Por Leonardo Castro
Lançado em 1996, o álbum
Tunes of War foi um dos ápices da carreira do Grave Digger. Conceitual, o excepcional disco narrava a história da Escócia e sua luta pela independência através de músicas pesadas e épicas, com refrões fortes, como a emblemática
“Rebellion”, que se tornaria um dos clássicos da banda, presente em todos os shows desde o seu lançamento e idolatrada pelos fãs. Desde então, muita coisa mudou. Uwe Lullis, guitarrista e principal parceiro de composições do vocalista Chris Boldenthal, saiu da banda em 2000, e foi substituído pelo ex-Rage Manni Schmidt. Com esta formação, lançaram o também excelente
The Grave Digger, em 2001, um disco mais pesado e direto, diferente dos anteriores, mais melódicos e épicos. Ao longo dos anos 2000, a banda lançou mais 4 discos com o guitarrista, alguns bons e outros nem tanto, até que Manni anunciou seu desligamento da banda em 2009.
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Tunes of War |
Em 2010, após anunciarem que o guitarrista Axel Ritt (ex-Domain) seria efetivado como membro permanente, a banda anunciou que seu novo disco se chamaria The Clans Will Rise Again, uma clara referência ao disco de 1996. Mesmo não sendo conceitual, o disco seria livremente baseado na história e na cultura escocesa, o que para muitos soava como uma continuação de Tunes of War, confirmando uma tendência entre as bandas de heavy metal de dar continuidade a discos de sucesso, como Keeper Of The Seven Keys – The Legacy do Helloween, Operation: Mindcrime II do Queensrÿche e Land of the Free II do Gamma Ray. Ainda assim, uma dúvida pairava no ar: seria possível criar uma sequência para Tunes of War sem a participação de Uwe Lullis? O Helloween e o Queensryche tentaram fazer algo parecido, e o resultado ficou longe da qualidade dos discos originais.
Finalmente lançado,
The Clans Will Rise Again já causa uma boa impressão antes mesmo de ser ouvido, devido à maravilhosa arte gráfica. Tanto a capa quanto o encarte, decorado no melhor estilo escocês, são de encher os olhos. Colocando o disco para rodar, temos início com a intro “Days of Revenge”, conduzida por gaitas-de-fole, que criam o clima para o resto do disco.
“Paid In Blood” começa com um riff pesado, mas mostra que o estilo de Axel Ritt é bem diferente do de Uwe Lullis, menos agressivo e caótico e mais melódico. Ainda assim, o refrão é 100% Grave Digger, e nos remete diretamente ao disco de 1996. “Hammer of the Scots”, que era o apelido de Edward I, Rei da Inglaterra durante a rebelião conduzida por Robert The Bruce e William Wallace, é mais rápida e direta, enquanto “Highland Farewell” mistura riffs heavy metal com um refrão conduzido por gaitas-de-fole, e talvez por isso tenha sido a primeira música a ganhar um
videoclipe.
O disco continua com a cadenciada faixa-título, que remete a “The Bruce” do
Tunes of War. Já
“Valley of Tears” tem uma levada mid-tempo que lembra o Accept, e outro refrão excelente, tornando a música mais cativante. Infelizmente o mesmo não acontece com “Execution”, que começa lenta e depois acelera, e apesar de ter um bom riff, acaba não se destacando por ser extremamente repetitiva. A lenta “Whom the Gods Love Die Young” sofre do mesmo problema, e também não empolga. Felizmente, “Spider”, sobre a lenda do encontro de Robert The Bruce com uma aranha que o teria encorajado a enfrentar o exército inglês após seis derrotas consecutivas, recoloca o disco nos eixos, com seu andamento acelerado e ótimo trabalho de guitarras.
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Stefan Arnold, Chris Boldenthal, Hans-Peter Katzenburg, Jens Becker e Axel Ritt |
“Piper McCloud” é mais uma introdução com gaitas-de-fole, e prepara o terreno para “Coming Home”, outro destaque do disco. A música tem a mesma estrutura de “Rebellion”, com o refrão acompanhado por gaitas-de-fole, e apesar de ser uma bela composição, não tem a força e o impacto do clássico de 1996. E enquanto Tunes of War tinha a sensacional balada “Mary The Queen Of Scots”, The Clans Will Rise Again termina com “When the Rain Turns to Blood,” uma balada pouco inspirada e cansativa. Algumas prensagens ainda trazem a faixa bônus “Watch Me Die”, que poderia facilmente ter entrado no track list normal do disco, pois tem tudo que os fãs da banda adoram, um riff contagiante, um belo trabalho de guitarras e um refrão forte e marcante.
Resumindo, apesar de lembrar o clássico Tunes of War em diversos momentos, o material apresentado neste The Clans Will Rise Again não se equipara ao do disco de 1996. Ainda assim, há vários bons momentos no álbum, e com certeza os fãs da banda o aprovarão, assim como qualquer um que curta um heavy metal mais tradicional, direto e sem muitas invenções.
Eu acho engraçada essa fixação dos alemães do Grave Digger pela Escócia…
Fraco…
Conheço bem pouco Grave Digger, e devo admitir que cada vez mais me afasto desse lado épico do heavy metal, mas pra ruim definitivamente a banda não serve. Gosto mais deles quando soam mais diretos, como na faixa título do álbum "The Grave Digger". Se é que esxiste esse tipo de separação, eu sou mais da turma do Running Wild, hehe.
Eu também sou da turma do Running Wild.
Às vezes cansa esses climas e introduções.
Do Grave Digger eu prefiro os primeiros. A trilogia middles ages é boa também, mas não escuto direto.
A carreira do Running Wild foi bem mais solida que a do Grave Digger, apenas no fim da vida, depois do Rivalry, que a qualidade caiu.
Eu gosto dos primeiros discos do Grave Digger, mas a fase com o Uwe Lullis foi a mais inspirada para mim. The Reaper, Heart Of Darkness e a trilogia medieval. Depois, o The Grave Digger, já com o Manni, também é sensacional, mas os discos foram perdendo qualidade daí para frente.
Esse último não é ruim, como eu disse, mas está a quilometros do Tunes Of War, o qual ele tenta emular.