Por Mairon Machado
Fundado no final da década de 60, o Uriah Heep é um dos mais tradicionais grupos britânicos do rock pesado. Sua carreira foi marcada por discos essenciais como Look at Yourself (1971), Demons & Wizards (1972), Magician’s Birthday (1972) e Return to Fantasy (1975). Sua formação possuiu diversos integrantes, sempre capitaneados pelo guitarrista Mick Box.
Com o passar dos anos, o som do Uriah Heep (uma espécie de heavy metal progressivo) sofreu mudanças drásticas, chegando ao AOR nos anos 80 e posteriormente, a um rock mais simples, sem composições longas ou álbuns conceituais. Isso ocorreu a partir da entrada do vocalista Bernie Shaw, em 1989, no álbum Raging Silence. Desde então, o Uriah Heep acomodou-se em uma zona de estabilidade, onde passou a lançar álbuns regularmente, e da mesma forma que outro monstro britânico da década de 70, o Deep Purple, mantém o nome do grupo na ativa com discos que, se não são do mesmo nível que os álbuns que o consagraram, pelo menos não fazem vergonha.
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Bernie Shaw, Trevor Bolder, Mick Box, Russell Gilbrook, Phil Lanzon |
O caso de
Into the Wild, lançado recentemente no mundo, e aqui no Brasil através da gravadora
Hellion Records, é surpreendentemente positivo. O mais recente álbum do Uriah Heep agrada aos ouvidos logo de cara, com a pesada “Nail on the Head”, uma pesada canção onde os vocais de Shaw mostram estar em plena forma. A formação atual, com Box, Shaw, Trevor Bolder (baixo), Phil Lanzon (teclados, vocais) e Russell Gilbrook (bateria, vocais), faz um som redondinho, tornando o CD talvez o melhor da fase Shaw, bem a frente do bom
Sonic Origami (de 1998) ou de
Sea of Light (de 1995).
Depois de
Celebration, lançado em 2009, trazendo regravações para clássicos do grupo (que soou muito oportunista por parte do quinteto), esse álbum de inéditas apresenta canções bem trabalhadas. Passando rapidamente pelas canções do álbum, temos: “
I Can See You“, com uma pegada veloz destacando o hammond de Lanzon e Box despejando wah-wah em seu solo; a faixa-título, bem oitentista e com uma levada quadrada da bateria, mas com um refrão bem interessante, assim como a sequência de solos de hammond e guitarra; “Money Talk”, outra bem oitentista, sem acrescentar muito.
“I’m Ready” apresenta um riff grudento, bem como uma linha melódica moderna que soa muito bem através da voz de Shaw, sendo ela responsável por abrir os shows atuais do Heep. Os saudosistas irão gostar da bonita introdução de “Trail of Diamonds”, que nos remete fortemente para o álbum Return to Fantasy, virando um AORzão interessante a partir de então. Já “Southern Star” é uma canção bem típica do atual momento do Uriah Heep, contando com um refrão levanta arena e com um belo solo de Mick Box, assim como “Believe”, onde o destaque vai para outro poderoso refrão para levantar o público.
Por fim, a melhor canção do álbum, “Lost“, com sua levada meio oriental nos riffs de órgão e guitarra, além do baixão cavalgante de Bolder, a alegre “T-Bird Angel”, recheada de órgão e dedilhados de guitarra, com mais um refrão marcante, e a balada “Kiss of Freedom”, encerram Into the Wild em bom nível, deixando o ouvinte satisfeito com os minutos que se passaram.
A versão da Hellion ainda conta com o bônus, que é o vídeo para a canção “Nail on the Head“, além de estar no formato Digipack, sempre valorizado entre os colecionadores, onde destaca a bonita capa criada pelo artista grego Ioannis, responsável por trabalhos de grupos como Styx e Lynyrd Skynyrd. Portanto, Into the Wild é uma boa recomendação para os fãs do Heep, que indica mais alguns anos de vida para esse importante grupo do rock mundial.
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Uriah Heep ao vivo em 2011 |
Track list:
1. Nail on the Head
2. I Can See You
3. Into the Wild
4. Money Talk
5. I’m Ready
6. Trail of Diamonds
7. Southern Star
8. Believe
9. Lost
10. T-bird Angel
11. Kiss of Freedom
gostei muito da resenha do disco..
realmente é um puta disco do UH..
um dos melhores, se não for o melhor, da discografia dos caras..
mas vc falar que eles lançam discos com uma certa regularidade é um engano..
nos ultimos 3 anos eles lançaram 3 discos de estudio, 4 ao vivo e um dvd..
já entre 1998 e 2008 eles não lançaram nenhum de estudio..
de resto ótima resenha..
Obrigado jantchc.O que eu quis dizer com regularidade é que na média, os ultimos albuns do grupo se mantiveram frequentes, e mesmo nao lançando nenhum disco de estudio no periodo citado, foram diversos ao vivo (unplugged, magicians birthday party, )…
Um abraço
Só agora tive a oportunidade de ouvir esse disco.
Achei bom, mas em alguns pontos é muito repetitivo. Quase todas as músicas seguem a mesma receita.
As que mais gostei foram Trail of Diamonds e Southern Star.