Paul McCartney & Wings: “Band on the Run” ganha reedição tripla
Por Davi Pascale
Final de 1973: Band on the Run chegava às lojas. Paul, John, George e Ringo ainda se sentiam pressionados com as comparações aos Beatles e as cobranças das pessoas, especialmente dos jornalistas, a cada vez que lançavam um novo trabalho. Depois do sucesso dos compactos “My Love” e “Live and Let Die” (trilha de um filme do espião James Bond, o 007), a carreira de Paul estava pronta para decolar de vez. Sua banda, contudo, não conseguia manter uma formação estável.
Dessa vez foram o baterista Denny Seiwell e o guitarrista Henry McCullogh que resolveram abandonar o barco. “Nossa alternativa era cancelar a viagem, não gravar o disco, entrar em depressão ou simplesmente ir até lá e fazê-lo”, declara Paul McCartney no encarte da reedição de Band on the Run. Paul decidiu fazer o disco. Do conjunto restavam somente ele, sua esposa Linda McCartney e o guitarrista Denny Laine. Denny ficou responsável pelas guitarras e Paul pela bateria.
McCartney queria fazer algo diferente e resolveu gravar o novo trabalho em um país onde nunca havia trabalhado anteriormente. Começou a pesquisar em quais países a EMI possuía estúdio. Ficou dividido entre duas alternativas: Lagos (Nigéria) e Rio de Janeiro. “Estava um pouco mais tendencioso para o Rio e para a África por causa do elemento rítmico. Não estava pensando, necessariamente, em utilizar instrumentos locais. Eu queria absorver a atmosfera, entrar no clima. Você sabe… Se está no Brasil, não tem por onde escapar. O mesmo ocorre na África”, continua o cantor.
Paul McCartney ao vivo com o Wings |
A escolha final foi Lagos. Quando chegaram ao local, a situação não era das melhores. Eles não possuíam todo o equipamento necessário e parte do que tinham estava quebrado. A sala de prensagem de discos ficava no fundo dos estúdios. Para piorar a situação, Paul e Linda foram assaltados. “Nós fomos alertados para não andarmos a pé. Para só sairmos de carro. Mas, até aí, é o mesmo que dizem de Harlem (Nova York). E você tem que visitar o lugar. Linda e eu caminhamos por meia hora. De repente, um carro parou em nossa frente. Achamos que estavam oferecendo carona. Disse que agradecíamos, mas preferíamos continuar andando. O carro então parou novamente algumas quadras adiante. Desceram seis pessoas com faca. Foi aí que percebi do que se tratava”. Os bandidos levaram uma câmera e todas as fitas com material demo para o disco.
Paul encontrava-se em um beco sem saída. Mas disse não ter ficado aflito porque, segundo ele, quando começou a compor canções com John Lennon, não existiam muitos gravadores para registrar suas ideias. Dizia ainda que se uma música não é boa o suficiente para ficar em sua cabeça, então provavelmente não é boa o suficiente para que outras pessoas se lembrem. A gravação durou aproximadamente um mês e meio. Depois disso, o grupo retornou a Londres para mixar o material, fazer overdubs e trabalhar na parte orquestrada.
A foto da capa foi realizada por Clive Arrowsmith. Clive estudava na Liverpool Art School na mesma época que John Lennon. Alguns anos depois Paul reencontrou o amigo nas gravações do programa de TV “Ready Steady Go”. Clive era diretor de arte do programa. A ideia da foto partiu de Paul McCartney. As outras seis pessoas que aparecem na imagem são amigos de Paul. Eram eles: Clement Freud (personalidade de TV britânica, político e escritor), Christopher Lee (ator), James Coburn (ator), John Conteh (lutador de boxe), Kenny Lynch (cantor) e Michael Parkinson (escritor e apresentador de talkshow).
Diferentes lançamentos de Band on the Run |
Agora, passados mais de 35 anos, o disco ganhou uma nova reedição. O material é o primeiro da série “Paul McCartney Archives Collection”, supervisionada pelo próprio músico. A nova edição traz três discos (o álbum remasterizado, um disco com faixas bônus – não espere encontrar muitas demos, lembre-se que a maior parte delas foi roubada – e um documentário em áudio contendo entrevistas e gravações inéditas retiradas de ensaios e passagens de som em diferentes fases de sua carreira), um DVD (com materiais promocionais do disco e um filme de aproximadamente 50 minutos), um livro e um cartão que dá acesso ao download do material dos discos 1 e 2 em alta definição.
No Brasil é possível encontrar o material por aproximadamente 350 reais. O preço é meio salgado, mas para quem é fã vale a pena!
Na minha ignorância em se tratando da carreira de Paul pós-Beatles sempre imaginei que a capa de "Band on the Run" trazia os músicos do Wings e possíveis convidados especiais, não fazia ideia que fossem outras pessoas conhecidas no show business. Só agora que percebi a presença dos excelentes James Coburn e Christopher Lee.
Esse, para mim, é o melhor disco do Paul pós-Beatles. Claro que não sou um profundo conhecedor da carreira dele principalmente nos anos 80 e 90.
Comprei a minha cópia a algum tempo atrás e nem sabia desse material todo.
Salve Davi!
Há tempos, esse álbum saiu na sessão "Discoteca básica" revista Bizz.
O resenhista, q não me recordo o nome, dizia q a imagem da capa representava "a fuga do mainstream" já que a banda partiu p/ a distante Nigéria (como vc mesmo citou) p/ conceber o disco.
P/ mim, esse trabalhou gerou uma das mais belas canções de amor do velho Macca:
"Let me roll it".
Abrç a galera do blog.
Para mim, o melhor do Wings é O Venus and Mars, mas o Band on the Run tb é muito bom.