Review exclusivo: Paralamas do Sucesso (Porto Alegre, 11 de outubro de 2011)


Por Micael Machado
Devido à lotação intensa do bar, acabei ficando em um local bastante afastado do palco, o que, no caso do Opinião, não chega a ser um problema maior, pois a estrutura do local permite uma boa visibilidade de praticamente qualquer parte do prédio. O que atrapalhava eram algumas pessoas à minha frente, que tiravam minha visão do palco. Mas, graças ao velho truque de colocar uma pessoa bem mais baixa que eu na minha frente (no caso, a querida Luciana, autora das fotos deste post), fazendo com que o pessoal da frente abrisse espaço para ela poder ver alguma coisa, pude finalmente ter uma visão mais adequda do palco, e curtir assim a trilha totalmente anos 80 que rolava no som mecânico, colocando a galera no clima de celebração que a noite tinha enquanto o grupo não começava o seu show.
Com pouco mais de meia hora de atraso (como é comum no Brasil), o trio subiu ao palco, acrescido como sempre de João Fera nos teclados, além de um percussionista convidado e da lenda viva Arnolpho Lima Filho (o Liminha, ex-Mutantes) na segunda guitarra. Para mim, mais um motivo de comemoração, pois era a primeira vez que eu conferia in loco um membro de uma das mais importantes bandas que o Brasil já viu.


Após “Alagados”, Herbert agradeceu ao público, e disse que o set até ali tinha sido especial, mas que agora era hora de passear pelo resto da carreira do grupo. Com “Calibre”, começou a parte “greatest hits” do show, que passou por canções como “O Beco” (uma de minhas favoritas da longa discografia dos Paralamas), “Lanterna dos Afogados”, “Cuide Bem do seu Amor”, “Ela Disse Adeus”, “Loirinha Bombril”, “Caleidoscópio” e “Meu Erro”, dentre outras, encerrando com a clássica “Vital e sua Moto”. Posso não ter dançado tanto quanto na primeira vez que assisti ao grupo, mas foi um grande show, que deixou claro mais uma vez o quanto os três são bons instrumentistas (alguma outra banda do chamado BRock teria músicos de tão alto gabarito em suas fileiras? Penso que não!), apesar de jogarem seu talento nas canções e não no virtuosismo barato, de certa forma justificando o apelido de “Police Brasileiro” que carregam há tempos.


Enfim, foram quase duas horas de muita diversão, festa e boa música. Apesar da sensação de saudosismo que não podia ser evitada em um caso como este (a celebração de um momento único na vida de quase todos que ali estavam, um quarto de século depois), a alegria por reviver boas memórias foi superior a qualquer inconveniente que possa ter acontecido.
Como tive de declarar em determinado momento, éramos todos “bem vindos aos anos oitenta!”. Um tempo bom que não volta mais!
Set list:
1. Selvagem
2. Teerã
3. Melô do Marinheiro
4. Marinheiro Dub
5. A Novidade
6. There’s a Party
7. A Dama e o Vagabundo
8. O Homem
9. Você / Gostava Tanto de Você
10. Alagados
Parte 2
11. O Calibre
12. Ela Disse Adeus
13. Cuide Bem do Seu Amor
14. A Lhe Esperar
15. Meu Erro
16. O Beco
17. La Bella Luna
18. Caleidoscópio
19. Lanterna dos Afogados
20. Loirinha Bombril
21. Vital e Sua Moto
Primeiro Bis
22. Uma Brasileira
23. Sonífera Ilha
24. Ska
Segundo Bis:
25. Óculos
26. Alagados
Legal, não sou fã nem nada da banda, mas não ignoro que ela é possuidora de muitas qualidades. Certamente trata-se de uma das melhores formações egressas do rock brasileiro dos anos 80, que ainda consegue levar sua carreira com dignidade. O recurso de apresentar "Selvagem?" na íntegra não me parece uma tentativa de emular saudosismo barato, mas sim uma celebração totalmente válida.