Discografias Comentadas: Novos Baianos

Discografias Comentadas: Novos Baianos
A família Novos Baianos em 1973
Por Mairon Machado
Um dos principais grupos do Brasil nos anos 70, os Novos Baianos acabaram tendo seu reconhecimento muito mais por um disco do que por sua discografia. Em um total de nove álbuns (oito de estúdio e um ao vivo) de extremo bom gosto e inovação, Baby Consuelo (voz, percusão), Morais Moreira (violão, voz, que depois mudou para Moraes, com “e”), Paulinho Boca de Cantor (voz, percussão), Luiz Galvão (voz, poesia, inspiração), Pepeu Gomes (guitarra, bandolim, bandolim elétrico, órgão, percussão), Dadi (baixo), Jorginho (cavaquinho, cavaquinho elétrico, bateria), Baixinho (bateria, percussão), Bola (percussão) e Charles fizeram de sua música uma criativa mistura de afoxé, rock, samba, chorinho, bossa-nova, blues, frevo e música tradicional nordestina jamais vista e ouvida no país, e que muitos torcem o nariz sem ao menos se prestar a ouvir os LPs com atenção ou pelo menos boa vontade.

Claro que os nomes de Pepeu, Morais, Paulinho e Baby são os de maior destaque, o que é uma tremenda injustiça, não por que eles não tenham seus méritos, mas por que os demais Novos Baianos (que depois virariam o A Cor do Som) são os responsáveis por carregar o grupo em pelo menos seis dos oito LPs de estúdio que  serão tratados no Discografias Comentadas desta semana, esbanjando técnica, virtuosismo e criatividade peculiares ao som do grupo, com destaque principalmente para Dadi e Jorginho, dois monstros em qualquer um dos instrumentos que possuíssem em suas mãos.


É Ferro na Boneca [1970]

Grafados ainda como Novos Bahianos (com “h”), a estreia de Galvão, Baby, Paulinho e Morais é uma morna apresentação musical. Acompanhados do grupo Os Leif’s (os quais virariam o A Cor do Som, com Pepeu nas guitarras, Dadi no baixo e Jorginho na bateria) em cinco canções, além de contar com arranjos orquestrais feitos por Chiquinho de Moraes e Hector Lenha Fietta, trouxe como principal destaques “De Vera” e “Colégio de Aplicação“, leves rocks muito próximos ao estilo da Jovem Guarda. Esse é o estilo que se sobressai no Lado A do LP, como podemos conferir na faixa-título, “Eu de Adjetivos”, “Dona Nita e Dona Helena” e “Se Eu Quiser, Eu Compro Flores“. Porém, o grupo passeia por outros estilos, como a música nordestina em “Outro Mambo, Outro Mundo”, psicodelia em “A Casca de Banana Que Eu Pisei”, “Juventude Sexta e Sábado” e “Baby Consuelo”, samba em  “E o Samba Me Traiu”, samba-rock, em “Curto de Véu e Grinalda”, e tango em “Tangolete”. Galvão e Morais dominam o processo de composição, ainda muito verde, mas já dando pequenas amostras do que viria pela frente. Para mim, os maiores destaques em termos musicais são “Tangolete”, a qual é uma pequena obra-prima do tango feita no Brasil, e “Juventude Sexta e Sábado”, onde o jovem Dadi começa a exibir sua incrível habilidade no instrumento.


Acabou Chorare [1972]
Esse é aquele disco que podemos definir como ESSENCIAL e CLÁSSICO (sim, grafado com maiúsculas). O Novos Baianos foi apresentado a João Gilberto (segundo Galvão, João foi apresentado ao grupo) e acabou influenciando diretamente no processo de composição de Morais, Galvão (agora mais compositor que cantor) e Paulinho. Além disso, Jorginho passou a tocar cavaquinho, e Pepeu dedicou-se ao bandolim. O resultado: uma obra-prima, eleita pela revista Rolling Stone como o melhor álbum de música brasileira. Acabou Chorare é daqueles discos que você ouve, ouve, ouve e nunca enjoa, de tão gostoso, singelo e belo. Afinal, é difícil achar um disco que tenha como canções de abertura duas monumentais pérolas da música: “Brasil Pandeiro” e “Preta Pretinha“. O Novos Baianos acham o som certo, que é a mistura do samba com música nordestina e rock. Engana-se quem pensa que o disco é somente samba. O rock está disponível em grandes doses, principalmente graças a entrada do agora A Cor do Som como banda de acompanhamento, mudando a parte instrumental do grupo, adicionando doses violentas de virtuosismo e genialidade. “Um Bilhete Prá Didi” é a que melhor expressa a importância da entrada de Pepeu, Jorginho e Dadi, sendo uma magnífica canção instrumental recheada de solos impressionantes através do duelo furioso entre cavaquinho e guitarra, onde Jorginho esbanja técnica tanto na bateria quanto no cavaquinho, e Pepeu é soberano nas seis cordas. Mais rock ‘n’ roll pode ser ouvido em “Tinindo Trincando”, “A Menina Dança” (ambas cantadas por Baby) e na linda “O Mistério do Planeta“, com sessões marcadas, quebradas e com Pepeu como sempre, tocando demais. A bela faixa-título é uma poesia de Morais ao violão e voz, bem como “Swing de Campo Grande” e “Besta É Tu” são sambas de origem, brasileiros de nascença, respeitando a tradição dos nobres compositores dos morros cariocas. Mas, como eu disse, os maiores destaques são “Brasil Pandeiro” e “Preta Pretinha”. A primeira, uma versão para a canção de Assis Valente, foi gravada por sugestão de João Gilberto, e se tornou o maior sucesso do grupo através de um samba simpático, com uma bela divisão vocal entre Paulinho, Baby e Morais, além de um espetáculo de solos feitos por Jorginho no cavaquinho e Pepeu no bandolim e violão. Já a segunda ganhou duas versões no LP, com a segunda sendo apenas a extraçao de um trecho da primeira, em uma longa canção com praticamente apenas dois acordes, em um dos crescendos mais impressionantes, delirantes e belos da música, que gravou para sempre na história da MPB a frase “abre a porta e a janela, e vem ver o sol nascer”. Outro grande destaque é o encarte da versão original, em formato de livreto, apresentando muitas fotos, o que torna o LP ainda mais apetitoso. Se você quer ouvir o que o mundo conhece como Novos Baianos, este é o disco. Se você não ouviu ainda, reze 400 Pai-Nossos, 200 Ave-Marias e gaste o que for necessário para tê-lo, pois quem gosta de música precisa ter isso na sua prateleira.

Novos Baianos F. C. [1973]

Se existe uma definição para álbuns gêmeos, essa definição pode ser aplicada em Acabou Chorare e Novos Baianos F. C.. Apesar de não ter feito tanto sucesso quanto seu antecessor, Novos Baianos F. C. mantém o legado deixado por João Gilberto, em um disco tão bom quanto o anterior. Com o predomínio de composições escritas por Morais Moreira, o Lado A deste LP é basicamente o Lado C de Acabou Chorare”, vide “Sorrir e Cantar Como Bahia“, “Só Se Não For Brasileiro Nessa Hora”, “Cosmos e Damião”, “Vagabundo Não É Fácil” e a estupenda versão para “O Samba da Minha Terra“, de Dorival Caymmi, onde o Novos Baianos emprega samba e rock pesado, sendo a primeira canção a ter a participação do famoso cavaquinho elétrico de Jorginho, recheado de distorções e com Morais fazendo vocalizações encantadoras. A participação dos membros do A Cor do Som, agora efetivados como Novos Baianos, é fundamental para tornar o som do grupo mais rock ‘n’ roll, e apesar do Lado B abrir com outro grande samba, “Com Qualquer Dois Mil Réis”, e possuir a mais bela canção do grupo, “Quando Você Chegar”, uma linda interpretação de Morais com ótimos solos de cavaquinho e bandolim, a pauleira pega em “Os ‘Pingo’ da Chuva”, uma paulada cantada por Baby, e nas instrumentais que encerram o disco: “Alimente”, uma verdadeira batalha entre cavaquinho e bandolim, com Jorginho e Pepeu fazendo miséria nos instrumentos durante variações rítmicas muito bem elaboradas por percussão e pelo baixo de Dadi; e “Dagmar“, cheia de partes intrincadas que se encaixam para construir uma monumental base aos solos de cavaquinho e guitarra. Talvez por não apresentar grandes sucessos (apenas “O Samba da Minha Terra” estourou no Brasil), Novos Baianos F. C. acabou sendo relegado ao segundo plano, mas sua musicalidade é do mesmo nível de Acabou Chorare, e, hoje em dia, isso tem sido reconhecido cada vez mais entre críticos e fãs do grupo. Como adicional, foi durante a concepção desse álbum que o grupo se mudou para o Sítio Cantinho do Vovô, em Jacarépagua (Rio de Janeiro), onde passaram a viver uma vida comunitária entre todos os integrantes e seus familiares, e que foi registrado no filme “Novos Baianos F. C.” (1973). Esse álbum também conta, em sua versão original, com um interessante livreto de fotos.


Novos Baianos [1974]

O grupo foi para São Paulo, morando em uma fazenda no interior da cidade a convite da gravadora Continental. Lá, gravaram Novos Baianos. Também conhecido como Linguagem do Alunte, ele é dominado por canções compostas por Morais e Galvão. Sete das nove canções possuem a participação da dupla. O Lado A é como ver um lindo pôr do sol na beira de um lago: calmo e sereno, com canções estritamente simples e com o mínimo de esforço. Apenas violões, cavaquinhos e vocalizações. “Fala Tamborim (Em Pleno 74)” é samba puro. “Ladeira da Praça” é do mesmo calibre de “O Samba da Minha Terra” e “Brasil Pandeiro”, assim como “Eu Sou o Caso Deles”, a qual já mostra novamente a participação importante da guitarra, transformando samba e rock com muita naturalidade. Outra bela canção é a adaptação para “Isabel (Bebel)”, de João Gilberto, com Jorginho comandando o baile. O Novos Baianos flerta com a psicodelia em “Ao Poeta”, onde Galvão declama um estranho poema em homenagem à letra “r”. Lado negativo: o frevo de “Reis da Bola”. Lado positivo: vários, como as canções citadas anteriormente e a fantástica “Linguagem do Alunte”, que dá sinais do que viria a ser o som do grupo dali por diante, misturando rock com frevo e samba, saindo de vez da linha samba-bossa dos álbuns anteriores. Os principais momentos de Novos Baianos ficam para “Miragem”, uma instrumental sensacional, com uma introdução arrepiante do cavaquinho, bandolim e baixo, em mais um show no solo de cavaquinho, duelando com a guitarra de Pepeu em escalas muito velozes; e “Bolado”, com outra fantástica introdução no cavaquinho e bandolim, tendo uma boa interpretação vocal de Baby. O Novos Baianos ainda estava preso ao samba, mas tentado, de alguma forma deixar esse tipo de composição e dar passos novos. Isso se deu alguns meses após Novos Baianos, que, como naufragou em vendas, levou Morais a seguir carreira solo, levando com ele todo o lado bossa-nova que o grupo tinha.


Vamos pro Mundo [1974]

Morais saiu, e agora quem passou a dominar o processo de composição foi Pepeu.  Como uma espécie de guitar hero, Pepeu carrega o grupo nas costas, junto de Jorginho, o “cavaquinho hero”, lançando esse que, depois de Acabou Chorare, é o melhor disco do grupo. A ausência de Morais abriu espaço para Baby desabrochar musicalmente, e nesse LP ela faz suas melhores participações, assim como Paulinho, que antes ficava quase como um vocal de apoio. “Vamos Pro Mundo”,  “Chuvisco” e “Escorrega Sebosa” são as canções mais Novos Baianos do LP. Já “Guria” e “O Menina” mostram o lado mais suave do grupo, em sambas calmos que enaltecem a voz de Baby. A versão para “Na Cadência do Samba”, de Ataulfo Alves e Paulo Gesta, é um dos principais momentos da história do grupo, de tirar o chapéu (ou de chorar, como preferirem), criando um samba espetacular. Extrapolando a criatividade, misturam tango com rock ‘n’ roll em “Tangolete”, onde Paulinho faz uma dramática interpretação vocal digna dos boêmios do bairro de La Boca, em Buenos Aires, bem diferente do que a versão de Ferro na Boneca. Mas são as canções instrumentais que fazem valer o LP. “América Tropical” é uma paulada, com Pepeu despejando distorção aos montes, tendo ao fundo uma enlouquecida sessão rítmica que parece ter saído de algum álbum do Santana no início de carreira. “Um Dentro do Outro” é quase um heavy metal, com uma cozinha furiosas de Dadi e Jorginho acompanhando os delirantes solos de Pepeu, em uma quebradeira infernal. E a pérola “Um Bilhete Pra Didi” é uma obra de arte valiosíssima. Pepeu sola mesclando ritmos mais lentos e outros extremamente velozes, duelando com Jorginho no cavaquinho elétrico. Jorginho também solta os braços na bateria, e com a participação eficiente de Dadi, que inclusive faz seu solo com um arco de violino, fazem dessa a melhor canção do LP, o qual encerra-se com uma versão instrumental para “Preta Pretinha”, chamada “Preta Pretinha no Carnaval”, onde o cavaquinho entoa a melodia da canção original acompanhado pelo ritmo de uma marchinha de carnaval. Grande disco, que vendeu pouco pois nele praticamente inexiste o tempero baiano dos anteriores. Claro, a pimenta aqui é muito mais quente!


Caia na Estrada e Perigas Ver [1976]

Pepeu passou a explorar sua musicalidade, e adicionou teclados ao som do Novos Baianos. Dadi saiu, substituído por Didi. Ganhando força instrumental, lançaram outro belo álbum, que traz Galvão novamente para o processo de composição do grupo.  “Beija-flor” e “Suor do Sol” são as pequenas gotas de orvalho influenciadas por Acabou Chorare. As demais canções (com exceção da pequena vinheta “Porto dos Balões”, a qual é apenas a pequena Riroca cantando palavras malucas acompanhada por Pepeu) são demonstrações brilhantes dos talentos individuais de Pepeu, Jorginho, Didi, Paulinho e Baby. Começando por Baby, ela gasta a voz em “Ziriguidum”, uma espécie de filha de “Brasileirinho” e na própria “Brasileirinho”, de Waldir Azevedo, com uma interpretação fulminante. “Se Chorar Beba a Lágrima” também tem uma boa participação de Baby, mas é Jorginho quem se destaca, lembrando Narada Michael Walden nos tempos de Mahavishnu Orchestra, com uma performance espetacular. Os rocks aparecem em “Na Banguela”, destacando a interpretação vocal de Paulinho e o hammond e Pepeu, além de outra fantástica performance de Jorginho, e “Barra Lúcifer”, recheada de distorções, com Paulinho cantando de forma mais rockeira, onde Pepeu abusa solando com guitarra e bandolim elétrico. Porém, é na amena “Sensibilidade da Bossa” que Paulinho mostra todo seu talento vocal, cantando de forma simples mas muito bela. Baby e Paulinho dividem os vocais em “Eu Não Procuro Som” , uma grande canção com temas leves e com o hammond assombrando no refrão. A faixa-título é uma das canções que eu mais gosto, com uma letra muito inteligente (“Meus para-choques pra você“) e com Paulinho e Baby dividindo os vocais. Por fim, as instrumentais novamente são o lado mais positivo, através de “Biribinha nos States”, onde cavaquinho e bandolim solam como dois amigos que conversam intimamente, sobre uma andamento muito leve, e “Rockarnaval”, intrincada e com Pepeu agora fazendo solos no hammond, além de Jorginho destruir a bateria. Se Novos Baianos F. C. é o irmão gêmeo de Acabou Chorare, Caia na Estrada… é o irmão gêmeo de Vamos Pro Mundo, completando a lista dos quatro melhores álbuns do grupo.


Praga de Baiano [1977]

A criatividade parece que perdeu o pique a partir desse álbum. O Novos Baianos decidiu apostar no frevo e em canções para Trio Elétrico, transformando o que antes era rock em canções especiais para o carnaval nordestino. Mesmo assim, Praga de Baiano guarda bons momentos, principalmente no lado instrumental. “Vassourinha”, de Matias da Rocha e Joana Ramos, e “Haroldinho Filho e Peixe” são bons exemplos disso. Porém, canções como “O Clube do Povo”, “O Petróleo É Nosso” e “Campeão dos Campeões”, essa em homenagem ao E. C. Bahia, passam longe dos melhores momentos do grupo. Bons sambas estão presentes na faixa-título e em “O Patrão É Meu Pandeiro”, além da bela versão para “Caia na Estrada e Perigas Ver”, praticamente instrumental, com um espetacular solo de Jorginho no cavaquinho elétrico. As melhores canções são novamente as instrumentais: “Pegando Fogo”, onde Pepeu e Jorginho assam os dedos e as palhetas com a velocidade de suas notas na guitarra e no cavaquinho elétrico; “Luzes do Chão”, que diferente de “Pegando Fogo”, não tem tanto virtuosismo, mas é muito bonita, e o encerramento com “Pout-Pourri”, fazendo revisões instrumentais para clássicos da música nacional e internacional, destacando a excelente versão samba-rock para “Show Me the Way”, com Pepeu carregando na distorção, assim como Jorginho, para comandar esse clássico de Peter Frampton. Mesmo não sendo um dos melhores LPs do grupo, é um bom disco, estando na frente, por exemplo, do álbum de estreia em termos de composição e regularidade.


Farol da Barra [1978]

O derradeiro LP do Novos Baianos é também o mais fraco da carreira do grupo. Com Pepeu, Baby e Paulinho pensando em uma carreira solo, e com o A Cor do Som surgindo como um grupo independente, tendo lançado um álbum e feito inclusive uma apresentação no Montreux Jazz Festival de 1978, Farol da Barra foi construído mais para conclusão dos trabalhos com a gravadora CBS do que por motivações próprias. O disco alterna bons momentos com outros desprezíveis. Na parte boa, o jazz de “Straight-Flush”, “99 vezes” (cantada por Pepeu) e “Na Fogueira”, enquanto no lado desprezível entram a versão para “Isto Aqui o Que É?” (original de Ary Barroso), “Vende-se Sonhos” e “O Tico-Tico Mapiou”, todas com um lado muito nordestino que para mim não agrada. Sambas estilo Acabou Chorare estão presentes na bonita faixa-título, “Samba do Sociólogo Louco” e “Lá Vem a Baiana”. Outros destaques vão para os samba-rocks de “Alibabá Aibabou” e “Sugesta Geral”, deixando para “Welcome” o ponto máximo, em uma canção fenomenal, cantada por Pepeu, onde o jazz é exaltado através de solos belíssimos de Pepeu, fazendo vocalizações com a boca que lembram muito o solo de Sergio Dias em “Mutantes e Seus Cometas no País do Bauretz” (Mutantes) e também dando espaço para Didi fazer um breve solo. O grupo também faz uma pequena homenagem ao cantor brasileiro Denis Brean em  “Boogie Woogie do Rato”, a qual é um legítimo samba carioca levado pelos metais e cantado por Paulinho, em uma animada sessão musical que lembra muito o estilo de “Brasileirinho”, que transforma-se em um embalado rock ‘n’ roll, deixando como últimos suspiros do Novos Baianos o legado de criatividade que dominou grande parte da carreira do grupo.

 

Paulinho Boca de Cantor, Baby Consuelo e Pepeu Gomes (acima);
Moraes Moreira e Galvão (abaixo)

Várias foram as reuniões posteriores, com destaque para a de 1998, que gerou o excelente ao vivo Infinito Circular. Porém, jamais o grupo voltou aos estúdios novamente. Mas sempre existe no ar a possibilidade de que esses grandes talentos da música brasileira subam no palco novamente e marquem presença com alguns dos principais clássicos de nossa música.

6 comentários sobre “Discografias Comentadas: Novos Baianos

  1. Os doi ultimos são bem fracos…especialmente o ultimo….mas os demais discos são todos maravilhosos e não devem em nada as melhores bandas …

    Parábens pelo texto

    1. Valeu Fábio. Curto os dois últimos, mas são fracos perto dos demais. Acho o primeiro o mais fraco na verdade

  2. Prezado Mairon! excelente texto, apesar de eu não concordar 100% com todas as resenhas do disco (o que é natural) e com alguns dos destaques dados aos sons, mas gostaria de fazer alguns comentários com relação a biografia da banda. Já li o livro do Galvão (Anos 70, novos e baianos), o filme Novos Baianos FC (do Solano Ribeiro) e o recente documentário (Admirável novo mundo baiano, excelente e muito recomendável). Tem algumas coisas que vc escreveu que são conflitantes com essas fontes que já vi…uma delas é sobre o lance da Cor do Som. Nem ela, nem o nome existia na época de por exemplo, Acabou Chorare. Todos eram Novos Baianos. Sobre a mudança para o sítio do Vovô na Vargem Grande, Rio, isso aconteceu mais ou menos na época da finalização do Acabou Chorare em 72. Eles moravam num ap em Botafogo que tava muito pequeno pra todo mundo. O Galvão também nunca deixou de contribuir para o grupo, sempre atuando como letrista e uma espécie de líder comunitário. Moraes Moreira não saiu por causa de grana ou por baixas vendagens. Ele saiu por que estava se sentindo sufocado de morar na comunidade, a esposa dele era uma garota de classe média alta, que já estava cansada da vida comunitária. Além disso, ele já tinha duas filhas. Ele tentou até propor uma vida paralela fora da comunidade (ainda no Rio), mas a galera não topou, achando que não funcionaria, e ele preferiu sair do grupo.
    Em tempo, a banda é sensacional!
    Abraço!!!
    Ronaldo

    1. Caro Ronaldo, engano seu quanto ao nome A Cor do Som. Se você olhar o compacto No Final do Juízo de 1971 (antes do Acabou Chorare), a banda ainda se chamava Novos Bahianos com h e apresentava Baby Consuelo como uma participação, na contracapa tem “com: A Côr do Som”. Concordo que as informações são bem conflitantes, mas parece que já existia alguma coisa ali para ser A Cor do Som, mas de fato a banda só veio a criar corpo e andar com as próprias pernas anos depois.

      Quanto aos discos, eu não consigo categorizar o Farol da Barra fraco. Ele é de fato um disco de despedida, um disco feito pra terminar contrato, está implicito no clima do disco. No entanto eu acho um disco muito bom.

  3. Grande Ronaldo, valeu pelas informações. Estou doido para ver o Admiravel Novo MUndo Baiano, mas ainda nao encontrei um cinema para isso. As informações que eu peguei foram da internet e de revistas antigas q narram a historia do Pepeu, Baby e Moraes. O filme Novos Baianos FC eu só consegui encontrar partes dele na internet.

    Enfim, valeu mesmo pelas correções

    Abração

  4. Parabéns pelo texto, Mairon! Novos Baianos é uma das pratas da casa que mais admiro! Mas meu favorito deles não é o Acabou Chorare, embora ele traga duas das melhores músicas do grupo – e da música brasileira -, que são "Preta Pretinha" e "A Menina Dança". Meu número um acho que é o Linguagem do Alunte, por manter melhor o nível com ótimas músicas – inclusive a "Reis da Bola" que vc chamou de "lado negativo", e eu quase caio da cadeira aqui – e também pelos elementos de psicodelia. "Fala Tamborim" e "Linguagem do Alunte" são CRÁSSICOS! Às vezes me pego cantando elas por dias.. Infelizmente não conheço os álbuns que vieram depois desse, mas corrigirei isso em breve.
    Uma coisa que costumo perceber sempre que se fala de Novos Baianos é essa insistência em afirmá-los como uma banda de rock, ou algo muito parecido. Acho besteira. Tem rock ali, mas tem muitas otras coisas, e no fim eles terminam sendo mais samba do que qualquer otro estilo. Se a rockeirada quiser ouvir, bem, se não, morram.

    Correçãozinha: acho que houve uma pequena troca na resenha do primeiro disco: …a música nordestina em "Outro Mambo, Outro Mundo", psicodelia em "A Casca de Banana Que Eu Pisei".

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