Don Dokken – Up From the Ashes [1990]

Don Dokken – Up From the Ashes [1990]
Por Leonardo Castro
Ao fim da turnê que promoveu o disco Back For the Attack, em 1988, o Dokken se partiu em pedaços. O guitarrista George Lynch formou uma banda nova, o Lynch Mob, e levou o baterista Mick Brown com ele. O baixista Jeff Pilson formou o War & Peace, enquanto o vocalista Don Dokken começou a pensar em formar um projeto solo.
Antes mesmo de ter definido os membros dessa nova banda, Don se reuniu com John Kalodner, executivo da Geffen, sua nova gravadora, que sugeriu Glenn Hughes para compor algumas músicas. Este trouxe John Norum, então ex-guitarrista do Europe, para assumir as guitarras do projeto, que seria produzido pelo próprio Glenn. Nascia assim um dos mais estrelados line-ups da história do rock pesado, com representantes de ambos os lados do Oceano Atlântico.
Após o envolvimento inicial, Glenn Hughes acabou se afastando do projeto, mas suas demos com Don podem ser encontradas facilmente na internet hoje em dia. A banda foi completada com Peter Baltes, uma lenda do heavy metal alemão no Accept, que se encontrava então em hiato; o baterista sueco Mikkey Dee, recém saído da banda de King Diamond; e o menos conhecido, mas virtuoso guitarrista americano Billy White, da banda de techno-thrash Watchtower. Poucas vezes na história do rock pesado se viu uma formação tão técnica e com músicos de tanto renome em todo o planeta.
Lançado em 1990, Up From The Ashes contava com uma música  remanescente das sessões com Glenn Hughes, três parcerias de Don com John Norum e, surpreendentemente, 6 músicas de Billy White com Don. O produtor Wyn Davies também colaborou em uma canção, assim como o ex-baterista do Dokken, Mick Brown.
O álbum tem uma sonoridade bem próxima ao Dokken da fase Under Lock and Key e Back For the Attack, mas um pouco mais suave e melódico. “Crash ‘n’ Burn”, que abre o disco, tem um riff sensacional e uma levada contagiante, e poderia estar facilmente em qualquer disco do Dokken. “1000 Miles Away” também contagia, e mostra que os vocais de Don estavam no auge de sua forma nesta época, agudos e emotivos. “When Some Nights” também é outro destaque, com as harmonias vocais que eram típicas do Dokken sendo utilizadas à exaustão. 
O trabalho dos instrumentistas é impecável, mas é impossível não destacar os guitarristas John Norum e Billy White, que se revezam entre riffs, bases e solos memoráveis. O disco segue com “Forever”, com sua levada mid tempo e um ótimo refrão. “When Love Finds a Fool”, balada das sessões com Glenn Hughes, que conta com o próprio nos backing vocals, é uma música lenta e emotiva. “Give It Up” e “Mirror Mirror”, o primeiro single do álbum, são mais animadas, mas mantém o clima melódico e até certo ponto suave do disco. 
Stay” também foi lançada como single, e tem um excelente refrão e um belíssimo solo de White. O álbum termina com um pouco mais de peso nas músicas “Down in Flames” e “The Hunger”, ambas com riffs inspirados.
Após o lançamento do disco, a mesma formação caiu na estrada para divulgá-lo. O set list misturava clássicos do Dokken com músicas do novo disco, além de um pedaço de “Balls to the Wall”, do Accept, no meio  de “It´s Not Love”. Os solos de George Lynch foram divididos entre Norum e White, obtendo excelentes resultados. Existem DVDs piratas de shows no Japão e nos Estados Unidos desta turnê, e alguns vídeos também podem ser encontrados no Youtube.
 
Ao fim da turnê, Don começou a preparar material para um segundo disco solo, mas com o envolvimento de Jeff Pilson e Mick Brown no projeto, o material acabou sendo levado a George Lynch e se transformou no discos seguinte do Dokken, Dysfunctional (1994).
Em seguida, boa parte do line up que gravou Up From the Ashes ressurgiu no disco solo de John Norum, Face the Truth. Esse álbum teve o baixo gravado por Peter Baltes e vocais de Glenn Hughes, além de ter sido produzido por Wyn Davies e ter tido uma participação especial de Mikkey Dee em uma faixa e Billy White em outra. De acordo com Norum, algumas destas músicas foram compostas ainda na estrada com a banda de Don Dokken, e o próprio havia pedido para gravá-las em um segundo disco solo, mas como eram composições muito pessoais, ele preferiu utilizá-las em seu próprio álbum.
Hoje em dia, Don continua na ativa com o Dokken, John Norum voltou ao Europe e mantém uma carreira solo estável, enquanto Mikkey Dee está no Motörhead desde 1992. Já Billy White se mudou para o México e passou a se dedicar à música flamenca e latina, passando a atender pelo nome Billy “Blanco” White.

3 comentários sobre “Don Dokken – Up From the Ashes [1990]

  1. Esse álbum soa como uma continuação natural do trabalho que Don desenvolvia no Dokken. Essa constatação pode parecer óbvia, mas é exatamente assim que "Up From the Ashes" soa para mim. É claro que, apesar de John e Billy serem excelentes guitarristas, é sentida a falta de George Lynch, dono de uma pegada muito característica, sem dúvida um dos melhores guitarristas a surgirem nos anos 80. Mas há de se convir que um line-up como esses reúne somente o que de mais fino havia na época.

  2. Tae um trabalho que deveria ter sido lançado pela banda Dokken , elevaria muito mais tanto o alcance dele como o nivel da banda , aqui vemos classico atrás de classico e um John Norum muito inspirado. este álbum é indispensavel em qualquer discografia

    1. Concordo e assino embaixo! Esse disco possui solos de guitarras virtuosos e acima da média. Muito melhor do que os discos do Dokken do fim dos anos 90 pra cá. John Norum é tão bom quanto George Lynch. Se duvidar é até mais técnico ainda e mais eficiente.

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