Discografias Comentadas: Rob Halford fora do Judas Priest
Por Pablo Ribeiro
Robert John Arthur Halford, nascido a 25 de agosto de 1951 na cidade inglesa de Walsall, ficou mundialmente conhecido por sua atuação ao lado do seminal grupo de heavy metal Judas Priest, que definiu vários parâmetros do estilo e redefiniu vários outros, influenciando uma infinidade de bandas através das últimas décadas. Em julho de 1991, depois de 14 discos gravados e quase 20 anos à frente do Judas, Halford deixou a banda, lançando, a partir de então, diversos projetos. Em 2003, Rob retornou à banda, mas tem mantido sua carreira solo paralela. Primeiramente, Halford lançou-se não em carreira solo, mas com uma banda completa, chamada Fight, distanciando-se um pouco do som e da temática lírica do Judas Priest, tendo em ambos os casos um approach bem mais direto e realista. Mesmo assim, nota-se o fogo do Priest na musicalidade do grupo, clima mais evidente no primeiro lançamento.
Fight – War of Words [1993]
A influência do Judas Priest permeia o trabalho inteiro, como não poderia deixar de ser. Com influências thrash, ainda que sutis, e um leve tempero industrial em algumas passagens, War of Words é um puta disco. As levadas mais cadenciadas, os timbres graves das guitarras de Brian Tilse e Russ Parish, somados à cozinha fortíssima do baixista Jay Jay e do baterista Scott Travis (esse, membro também do próprio Judas Priest), fazem do álbum um petardo digno de figurar entre os melhores trabalhos entre os inúmeros em que Rob empregou seus absurdos dotes vocais. As letras, em geral, tratam de assuntos como loucura, violência, relacionamentos, vícios e outras nuances humanas. A bolacha é bem coesa e estável musicalmente, todas as ótimas canções são fortes e cativantes, mantendo o alto nível, mas cito “Nailed to the Gun”, “Into the Pit”, “Little Crazy” e “Immortal Sin”. Sem dúvida, um dos pontos altos na carreira da lenda Rob Halford.
Fight – Mutations [1994]
Aproveitando a ótima receptividade de War of Words, a banda lançou Mutations, um EP com quatro músicas gravadas em Nova York, em 1993, e mais cinco remixes do disco anterior. As canções ao vivo mostram que a banda é mais crua e mais agressiva ainda sobre o palco. Destaque para o vocal de Halford em “Frewheel Burning” (do Judas Priest). Há ainda “Into the Pit”, “Nailed to the Gun”e “Little Crazy”. Os remixes evidenciam, deixando bem “na cara”, as influências industriais do grupo, dando fortes pistas do caminho que Halford seguiria anos mais tarde. Apesar de desagradar muitos puristas à época, algumas músicas ganharam em insanidade. Como um souvenir para fãs, Mutations serve muito bem, e não desabona em nada o nome do grupo. Bom trabalho!
Fight – A Small Deadly Space [1995]
A Small Deadly Space, que conta com Mark Chaussee substituindo Russ Parish, possui boas composições, tem uma certa estabilidade musical, mas não mantém o mesmo ataque que seu predecessor de estúdio. Também depõe contra ele as canções, em algumas situações, a influência grunge da época, prejudicando o ataque das canções. O próprio Halford é mais contido aqui, usando pouco de sua capacidade e desenvoltura vocal. Apesar de não ser um disco propriamente ruim, em comparação com o excelente War of Words, o álbum é apenas mediano.
2wo – Voyeurs [1998]
Sem dúvida o trabalho mais polêmico de Halford até hoje! Trata-se de uma dupla, com Halford unindo forças ao guitarrista John 5 (Marilyn Manson, Rob Zombie) em favor da música industrial/experimental. Resultado: o disco foi massacrado pelos fãs de Rob, que não aceitaram esse direcionamento musical do vocalista, e pela “imprensa especializada” (entre aspas mesmo) que não aceitaram um cantor de rock/metal se metendo a fazer música industrial. Ignorâncias e radicalismos à parte, este NÃO é um disco do Judas Priest, do Fight ou de Halford (solo). Levando isso em consideração, e tendo em mente que esse era o caminho que o vocalista pretendia tomar àquela altura, é possível avaliar o trabalho de uma forma mais aberta. Originalmente, o álbum seria produzido pelo produtor/cantor/multi-instrumentista Trent Reznor (a mente por trás do Nine Inch Nails), esse tendo, inclusive pré-produzido o material, mas acabou nas mãos dos produtores Bob Marlette (Black Sabbath) e Dave Ogilvile (Skinny Puppy), e foi a influência desses que acabou pasteurizando demais o som do disco, mexendo naquilo que poderia ter sido um ótimo disco de música industrial. Halford não execra o álbum, mas admite que ainda prefere os mixes originais de Reznor, e ainda pretende lançar esse material em algum ponto de sua carreira.
Halford – Resurrection [2000]
O título já entrega o que está por vir: o careca está de volta ao metal! Seja por não ter sido bem sucedido em sua empreitada anterior, seja por saudade dos tempos em que reinava no estilo, não interessa. Resurrection é outro tiro certo de Halford… e a artilharia é pesada! O massacre começa com os clássicos berros do cantor na faixa-título, onde Rob faz uma “mea culpa”, explicando que agora está de volta ao gênero que o consagrou. Apesar de o disco ser um desfile de patadas heavy metal, andamentos thrash se fazem explícitos no disco todo, e há até espaço para alguns resquícios – mínimos – industriais em “Locked and Loaded”, por exemplo. Resurrection esbanja velocidade e peso, cortesia da afiadíssima banda do cara na época: os tão competentes quanto “marrentos” Mike Chlasciak e Patrick Lachman nas guitarras, Ray Riendeau no baixo e o “monstro” Bobby Jarzombek (também Riot e Sebastian Bach) nas baquetas. Além desses, há duas participações especiais: Roy Z, da banda de Bruce Dickinson, que contribuiu com guitarras adicionais em praticamente todo o disco, e o próprio Dickinson, que, em um dueto histórico, destrói tudo com Halford em “The One You Love to Hate”, talvez a melhor música do disco, não só pela participação do “sirene anti-aérea”, mas por ser uma composição soberba, mesmo (repare nas guitarras dobradas, e na bateria sólida, com andamento esmagador de Jarzombek)! O careca voltou… e em altíssimo nível! Obrigatório!
Halford – Crucible [2002]
Crucible, que mantém a mesma formação de seu antecessor, é até agora o disco mais pesado da carreira de Rob Halford. Os andamentos thrash estão ainda mais evidentes, há mais vocais gritados e as guitarras estão com a afinação ainda mais baixa. Ouça “Golgotha” e a maravilhosa “Handing Out Bullets” (essa música é um arregaço!) e comprove. Logo depois, Halford voltaria para o Judas Priest, mas mantendo sua carreira solo em paralelo.
Halford – III: Winter Songs [2009]
O disco de Natal de Halford. Por mais estranho que possa parecer, a coisa até funciona em algumas músicas. “Get Into the Spirit”, por exemplo, é uma daquelas porradas velozes, com o vocal de Halford lá na frente, destruindo tudo. Há também algumas não tão rápidas e/ou pesadas, mas que fazem jus à fama do cara. O problema aqui nem são as músicas, que não seguem essa linha. Há boas ideias – ainda que em menor grau – nessas, também. Negativa mesmo é a disparidade gritante entre as cançõe Quase não há uma coesão. Isso deixa o disco confuso, e atrapalha bastante sua apreciação. Pule este!
Halford – IV: Made of Metal [2010]
O mais recente disco de Rob é outro ótimo lançamento digno de sua excelente carreira. O álbum começa com uma bela trinca de canções (“Undisputed”, “Fire and Ice” e a faixa-título) e mantém o alto nível das composições e execução. Se faz presente quase a mesma banda que gravou os discos anteriores, porém sem Lachman – que não faz falta – e com Mike Davis no lugar de Ray Rindeau). Made of Metal é mais uma prova de que Halford, com mais de 40 anos de carreira nas costas, ainda tem muita estrada pra rodar em sua Harley Davidson, e que ele é o dono inconteste da coroa de Metal God!
Uma forma diferente e direta de se analizar uma discografia. Da carreira do Rob fora do Judas, eu gosto do War of Words e do Ressurection. O show dele no RIR III foi matador. O 2wo é brabo de se ouvir, assim como os outros dois discos do Fight. No mais, infelizmente ainda não conheço os últimos lançamentos, mas se forem tão bons quanto Ressurection (esse melhor q qqer disco do Judas fase Ripper Owens), ta valendo
Ressurection é melhor que qq coisa do Priest pós Painkiller, com Ripper ou o próprio Rob. E olha que eu me amarro tanto no Jugulator quanto no Angel Of Retribution.
Um dos primeiros shows que fui na vida foi o Fight aqui no Rio, em 94. Alem de tocarem o primeiro disco praticamente todo, ainda teve Green Manalishi no bis, sensacional!
E o Russ Parish, que tocou no War Of Words, hj em dia toca no Steel Panther.
Eu não acho que o 2wo seja ruim. Não é lá graaande coisa, mas "I Am a Pig" é uma baita música, heavy metal sim senhor, viciante… até pelo pouco êxito da dupla, soa meio sacana do Halford ter feito logo em seguida um álbum 100% heavy metal, tradicional, do jeito para agradar sua antiga geração de fãs e a gurizada que estava começando a ouvir o gênero. Mas não há como ser mais crítico que isso, trata-se de um discaço matador, pra ouvir com um sorriso de orelha a orelha, agitando como se não houvesse amanhã.