Maravilhas do Mundo Prog: Som Imaginário – A Matança do Porco [1973]
Som Imaginário no Programa Som Live Exportação (1971) |
Voltando para a parte musical, os dois primeiros álbuns do Som Imaginário seguem uma linha mais próxima do rock psicodélico, mostrando uma estética sonora típica do Clube da Esquina, e inclusive contando com a participação de Beto Guedes em um dos clássicos do primeiro LP: “Feira Moderna”.
No segundo LP, Nana Vasconcelos entrou para o Som Imaginário, substituindo Laudir de Oliveira, e as experimentações começaram a aumentar, assim como a entrada do guitarrista Frederyko “Fredera” adicionava mais psicodelia à coisa.
Formação que gravou o “abate”. Da esquerda para a direita: Tiso, Alves, Tavito e Robertinho |
A formação do Som Imaginário à época do lançamento de Matança do Porco contava com Tiso, Tavito (violão, guitarras), Luis Alves (baixo) e Robertinho Silva (bateria), ou seja, Zé Rodrix já não pertencia mais ao grupo, assim como Fredera. Mais líder do que nunca, Tiso é o autor da maioria das faixas, desenvolvendo uma sonoridade que marcaria também sua carreira solo. Mas, a participação de Fredera é visível, mesmo que não conste nos créditos do LP, e tudo fica mais óbvio principalmente nos maravilhosos 11 minutos da faixa-título.
Dividida em três movimentos, onde se sobressaem as vocalizações deslumbrantes de Milton Nascimento, os agudos da guitarra de Fredera e os fraseados de Tiso, “A Matança do Porco” foi composta originalmente para o filme “Os Deuses e Os Mortos”, de Ruy Guerra, que concorreu às premiações do Festival de Berlin, em 1971.
Tudo começa com tristes acordes de piano e órgão, entre barulhos de guitarra que levam a entrada dos pratos, onde o piano começa a solar sobre um viajante tema da guitarra, lembrando muito as experimentações do Pink Floyd da fase Atom Heart Mother e Ummagumma. A canção vai ganhando corpo lentamente, até a guitarra cheia de distorção executar o tema principal da canção. O baixo surge acompanhando o piano, e ambos fazem os acordes únicos que acompanham o tema distorcido da guitarra.
Robertinho entra com os pratos, fazendo marcações percussivas que acompanham baixo e teclado, levando a um crescendo onde guitarra e piano fazem os mesmos acordes. Fredera passa a solar insanamente, e um jazz-rock-progressivo é feito pelo resto do Som Imaginário, com Tiso entoando acordes aleatórios no piano enquanto Alves e Robertinho fazem a fantástica e viajante cadência.
Acordes de órgão se espalham ao fundo, enquanto o solo de guitarra está cada vez mais viajante, com notas rápidas, engasgadas e escalas que transformam a música numa excitante agonia de “onde eles vão chegar com isso“, que é exatamente a parte onde “está se matando o porco (!)”. Viradas de bateria tornam Robertinho a atração principal, e é legal como a guitarra vai diminuindo o volume para o órgão e a bateria tomarem conta das caixas, assim como todos os instrumentos vão baixando o volume para a bela sequência final.
Acordes de um órgão de igreja, com um bonito tema feito por cordas e piano, comandam a triste parte onde finalmente “o porco é morto“. Esse tema é repetido por diversas vezes, até a guitarra reproduzir o tema com vocalizações de todos os membros da banda. Finalmente, enquanto o tema é reproduzido, Milton surge fazendo vocalizações, que tornam a canção ainda mais bela e angustiante. O arranjo final é de arrepiar, levando a canção a um triste encerramento, apenas com o órgão reproduzindo o tema final, e o piano apresentando o tema inicial da canção sobre o barulho percurssivo de Robertinho e alavancadas de Tavito.
Capa do relançamento de Matança do Porco |
Putz, se alguém tiver um link para ouvir essa fiaxa, agradeceria bastante… escutei algumas coisas do grupo e gostei bastante, achei interessantíssimo, mais uma prova de que o rock produzido no Brasil nos anos 70 sempre foi muito superior ao da década seguinte.
Diogo
dois links com duas sonzeiras do Som Imaginario
http://www.youtube.com/watch?v=slgrUyA4QlY
http://www.4shared.com/get/r1KQeLip/1972_-_A_Matana_do_Porco.html;jsessionid=20DE56F14743CA566551873EBCF070F9.dc211
Abrasssssssssssss
E concordo contigo, o som dos 70 brazuca é muito melhor do q a geração saude de 80
Tenho esse disco em uma reedição especial alusiva aos 100 anos da Odeon. Vários álbuns interessantes foram relançados nessa série, vale a pena.
Aqui a lista com todos os títulos lançados:
http://rateyourmusic.com/list/sallamanka/serie__odeon_100_anos_
Minhas faixas favoritas desse disco são as 2 primeiras. "Armina" é fora de série, uma das melhores composições do prog MUNDIAL!!! E "A 3" é um jazz-rock [ou jazz-forró] fudidaço, com a bateria em uma caixa e a percussão na otra. Som Imaginário rulez! _|,,/
Muito obrigado pelo link Mairon, não apenas é uma ótima música como o Som Imaginário se uma PUTA banda com P maiúsculo. De fazer dar depressão ao constatar como a coisa caiu nos anos 80 por aqui…
Sonzeiraça!!! só acho que o título caíra melhor se fosse a "Matança do Bufalo", pela imponência do som! eehehehehe
Abraço!
Ronaldo