Mötley Crüe: John Corabi years
Por Davi Pascale
Em 15 de março de 1994 chegava às lojas mais um álbum do Mötley Crüe. Inicialmente o disco receberia o nome de “Till Death Do Us Part”, mas no final resolveram simplesmente chamá-lo de Mötley Crüe, para demonstrar que uma nova fase se iniciava. Vince Neil estava fora da banda. O novo vocalista, John Corabi, tinha outro estilo de cantar e compor. O som da banda acabou recebendo novas influências e apontava para uma nova direção musical.
O disco trazia uma sonoridade mais pesada, menos comercial. Não por acaso, em alguns momentos remetia ao álbum Let It Scream (Scream), que Corabi havia feito antes de sua entrada no Mötley. Disco do qual Nikki Sixx, baixista do Mötley, inclusive era fã. Nikki havia dito em uma entrevista à revista Spin que era fã da banda e tinha adorado o disco. John Corabi ligou para o empresário do Mötley a fim de agradecer os comentários do músico na revista Spin e disse que gostaria de saber da possibilidade de compor alguma coisa junto com Nikki Sixx para o próximo álbum do Scream. Quando o empresário retornou a ligação, disse que Vince Neil estava fora da banda e que Tommy Lee e Nikki Sixx gostariam de fazer um teste com ele. John foi aprovado.
Para compor as canções, o grupo resolveu que simplesmente se trancaria no estúdio e começaria a fazer algumas jams. A partir daí, as músicas foram nascendo. O novo cantor acabou ajudando na composição, além de gravar algumas guitarras. Mick Mars estava empolgado com a ideia de ter um segundo integrante que também fosse bom guitarrista. Para o registro, resolveram fazer algumas mudanças de rotina. Decidiram em comum acordo que, durante a gravação, não iriam ingerir drogas, álcool, cafeína, carne vermelha e cigarros. Começaram a fazer exercícios pela manhã com um personal trainer e ingerir pílulas de vitamina. Sei que pelo histórico da banda é difícil acreditar que tenham seguido isso à risca, mas é o que diz a lenda…
Muitos creditam o fracasso do disco ao estouro do grunge, fato que não é verdadeiro. Quem pesquisar as paradas da época irá reparar que Mötley Crüe estreou no sétimo lugar da Billboard. Inicialmente acreditava-se que bateria recorde de vendas, mas de repente o número de cópias comercializadas começou a cair, até que em pouquíssimas semanas o álbum estava aparecendo em 40° lugar.
Existem duas teorias para esse desempenho: não tratava-se do que os fãs esperavam – hoje, o disco é muito bem aceito entre os fãs do Mötley e de hard rock em geral. Na época, entretanto, grande parte dos fãs não entendeu a proposta e torceram o nariz para o disco. Outra teoria deve-se ao fato da MTV ter boicotado o grupo. O boicote, ao contrário do que muitos pensam, não teve nenhuma relação com o grunge.
O fato do quarteto ter sido deixado de lado pela emissora deve-se ao fato de Nikki Sixx ter largado uma entrevista que fazia com a emissora no meio depois que o repórter insistiu em saber mais sobre a saída de Vince e ter comentado com o músico que os vídeos da banda baseavam-se em mulheres, fogo e cabelos armados. Nikki saiu revoltado, dizendo que as perguntas eram estúpidas e recusou-se a terminar a entrevista. A partir disso, os videoclipes do Mötley Crüe raramente eram exibidos pela emissora. É bom lembrar que nessa época a MTV já dominava o mercado…
Ainda que os fãs não tenham apoiado o disco na época, o álbum auto-intitulado foi muito bem recebido pela crítica especializada, que rasgava elogios à voz de Corabi e à nova sonoridade. A revista Rolling Stone, por exemplo, deu cinco estrelas para o disco. Uma pena que esse trabalho não tenha recebido a atenção necessária ao longo dos anos e tenha caído no esquecimento. Embora distante da sonoridade dos discos anteriores, o CD traz um material maduro e composições pesadas, porém melódicas. Trabalho de voz matador, bateria criativa, músicas memoráveis…
Atualmente, há quem arrisque dizer que esse é o melhor trabalho do grupo norte-americano. Ainda em 1994, com o mesmo line-up, lançaram o EP Quaternary, formado por apenas cinco músicas, em uma tiragem limitada de 20 mil cópias. Entre as faixas, havia uma escrita por cada integrante e uma trabalhada com a banda inteira. Quem tiver curiosidade de ouvir o material pode correr atrás do box-set Music to Crash You Car to: Vol 2 (2004) que traz o EP na íntegra!
John Corabi ficou na banda por quase seis anos. Durante recente passagem no Brasil, o músico comentou ao site do jornal O Estado de S. Paulo que, durante muitos anos, encarou uma batalha judicial com o grupo por causa de sua participação não creditada no álbum Generation Swine (1997). Segundo Corabi, ele foi responsável por vários backing vocals, algumas guitarras e a co-autoria de nove canções presentes no disco. Explicou ainda que a banda sofreu pressão da gravadora para que Vince Neil voltasse ao conjunto. Que só acreditavam no Mötley com Vince Neil e ninguém mais. Comentou que os empresários haviam dito que poderiam colocar o Paul McCartney, se quisessem, e a banda não funcionaria.
E que eles (empresários) queriam que o próximo álbum atingisse a mesma popularidade de Dr. Feelgood (1989). Tais afirmações talvez expliquem o porquê da nova mudança em Generation Swine. Quando o álbum foi lançado, o movimento hair metal estava extinto, e artistas que misturavam guitarras distorcidas com elementos eletrônicos – como Nine Inch Nails e Marylin Manson, por exemplo – dominavam a cena. Mesmo com a volta de Vince, visual e som mais modernos, não conseguiram atingir o sucesso esperado. Aconteceu com o disco o mesmo que ocorrera com o anterior. Estreou na quarta colocação e despencou rapidamente, logo em seguida. Curiosamente (?!) esse foi o último álbum do Mötley Crüe lançado pela gravadora Elektra…
Sou fãzaço do álbum "Mötley Crüe", em especial das quatro primeiras faixas, uma sequência absurda de tão boa. Não digo que é o melhor disco da banda pois "Shout at the Devil" inclui um contexto temporal que transcende a qualidade de seu track list, é algo mítico. Mas "Mötley Crüe" é porrada atrás de porrada, bem tocado, extremamente bem produzido, Corabi está cantando muito… o som de bateria então é algo absurdo, deveria ser objetivo de vida de muitos bateristas de rock.
adoro este disco..
é o unico q eu gosto do MC..
ja ouvi alguns outros e achei bem ruinzinhos..
mas este é otimo…
Grande disco, só não lembra em nada o material anterior da banda. Se tivesse saido com outro nome, talvez tivesse tido uma receptividade melhor.
Agora, a producao desse disco é de outro planeta. Dificil acreditar que o mesmo produtor foi responsavel pelo som de bateria deste disco e do St. Anger…
Eu parei de ouvir Motley Crue ainda em 1990, e nunca tive coragem de ouvir essa fase do John Corabi. Apesar do bom texto, não me animei. Acho q sou um dos poucos q prefiro o Shout at Devil do q o Dr Feelgoog…
Mairon, "Mötley Crüe" difere bastante de qualquer um desses dois. É um contexto diferente desses dois clássicos, um lançado quando o hard rock tipicamente oitentista estava se firmando (muito graças a esse disco) e outro quando ele estava em seu auge. "MC" foi lançado quando o gênero estava definhando, e sua sonoridade reflete isso, mas de maneira positiva. O que Tommy Lee está tocando nesse disco não é mole, e seu som de bateria é não menos que épico.
Acabei de ver o filme da netflix, muito bom. Era esperado que não falassem tanto dessa fase, mas falam (mesmo que mal e tratando oCorabi como um idiota). Agora, virem pagar que o filme é sexista, por favor,é não conhecer rock n roll. Imagina se fazem um filme sobre os bastidores da carreira do Led …