy Osbourne e muito menos nos trabalhos então mais recentes, com Tony Martin. Esse Black Sabbath foi um monstro diferente, ainda mais pesado, instrumental e tematicamente, inserido na década de 1990 e soando como tal, mas sem seguir qualquer tipo de tendência. Essas características tornam Dehumanizer um disco único na trajetória do grupo, com pouca ligação com seu predecessor, TYR (1990), e seu sucessor, Cross Purposes (1994). Tony Iommi e Geezer Butler estão tinindo, assim como Ronnie está agressivo como nunca, e Vinny Appice, apesar de não ser um Cozy Powell, faz seu serviço com sobras. Além disso, todos os instrumentos soam muito bem, mais um mérito de um álbum que faz lamentar que a reunião não tenha dado mais frutos. A totalidade do tracklist satisfaz, mas exalto o soco no estômago que é “Computer God”; “TV Crimes” (lembro quando a escutei pela primeira vez e identifiquei até uma pegada punk, por mais estranho que isso pareça); “Master of Insanity”, grande composição de Geezer melhorada por Dio e Iommi; “Too Late”, sombria do jeito que uma balada do Black Sabbath deve soar; e “I”, uma avalanche de riffs incessantes tal qual uma bate-estaca.

Eudes: Fã extremado da banda, não sei o que um disco do Black Sabbath faz em uma lista de 1992. De boa.

Fernando: Podem duvidar e até me gozarem, mas este foi o primeiro disco do Black Sabbath que ouvi. É até curioso quando penso nisso, já que quando este álbum foi lançado eu já ouvia metal há uns bons três ou quatro anos. Eu simplesmente ouvia falar na banda e os achava tão jurássicos que psra mim era algo muito distante. A percepção do tempo de vida dos grupos era muito diferente no início da década de 1990. Outra razão para isso é que estranhamente nenhum dos caras próximos a mim que curtiam metal tinha algo da banda. E o primeiro disco que um de nós teve foi justamente este. Lembro que eu pirei em três músicas nas primeiras vez que ouvi: “Too Late”, “I” e  “Computer God”. Depois, com o tempo, fui me acostumando e gostando das outras também.

Giovanni: Sinceramente, nunca torci o nariz para a fase Tony Martin no Black Sabbath, mas tenho que concordar que o baixinho Ronnie James Dio tinha um brilho único e a sua volta fez com que a banda recebesse uma merecida atenção maior. “I”, “Time Machine” e “Computer God” são grandes faixas!

Leonardo: Retorno triunfal e pesadíssimo de Ronnie James Dio ao Black Sabbath. Apostando em temas mais cadenciados e com um timbre de guitarra monstruoso de Tony Iommi, o Sabbath mostrava que ainda podia ser extremamente relevante no início da década de 1990. Em um disco com nível tão alto é até difícil apontar destaques, mas “After All (The Dead)” e “I” se tornaram duas das minhas músicas favoritas em toda a carreira da banda.

Mairon: Poucos retornos de formações clássicas foram tão bem sucedidos quanto este incrível álbum. Tenho uma relação muito forte com ele, conforme já relatei aqui, já que mesmo que indiretamente, foi o responsável por me apresentar uma das principais bandas do heavy metal mundial, e, além disso, por despertar em mim uma paixão que estava guardada em algum lugar do meu coração. Um disco muito pesado, como atestam “Sins of the Father”, “Too Late” – linda introdução acústica –, “Letters From Earth”, “After All (The Dead)” e “Buried Alive”, ou seja, 50% do álbum é pesadíssimo, e muito diferente de Mob Rules ou Heaven and Hell, mas mesmo assim, de mesmo nível. Ainda tem mais peso na bigorna de 10 toneladas “Computer God”, que, com a veloz “TV Crimes”, são canções que sempre me arrancam arrepios, assim como o hardzão “Time Machine” e a quebradeira de “Master of Insanity”, mostrando que Iommi e Butler são os reis dos riffs. Quando a agulha passa por “I”, daí sim, o tempo para. Uma das melhores canções de todos os tempos feita pelo Sabbath, com Iommi caprichando no wah-wah e Dio em uma interpretação de arrepiar. Que coisa linda! Atrevo-me a dizer que este é o álbum mais pesado da carreira do Sabbath, e uma pena que brigas internas (novamente) não levaram essa formação a seguir adiante durante a década de 1990. Merecia o primeiro lugar, com certeza.

Ulisses: Voz visceral, letras niilistas e clima desolador. Não parece, mas Dehumanizer é o terceiro disco do Black Sabbath com Dio, apesar de fugir da temática de dragões, magia e arco-íris; sem problemas, pois esse line-up entrega música de qualidade, como já era de se esperar – além disso, a transição não deve ter sido difícil para Dio, cujo mais recente disco solo, à epoca, fora o doom de Lock Up the Wolves (1990). O apocalipse digital é entregue em petardos como “Computer God”, “Letters From Earth” e “Time Machine”, além da soberana “I”, em um disco em que Iommi entrega alguns de seus riffs mais pesados!


04 Angel Dust

Faith No More – Angel Dust (68 pontos)

Alissön: Nunca fizeram minha cabeça, exatamente por isso os deixei de fora desta lista. Prefiro deixar os comentários sobre Angel Dust para quem tenha algo a dizer.

André: Creio ser o único aqui do site que não gosta de Faith No More. Bem, o que posso dizer é que alguns pontos positivos são o baixo bem aparente e o fato de que Mike Patton está bem mais contido do que no disco anterior. Entretanto, continuo passando.

Bernardo: O auge da piração no mainstream dos anos 1990. O Faith No More fez um dos grandes discos do grande ano de 1992, chocando metal com rap, funk, jazz, eletrônica, trilha sonora, andamentos esquizóides e sonoridade estranhas para fazer Angel Dust, que trazia um cisne na capa e um açougue na contracapa – atrás do mundo popular e limpo, ou seja, atrás dos refrãos e melodias está uma esquisitice sem par de uma banda que quebra paradigmas para criar música. É só conferir a música de trabalho do disco, “Midlife Crisis”, com sua eletrônica metálica de refrão pop. O disco é um paradoxo vivo e explosivo: só ver “Smaller and Smaller”, “Everything’s Ruined”, “Crack Hitler” e outras porradas compartilhando espaço com a galhofa jazzística de “RV” e as regravações do tema do filme “Perdidos na Noite” (1969) e o hilário e bem executado cover de “Easy”, dos Commodores, mostrando que, se uma banda conseguia ir de death metal a Lionel Richie em suas referências, valeria a pena prestar atenção nela.

Bruno: Diferentemente de The Real Thing (1989), que estava praticamente pronto quando Mike Patton assumiu o posto de vocalista, em Angel Dust ele participou ativamente do processo de composição do disco, o que refletiu claramente em sua sonoridade, mais experimental, esquizofrênica e completamente anticomercial. A banda ficou incomodada com a hiperexposição que obteve com o álbum anterior, por isso concordou em gravar um disco que lhes tirasse a imagem de “rockstar”. E assim nasceu uma obra-prima absurda, na qual o grupo passeia por inúmeros gêneros e climas, com Patton podendo mostrar todo seu talento e versatilidade, mudando o estilo de cantar faixa após faixa.

Davi: Lembro que demorei um bom tempo para adquirir este CD. Comprei o LP de The Real Thing assim que foi lançado, mas deixei este passar batido na época. Só fui correr atrás dele depois de King for a Day… Fool for a Lifetime (1995). A razão? Todo mundo me dizia que o disco era uma bosta. Depois que ouvi, entendi o chororô. Os caras fizeram um puta disco, mas não fizeram uma continuação do álbum anterior, que era o que o pessoal aqui no Brasil estava esperando. A sonoridade continuava pesada, mas estavam mais experimentais, mais ousados de certa forma (apesar do cover de “Easy”) e isso confundiu a cabeça do pessoal na época. O disco sobreviveu aos tempos a ainda hoje prende a atenção. Sem contar que canções como “Be Agressive”, “A Small Victory” e “Midlife Crisis” tornaram-se as preferidas de diversos fãs. Às vezes, arriscar dá certo.

Diogo: Este ficou bem próximo de dar as caras na minha lista, foi por pouco. Fico feliz de que tenha aparecido por aqui, pois, por mais que preferir The Real Thing seja algo natural, Angel Dust é uma evolução, ainda mais ousado, inteligente e imprevisível. O encaixe de Mike Patton na proposta do grupo foi perfeito. Seu estilo de compor casou com o de seus colegas e sua evolução vocal é nítida. Sejam movidas a riffs, como “Caffeine”, a melodias vocais, como “Midlife Crisis”, ou a outros elementos, como o groove de “Land of Sunshine” ou o piano de “RV”, as canções se saem muito bem e mandam a monotonia para bem longe. De pouco valeria alternar entre o heavy metal de “Malpractice” e o cover cara de pau (e maravilhoso) para a balada “Easy”, dos Commodores, sem composições de qualidade, e nisso Angel Dust não peca, destacando ainda mais “Be Aggressive” e minha favorita do disco, “A Small Victory”.

Eudes: E o Faith No More fez de novo. Um discaço sem invenções desnecessárias. O que não os impede de incorporar uma ampla gama de experiências: hard e heavy metal, soul music, rap, tralhas cafonas dos anos 1970. Curiosamente, tudo isso em massas sonoras orgânicas, sem nem cheiro de colagens forçadas. Em Angel Dust nada é o que parece, ou melhor, nada segue sendo o que parece no começo. Mesmo faixas que parecem essencialmente extreme metal, como “Caffeine”, evoluem em direções inusitadas. Há paisagens pop e rock, digamos, tradicional. E para indignação geral da nação de camisetas pretas, tudo termina com uma versão exacerbada de “Easy”, o clássico mela-cueca dos Commodores, saída da pena do notório Lionel Richie. Glorioso!

Fernando: Sempre quis comprar este disco, mas a grana era curta e o Faith No More não era uma de minhas prioridades na época. O motivo de eu ficar desejando este CD toda vez que ia em uma loja era o selo contido na capa dizendo “Incluindo ‘Easy’”. Depois de um tempo, um primo me disse que tinha o LP e que me daria. Fui feliz e contente na casa dele buscar e, para minha decepção, descobri que apenas a versão em CD continha a música. Como já estava com o disco em mãos, coloquei na agulha e descobri diversas outras músicas maravilhosas, sendo o ponto alto de todas elas “A Small Victory”, que até hoje talvez seja a minha preferida da banda. Outras faixas notáveis estão neste disco, como “Land of Sunshine”, “Midlife Crisis” e “Be Aggressive”. Por sinal, quando descobri do que se tratava a letra desta última, fiquei chocado.

Giovanni: Eu sou bastante fã e conhecedor da carreira de Mike Patton, o que dificilmente me faria ter uma opinião imparcial sobre Angel Dust, mas aqui está algo indiscutivelmente bom e que seria merecedor do prêmio de melhor álbum deste ano. O som não é tão “feliz” quanto o de The Real Thing, porém a mistura de metal alternativo, rap, funk metal e um toque experimental segue mais viva do que nunca. O single “Easy” tem um som convencional demais e nunca me agradou muito; em compensação, temos músicas como “Midlife Crisis” e “A Small Victory” com os vocais incontroláveis de Patton e um instrumental da mesma altura. Não sei exatamente por que isto é considerado o embrião do nu metal, mas todas as canções têm uma variedade sonora impressionante.

Leonardo: Belíssimo disco do Faith No More. Mais variado e menos imediato que seu clássico antecessor, Angel Dust continha uma seleção de músicas que se mostravam sensacionais após algumas audições.

Mairon: Considerado por muitos o melhor disco do Faith No More, Angel Dust é um concorrente honesto para seu antecessor, o ótimo The Real Thing, que ficou na primeira posição na edição da série dedicada a 1989. Apesar de preferir o álbum mais antigo, gosto muito deste discaço, que traz em seus sulcos o estilo característico e inconfundível de Mike Patton nos vocais de “Land of Sunshine”, “Kindergarten”, “Crack Hitler”, “Midlife Crisis”. Destaque total para as clássicas “Caffeine”, uma deliciosa viagem daquelas que só o FNM consegue fazer, a delirante “Smaller and Smaller”, a longa “Jizzlobber”, a pancadaria de “Malpractice” e a doideira de “Be Aggressive”. Confesso também que adoro a linda instrumental “Midnight Cowboy”, essencial nos shows da banda a partir de então. “RV” é uma piada impagável, com uma interpretação exclusiva de Patton, o centro das atenções de todo o álbum. Únicos pormenores vão para “Everything’s Ruined” e “A Small Victory”. Importante lembrar que o cover de “Easy” não fez parte da versão original. Bom ver Angel Dust aqui, apesar de achar que outros álbuns poderiam ocupar seu lugar.

Ulisses: Disco ainda mais insano do que o antecessor, talvez porque Patton foi bem ativo no processo de composição. Aqui, temos desde pedradas absurdas (“Malpractice”, “Smaller and Smaller” e “Jizzlobber”) até estranhices como “RV” e “Be Aggressive”, todas permeadas pelo teclado/sintetizador de Roddy Bottum, que está bem mais proeminente aqui. Os destaques são “A Small Victory” e o cover do Commodores, “Easy”. Apesar de muitos considerarem Angel Dust o melhor disco do FNM, ainda fico com The Real Thing.


06 Mondo BizarroRamones – Mondo Bizarro (60 pontos)

Alissön: Os Ramones têm uma bela coleção de clássicos inquestionáveis e atemporais, isso é indiscutível. Porém, pós-End of Century (1980), a banda lançou apenas discos divertidos, mas pouco memoráveis depois de uma audição. Mondo Bizarro é exatamente isso: um disco divertido, mas com músicas que não são exatamente memoráveis, quem dirá então clássicas.

André: Ultimamente tenho respeitado os Ramones no mesmo nível do The Clash quando se trata de punk, gênero do qual não gosto. Escutei algumas melodias legais, tais como em “Poison Heart”. Como exigiram aumento das cotas para punks/indies/alternativos para 30%, conforme manda a legislação brasileira, este disco foi o único que poderia passar sem precisar delas.

Bernardo: Mondo Bizarro é o “disco da maturidade” dos Ramones, no qual a banda conseguiu pegar o formato que consagrou e lançar um disco com consistência, ainda que não tão fresco e visceral quanto os primeiros, quando a banda tinha aquele tom de urgência adolescente. Aqui a banda já está segura para assumir seu estilo como horizonte e não como muleta, conseguindo mesclar elementos de suas outras fases: peso, velocidade, melodia combinadas com sabedoria para pisar no freio com “Poison Heart”, com a qual o punk prova que pode ser emocionante também, a facilidade cativante do refrão de “Strenght to Endure”, na qual CJ provou a fogo a grande adição que era na banda, a tradicional e funcional “Anxiety” e um grande cover de The Doors, “Take It As It Comes”, na qual o esporro psicodélico prova ser funcional nas ruas perigosas do punk, ganhando velocidade no refrão mas sem perder o ar algo viajante. O canto de cisne relevante da banda – mais até, em matéria de resultado, que o oficial ¡Adios, Amigos! (1995).

Bruno: Reconheço que o intocável Rocket to Russia (1977) é o melhor disco dos Ramones, e a fase dos anos 1970, a melhor. Porém, Mondo Bizarro é meu álbum do coração. Apesar de ser o antepenúltimo trabalho dos caras, tem um frescor impressionante, provavelmente por conta da entrada do jovem CJ e da mãozinha de Daniel Rey nos arranjos. Apesar de Dee Dee estar fora, contribuiu (em troca de grana para sair da cadeia por porte de drogas) com algumas de suas melhores composições, não à toa duas delas viraram singles: “Poison Heart” e “Strength to Endure”. É um disco totalmente ramônico, honesto até a medula e combinando energia, melodias inspiradas com o humor típico do grupo. Uma belíssima volta por cima após o difícil período em meados dos anos 1980.

Davi: Ramones é aquela banda que nunca foi amiga de grandes inovações, mas que sempre foi divertida. Sempre gostei desses caras. O que temos por aqui é Ramones sendo Ramones. Canções curtas, diretas, pesadas e melódicas. Como sempre foi. O hit “Poison Heart” tinha uma pegada mais pop, mas não difere muito de “Pet Sematary”. Quem aceita uma, aceita a outra. Talvez o maior risco tenha sido a versão de “Take It As It Comes”, do The Doors, grupo que é cultuado, mas por outro tipo de público. Mesmo assim, a canção ganhou uma cara ramônica e ficou bem bacana. Divertido como sempre foram. Para quem não conhece, vale uma audição.

Diogo: Rocket to Russia pode ser o melhor e mais representativo, mas Mondo Bizarro é meu disco favorito do Ramones, aquele que escuto de cabo a rabo com um sorriso no rosto e ainda repito suas melhores faixas quantas vezes eu bem entender. Mondo Bizarro mostra uma banda consciente de sua capacidade e de sua história, tanto que é o que melhor dialoga com o Ramones setentista desde Road to Ruin (1978). Suas músicas são vibrantes, concisas e viciantes, apresentando uma variedade sem precedentes na carreira do grupo. Quem gosta da pegada mais hardcore desenvolvida nos anos 1980 tem “Anxiety”. Balada? “I Won’t Let it Happen” é ótima. Aqueles que têm em Joey Ramone sua figura favorita e adoram suas composições cheias de melodias cantaroláveis recebem um verdadeiro arsenal, entre as quais se destacam “It’s Gonna Be Alright” e “Cabbies on Crack”. Aquele cover devidamente “ramonizado”? Pois o quarteto pegou “Take It As It Comes”, do The Doors, e fez um serviço brilhante, com direito a tecladeira e tudo mais. Saudades da pegada surf rock dos anos 1970? “Touring”, música que remonta a mais de uma década antes, foi devidamente trazida à tona. Mas se você é como eu, e sabe que o grande nome dessa banda sempre foi Dee Dee Ramone (mesmo em sua ausência), o cara que entregou sua sinceridade na forma de composições absurdas, tem em “Poison Heart”, “Strenght to Endure” e “Main Man” justamente as melhores faixas de Mondo Bizarro. Coescritas com Daniel Rey, produtor do disco, sendo as duas últimas cantadas por CJ, trata-se de material de primeira qualidade, rivalizando com quaisquer obras setentistas da banda tidas como indiscutivelmente clássicas, isso se não superá-las.

Eudes: Fã extremado da banda,  sei exatamente o que um disco dos Ramones faz em uma lista de 1992. Mondo Bizarro é tão bom quanto qualquer outro disco dos Ramones. De boa.

Fernando: Eu tenho preguiça de ouvir Ramones por conta de sua longa discografia. Para mim, uma coletânea seria suficiente, a diferença é que uma coletânea comportaria quase toda a discografia deles. “Poison Heart” é uma ótima música!

Giovanni: Mondo Bizarro naturalmente divide opiniões, principalmente por não trazer músicas tão agressivas como outrora. Mas para mim isso não o torna ruim, já que nunca fui fanático pelos Ramones. “Strength to Endure” e “Poison Heart” possuem melodias e refrãos grudentos que me agradam bastante, graças a entrada do bom CJ Ramone.

Leonardo: Melhor disco do quarteto novaiorquino em bastante tempo, apresentando o que a banda sabia fazer de melhor. Punk rock com melodias simples e inesquecíveis. Destaque para as músicas cantadas pelo então novo baixista CJ Ramone, “Strength to Endure” e “Main Man”, maravilhosas.

Mairon: Daqueles discos que marcam a vida, Mondo Bizarro fez parte das minhas audições diárias por conta do fanatismo do meu irmão Micael por essa banda. Apesar do grande sucesso do álbum ser a bela balada “Poison Heart”, a estreia de CJ Ramone trouxe mais violência ao som do grupo, enaltecida por faixas como “Anxiety”, “Heidi is a Headcase” e “Cabbies on Crack”, além de um vocal diferente para o som dos Ramones, liderando a boa “Strength to Endure” e “Main Man”, duas pauladas punk que fazem o som do Ramones moderno, mas ainda assim bom de se ouvir. O punk rock característico do grupo está em “Censorshit”, “Tomorrow She Goes Away”, “The Job  that Ate My Brain”, “It’s Gonna Be Alright”, “Touring”, a mais Ramones das Ramones (lembrando um pouco “Rockaway Beach” e “Sheena is Punk Rocker”), e na leve “I Won’t Let It Happen”. O cover para “Take It As It Comes” ficou um espetáculo, pesadíssimo e diferente do que o The Doors fez em 1967, mas, ainda sim, reconhecível e muito, mas muito bom.

Ulisses: O Ramones, para mim, não cheira e nem fede. Saí da audição do mesmo jeito que entrei.


08 Automatic for the People

R.E.M. – Automatic for the People (59 pontos)

Alissön: Enquato o Rage Against the Machine causava uma revolução dentro do universo pesado, o R.E.M. causava impacto semelhante dentro do rock alternativo, mas ao invés de barulho e letras de protesto, utilizaram a beleza melódica e a melancolia pessoal das letras. Automatic for the People é grandioso em todos os ângulos: das letras melancólicas aos arranjos primorosos (alguns deles por John Paul Jones). É uma aula de rock feito com alma para qualquer pessoal. Essencial talvez seja a palavra definidora aqui.

André: Conseguimos a façanha de passar incólumes pela década de 1980 sem R.E.M. e olha que foi difícil. Mas sabia que não ia escapar de ter que ouvi-los na de 1990. Ao escutar este disco, tudo que imagino é um vocalista tristonho fazendo beicinho junto às duas mãos ao microfone e com o pescocinho quebrado enquanto uma plateia balança placidamente seus isqueiros (hoje luzes de celular) durante quase 50 minutos de puro tédio. Julgando pela capa, leio os nomes dos títulos das músicas tais como “Try Not to Breathe”, “Star Me Kitten” e “Sweetness Follows” e o meu preconceito já se inflama. Aí ouço, e felizmente meu julgamento pela aparência acerta em cheio. E só para finalizar: o The Corrs fez um cover de “Everybody Hurts” e transformou a versão original horrenda em música de verdade. Mérito daquelas irlandesas lindas.

Bernardo: “Drive”, “Everybody Hurts”, “Man on the Moon”… A apoteose do rock alternativo no mainstream, em um disco arranjado por John Paul Jones alcançando um som suave, triste e melancólico, com o qual muita gente se identificou à época. O R.E.M. se toarnaria a banda favorita de muita gente por um tempo.

Bruno: O R.E.M. é uma banda que eu respeito, mas ainda não me conquistou totalmente. Gosto de alguns discos, e Automatic for the People não é um deles, mesmo sendo um trabalho de qualidade.

Davi: Disco bacana do R.E.M. Gosto bastante da banda, mas nunca consegui entender a idolatria em torno deste álbum. Sempre gostei muito mais de registros como Out of Time (1991), Green (1988) e até mesmo Monster (1994). Considero-o um álbum de altos e baixos. Há algumas canções espetaculares, como “Drive” e o hit “Man on the Moon”, e outras dignas do prêmio mala sem alça do ano, entre as quais colocaria o outro grande hit do álbum: “Everybody Hurts”. Legal vê-los por aqui, mas acho que poderia ter sido com outro disco.

Diogo: Nunca morri de amores pelo R.E.M., mas também nunca tive nada contra. Sabem escrever boas canções, superaram a barreira do alternativo com talento e dedicação e venderam milhões por inegável mérito. Automatic for the People é um bom disco, em cujo tracklist se encontram algumas músicas muito boas, caso de “Drive”, com uma pegada soturna reforçada pelos belos arranjos de cordas e pelos efeitos na voz de Michael Stipe. O hit “Man in the Moon” fez por merecer o sucesso, mas confesso que não sou um grande fã de “Everybody Hurts”. O mesmo não acontece com “The Sidewinder Sleeps Tonite”, essa sim uma canção maiúscula, cujo refrão, quase onomatopéico, só se revelou totalmente para mim enquanto escrevo este comentário e procuro a íntegra de sua letra. Mas o que interessa mesmo é se a música funciona, e nesse caso ela funciona muito bem.

Eudes: Não vou mentir. Antes deste disco nunca entendi o que o R.E.M. tinha de tão legal. Nunca saquei também o entusiasmo com que certos jornalistas os equiparavam ao The Byrds. Para mim, o R.E.M. era tão somente a contraparte college radio das bandecas inglesas de guitarrinhas fracas e cantores melancólicos, do tipo Smiths. Automatic for the People me pegou de cuecas! Já a faixa de trabalho, “Drive”, que bombou em nossas FMs antes da canção mais famosa do álbum, “Everybody Hurts”, trazia aquele climão das sinistras cidades pequenas dos filmes de David Lynch. O disco me soa até hoje como uma retrospectiva dolorida do rock ‘n’ roll realizada de bar em bar ao longo das intermináveis routes norte-americanas. Melodias impregnantes, sutis e candentes ao mesmo tempo, execuções de macho, sem maiores sutilezas e arranjos de cordas de John Paul Jones nos trazem à mente as melhores baladas de Elton John nos anos 1970. E temos aqui um álbum perfeito. O disco de 1992!

Fernando: Estranha essa banda. Toda vez que a ouço não tenho do que me queixar. Tem várias músicas que são realmente muito boas, mas quando vejo a quantidade de discos que eles têm fico com uma preguiça enorme de me aprofundar. Acho que uma coletânea pra mim seria o suficiente. “Everybody Hurts” é um hino pra quem está curtindo uma deprê!!!

Giovanni: Nunca havia escutado este disco, e admito não ter dado anteriormente a merecida atenção à banda por pura birra. A maioria das faixas tem como base o som acústico, com arranjos belos e acessíveis – provando que a simplicidade muitas vezes pode ser superior à complexidade (desculpem a cutucada no Dream Theater…). 1992 foi um excelente ano para o rock mais “alternativo”, no qual ainda tivemos lançamentos bem interessantes de Talking Heads, Jesus Lizard, Therapy?, Swans e Screaming Trees.

Leonardo: Sempre achei a banda insuportável, exceto por uma ou outra canção. Infelizmente, este disco não é diferente. Pop rock inofensivo, com melodias de fácil assimilação, que acabam se tornando muito cansativas. Passo.

Mairon: Finalmente o grupo de Athens apareceu por aqui. Depois de ser menosprezado em 1987, 1989 e 1991, o quarteto norte-americano brilha entre os dez mais de 1992 com seu melhor disco. Desde a faixa de abertura, “Drive”, o fã já se depara com um disco profundo, sinistro, lembrando a soturna “Low”, de Out of Time, mas com um grande arranjo de cordas e uma sensação de agonia que irá perambular por todos os seus quase 50 minutos de duração. A leveza folk de “Try Not to Breathe” e o mandolin de “Monty Got a Raw Deal” remetem-nos aos momentos acústicos do Led Zeppelin em III (1970) e IV (1971), assim como as cordas e os teclados de “Sweetness Follows” saíram de alguma experimentação de Brian Eno quando David Bowie gravou Low (1977). Para o som do R.E.M., “Ignoreland” é um ponto fora da curva, tamanha violência extraída da guitarra de Peter Buck. Claro que há espaço para o pop alegre que consagrou o grupo em Green, através de “The Sidewinder Sleeps Tonite” e da clássica “Man on the Moon”, essencial nos shows a partir de então, mas é melancolia, tristeza e agonia que imperam no disco, seja nos acordes de piano da instrumental “New Orleans Instrumental No. 1”, na levada suave de “Find the River” ou nas vocalizações agonizantes de “Star Me Kitten”. Os expoentes do sofrimento e da agonia vão para a épica “Nightswimming”, um dos clipes mais malucos que já vi, e a emocionante “Everybody Hurts”, talvez a mais bela de todas as canções que o R.E.M. gravou. Como alguém disse certa vez, quem nunca chorou com “Everybody Hurts” é porque nunca passou por alguma dor de verdade. Assim como Dehumanizer, tenho uma história particular com Automatic for the People, por ter sido o disco que me fez gostar do R.E.M., e ser um dos primeiros que me vem à mente de causar discórdia entre eu e meu irmão Micael na questão de gosto (lembro que ele detestou o álbum e eu adorei).  Álbum matador e único, que só não foi o melhor desse ano porque os Mutantes lançaram a obra inédita “O A e o Z”, e o Black Sabbath fez simplesmente seu disco mais pesado. Caso estivesse no topo da lista, porém, não seria nada injusto.

Ulisses: Sou uma daquelas pessoas que, de R.E.M., só conhece “Losing My Religion” e pronto. Automatic é um bom disco pra te botar pra dormir…


05 Rage Against the Machine

Rage Against the Machine – Rage Against the Machine (59 pontos)

Alissön: o RATM praticamente ceifou os dinossauros e chamou para si a responsabilidade de ser a banda influente nos anos 1990. Com musicalidade de identificação imediata, a banda conseguiu, com este disco de estreia, unificar dois universos considerados distintos (no caso o rap e o heavy metal), além de mostrar ao mundo a forma de se fazer música de protesto, unindo mensagem e impacto sonoro.

André: Rap metal. Esses anos 1990 serão longos…

Bernardo: Ninguém esperava ainda que com a gênese do rap e do funk metal alguns anos antes uma banda como o Rage Against the Machine, com seus vocais cuspidos e rapeados dividindo espaço com a cozinha forte e presente e os riffs punks e solos metálicos. Anos 1990 encarnados em uma banda que, ao invés de voltar-se para problemas íntimos e pessoais, pregava política engajada explicitamente, no nome, na simbologia (estrelas vermelhas, Che Guevara), na capa do primeiro disco (a imolação pelo fogo do monge vietnamita), nas letras de “Killing in the Name”, “Take the Power Back”, “Know Your Enemy”… Um dos fenômenos daquela época que ainda não sabemos explicar direito mas que são tão bons que nem fazemos questão!

Bruno: Em 1992 a fusão rap/rock não era nenhuma novidade, mas foi o RATM que a aperfeiçoou, de uma maneira orgânica e cativante. Seu disco de estreia é um coquetel explosivo de grooves funkeados, hip hop, punk e metal. Tudo isso como pano de fundo para o discurso social e agressivo de Zack de la Rocha. Tom Morello se mostrou um dos guitarristas mais criativos dos anos 1990, fazendo muito com poucos recursos. Os discos seguintes mantém a qualidade, mas não chegam nem perto do impacto deste aqui.

Davi: Outro disco que é praticamente perfeito e também mereceria primeira colocação. Talvez essa seja a banda que melhor trabalhou essa mistura de heavy metal com rap. Sempre fizeram a mistura de maneira inteligente. Agora verdade seja dita, os grandes destaques do conjunto sempre foram as letras de Zack de la Rocha e as guitarras inventivas de Tom Morello. Provavelmente, um dos melhores guitarristas da geração dos anos 1990. Disco pesado e empolgante que se tornou trilha sonora de toda uma geração. Canções de destaque: “Bombtrack”, “Killing in the Name”, “Bullet in the Head”, “Take the Power Back” e “Freedom”.

Diogo: Em outros tempos, o vocal de Zack de la Rocha me afastaria do grupo, mas felizmente hoje em dia não mais. Isso é muito bom pois, acima de tudo, o que torna a banda tão especial para mim é a união de uma cozinha boa de groove com a guitarra pesada, distorcida e versátil de Tom Morello. Se o disco contivesse apenas “Killing in the Name” como grande destaque, já seria digno de nota, mas a quantidade de músicas que misturam peso, agressividade e balanço pra ninguém botar defeito é grande, vide pancadas como “Take the Power Back”, “Bullet in the Head”, “Know Your Enemy” (riff monstro), “Wake Up” e “Fistful of Steel”. Isso sem falar na marretada que encerra o disco na forma de “Freedom”, mostrando uma banda com senso de espaço e valorizando os intervalos entre cada nota de maneira a ajudar a música, lição tão bem ensinada por uma de minhas bandas favoritas, o Free.

Eudes: Raiva e ruído, a tradição do rock e uma aguerrida e aguçada crítica social, coisa rara nesse ambiente conservador do rock ‘n’ roll, e um guitarrista muito acima da média. Esta fórmula infalível faz deste disco autointitulado da banda uma joia dos anos 1990, sinalizando um renascimento do rock, saído das brumas dos anos 1980.

Fernando: Não adianta! Acho o instrumental desse grupo fenomenal, mas a voz me faz querer parar na segunda música. Claro que a segunda música é exatamente a mais icônica da banda e eles não fizeram mais nada que me faça ter interesse neles. Quando  se separaram de Zack de la Rocha e formaram o Audioslave com Chris Cornell eu achei muito melhor.

Giovanni: A estréia do RATM foi muito impactante, não só pela mistura de vocais hip hop com riffs e pancadas heavy metal, mas também pelas letras políticas bem fortes. Pela sua proposta, soa bem pesado.

Leonardo: A mistura de rock pesado com rap e letras politizadas foi revolucionária na época do lançamento do disco, mas musicalmente nunca me agradou muito. Mas que “Killing in the Name” é uma música muito legal, isso é.

Mairon: Aí está uma banda que eu nunca havia parado para ouvir como deveria, talvez por preconceito, talvez por não ter indicações de discos para ouvir. Lembrou-me algo de Faith No More aqui, um Red Hot ali, até um Living Colour acolá, mas nada que faça me tornar um fã da banda e sair comprando os demais discos. Gostei do baixo de “Bullet in the Head”, sendo que o baixista para mim é o que mais se destaca no disco, do qual “Wake Up” e “Killing in the Name” inegavelmente são os grandes clássicos. Enfim, causou uma boa primeira impressão, apesar de um pouco repetitivo, mas nada de mais para estar em uma lista de dez melhores.

Ulisses: Uma união concisa de rap, funk, punk rock e metal, feita pela sólida cozinha de Brad Wilk e Tim Commerford, pelo rap nervoso de Zack de la Rocha e pela guitarra inovadora de Tom Morello, que impressiona até hoje, abusando de scratches, noise, wah-wah e shredding. O resultado são clássicos como “Bullet in the Head”, “Killing in the Name”, “Wake Up” (primeira canção do RATM que ouvi, nos créditos do filme “The Matrix”) e o catártico encerramento com “Freedom”; mas vale ressaltar que o disco inteiro é essencial melhor ainda, é intenso. Peso, velocidade, técnica, melodia… Isso, várias bandas conseguem transmitir. Mas intensidade? Taí algo que eu aprecio ainda mais. A faceta mais polêmica do grupo são as suas letras: é pela sua carga sociopolítica que Zack grita com tamanha autenticidade, eu sei; mas, se por vezes acertam ao cutucar temas como racismo e opressão, também às vezes retrocedem à sempre chata embromação de “Fuck the system! I hate America! Blablabla!”.


07 Vulgar Display of Power

Pantera – Vulgar Display of Power (56 pontos)

Alissön: Fácil um dos discos mais importantes lançados nos anos 1990, mostrando todo um novo jeito de se tocar thrash metal: mais cadenciado, com riffs cíclicos e peso extra nos grooves do baixo e quebras mais incisivas de bateria. A voz de Phil também mostra um desenvolvimento assombroso se comparado a Cowboys from Hell (1990): bem mais rouca e abusando dos gritos ao invés de falsetes. Ainda chegariam muito mais longe com os dois discos seguintes, mas Vulgar Display of Power já é um baita disco de uma banda em ascensão evidente.

André: Muita gente malhou este disco na época em que saiu. E muitos continuam malhando até hoje. Normalmente olho com o pé atrás quando ocorre esse tipo de hype (seja positivo ou negativo) porque muitos sequer ouvem o álbum inteiro e seguem o que uma minoria vocal disse que é tal como uma manada. Porém, nesse caso, dou um pouco de razão, porque este disco é bastante inferior ao excelente Cowboys from Hell. Há alguns bons momentos que lembram bem o “novo Pantera”, tais como “A New Level” e “Walk”, mas a verdade é que tanto o conteúdo lírico, como exemplificado em “Fucking Hostile”, quanto o instrumental, que sempre foi o que destacava o Pantera naquela época, como ocorre em “Hollow”, soam pobres e sem inspiração. Exceto se a inspiração foram adolescentes espinhentos raivosos dos anos 1990, aí talvez faça algum sentido. Já fui mais chegado à banda, mas ultimamente só Cowboys e The Great Southern Trendkill (1996) me fazem sorrir mais.

Bernardo: Um dos melhores discos de heavy metal dos anos 1990 e da música no geral. O superlativo cabe aqui, basta ver a coleção de hinos explosivos que fizeram a banda sentar no trono noventista: a rápida “Mouth For War”, a cadenciada e badass “Walk”, a meio balada meio thrash “This Love”, as revoltadas “Rise” e “Fucking Hostile”… Enquanto as bandas thrash dos anos 1980 investiam em caminhos mais acessíveis, a nova geração capitaneada pelo Pantera adicionou mais groove e riffs “pulantes” e uma atitude lírica e visual mais “urban”, uma fase que a própria banda passou indo do hair metal até a revolução de costumes dos novos anos.

Bruno: Mais pesado, mais agressivo e melhor composto. O Pantera conseguiu melhorar o que já havia tido um gigantesco impacto em Cowboys from Hell. Abandonando os toques de heavy metal clássico (principalmente nos vocais) e incorporando de vez thrash, hardcore e riffs grooveados, a banda moldou de vez sua sonoridade, resultando assim em seu melhor trabalho de estúdio e dando origem a um novo subgênero, que, por mais discutível que seja, foi muito copiado pela maioria das bandas pesadas que vieram depois.

Davi: Clássico. Ainda é meu disco favorito do Pantera. Phil Anselmo mudava o seu estilo de cantar. Deixou os agudos de lado e passou a explorar um vocal mais próximo do gutural. O legal é que o estilo dele era agressivo, mas inteligível. (Nada me irrita mais do que ter que pegar o encarte do CD para tentar entender o que o “cantor” está grunhindo). Vinnie Paul demonstrava ser um baterista de mão cheia, mas quem mais chamava a atenção era Dimebag Darrell. Extremamente criativo! A primeira metade do disco é formada apenas de canções que se tornaram clássicas do gênero. Álbum indispensável para quem curte um som mais porradaria.

Diogo: Meu preferido é Cowboys from Hell, mas não posso negar que Vulgar Display of Power é o disco que realmente definiu a sonoridade do Pantera, forjando um jeito novo de tocar thrash metal e influenciando um exército de bandas. Mais quebrado, cadenciado e violento, sem concessões de qualquer tipo e mesmo assim obtendo ainda mais êxito comercial. Phil Anselmo, então, largou mão de qualquer tentativa de ser uma versão mais extrema de Rob Halford e investiu na faceta mais agressiva de seu registro vocal, indo de encontro aos riffs cavalares que brotavam das mãos de Dimebag Darrell. Em meio a toda pancadaria, músicas cativantes e bem resolvidas, perfeitas para bater cabeça incessantemente, como “Mouth for War”, “A New Level”, “Walk”, “Fucking Hostile”, “This Love” e “Rise”, sem esquecer da melódica “Hollow”. Sem dúvida, um dos discos mais importantes da década de 1990 em se tratando de som pesado, ajudando a moldar a identidade musical de muita gente.

Eudes: Continuação da redenção da banda, iniciada em Cowboys from Hell, purgando os pecados do hair metal que cometeram no começo da carreira. Não me comove, mas tem seus momentos. Embora nada vá redimi-los das calças de oncinha e cabeleiras esvoaçantes.

Fernando: Não sei como foi para as outras pessoas, mas este disco chegou para o nosso pessoal antes de Cowboys from Hell. Todo mundo achava que este era o primeiro álbum e na verdade era o segundo, e que na verdade era o sexto. Confuso, não é? Fato é que ele arrebatou uma galera para um som mais agressivo e moldou, para o bem e para o mal, o que viria a ser o metal na década de 1990.

Giovanni: Dos álbuns de metal mais populares lançados em 1992, Vulgar Display of Power é o melhor (bem superior ao do Megadeth) pelo menos para mim. Tudo bem que eu o ouvi incansavelmente na minha fase mais headbanger, mas continuo achando-o tão agressivo quanto a capa, vide “Fucking Hostile” e “This Love”.

Leonardo: Ainda mais extremo que Cowboys from Hell, Vulgar Display of Power mostrava um Pantera mais agressivo, com muita influência de hardcore, como pode ser ouvido em faixas como “Fucking Hostile”. Mas os riffs e solos devastadores de Dimebag Darrel continuavam presentes, como se ouve em “Mouth for War” e “Walk”. A banda também passou a investir mais no groove, influenciando todas as bandas de thrash metal dos anos 1990.

Mairon: De novo o Pantera por aqui? Se com Cowboys from Hell eu me decepcionei um pouco, com Vulgar Display of Power a coisa já soou um pouco melhor, principalmente por conta das guitarras de Dimebag Darrel, que faz riffs interessantes em “Mouth For War”, “Regular People (Conceit)”, “No Good (Attack the Radical)”, “By Demons Be Driven” e “Fucking Hostile”. Gostei de ouvir “Live in a Hole”, “A New Level”, a pancadria de “Rise”, e me decepcionei um pouco com as clássicas “This Love”, “Hollow” e “Walk”. Acho que o único probleminha é a voz de Phil Anselmo. Apesar disso, o disco é bom, mas não o suficiente para os dez mais de um ano como 1992.

Ulisses: A capa já dá o aviso: é uma porrada na cara. “Mouth for War”, “Fucking Hostile”, “Rise”, “No Good (Attack the Radical)” e “Regular People (Conceit)” são os grandes petardos da vez, mas o hit é a groovy “Walk”, com um refrão simples, porém cativante. Anselmo, sabe-se lá como, ficou ainda mais raivoso neste álbum, rosnando os versos com brutalidade, mas ainda deixando espaço para alguns momentos mais calmos (mas não menos assombrosos) em faixas como “This Love” e “Hollow”.


09 Revenge

Kiss – Revenge (37 pontos)

Alissön: Revenge representa uma quebra na sequência dos medíocres álbuns da era “farofa” da banda, além de ser considerado o ápice da fase desmascarada, mas isso está longe de representar alguma coisa para mim. Sem o brilho e a pegada, que foram se perdendo ano após ano, Revenge é apenas uma coletânea de músicas que não apresentam absolutamente nada de extraordinário e que justifique seu reconhecimento aqui. E, para piorar tudo, deixou registrado um dos hinos de orgulho rocker mais insuportáveis de todos os tempos: “God Gave Rock & Roll to You II”.

André: Já tive mais gosto por este disco no passado, hoje o considero um álbum mediano com bons momentos, que são “God Gave Rock & Roll to You II” com jeitão de clássico do Kiss, e “Every Time I Look at You”, baladinha bem “cheesy”, mas que eu acho bacana. Claro que, comparando com discos inferiores do Kiss oitentista, este álbum é bem melhor, mas sei lá, sinto a banda sem muita empolgação aqui ou com uma empolgação meio forçada. Até o malhado Psycho Circus, de 1998, me traz melhores momentos. Gosto mais de Bruce Kulick em outros trabalhos do que no Kiss.

Bernardo: Kiss voltando às raízes da sonoridade setentista, agora com um pouco mais de peso graças às presenças de Bruce Kulick e Eric Singer. Mas bem, Kiss nunca me interessou muito além de determinadas músicas clima resgatado aqui, mas sem a s mesmas faíscas.

Bruno: Uma pequena respirada após o fundo do poço com os abomináveis Animalize (1984), Asylum (1985) e Crazy Nights (1987) e o medíocre Hot in the Shade (1989), voltando a um som mais pesado. A boa fase do Kiss terminou em 1982, e apesar de Revenge ser um bom disco e proporcionar uma audição bem divertida, está longe de ser algo que chame muito a atenção.

Davi: Disco espetacular! Eric Singer demonstrava a escolha certa para substituir Eric Carr. Tocava pesado e tinha uma enorme técnica, e isso ficava claro durante a audição. Paul Stanley estava em seu auge enquanto vocalista, e isso também ficava claro durante a audição. Para a produção, trouxeram Bob Ezrin. Ele havia trabalhado com o Kiss em seu melhor e seu pior momento. Teria a difícil tarefa de injetar um ânimo nos rapazes, que haviam acabado de perder seu colega e vinham apanhando da crítica havia algum tempo. E deu certo! Revenge é certamente um dos melhores discos da carreira do Kiss. Pesado e inspirado. Nenhum filler por aqui. Desde hits como “Domino” e “God Gave Rock & Roll to You II”, até lados B como “Heart of Chrome”, “Tough Love” e “Spit”, o disco é perfeito. Só sonzão! Para ouvir no último volume!

Diogo: Falar que Revenge é o melhor disco do Kiss desde Creatures of the Night (1982) não diz muita coisa. Com a exceção de Lick It Up (1983), a banda não havia mais lançado um álbum minimamente sólido desde então, apesar de alguns bons singles (incluindo minha canção favorita do quarteto, “Hide Your Heart”) e da posição de protagonismo de meu vocalista favorito do grupo, Paul Stanley. Revenge é o que é por seus próprios méritos: um disco recheado de boas músicas, equilibrando o lado festeiro do grupo com mais peso que o habitual e uma boa quantidade de riffs bem sacados – parte disso sob responsabilidade do ex-guitarrista Vinnie Vincent, que deu uma mãozinha em algumas faixas. Ao contrário do que vinha acontecendo nos últimos anos, Gene Simmons chamou novamente para si boa parte dos holofotes graças a duas canções que são sua cara: a pesada “Unholy” e a malandra “Domino”. Paul não deixou por menos e mostrou serviço com “Take It Off”, “Heart of Chrome” (riffzaço), a grudenta “I Just Wanna” e a bela balada “Every Time I Look at You”, provavelmente a melhor do grupo desde a distante “I Still Love You” (Creatures of the Night). Cito ainda que, ao contrário de muitos, não tenho lá grande simpatia por “God Gave Rock & Roll to You II”. E pra ser chato: em se tratando de hard rock, acho que Keep the Faith (Bon Jovi) seria mais digno de ocupar lugar nesse top 10, mas sem tirar os méritos de Revenge.

Eudes: Nunca fui fã da banda, mas não sei o que um disco do Kiss faz em uma lista de 1992. De boa.

Fernando: Essa lista está cheia de discos nostálgicos. Revenge foi uma volta do Kiss mais pesado, depois de quase uma década tentando se aproximar do hard rock californiano. Os críticos vão dizer que eles deixaram o som mais pesado tentando surfar a onda grunge. “Unholy” traz de volta o Gene Simmons compositor de mão cheia, afinal, ele ficou muito tempo se preocupando com tudo, menos o Kiss. Lembro que fiquei anos criticando “Domino”, usava ela para tirar sarro dos meus amigos fanáticos pela banda. Daí, depois do acústico deles, não é que comecei a gostar pra cacete!!! O jogo de palavras de “I Just Wanna” fazia a galera se sentir o transgressor por cantar em alto e bom som o que a gente queria. Acho bastante emocionante “God Gave Rock & Roll to You II” e isso se deve ao video “Kiss X-Treme Close-Up” (1992), que finaliza com a faixa e faz qualquer um se tornar fã.

Giovanni: Não sou nenhum entusiasta do Kiss. Também não conhecia este álbum e fiquei feliz por não ser pura farofice. Porém, tenho minhas dúvidas se merecia realmente estar nesta lista.

Leonardo: Após resgatar vários clássicos dos anos 1970 na turnê do disco anterior, o Kiss se reuniu com o produtor de Destroyer (1976), Bob Ezrin, e fez um disco de volta às raízes, mais voltado aos riffs de guitarra e aos timbres mais sujos e pesados. E o resultado foi fenomenal, o disco mais forte da banda desde o início dos anos 1980. Contando com composições inspiradas de Paul Stanley e Gene Simmons e performances espetaculares de Bruce Kulick e Eric Singer, Revenge apresenta músicas marcantes e refrãos empolgantes, como os de “Unholy”, “I Just Wanna” e “Spit”. Pena que o resultado comercial tenha deixado a desejar…

Mairon: O Kiss sempre surpreendeu, principalmente quando foi para se aproveitar da “onda do momento”. Foi assim com o “disco” de Dynasty (1979), o experimentalismo de The Elder (1981) e toda a farofada de Lick It Up, Animalize e Asylum. Pois em 1992 o grupo olhou para os lados e percebeu que o rock pesado estava pegando, então o jeito era fazer algo nessa linha. Com a entrada de Eric Singer no lugar do finado Eric Carr, o grupo fez um trabalho pesado, sem nada de xaropices, e trazendo novos velhos clássicos para o tracklist, como “Unholy”, “Domino”, “I Just Wanna” e “Take it Off”, essa obrigatória não só pelo seu ritmo rock, mas porque na turnê, belas mulheres entravam no palco e então… Curioso? Veja aqui o que acontece. Os riffs pegados de “Thou Shalt Not”, “Spit”, “Heart of Chrome” e da pancadona “Paralyzed” fogem bastante do que nos acostumamos a ouvir em outros discos, seja pelo peso das distorções ou pelos solos bem trabalhados de Bruce Kulick. Até mesmo “Tough Love”, a mais farofa do álbum, apresenta seu lado mais pesado. Para complementar, a balada mela cueca “Every Time I Look at You”, com direito a cordas e piano, e belas homenagens a Eric Carr em “God Gave Rock & Roll To You II” e na instrumental “Carr Jam 1981”, com o monstruoso batera fazendo backing vocals na primeira e estraçalhando em um grande solo na segunda, mostrando por que foi o melhor batera do Kiss. Uma pena que tenha gravado poucos discos de qualidade. Revenge é um chute na bunda bem dado para toda a farofada que tomou conta da banda nos anos 1980, um retorno digno para os toca-discos mundo afora, que culminou com a bela turnê registrada em Alive III (1993), e Eric Singer finalmente recebendo os devidos méritos que seu talento tanto necessitava. Não sei qual sua posição nesta lista, mas vê-lo entre os demais é interessante, mostrando que o ano foi bem diversificado.

Ulisses: Olha, para um disco do Kiss, está muito bom. Faixas como “Unholy”, “Domino” e “Heart of Chrome” trazem o sólido hard ‘n’ heavy oitentista, mas a melhor canção, de longe, é “God Gave Rock & Roll to You II”, um dos melhores hinos que já ouvi. “Carr Jam 1981” é uma excelente homenagem ao falecido baterista.


10 Images and Words

Dream Theater – Images and Words (36 pontos)

Alissön: Áudio-aula de como tentar ser o Rush e falhar miseravelmente.

André: Olha, eu gosto muito mesmo do Dream Theater, a ponto de me considerar um fã da banda. Porém, é incrível que eu não consiga ver um décimo da qualidade com relação a este álbum quanto o que os outros fãs babam. Certo que este disco foi o responsável por popularizar o metal progressivo, mas vejo mais razões históricas do que qualidades musicais entre os méritos dele. “Pull Me Under” é uma canção muito chata, assim como “Under a Glass Moon”. A que eu gosto mais é somente “Metropolis Pt. 1: The Miracle and the Sleeper”, enquanto as outras me passam despercebidas. O terceiro álbum, Awake (1994), sim é um discaço e que merece estar no top 10, inclusive no topo, e vários outros dos anos 2000 também são excelentes (a conhecida “Saga da Cachaça”). Acho Images and Words um dos discos mais superestimados do metal e, repetindo, eu adoro a banda mas não vejo nada do que dizem nele.

Bernardo: Tirando “Pull Me Under”, nunca consegui aturar o Dream Thater.

Bruno: Chato, insípido e prepotente. James LaBrie periga ser o vocalista mais insuportável da história.

Davi: Clássico dos anos 1990. Simples assim. Mereceria o primeiro lugar fácil, fácil. Trabalho praticamente perfeito, sem nenhum filler. O nível dos músicos foi algo que me impressionou logo de cara (comprei este disco na época de seu lançamento, indicado por um lojista da Aqualung). As músicas, ainda que longas, me faziam querer escutá-las de novo e de novo e de novo… “Under a Glass Moon”, “Take the Time”, “Antoher Day”, “Metropolis Pt. 1” e, é claro, “Pull Me Under” tocaram à exaustão no meu CD player por um bom tempo. Pesado, bem trabalhado, melódico, intrincado… Todas essas expressões serviriam para se referir à este disco e, ainda assim, não dariam a dimensão deste trabalho.

Diogo: Images and Words é um bom disco. Não cai na vala comum da técnica pela técnica, que neste caso é aplicada de forma a servir às canções, que possuem boas melodias em quantidade suficiente para tornar a tarefa de ouvir o disco algo prazeroso, apesar do vocal de James LaBrie não ser lá um primor. Mesmo assim, acho exagerado o status de culto dedicado ao álbum, algo que seria mais compreensível em se tratando de seu sucessor, Awake, dotado de algumas composições excelentes e de uma produção que não deixa dúvidas: trata-se de um disco de heavy metal – aspecto um tanto insatisfatório em Images and Words. Entendo a predileção dos admiradores por faixas mais longas e intrincadas, como é o caso de “Pull me Under” e “Metropolis Pt. 1”, pois são músicas interessantes, mas hoje em dia ouço com mais gosto faixas como a balada “Another Day” e “Surrounded”, mais ricas nas melodias que citei anteriormente. Entre aquelas que superam os sete minutos, tenho uma queda por “Take the Time”. Images and Words é representativo de um jeito de fazer heavy metal que ascendeu nos anos 1990, mas preferia ver este espaço sendo ocupado pela turma do metal extremo, que vinha fazendo bonito nessa mesma época.

Eudes: O Dream Theater é daquelas bandas de competência instrumental fora de qualquer discussão. Nesse item, o disco passa com méritos. A gravação reitera a vocação da banda para juntar o que, anos antes, era impensável, a polidez do progressivo com o peso heavy, e até thrash, tudo a serviço de uma obra conceitual no sentido Alice Cooper da coisa, ou seja, de contar historinhas mais ou menos escabrosas. O problema é o resultado, em que os vários momentos do disco soam indistintos, além do problema da originalidade limitada das faixas. Mas como negar que é representativo do período?

Fernando: Na época do lançamento e da consolidação dos CDs, elem eram mais caros que os LPs. As locadoras de videos começaram a alugar CDs também e não sei o motivo de ter pego este disco e levado para casa. Para falar a verdade, eu não entendi muito a proposta da banda e achava tudo muito confuso. Eles tinham músicas muito longas, colocavam instrumentos que eu achava que não combinavam com o rock, como o saxofone, e insistiam em ter “diferentes músicas dentro de uma só”. Depois de gravar o disco e ouvi-lo mais vezes, fui me acostumando e me tornando fã. Aliás, dos meus amigos, eu era o único que continuei ouvindo-o depois de um tempo. Todos os outros desistiram. Certamente o ponto alto da carreira do grupo.

Giovanni: Todos os cinco membros do Dream Theater têm uma técnica absurda, e isso se reflete aqui, principalmente com a entrada do vocalista James LaBrie. Ouvi, não achei ruim, mas também não pretendo ouvi-lo novamente tão cedo. Definitivamente, não é o tipo de prog metal que eu prefiro.

Leonardo: Melhor momento de toda a carreira da banda. Apesar de técnicas e virtuosas, as canções de Images and Words conseguem ser marcantes e cativantes, o que infelizmente deixaria de acontecer nos discos seguintes.

Mairon: A estreia do tenebroso James LaBrie neste segundo disco do Dream Theater até que não é das piores. Nele está o maior sucesso da banda, “Pull Me Under”, que finalmente fez o grupo ser reconhecido mundialmente, principalmente no Japão, onde gravou seu primeiro DVD, “Images and Words: Live in Tokyo” (1993), e nos EUA, país em que o álbum vendeu mais de 1 milhão de cópias. Gosto das quebradas de “Take the Time”, com show de John Myung e John Petrucci (os únicos músicos que realmente admiro na banda), da clássica “Metropolis Pt. 1”, show total de Petrucci, que fazem destas as melhores do disco. Também não deprecio a longa “Learning to Live” e a conhecida “Under a Glass Moon”, que, apesar dos tortuosos vocais de LaBrie, contam com belos solos de Petrucci, seja com o violão (na primeira) ou com a guitarra (na segunda), Porém, a baladinha “Another Day” é a maior baixa de um álbum regular, assim como a desnecessária “Wait for Sleep”, apenas com teclados e voz. Ambas só não são piores que a totalmente descartável “Surrounded”. Difícil conceber este entre os dez melhores de 1992.

Ulisses: Já no segundo disco de estúdio (e primeiro com James LaBrie), o Dream Theater construiu um clássico, famoso por unir virtuosismo a melodias memoráveis e cativantes. Ainda assim, como todo bom álbum prog, requer sucessivas audições para se absorver tudo o que oferece. A clássica “Pull Me Under” abre o disco em grande estilo, e tornou-se a canção mais conhecida do quinteto. “Another Day” surpreende por trazer um saxofone, mas as melhores canções da bolacha trazem o estilo estabelecido do Dream Theater: “Under a Glass Moon” e a épica “Metropolis, Pt. 1: The Miracle and the Sleeper”.


Listas individuais

Alissön Caetano Neves

  1. Eyehategod – In the Name of Suffering11 In the Name of Suffering
  2. Rage Against the Machine – Rage Against the Machine
  3. R.E.M. – Automatic for the People
  4. Alice in Chains – Dirt
  5. Darkthrone – A Blaze in the Northern Sky
  6. White Zombie – La Sexorcisto: Devil Music, Vol. 1
  7. Pantera – Vulgar Display of Power
  8. Naked City – Grand Guignol
  9. Neurosis – Souls at Zero
  10. PJ Harvey – Dry

André Kaminski

  1. Megadeth – Countdown to Extinction12 The Ultimate Incantation
  2. Vader – The Ultimate Incantation
  3. Skyclad – A Burnt Offering for the Bone Idol
  4. Demigod – Slumber for Sullen Eyes
  5. Jadis – More than Meets the Eye
  6. Unruly Child – Unruly Child
  7. Blind Guardian – Somewhere Far Beyond
  8. Magnum – Sleepwalking
  9. Manowar – The Triumph of Steel
  10. Landberk – Lonely Land

Bernardo Brum

  1. Tom Waits – Bone Machine13 Bone Machine
  2. Nick Cave and the Bad Seeds – Henry’s Dream
  3. Alice in Chains – Dirt
  4. Faith No More – Angel Dust
  5. Ramones – Mondo Bizarro
  6. Sonic Youth – Dirty
  7. Rage Against the Machine – Rage Against the Machine
  8. R.E.M. – Automatic for the People
  9. Beastie Boys – Check Your Head
  10. PJ Harvey – Dry

Bruno Marise

  1. Ramones – Mondo Bizarro14 Somewhere Between Heaven and Hell
  2. Social Distortion – Somewhere Between Heaven and Hell
  3. Alice in Chains – Dirt
  4. Faith No More – Angel Dust
  5. Pantera – Vulgar Display of Power
  6. Suicidal Tendencies – The Art of Rebellion
  7. Screaming Trees – Sweet Oblivion
  8. Beastie Boys – Check Your Head
  9. Danzig – Danzig III: How the Gods Kill
  10. Neil Young – Harvest Moon

Davi Pascale

  1. Kiss – Revenge15 Keep the Faith
  2. Black Sabbath – Dehumanizer
  3. Dream Theater – Images and Words
  4. Bon Jovi – Keep the Faith
  5. Rage Against the Machine – Rage Against the Machine
  6. Alice in Chains – Dirt
  7. The Black Crowes – The Southern Harmony and Musical Companion
  8. Pantera – Vulgar Display of Power
  9. Def Leppard – Adrenalize
  10. Extreme – III Sides to Every Story

Diogo Bizotto

  1. Ramones – Mondo Bizarro16 Human Touch
  2. Alice in Chains – Dirt
  3. Bon Jovi – Keep the Faith
  4. Black Sabbath – Dehumanizer
  5. Bruce Springsteen – Human Touch
  6. Bruce Springsteen – Lucky Town
  7. Megadeth – Countdown to Extinction
  8. Pantera – Vulgar Display of Power
  9. Rage Against the Machine – Rage Against the Machine
  10. Deicide – Legion

Eudes Baima

  1. R.E.M. – Automatic for the People17 Harvest Moon
  2. Faith No More – Angel Dust
  3. Neil Young – Harvest Moon
  4. Angelo Badalamenti – Twin Peaks: Fire Walk With Me (Trilha Sonora Original)
  5. The Black Crowes – The Southern Harmony and Musical Companion
  6. Rage Against the Machine – Rage Against the Machine
  7. Uncle Tupelo – March 16 – 20 1992
  8. Sade – Love Deluxe
  9. Alice in Chains – Dirt
  10. Madonna – Erotica

Fernando Bueno

  1. Iron Maiden – Fear of the Dark17 Fear of the Dark
  2. Megadeth – Countdown to Extinction
  3. Dream Theater – Images and Words
  4. Kiss – Revenge
  5. Pantera – Vulgar Display of Power
  6. Bon Jovi – Keep the Faith
  7. Viper – Evolution
  8. Faith No More – Angel Dust
  9. Anglagard – Hybris
  10. After Crying – Megalazottak es Megszomoritottak

Giovanni Cabral

  1. Neurosis – Souls at Zero18 Souls at Zero
  2. Faith No More – Angel Dust
  3. Kyuss – Blues for the Red Sun
  4. The Black Crowes – The Southern Harmony and Musical Companion
  5. White Zombie – La Sexorcisto: Devil Music, Vol. 1
  6. Darkthrone – A Blaze in the Northern Sky
  7. Naked City – Grand Guignol
  8. Sleep – Sleep’s Holy Mountain
  9. Pantera – Vulgar Display of Power
  10. Swans – Love of Life

Leonardo Castro

  1. Megadeth – Countdown to Extinction19 Somewhere Far Beyond
  2. Blind Guardian – Somewhere Far Beyond
  3. Black Sabbath – Dehumanizer
  4. Alice in Chains – Dirt
  5. W.A.S.P. – The Crimson Idol
  6. Pantera – Vulgar Display of Power
  7. Manowar – The Triumph of Steel
  8. At the Gates – The Red in the Sky Is Ours
  9. Biohazard – Urban Discipline
  10. Ministry – Psalm 69: The Way to Succeed & The Way to Suck Eggs

Mairon Machado

  1. Os Mutantes – O A e o Z20 O A e o Z
  2. Black Sabbath – Dehumanizer
  3. R.E.M. – Automatic for the People
  4. Glenn Hughes – Blues: L.A. Blues Authority, Vol. 2
  5. Madonna – Erotica
  6. Deicide – Legion
  7. Roger Waters – Amused to Death
  8. Viper – Evolution
  9. Sonic Youth – Dirty
  10. W.A.S.P. – The Crimson Idol

Ulisses Macedo

  1. Black Sabbath – Dehumanizer21 Evolution
  2. Megadeth – Countdown to Extinction
  3. Rage Against the Machine – Rage Against the Machine
  4. Pantera – Vulgar Display of Power
  5. Viper – Evolution
  6. Manowar – The Triumph of Steel
  7. Dream Theater – Images and Words
  8. Faith No More – Angel Dust
  9. Axel Rudi Pell – Eternal Prisoner
  10. Manilla Road – The Circus Maximus

92 comentários sobre “Melhores de Todos os Tempos: 1992

    1. E só lembrando que se não fosse Black Sabbath não existiria Alice in Chains nem Megadeth.

  1. Mais uma lista de “melhores de todos os tempos” e nenhum disco de 1992 que me agrada!

    Minhas citações pessoais são: o disco anual de 1992 do Rei Roberto, com destaque para “Você é Minha”, “Mulher Pequena”, “Foi de Coração”, “Herói Calado” e “Dizem que os Homens não Devem Chorar”

    Cito também os três discos que o pianista Richard Clayderman lançou nesse ano:

    – My Brazilian Collection volume 1. Primeiro álbum só com músicas da MPB, destaque para “Café da Manhã” (Roberto Carlos), “Vitoriosa” (Ivan Lins), “Aquarela” (Toquinho), “Meu Bem Querer” (Djavan) e “Romaria” (Elis Regina).

    – My Bossa Nova Favourites. Seguindo a mesma linha do álbum anterior, este conta só com clássicos da bossa nova, derivado da MPB, como “Samba de Verão”, “O Barquinho”, “Insensatez” e “Águas de Março”.

    – America Latina, Mon Amour. O primeiro álbum de Clayderman dedicado á canções latinas, destaque para “Besame Mucho”, “La Cumparsita”, “El Día que me Quieras”, “Cuando Vuelva a tu Lado”, “El Reloj” e “La Chica de Ipanema”.

    Não posso deixar de citar o artista de maior sucesso da “gravadora Cometa” (a única em que todos artistas escrevem com caneta), o grande Bezerra da Silva com mais um clássico álbum “Presidente Caô Caô”. Destaque para “Eu sou Favela”, “Nariz de Bronze”, “A Vida do Povo”, “Garrafada do Norte” e “Grampeado com Muita Moral”.

          1. Sugiro para o mês que vem um “Datas Especiais – 40 anos de Wish you Were Here (Pink Floyd)”

  2. Longa vida a consultoria!!!
    Que saudades eu estava de discordar das listas de vcs!
    O que o Kiss faz numa lista dos anos 90 ??? meu Deus……

  3. Uma lástima a UOL ter perdido nossos dados. Estamos lentamente resgatando o material do site, apesar de não termos sucesso em várias matérias, mas as matérias de 2015, onde incluem-se os Melhores de Todos os Tempos, infelizmente foi pra banha. UOL host é uma bost@, e prejudica totalmente esse grande trabalho que está sendo realizado, infelizmente. Tomara que a justiça seja feita

    1. As matérias dos anos anteriores foram todas perdidas? Eu já procurei diversas vezes na net mas não achei. Não é possível que ninguém tem salvo em algum lugar, pra poder publicar novamente. Gostava muito.

  4. ” Não sei como foi a recepção na época, tendo em vista a avalanche thrash que havia sido Rust in Peace (1990)”

    Diogo, apesar de ter 10 anos, lembro que o lançamento de Countdown foi bastante elogiado pelas duas principais revistas da época (Bizz e Rock Brigade). A MTV ajudou bastante para o álbum se popularizar

  5. Meus melhores do 11° ao 20°

    11. IRON MAIDEN – FEAR OF THE DARK
    12. UAKTI – MAPA
    13. ALICE IN CHAINS – DIRT
    14. BRIAN MAY – BACK TO THE LIGHT
    15. NENHUM DE NÓS – NENHUM DE NÓS
    16. RAMONES – MONDO BIZARRO
    17. BON JOVI – KEEP THE FAITH
    18. KISS – REVENGE
    19. ELOMAR – ÁRIAS SERTÂNICAS
    20. BLACK CROWES – THE SOUTHER HARMONY AND MUSICAL COMPANION

    1. Outros discos interessantes desse ano

      ASIA – AQUA
      BOB DYLAN – GOOD AS I BEEN TO YOU
      DREAM THEATER – IMAGES & WORDS
      ENGENHEIROS DO HAWAII – GLM
      EXTREME – III SIDES TO EVERY STORY
      FAITH NO MORE – ANGEL DUST
      GARY MOORE – AFTER HOURS
      L7 – BRICKS ARE HEAVY
      MEGADETH – COUNTDOWN TO EXTINCTION
      MIKE OLDFIELD – TUBULAR BELLS II
      MOTORHEAD – MARCH OR DIE
      OBITUARY – THE END COMPLETE
      O TERÇO – TIME TRAVELLERS
      PANTERA – VULGAR DISPLAY OF POWER
      RINGO STARR – TIME TAKES TIME
      SANTANA – MILAGRO

      1. Legal o Mairon ter incluído um disco do Ringo Starr na listinha. Porque muita gente da imprensa sempre o ridicularizou como músico e compositor. Na MTV tinha nego lá que só faltava dizer que ele era insignificante.

      1. Já que você falou de Back to the Light… tem umas quatro músicas legais deste disco. Se o Queen tivesse continuado como um trio, elas certamente seriam usadas pro Made in Heaven.

        1. o Cozy Powell e o Neil Murray tocam muito. Uma pena que o Brian May não chamou o Tony Martin para cantar. Ia ser o Black Sabbath da fase Tyr ao som da guitarra do Queen

          1. Realmente seria interessante ver o “Tonhão” digo Tony Martin cantando no Queen. É bem capaz que tivessem gravado discos memoráveis. Para mim, o Tony Martin é o vocalista mais injustiçado do heavy metal.

  6. Pena que o UOL não vai sumir com essa lista de 1992. Me lembrou a dona de casa que, em plena crise e sem dinheiro para comprar a cesta básica, é obrigada a se contentar por passar a rede num fim de feira de periferia. Listinha maledeta, com ousadia de menos e mainstream escapando pelo ladrão. Das listas individuais, a que mais gostei foi a do Bernardo.

  7. “depois de uma longa e tenebrosa fase com Tony Martin nos vocais” – Eu gosto da fase Tony Martin. Óbvio que não se equipara as fases clássicas, mas não chega a ser algo ruim para ser chamado de tenebroso. Headless Cross e Tyr estão acima de Born Again e Seventh Star em minha opinião

    1. O Tony Martin no Sabbath não desce pra mim. Faltou carisma ao vivo e personalidade no vocal do cara. TYR, The Eternal Idol e Forbidden com toda certeza são as piores coisas que o Sabbath registrou em toda a carreira. E o Born Again é clássico 🙂

          1. Ah tem músicas boas ali no Born Again. Zero the Hero é sobrenatural, o que dizer daquele riff espetacular do Iommi? Não é a toa que até o Cannibal Corpse gravou essa música. A Trashed é muito boa, e os videoclipes hilários de Zero the Hero e Trashed nem se fala então. Mas no geral é um disco razoável e regular, fora a produção podre e abafada. Eu acho que esse disco provocou um arrependimento muito grande no Ian Gillan porque ele não tinha nada a ver com estilo do Sabbath. Fora que ele simplesmente detestou a capa do disco e quase vomitou quando a viu pronta. E foi o último disco de estúdio com o pobre Bill Ward,que sofreu bullying pra cacete nas mãos do sádico Tony Iommi hahahaha. Um dos discos injustiçados do Sabbath é o último que gravaram com o baixinho Dio, Devil You Know. Costumo dizer que é infinitamente melhor que o “13” com o Ozzy. Até a produção é melhor. Falo isso porque a sonoridade desse disco remete a um som bem stoner/doom.

    2. Eu também gosto do Tony Martin, apesar da evidente falta de carisma e de performances ao vivo que não correspondiam ao seu trabalho em estúdio. “Headless Cross” é um belíssimo disco e é melhor que “Born Again”, que hoje em dia já perdeu a pecha de cult e ganhou a de clássico. O único disco que julgo verdadeiramente fraco com ele é “Forbidden”.

      1. Com certeza Bizotto, o Forbidden é um disco muito fraco mesmo. Só que apesar de nego sempre esculhambar o pobre Tony Martin(hahahaha) eu o considero um ótimo vocalista. A performance dele em “Nightwing” do Headless Cross é algo absurdamente magnífico! E até o anterior a ele, o Eteranl Idol é um bom disco. Um tempo atrás me parece que o Tony Iommi se interessou de querer fazer algo com o Tony Martin. Eu acho que ele é um vocalista muito desvalorizado e subestimado. Até por alguns integrantes da banda, Geezer Butler por exemplo dizem que ele nunca foi com a cara dele. Uma pena, seria muito interessante ver uma reunião do Sabbath com o “Tonhão” Martin. Mas imagina só a ciumeira que o sr Osbourne não iria sentir diz aí Bizotto! hahahaha Acho até que o Iommi se sentiria melhor ao lado de um vocalista que bem ou mal pelo menos não está enferrujado igual ao Ozzy. rsrs

        1. Eu acho que, dentro de suas limitações, o Tony Martin é um bom vocalista, apenas isso. Ao menos em estúdio funcionou muito bem em algumas oportunidades, essa “Nightwing” é mesmo um bom exemplo. Gosto do “Eternal Idol” e acho que há algumas músicas bem legais nele, especialmente “The Shining”, que é sensacional, mas não apenas ela. A produção também é bem legal, condizente com a época, mas não acho que chegou a ficar super datada. Agora, quanto a uma reunião de Tony Iommi com Martin, eu dispenso. Gostaria mesmo de vê-lo fazendo algo com Glenn Hughes.

  8. “Uma belíssima volta por cima após o difícil período em meados dos anos 1980.” Acho que Brain Drain já era um ótimo retorno por cima, mas ficou de fora da lista de 89, infelizmente …

    1. Concordo, Mairão. Por isso que falei dos meados, tava me referindo aos dois últimos discos com o Richie que eu acho os mais fracos da banda.

  9. Em tempo, André Kaminski, pelo seu comentário para o Automatic for the People, um singelo e honesto “VAI TOMAR NO …”

  10. Pô, até eu que sou fã de Sabbath e Kiss achei exageradas as presenças das bandas neste ‘Melhores de 1992’. Revenge é um bom disco, mas se comparado aos clássicos dos 70’s mais parece um disco mediano de um grupo de Rock pesado daquela primeira metade dos anos 90, já o Dehumanizer tem boas composições e uma performance absurda do Dio, como sempre, mas fica bem atrás do que outras bandas estavam fazendo na mesma época.

    Mudando de assunto: realmente as matérias perdidas no site antigo não vão poder ser recuperadas? Ninguém tinha o backup desse material todo? É muito trabalho bom para ser jogado no lixo assim.

    1. Meu caro Diogo, está correndo na justiça, e como você sabe, no nosso país isso é algo que demora, e muitas vezes não sai pelo correto. Aos poucos eu venho resgatando o que ficou armazenado em um site de recuperação de sites, mas antecipo que não há praticamente nada de 2015, infelizmente. O colega Fernando Bueno pode dar mais informações, pois está envolvido diretamente com o caso.

  11. A lista podia ter sido melhor? Claro que sim. Mas vendo nas listas individuais coisas como Manowar, Bon Jovi e Viper sendo citadas mais de uma vez, temos é que agradecer pelo resultado final. No final das contas as únicas aberrações foram Kiss e Dream Theater.

          1. Melvins é bom, melhor do que o Nirvana jamais foi. Doom/Sludge sem vocais cavernosos, e com letras bem doidas.

  12. A lista, mais uma vez, ficou aquém do desejado em termos de qualidade. Excetuando, enfim, a entrada do REM, faltou a menção aos grandes álbuns de 1992, que são: Lou Reed (Magic and Loss); Morrissey (Your Arsenal)e 10.000 Maniacs (Our Time in Eden). Quero parabenizar aos que se lembraram de Sonic (Dirty), outro grande clássico da banda. E não se esqueçam: em 1993 tem a estréia do Radiohead!!!!!!!!!!!!!!

  13. “Chato, insípido e prepotente. James LaBrie periga ser o vocalista mais insuportável da história.” – BRUNO, ÉS UM GÊNIO!!

          1. Birra com metal. Essa vai pra junto daquela coleção que já conta com Cristofobia e Heterofobia. rsssssss

  14. Eu não tenho nada contra o Kiss, o Revenge apenas nem cheirou e nem fedeu em mim – mas ok, compreendo que a banda é uma espécie de religião. Mas acreditava que o Black Crowes poderia estar nessa lista, por ser um grande registro de ROCK de 1992. Tudo bem, justiça poderá ser feita daqui a duas edições com o também ótimo Amorica.

  15. E olhando os álbuns lançados em 1993, lembrei do Alisson na hora: tem o meu álbum favorito do Melvins; outros bons discos do Eyehategod e do Neurosis; as estreias do Tool e Earth; o In Utero… Tem coisa boa também em outras vertentes do Metal com Cynic, Carcass, Katatonia, Paradise Lost, Morbid Angel, Cathedral, Atheist…

      1. Pantera, Corrosion of Conformity, Crowbar, Eyehategod, Prong, Tool, Dismember, Entombed, Death, Sepultura, Helmet…

  16. Esse atual template tem um defeito que é: quando se comenta, não há como selecionar para receber emails de novos comentários.

    1. Lucas, pra mim, “Dry County” sozinho dá de relho no disco do Dream Theater… E “Keep the Faith” ficou apenas um pontinho atrás!

  17. Um bom ano merece 30 menções honrosas:

    At the Gates – The Red in the Sky Is Ours
    Blind Guardian – Somewhere Far Beyond
    Body Count – Body Count
    Brutal Truth – Extreme Conditions Demand Extreme Responses
    Candlemass – Chapter VI
    Cannibal Corpse – Tomb of the Mutilated
    Danzig – Danzig III: How the Gods Kill
    Darkthrone – A Blaze in the Northern Sky (11º colocado)
    Def Leppard – Adrenalize
    Dr. Dre – The Chronic
    Dream Theater – Images and Words
    Extreme – III Sides To Every Story
    Faith No More – Angel Dust
    Firehouse – Hold Your Fire
    Gotthard – Gotthard
    Hardline – Double Eclipse
    Hypocrisy – Penetralia
    Immortal – Diabolical Full Moon Mysticism
    Impetigo – Horror of the Zombies
    Iron Maiden – Fear of the Dark
    Joe Satriani – The Extremist
    Kiss – Revenge
    Madonna – Erotica
    Obituary – The End Complete
    Running Wild – Pile of Skulls
    Testament – The Ritual
    Therion – Beyond Sanctorum
    The Black Crowes – The Southern Harmony and Musical Companion
    Unleashed – Shadows in the Deep
    W.A.S.P. – The Crimson Idol

  18. Agora me empolguei e resolvi fazer um top 10 desse ano só com metal extremo:

    1. Deicide – Legion
    2. Darkthrone – A Blaze in the Northern Sky
    3. Therion – Beyond Sanctorum (fiquei MUITO surpreso com esse disco)
    4. Impetigo – Horror of the Zombies
    5. Cannibal Corpse – Tomb of the Mutilated
    6. Hypocrisy – Penetralia
    7. Obituary – The End Complete
    8. At the Gates – The Red in the Sky Is Ours
    9. Immortal – Diabolical Full Moon Mysticism
    10.Brutal Truth – Extreme Conditions Demand Extreme Responses

  19. Pessoal, que bom que vocês estão de volta. Gostei demais da inclusão do Dehumanizer por aqui e também considero o Revenge um dos melhores trabalhos do KISS.
    Não seria possível resgatar pelo menos a colocação dos álbuns dos anos anteriores?
    Acho que o Eduardo (do Minuto HM) tem alguns desses republicados lá.
    Seria uma pena não ter todos aqui, a série está fantástica…

    1. Num geral gostei bem da lista, tenho 5 dos 10 na minha coleção (inclusive de vinis), sendo que os tres primeiros ficam bem em qualquer ordem. Dá para justificar o excelente disco do Megadeth (meu preferido da banda), assim como o melhor do AIC, ou o petardo clássico do Sabbath.
      O disco do Pantera e do Rage também são boas pedidas na lista.
      Faith No More com o seu Angel Dust não me agrada tanto quanto o The Real Thing, mas é muito cultuado entre os fãs, que gostam de um disco menos alinhado com Hard Rock/Metal.
      REM e Ramones – eu não comento – pois não gosto do eetilo.
      Quanto ao resgate da série – não sei como vocês estão fazendo, mas três anos estão no MHM, como meu irmão disse e podem ser acessados aqui:

      http://minutohm.com/?s=melhores+de+todos+os+tempos&x=0&y=0

    2. Beleza, Alexandre e Flavio? Obrigado pelos comentários e pela indicação da possibilidade de resgate. Estamos na torcida para que a justiça seja feita e tenhamos todo nosso conteúdo de volta, sem precisar ter esse trabalho de resgatar manualmente. Abraço!

      1. Pois é, vamos aguardar o que a justiça irá definir, pois assim como as matérias dos melhores, muitas discografias e outras seções foram simplesmente limadas. O trabalho árduo e voluntário que foi realizado por todos nós jogados simplesmente na vala do impossível alcance é uma das coisas mais frustrante por que passei na minha vida, sinceramente.

  20. Vejo que novos amigos se acercam do site. Sejam todos bem vindos, mesmo que sejam metaleiros…rsrsrsrsrsrsrs…brincadeira. Vamos incrementar o debate por aqui.

  21. Um pequeno erro no texto dos Ramones. Quem produziu o Mondo Bizarro foi o Ed Stasium. O Daniel Rey é apensa co-autor de algumas músicas do disco. Só uma curiosidade, “Touring” foi composta durante as sessões de Pleasant Dreams de 1981, inclusive tem até uma versão diferente dela dessa época.

  22. Mondo Bizarro é um disco mais ou menos. A cover dos Doors é melhor do que a original, afinal o The Doors foi uma das bandas mais chatas e insuportáveis da história do rock. Dizem que até o Eric Burdon do Animals sempre o considerou um babaca. Voltando ao Ramones, eu acho que a única coisa que eles lançaram realmente de bom nos anos 90 foi o Adios Amigos! o último disco deles. Compreensível já que a maioria das músicas são de autoria do genial Dee Dee. O Johnny Ramone nunca gostou do Mondo Bizarro e eu o entendo. É o disco que mais tem músicas do Joey Ramone e o com todo o respeito ele não era bom compositor como o Dee Dee. O Joey compunha as músicas mais pops e românticas da banda. Se bem que gosto de Tomorrow She Goes Away desse disco. Ah é, tem até uma composição do Marky Ramone no Mondo Bizarro “The Job That At My Brain”.

    1. Corrigindo, dizem que até o Eric Burdon sempre considerou o chatérrimo Jim Morrison um babaca.

  23. Esqueceram do Motorhead nessa lista rapaziada! Poderiam ao menos ter incluído o Sacrifice, grande disco! Ou o 1916 também.

  24. Fear of the Dark talvez seja o maior injustiçado dessa lista de 1992. Na minha opinião, o melhor disco do Iron Maiden nos anos 90 e o que dá pra ouvir do começo ao fim, sem pular nada. Aliás, fico pensando como seria este disco com o Adrian Smith ao invés do Janick Gers… Seria um álbum perfeito, no nível de discos oitentistas como Powerslave e The Number of the Beast. Uma pena que depois deste discaço, o Sr. Dickinson caiu fora da banda e só voltaria (junto com Adrian) para o Iron Maiden em 2000, com Brave New World.

    1. É ótimo! Judas be my Guide é fantástica, o solo dela é espetacular! Quanto ao Janick Gers concordo que ele não é tão brilhante quanto o Adrian Smith mas ele não fez feio no Maiden nessa época que o Adrian estava fora da banda. Se saiu muito bem solando.

      1. Pois é, Anônimo… Janick é bom, mas não chega nem perto da genialidade do Adrian e do Dave também, aliás tem gente que não gosta desta formação do Maiden com três guitarristas…

        E minha faixa favorita do Fear of the Dark não é a faixa-título, gosto de todas, mas hoje eu cito “From Here to Eternity”. Valeu Anônimo!

  25. Esse do Megadeth vendeu muito, mas falaram a verdade: vários discos no metal extremo lançado naquele ano seriam muito mais influentes.

    Alice in Chains, Faith no More, Rage Against the Machine, R.E.M., Pantera entradas justas e coerentes. Dream Theater não gosto, mas é historicamente é correto sim.

    Sabbath, KISS e Ramones são discos decentes de veteranas, mas exagero em um mísero top 10.

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

Esse site utiliza o Akismet para reduzir spam. Aprenda como seus dados de comentários são processados.