Discografias Comentadas: Stryper
Por Leonardo Castro
Formado no início dos anos 80 na California sob o nome de Roxx Regime, o Stryper é sem dúvida alguma a banda de hard rock / heavy metal cristã de maior sucesso no mundo todo, atingindo não apenas o público cristão, mas também milhares de fãs seculares do rock pesado. Apesar de ter ficado inativa entre 1992 e 1999, desde então a banda tem andado bem ocupada, lançando álbuns e excursionando constantemente, tendo inclusive vindo ao Brasil em 2006 para uma apresentação histórica em São Paulo.
Lançado originalmente como um EP de 6 faixas, The Yellow And Black Attack mostrava uma banda bem crua, caminhando entre o hard rock e o heavy metal, mas já contando com diversas características que se tornariam marcas registradas da banda, como os vocais agudos de Michael Sweet e os duetos de guitarra. A produção é simples, mas as composições, como “Loud N Clear” e “From Wrong To Right”, são fortes e fazem deste disco um item obrigatório para os fãs. Já as letras são bastante explícitas em suas mensagens, até exageradas em alguns momentos. Em 1986, o disco foi relançado com duas faixas bonus e uma capa diferente, e é esta versão que se encontra disponível em cd hoje em dia.
Primeiro grande sucesso comercial da banda, Soldiers Under Command também é um dos seus melhores discos. Produzido por Michael Wagener (Accept, Dokken, Skid Row), o disco apresentava composições mais maduras, uma produção mais caprichada e backing vocals sensacionais, que se tornariam outra marca registrada do grupo. Boa parte das músicas do disco permanece nos set lists da banda até hoje, como os singles “Soliders Under Command” e “Reach Out”, além de outros hinos como “Surrender”, “Together Forever” e “Makes Me Wanna Sing”. Soldiers Under Command vendeu mais de 500 mil cópias nos Estados Unidos, o que levou a gravadora Enigma a relançar o EP de estréia da banda em 1986.
Lançado em 1986, To Hell With The Devil consolidou ainda mais o Stryper como uma das principais bandas da cena glam metal de Los Angeles nos anos 80. O disco mostrava uma banda extremamente inspirada, com duas facetas em evidência: a mais pesada em faixas como “More Than A Man” e “The Way”; e a mais melódica e acessível em “Calling On You” e “Free”, além da balada “Honestly”, que ficou em primeiro lugar na MTV americana.
Considerado por muitos fãs o melhor disco da banda, To Hell With The Devil é provavelmente o disco mais indicado para quem quiser conhecer o grupo, pois apresenta todas as características clássicas da banda, além de ter o seu maior hino, a faixa título do álbum. Mesmo vendendo mais de 1 milhão de cópias nos Estados Unidos, alcançando assim o disco de platina por lá, o álbum ainda foi tema de alguma polêmica devido a sua capa original, que mostrava 4 anjos arremessando o diabo para as profundezas do inferno. Como a ilustração não foi muito bem recebida, acabou sendo substituida por uma capa toda preta, apenas com o logo da banda e o título do álbum no meio.
Após o estrondoso sucesso de seu disco anterior, o Stryper suavizou ainda mais o seu som em In God We Trust. A pegada mais direta e pesada de algumas faixas de To Hell With The Devil foi deixada de lado, e a banda priorizou as melodias e intervenções de teclado neste lançamento. Ainda assim, é impossível não reconhecer a força da faixa-título do disco, que tem um riff excepcional, de “Keep The Fire Burning” e de “Writings On The Wall”, as melhores músicas do discos. As outras, infelizmente, não têm o mesmo impacto. A balada “I Believe In You” acabou tendo bastante destaque no Brasil por ter sido incluída na trilha sonora da novela Salvador da Pátria, como tema dos personagens de Maitê Proença e Lima Duarte.
Com Against The Law, o Stryper deu um passo extremamente ousado em sua carreira: abandonou o visual “abelha” dos discos anteriores, apostou em uma sonoridade mais crua e direta e deixou de abordar explicitamente temas religiosos nas letras, que passaram a lidar mais com o cotidiano, relacionamentos e com a vida em geral, ainda que de um ponto de vista bastante cristão. Mesmo que muitos dos fãs tenham acusado a banda de ter mudado para se tornar mais popular no meio secular, musicalmente, o resultado foi excepcional. Com o abandono do uso excessivo dos teclados, os riffs de Michael Sweet e Oz Fox voltaram a brilhar, com uma pegada bem rock and roll que pode ser vista em faixas como “Caught In The Middle”. Outros destaques são “Two Time Woman” e “All For One”, além do cover para “Shining Star”, do Earth Wind And Fire, em uma roupagem sensacional. Infelizmente, o vocalista Michael Sweet abandonou a banda após a turnê de promoção do disco. Após tentar continuar como um trio, o grupo entrou em um hitato até o início da década seguinte, quando o grupo voltou a se reunir.
Após o lançamento de algumas coletâneas e de um disco ao vivo, os fãs aguardavam ansiosamente pelo lançamento de um novo disco de inéditas do Stryper. Contudo, o resultado foi decepcionante. Lançado em 2005, Reborn em pouco lembrava a sonoridade clássica do grupo. Vocais agudos, duetos de guitarra, backing vocals marcantes… Nada disso era encontrado no disco, que apostava em uma sonoridade mais grave, cadenciada e moderna, que em alguns momentos lembra grupos que se encontravam em alta na época, como o Nickelback. Há ainda uma nova versão para “In God We Trust”, rebatizada “I.G.W.T.”, mais moderna e infinitamente pior que a original. Certamente, Reborn é o pior disco para se conhecer o som do Stryper.
Após a decepcão com Reborn, os fãs não sabiam o que esperar do lançamento seguinte do Stryper. Felizmente, Muder By Pride marcava um retorno à sonoridade clássica da banda, ainda que alguns elementos do álbum anterior fossem mantidos. Os principais destaques do disco são a energética faixa de abertura, “Eclipse Of The Son”, a épica “4 Leaf Clover” e a estupenda faixa título, “Murder By Pride”, que resumem bem o estilo da banda. O grupo ainda gravou uma bela versão para “Peace Of Mind”, do Boston, banda da qual Michael Sweet também fazia parte na época. Em resumo, um belo álbum que se encaixa perfeitamente na discogradia do grupo. Vale ainda destacar que a capa do disco foi feita pelo brasileiro Gilvan Rangel, vencedor de um concurso realizado pela banda.
Disco de covers com regravações de bandas que influenciaram os membros do Stryper, The Covering já foi resenhado na Consultoria do Rock (clique aqui), mas ainda assim, é impossível não destacar a belas versões para “Blackout” (Scorpions), “Heaven And Hell” (Black Sabbath), “Lights Out” (UFO) e “The Trooper” (Iron Maiden), assim como a ótima performance vocal de Michael Sweet em todas as faixas. The Covering traz ainda uma nova faixa do grupo, intitulada “God”, que é uma das melhores músicas da carreira da banda.
Bela banda… hard/heavy que quem não aprova o conteúdo lírico do grupo deve parar de ser besta e curtir sem frescura, pois competência não falta. Sem falar que Michael Sweet continua cantando muito bem. Aliás, não sabia que a banda havia gravado "Peace of Mind", do Boston… encontrei um vídeo do Stryper a tocando junto de Tom Scholz, fundador do grupo, legal pacas!
Eu conhecia a banda ha muito tempo, porém não costumava ouví-la muito. isso mudou de uns dois anos para cá. Fui atras de todos os discos e hj sou totalmente adepto. Quam reclama da temática das letras tem que para para pensar porque. Afinal muitos não ligam para as letras de Mercyful Fate e outras. Não sigo religiões então para mim é tudo igual….A voz de Michael Sweet é demais!!!!
já merece a parte 2 kkk, banda que curto demais, excelente texto, parabéns.