Discos que Parece que Só Eu Gosto: Aerosmith – Rock in a Hard Place [1982]
Em 1982, a carreira do Aerosmith estava mais pra lá do que pra cá. A saída dos guitarristas Joe Perry e Brad Whitford acabou gerando uma grande divergência entre os fãs do grupo, que não conseguiam assimilar como aquela banda fantástica, que havia gravado álbuns espetaculares como Aerosmith (1973), Toys in the Attic (1975) e Rocks (1976) estava praticamente encerrando sua atividade.
A culpa de tal decadência pode ser atribuída principalmente ao abuso de drogas. Tyler havia abusado de mais, consumindo cocaína como quem consome água. Perry, o parceiro de Tyler nas drogas, tanto que a dupla acabou sendo batizada de Toxic Twins, saiu para tentar uma recuperação durante a gravação de Night in the Ruts, lançado em 1979, sendo substituído por Richard Supa, que ficou pouco tempo no cargo, o qual foi definitivamente ocupado pelo jovem Jimmy Crespo.
Brad Whitford, Tom Hamilton, Steven Tyler, Joey Kramer e Jim Crespo |
Durante essa turnê, em 1980, Tyler teve um colapso em pleno palco, durante um show em Portland. O Aerosmith estava no fundo do poço, e a solução encontrada pela gravadora Columbia, detentora dos direitos do grupo, foi lançar a coletânea Greatest Hits, que vendeu mais de 11 milhões de cópias somente nos Estados Unidos. Quando parecia que o gupo voltaria ao normal, Tyler sofreu um grave acidente de moto no outono de 1980, ficando hospitalizado durante dois meses.
Irritado com a situação, Whitford abandonou o grupo, formado o Whitford / St. Holmes ao lado de Derek St. Holmes, pouco depois das gravações do novo álbum do Aerosmith começar. Para seu lugar, o francês Rick Dufay foi o homem. Sua escolha se deu principalmente pelo bom trabalho no seu álbum solo, Tender Loving Abuse, lançado em 1980, e também pelo visual muito similar ao de Crespo.
Assim, com Tom Hamilton (baixo), Jimmy Crespo (guitarras), Joey Jramer (bateria), Steven Tyler (voz, teclados, harmônica e percussão) e Rick Dufay (guitarra), o Aerosmith voltou aos estúdios para concluir o novo álbum.
Tom Hamilton, Joey Kramer, Steven Tyler, Rick Dufay e Jim Crespo |
Isso acabou deixando registrado para a posteridade a infame atribuição para Rock in a Hard Place de “Pior disco da carreira do grupo”. Isso é uma grande mentira. Rock in a Hard Place é um belo álbum, com rocks pegados e muito similar as canções da fase Perry. Claro que sem toda a inspiração de Toys in the Attic e Rocks, mas mesmo assim, capaz de fazer você voltar o braço do toca-discos por diversas vezes para ouvi-lo.
O álbum começa com uma paulada logo na abertura, “Jail Bait” , com Tyler soltando a voz, trazendo bateria, baixo e o pegado riff da guitarra, Tyler passa a cantar, com a marcação dos riffs de guitarra, e com Kramer ditando o andamento da mesma, em um rock pesado e na mesma linha das canções de clássicos como Toys in the Attic e Rocks.
Jimmy Crespo |
A cover para “Cry Me a River”, de Arthur Hamilton, encerra o Lado A, começando apenas com violão e a voz de Tyler cantando esse grande clássico de forma muito lenta. O baixo de Hamitlon surge, assim como a marcação nos pratos, para então Crespo começar a solar sobre um andamento embriagantemente bluesístico, dando peso para Tyler repetir a letra com o blues pegando solto. Assim como já havía feito com “Train Kept A Rollin’” dos Yardbirds em Get Your Wings, e com “Come Together” na trilha de “Sgt. Pepper’s Lonely Hearts Club Band” (1978), o Aerosmith consegue fazer uma versão que supera a original, e aqui principalmente, pela emocionante interpretação de Tyler.
Rick Dufay |
“Jig is Up” é um boogiezão zeppeliano para nenhum fã do grupo reclamar, com temas marcados e Kramer novamente fazendo uma boa participação, além de mais um interessante solo de Crespo.
O álbum encerra com a balada bluesy “Push Comes to Shove”, onde a bela introdução com Tyler solando na harmônica, acompanhado por guitarra, piano, baixo e bateria, trazem a voz rasgada e bêbada do pai de Liv Tyler, cantando esse blues de encerramento para um bom álbum.
O único sucesso de Rock in a Hard Place foi “Lightning Strikes”. A turnê desse álbum também não foi das melhores, com Tyler novamente passando problemas durante uma apresentação em Worcester. A Columbia despediu o grupo, e o fim era a saída mais óbvia. Mas, como uma Fênix, em 14 de fevereiro de 1984, Perry e Whitford voltaram ao grupo, gravando em 1985 o álbum Done With Mirrors e levando o Aerosmith rapidamente ao sucesso com os LPs Pump (1989) e Get a Grip (1993), investindo em baladas e grudentos refrões, finalmente conquistando uma nova legião de fãs e principalmente, a mulherada.
The Toxic Twins |
Quem sabe agora você se anime a dar uma ouvida com carinho, e perceber que o Aerosmith, mesmo sem seu principal guitarrista, também fez muito som bom em Rock in a Hard Place.
Track list:
Curto esse disco, apesar de ser fã de Joe Perry… É bem melhor do que qualquer uma daquelas baladinhas sem graça que os caras fizeram aos montes, anos depois.
Um disco injustiçado de fato. Espero que o seu comentário chame a atenção da rapaziada!
Eu adoro o Aerosmith da decada de 70. Mas este disco é em particular o meu xodó. Acho Joanie's Butterfly um classico. Se vocês pararem para perceber a dinamica desta musica, ela é classica como Stairway To Heaven. Inicia suavemente, no meio fica um pouco mais pesada e do meio pro final, uma pancada hard rock. Sem contar a letra, bem trabalhada, ponto alto de todas as composições do Steven Tyler. Além do mais tem push comes to shove, bitch's brew… enfim. É um super disco, bem melhor do que o Done With Mirrors e melhor q esse rock farofa que eles fazem atualmente.
Melhor álbum do Aerosmith na minha opinião, clássico absoluto da minha coleção. É incrível o ostracismo que rodeia esse disco que tem uma pegada única. Como escrito pelo colunista não tem música ruim. As 3 primeiras músicas então são de perder o fôlego.
Não está entre os melhores álbuns da banda, mas é um ótimo trabalho, muito melhor do que os álbuns que a banda gravou do Nine Lives em diante.