Small Faces – Ogdens’ Nut Gone Flake [1968]
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A psicodelia inglesa veio um pouquinho depois da americana, e foi certamente influenciada por ela, na segunda metade dos anos 60. Fato é que, por volta de 1967 ocorreu o ápice da psicodelia na Inglaterra, com o lançamento de discos como o clássico Pet Sounds (1966) do The Beach Boys, o eleito por muitos como o melhor disco de todos os tempos Sgt. Pepper’s Lonely Hearts Club Band (1967) dos Beatles, o controverso Their Satanic Majesties Request (1967) dos Rolling Stones, o album de estréia do Pink Floyd, The Piper at the Gates of Dawn (1967), do blues psicodélico do Cream em Disraeli Gears (1967), só para citar alguns…
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Capa de uma coletânea da banda à frente de um simbolo da cultura mod, que também chegou a ser utilizado pelo The Who em Quadrophenia |
O conceito do (meio) álbum surgiu a partir de Ronnie Lane, que, olhando para a lua, provavelmente no período crescente ou minguante, ficou perguntando-se onde estava escondida a outra metade. Assim nasceu a história do personagem Happiness Stan, que procura pela outra metade da lua em uma alegoria à vontade que todos temos de completar nossas vidas cheias de frustrações, preocupações, etc. Happiness Stan apaixona-se pela lua e de repente alguém some com a metade dela, ou ela é comida pelo tempo. Porém de uma hora para outra a metade aparece de novo, como se ela tivesse vida. O nome Stan veio do nome do pai e do irmão mais velho de Ronnie.
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Relançamento recente em LP |
O álbum ficou seis semanas em primeiro lugar nas paradas, tempo considerado longo. Na época, era um feito que só os Beatles conseguiam. Os singles de “Lazy Sunday” e “Afterglow” ficaram no número 2 e 36, respectivamente. Foi lançado em um box de metal circular simulando uma lata de fumo. Dentro da lata havia algumas sugestivas folhas de seda. Por ser uma embalagem cara, foi relançada ainda no formato circular, mas dessa vez em papelão, em formato gatefold, como os discos normais. O próprio nome do álbum foi uma paródia para “Ogdens’ Nut-Brown Flake” uma marca de fumo produzida desde 1899. Em CD foi lançado algumas vezes em formato simples, mas em 2006 saiu uma latinha circular contendo três discos sendo que um traz a versão em estéreo, outro a versão em mono e o terceiro é um documentário sobre a gravação do disco da famosa série Classic Albuns.
Em 1969 Marriot surpreendeu todo mundo e se desligou da banda dizendo que não estava contente com o direcionamento musical do grupo e não poderia mais contribuir musicalmente. Steve Marriot já estava frustado desde o lançamento de Ogdens’ Nut Gone Flake por não conseguir executar ao vivo uma obra prima de estúdio. Na verdade apenas uma vez o disco foi completamente tocado ao vivo, em um programa da BBC chamado “Colour Me Pop”. Marriot seguiu a vida juntando-se a Peter Frampton no Humble Pie. O resto do grupo trouxe Rod Stewart e Ron Wood (futuro guitarrista dos Stones) e, aproveitando a mudança, resolveram também encurtar o nome da banda para Faces.
Belo artigo sobre um grande disco de uma grande banda, que ficaria ainda melhor na fase "Faces"…
Apesar de ser um trocadilho com a marca de cigarros, alguém tem alguma ideia de uma tradução possível para ogdens nut? Noz de Ogden? E o que é isso que vira cereal (flake)? Sempre achei esse nome estranhíssimo…
Quando ouvi esse disco, por indicação do Bueno, também achei a sonoridade meio infantil, mas, como é o único álbum dos Small Faces que conheço, achei que fosse essa a sonoridade da banda sempre. Bem diferente do Humble Pie! Legal que em "Lazy Sunday" o Marriott tenta se diferenciar dos vocais pop dos EUA, mas a letra começa com "Wouldn't it be nice…".
Você não deixa de ter razão, Adriano. O Small Faces era uma banda voltada para os teenagers, e o Marriot era uma espécie de ídolo mod da garotada, daqueles de sair em página central de revistas juvenis. Foi inclusive ator juvenil aos 13 anos, no cast do espetáculo Oliver. O álbum muito bem apresentado pelo Bueno (que devia dar um puxão de orelha no revisor) pode-se dizer que foi um rito de passagem, pois conserva ainda algumas músicas para agradar seu público e ousa crescer para o que viriam a ser depois o Faces e o Humble Pie.
Correções feitas, e parabéns pela releitura desse grande álbum dos anos 60. Apesar de tudo, eu prefiro o Marriot no Humble Pie, mas essa fase ingênua no Small Faces é muito boa!
Gta V
Já ouvi este disco em programas de rock, mas nunca me passou na cabeça de compra-lo, é um album pioneiro no quesito opera-rock, album conceitual e heavy (ou hard) rock ,como chamamos hoje!Vou procurar por este disco. Se bem que hoje me dia, quase ninguem da mais importância a ele!! – Marcio Silva de Almeida/Jlle-SC
Eu adoro esse disco e só o fato de vc ter comentado a matéria me fez querer ouví-lo de novo! Se tiver em dúvida se compra ou não eu digo que sim….rs
Obrigado pelo comentário.
No ano 2000 a Paradoxx lançou uma série de álbuns duplos, com a caixinha toda branca, a preços promocionais. Ainda hoje é possível achar em sebos. Uma das bandas contempladas foi o Small Faces. Inclusive, o Ogden Nut está na íntegra nessa coletânea, e com a mesma ordem das músicas.