Essa semana, o Podcast Grandes Nomes do Rock homenageia uma das principais bandas da New Wave of British Heavy Metal, (NWOBHM) Saxon, que teve um álbum recentemente lançado no último 03 de junho, o excelente Call to Arms. Em uma hora e meia de programa, passearemos por canções da carreira do grupo desde seu início até os dias de hoje, participações de membros do Saxon em outros grupos/projetos, versões de canções que o Saxon gravou, porém interpretadas pelos artistas que as compuseram, e uma homenagem a NWOBHM apresentando um bloco somente com bandas do estilo.
A origem do Saxon começa em 1976, quando Peter “Biff” Byford (voz), Paul Quinn (guitarras), Graham Oliver (guitarras), Steve “Dobby” Dawson (baixo) e David Ward (bateria) fundam o grupo Son of a Bitch. Diversas apresentações de pequeno porte, e o fraco sucesso, fizeram com que Ward saísse do grupo em 78, sendo substituído por Pete Gill. Nascia então uma das principais formações da história do rock, que começou a conquistar fãs com apresentações enlouquecedoras ao lado de outro Grande Nome do Rock, o Motörhead.
O Son of a Bitch conseguiu um contrato com a gravadora Carrere, que exigiu a mudança do nome do grupo. O batismo agora se deu com algo puramente britânico: Saxon, que vinha estampado na capa do primeiro álbum do grupo, lançado em 1979 tendo o título com o nome da banda.
Saxon fez um relativo sucesso, mas eram nos shows que o grupo começava a crescer. Compondo sem parar, Biff, Dawson e Oliver escrevem material para um álbum duplo. A gravadora recusa a ideia, e acaba lançando dois álbuns diferentes no ano de 1980.
O primeiro deles, Wheels of Steel, foi lançado em maio, colocou o nome do Saxon como um dos mais vendidos no Reino Unido, chegando a quinta posição e levado por clássicos como “Wheels of Steel”, “747 (Strangers in the Night)” e “Machine Gun”. Já o segundo, Strong Arm of the Law, lançado em setembro, é tido pelos fãs como o melhor disco da carreira do Saxon, destacando as imortais “Heavy Metal Thunder”, “20,000 Ft”, “Strong Arm of the Law” e “To Hell and Back Again”.
Pete Gill, Graham Oliver, Biff Byford, Steve Dawson e Paul Quinn
As turnês do Saxon elevaram o nome do grupo a índices cada vez maiores de número de seguidores, e com o album seguinte, Denim and Leather (1981), os britânicos registram um dos principais hinos do heavy metal nos anos 80, a própria faixa-título. Além dela, “Princess of the Night”, “Midnight Rider” e “Fire in the Sky” são outras grandes faixas, qe apresentam a velocidade e peso das guitarras da dupla Quinn/Dawson sustentadas pela precisão da cozinha Oliver / Gill, além da marcante voz de Byford.
Mas, Gill acabou sofrendo com um pequeno acidente com uma das mãos, e foi substituído por Nigel Cloker (ex-Krakatoa, Toyah Willcox). Ele é o responsável por comandar os bumbos na Denim and Leather Tour, que foi registrada no fundamental ao vivo The Eagle Has Landed (um dos melhores ao vivo da história do Heavy Metal). Nessa turnê, o Saxon foi headliner em toda a parte europeia, tendo como banda de abertura nada mais nada menos que o grupo de Ozzy Osbourne.
Após o sucesso de Denim and Leather, a NWOBH começou a entrar em decadência, com diversas bandas do gênero chegando ao seu fim, ou mudando a sonoridade de suas canções. O Saxon manteve o estilo, e fez bem, pois seu próximo álbum, Power & the Glory (1983), se tornou o LP mais bem sucedido em vendas na carreira do grupo. A faixa-título se tornou outro hino do Heavy Metal, e canções como “Warrior”, “Midas Touch” e a épica “Eagle Has Landed”, colocaram o Saxon finalmente no topo das principais bandas do metal britânico, ao lado de Iron Maiden e Judas Priest, formando a Santíssima Trindade do gênero.
Paul Quinn, Graham Oliver, Biff Byford, Steve Dawson, Nigel Glocker (1984)
Durante a Power and Glory Tour, o Saxon tocou somente em grandes arenas, passando por toda a europa e também nos Estados Unidos, onde contou com o Accept como banda de abertura, com destaque para uma apresentação em Los Angeles, onde somente nessa cidade o LP vendeu 15 mil cópias na primeira semana de vendas.
A turnê do Saxon acabou mostrando aos membros do grupo que realmente, a NWOBHM já não estava mais fazendo tanto sucesso com as canções pesadas. A onda era o chamado Adult Oriented Rock (AOR), com canções mais leves, e dessa forma, o grupo passou a mudar o direcionamento de suas canções já no álbum seguinte. Crusader (1984) ainda mantinha o peso dos álbuns anteriores, mas já dava algumas inclinações para o AOR, mostrando uma “americanização” no som do grupo, objetivando claramente conquistar de vendes o mercado dos Estados Unidos. O LP vendeu 2 milhões de cópias em apenas um ano, e foi seguido de outra grande turnê por europa e América do Norte, contando com o Mötley Crüe e o Krokus como bandas de abertura. Os grandes destaques desse álbum ficam para a cover de “Set Me Free” (original do grupo Sweet) e a épica faixa-título, além da clássica “Just Let Me Rock”.
Paul Quinn, Biff Byford, Steve Dawson, Nigel Glocker, Graham Oliver
O grupo então assinou um contrato com a EMI, que olhava com bons olhos a americanização do som do Saxon, a qual veio mais forte ainda em Innocence is no Excuse, lançado em 1985. Os fãs britânicos torceram o nariz para o LP, mas os americanos se encantaram com canções como “Call of the Wild”, “Rock ‘n’ Roll Gypsy”, “Devil Rides Out” e “Everybody Up”. Apesar de chegar apenas na posição 130 nos EUA, aos poucos Innocence is no Excuse conquistou os fãs do país, e por lá, esse é o principal LP da carreira da banda.
Mais uma bem sucedida turnê pelos Estados Unidos acabou causando danos para o Saxon. Insatisfeito com as mudanças na sonoridade, Dawson pediu as contas durante a gravação do próximo LP. Rock the Nations, lançado em 1986, é o único disco do grupo a não contar com um baixista oficial. As linhas de baixo foram feitas em sua maioria por Biff Byford, bem como Quinn participou tocando baixo em algumas canções. O destaque maior desse álbum é a participação de Elton John nas canções “Party Til You Puke” e “Northern Lady”.
Saxon em 1987: Paul Quinn, Nigel Durham, Biff Byford, Graham Oliver e Paul Johnson
O novo baixista do grupo foi apresentado logo após o lançamento de Rock the Nations. Paul Johnson vinha para adicionar mais tempero americano ao já americanizado e meloso novo som do Saxon, que foi sendo deglutido vagarosamente pelos fãs europeus, enquanto nos Estados Unidos o nome do grupo não conseguia subir. É na turnê desse álbum que o grupo virá atração principal do Reading Festival.
Paul Quinn, Steve Dawson, Biff Byford, Pete Gill e Graham Oliver
Como a meta era mesmo conquistar o mercado americano, o Saxon passou dois anos “estudando” para achar um meio de fazer isso. Então, em 88 lançam Destiny, considerado o pior disco da carreira do grupo, tendo Nigel Durham no lugar de Nigel Glocker. Trazendo logo na abertura uma cover para “Ride the Like Wind” (de Cristopher Cross), Destiny se tornou um dos maiores fracassos comercias da história da NWOBHM, levando a EMI cancelar o contrato com o grupo.
O Saxon navegava em mares tortuosos, e a solução foi assinar um contrato com a gravadora Virgin Records, que na época, voltava-se para a emergente cena do synthpop e da new age. Mas para o Saxon, a situação seria diferente. Tentado reconquistar os velhos fãs, o grupo substituiu Paul Johnson por Nibbs Carter, lançando em 1989 o álbum ao vivo Rock’n’Roll Gypsies, resgatando velhos clássicos da carreira.
Na sequência, lançam mais um álbum ao vivo, Greatest Hits Live (1990), voltando para os estúdios onde registram e lançam, no mesmo ano, o excelente Solid Ball of Rock, um petardo que mostrava aos fãs como o Saxon podia fazer canções pesadas novamente, destacando a excelente “Altar of the Gods”, bem como “Baptism of Fire” e “Solid Ball of Rock”. O bom desempenho nas vendas de Solid Ball of Rock manteve o Saxon em ativa, e após uma curta série de shows, o grupo voltou aos estúdios, lançando em 1992, Forever Free, com destaque para a cover de “Just Want Make Love to You”, de Willie Dixon, e para a excelente canção “Iron Wheels”.
Porém, a criatividade já não andava tão em alta, e o Saxon passou a se manter de curtas temporadas nos palcos, e longos períodos afastado dos estúdio. Somente em 1995, o grupo voltaria com um material novo. Dogs of War acabou marcando por ser o último álbum do grupo a contar com a participação de Graham Oliver nas guitarras. A saída de Oliver até hoje não é bem explicada, mas o que importa é que ele acabou reconstruindo o antigo Son of a Bitch, ao lado dos ex-Saxon Steve Dawson (baixo) e Pete Gill (bateria), além do vocalista Ted Bullet.
O Son of a Bitch lançou apenas um CD, Victim of You (1996), e logo deixou de existir, após a saída de Gill. Outro ex-membro do Saxon foi chamado para seu lugar, Nigel Durham, e com a entrada do vocalista John Ward, surgia assim o que a príncipio foi batizado de Saxon. Porém, uma imensa briga entre a dupla Oliver-Dawson contra a dupla Byford-Quinn, começou a pegar em cima do nome Saxon. As imensas divergências acabaram levando aos tribunais decidirem para ambos poderem usar o nome Saxon.
O resultado foi que o Saxon de Byford e Quinn chamou Doug Scarrat para a guitarra, apresentado no álbm ao vivo The Eagle Has Landed part II (1996) e no bom álbum de estúdio Unleash the Beast (1997), com destaque para a canção “The Thin Red Line”, enquanto o Saxon de Oliver e Dawson acabou sendo batizado de Oliver/Dawson Saxon, que gravou três álbuns: Re://Landed (2000); It’s Alive (2003) e The Second Wave: 25 Years of NWOBHM (2003).
Seguindo então na carreira do Saxon, em 97 saiu o bootleg-oficial Donnington: The Live Tracks, trazendo a apresentação do grupo no Monsters of Rock de 1980. Em 98, outro mimo, BBC Sessions / Live at Reading Festival ’86, trazendo uma série de apresentações do grupo no programa BBC Radio 1, todas durante os anos 80, e também parte da apresentação do grupo no Reading Festival de 86.
Graham Oliver, Paul Johnson, Biff Byford, Paul Quinn e Nigel Glocker
Fritz Randow assumiu a bateria do Saxon em 99, no álbum Metalhead, caracterizado pelo estilo definido como Power Metal. No ano seguinte, a coletânea Diamonds and Nuggets chegava as lojas, trazendo muito material raro do início da carreira do grupo. Killing Grond (2001), foi o segundo disco com essa formação, mantendo a linha do Power Metal e destacando a cover para “The Court of the Crimson King” (King Crimson), seguido de outra coletânea, Heavy Metal Thunder (2002).
Somente em 2004 o Saxon lançaria um novo material de estúdio, Lionheart, tendo na bateria o ex-Stratovarius Jörg Michael. Os principais destaques desse álbum são as canções “Man and Machine” e a própria faixa-título. Esse álbum recebeu uma edição especial CD/DVD, cobiçada pelos colecionadores. Em 2006, The Eagle Has Landed part III aumentou a série de álbuns ao vivo do grupo, trazendo novamente Nigel Glocker para a bateria.
Paul Quinn, Doug Scarratt Biff Byford, Nigel Glocker, Nibbs Carter
Em 2007, o grupo lança The Inner Sanctum, considerado por muitos o melhor disco do Saxon desde Solid Ball of Rock. Esse álbum traz a participação de Lemmy Kilminster na canção “I’ve Got to Rock (to Stay Alive), e também recebeu uma tiragem limitada na versão CD/DVD. Em 2009, Into the Labyrinth manteve a linha de seu antecessor, destacando “Live to Rock” e “Hellcat”.
No último dia 03 de junho, chegou as lojas Call to Arms, mostrando que apesar dos mais de 30 anos de carreira, o Saxon ainda tem muito para dar para seus fãs e principalmente, para o metal mundial.
Discografia do Saxon
Track list Podcast # 24: Viper
Bloco 01
Abertura: “H. R. (Heavy Rock)” [do álbum Soldiers of Sunrise – 1987]
“Killera (The Princess of Hell)” [da demo The Killera Sword – 1985]
“Nightmares” [do bootleg Projeto SP Metal / Teatro Lira Paulistano – 1985]
“A Cry From The Edge” [do album Theatre of Fate – 1989]
“Living for the Night” [do album Theatre of Fate – 1989]
Bloco 02
Abertura: “To Live Again” [do album Theatre of Fate – 1989]
“The Shelter” [do album Evolution – 1992]
“The Spreading Soul” [do EP Vipera Sapiens – 1994]
“Straight Ahead” [do album Coma Rage – 1995]
“Sábado” [do album Tem Prá Todo Mundo – 1997]
“Knights of Destruction” [da demo Demo 2005 – 2005]
“Soldier Boy” [do album All My Life – 2007]
Bloco 03
Abertura: “Rebel Maniac” [da Apresentação no Programa Livre – 1992]
“Carolina IV” [do álbum Holy Land – 1998 (Angra)]
“Fairy Tale” [do bootleg Clássicos do Rock II – 2009 (Andre Matos e Orquetra de Câmara da ULBRA)]
“Leading On” [do álbum Mentalize – 2009 (Andre Matos)]
“Marte em Capricórnio” [do album Das Kapital – 2010 (Capital Inicial)]
Bloco 04
Abertura: “Dinheiro” [da apresentação no Programa Hebe – 1997]
“Mais do Mesmo” [do álbum Que País É Este 1978 / 1987 – 1987 (Legião Urbana)]
“We Will Rock You” [do álbum Live Killers – 1979 (Queen)]
“I Fought the Law” [do bootleg Liva at RCA – 2008 (Sonny Curtis and The Crickets)]
“Power and the Glory” [do album Power & the Glory – 1983 (Saxon)]
Encerramento: “Love Is All” [do album All My Life – 2007]
2 comentários sobre “Podcast Grandes Nomes do Rock #25: Saxon”
Adoro Saxon, em qualquer fase. É quase impossível que eles façam um trabalho essencialmente RUIM. Alguns podem ser mais fracos, outros apenas bons, alguns ótimos e também clássicos absolutos, caso da minha trinca favorita, "Wheels of Steel", "Strong Arm of the Law" e "Denim and Leather". Mesmo com as mudanças de formação, o grupo conseguiu manter uma unidade sonora em mais de 30 anos de carreira, uma verdadeira identidade.
Curiosidade: essa "Northern Lady", que fecha o primeiro bloco, conta com a participação de Elton John, aquele mesmo!
Gostei bastante da escolha das músicas Mairon…ficou muito bom e bem representativo para ser um ponta pé inicial para quem não conhece a banda e a NWOBHM…
Adoro Saxon, em qualquer fase. É quase impossível que eles façam um trabalho essencialmente RUIM. Alguns podem ser mais fracos, outros apenas bons, alguns ótimos e também clássicos absolutos, caso da minha trinca favorita, "Wheels of Steel", "Strong Arm of the Law" e "Denim and Leather". Mesmo com as mudanças de formação, o grupo conseguiu manter uma unidade sonora em mais de 30 anos de carreira, uma verdadeira identidade.
Curiosidade: essa "Northern Lady", que fecha o primeiro bloco, conta com a participação de Elton John, aquele mesmo!
Gostei bastante da escolha das músicas Mairon…ficou muito bom e bem representativo para ser um ponta pé inicial para quem não conhece a banda e a NWOBHM…