Cinco Discos Para Conhecer: Os Tributos Hard/Heavy
Por João Renato Alves (originalmente publicado no blog Van do Halen)
Homenagem aos monstros sagrados não é novidade no mundo do Rock. Hoje trazemos uma lista de tributos que não podem faltar na coleção de ninguém.
Legends of Metal: A Tribute to Judas Priest [1996]
Em uma época onde os tributos ainda não tinham virado carne de vaca, a revista Rock Hard organizou uma homenagem de primeiro nível ao Judas Priest. Não à toa, Legends of Metal ainda é um dos melhores exemplares do gênero. Para homenagear uma das bandas mais importantes da história, uma verdadeira seleção de feras, como poucas vezes visto. Importante destacar que a escolha do cast passou diretamente pelo aval de Glenn Tipton e K.K. Downing. Poucas mudanças nos arranjos originais foram feitas, mas os grupos conseguiram fazer com que isso fosse um aspecto a favor. Afinal de contas, não corremos o risco de alguma versão que só os músicos achariam genial, mas que soam como uma verdadeira cuspida no legado de um artista consagrado.
Abrindo o álbum, temos o Helloween sendo extremamente fiel a “The Hellion/Electric Eye”. Na turma dos consagrados, também faz bonito o Mercyful Fate com bela interpretação de King Diamond em “The Ripper”. O Testament dá uma pegada Thrash a “Rapid Fire”, enquanto U.D.O. e Saxon mostram onde aprenderam tudo que sabem com “Metal Gods” e “You’ve Got Another Thing Comin” respectivamente. Outros destaques vão para o maluco Devin Townsend e suas vocalizações em “Sinner”, além do Rage, sendo tradicional até a medula em “Jawbreaker”. O fato curioso vai para o Doom Squad, projeto formado por John Bush e Scott Ian com Whitfield Crane, Joey Vera e Jörg Fischer. Os caras desenterram “Burnin’ Up”, para alegria geral da nação headbanger.
01. The Hellion/Electric Eye (Helloween)
02. Saints in Hell (Fates Warning)
03. Victim of Changes (Gamma Ray)
04. Sinner (Devin Townsend)
05. The Ripper (Mercyful Fate)
06. Jawbreaker (Rage)
07. Night Crawler (Radakka)
08. Burnin’ Up (Doom Squad)
09. A Touch of Evil (Lion’s Share)
10. Rapid Fire (Testament)
11. Metal Gods (U.D.O.)
12. You’ve Got Another Thing Comin’ (Saxon)
Humanary Stew: A Tribute to Alice Cooper [1999]
Se eu tivesse que escolher apenas um tributo para escutar até o fim de minha vida, sem sombra de dúvidas seria esse aqui. Poucas vezes um line-up com tanto talento conseguiu fazer um trabalho tão bom como nessa fantástica homenagem ao grande Vincent Furnier, um dos maiores compositores da história do Rock – ainda não reconhecido dessa forma pelo simples fato de não ter morrido jovem. Aproveitando-se do fato de ser um cara bem relacionado no mundo das guitarras pesadas, Bob Kulick (que toca guitarra-base em dez das onze faixas) chamou amigos e criou uma verdadeira constelação. É mais ou menos como fazer a seleção de todos os tempos, só vai ter craque pra jogar. Como a causa era nobre, todo mundo atendeu o chamado.
Quem abre o espetáculo é a dupla do Def Leppard, Joe Elliott e Phil Collen, com uma ótima versão para “Under My Wheels”. Na sequência, é a vez de Dave Mustaine homenagear mais uma vez um de seus heróis, soltando a voz em “School’s Out”. Mostrando que não apenas as gerações posteriores apreciam o trabalho de Alice, Roger Daltrey comparece e, junto a Slash, revisita o hino “No More Mr. Nice Guy”. Eis que surge um dos momentos mais brilhantes do disco, quando o saudoso Ronnie James Dio se impõe, com uma interpretação fenomenal para “Welcome To My Nightmare”, dando sua cara à música sem descaracterizá-la. Coisas que só o baixinho com voz de ouro conseguia fazer. Eis que chega outro momento de qualidade superior, com a fantástica versão de Bruce Dickinson (com Adrian Smith nas seis cordas) para “Black Widow”. Com um clima todo especial, a voz do Iron Maiden se apropria desse clássico com toda a personalidade que lhe é peculiar.
01. Under My Wheels – Joe Elliott (vocals), Phil Collen (guitars), Bob Kulick (guitars), Chuck Wright (bass), Pat Torpey (drums), Clarence Clemons (saxophone)
02. School’s Out – Dave Mustaine (vocals), Marty Friedman (guitars), Bob Kulick (guitars), Bob Daisley (bass), Eric Singer (drums), Paul Taylor (keyboards), David Glen Eisley, Cristy Baeuerle, Stella Stevens e Tom Fletcher (backing vocals)
03. No More Mr. Nice Guy – Roger Daltrey (vocals), Slash (guitars), Bob Kulick (guitars), Mike Inez (bass), Carmine Appice (drums), David Glen Eisley (backing vocals)
04. Welcome To My Nightmare – Ronnie James Dio (vocals), Steve Lukather (guitars), Bob Kulick (guitars), Phil Soussan (bass), Randy Castillo (drums), Paul Taylor (keyboards)
05. Cold Ethyl – Vince Neil (vocals), Mick Mars (guitars), Bob Kulick (guitars), Billy Sheehan (bass), Simon Phillips (drums)
06. Black Widow – Bruce Dickinson (vocals), Adrian Smith (guitars), Bob Kulick (guitars), Tony Franklin (bass), Tommy Aldridge (drums), David Glen Eisley (backing vocals)
07. Go To Hell – Dee Snider (vocals), Zakk Wylde (guitars), Bob Kulick (guitars), Rudy Sarzo (bass), Frankie Banalli (drums), Paul Taylor (keyboards)
08. Billion Dollar Babies – Phil Lewis (vocals), George Lynch (guitars), Bob Kulick (guitars), Stu Hamm (bass), Vinnie Colaiuta (drums), Derek Sherinian (keyboards), David Glen Eisley (backing vocals)
09. Only Women Bleed – Glenn Hughes (vocals), Paul Gilbert (guitars), Bob Kulick (guitars), Michael Porcaro (bass), Stephen Ferrone (drums), Paul Taylor (keyboards), David Glen Eisley (backing vocals)
10. I’m Eighteen – Don Dokken (vocals), John Norum (guitars), Bob Kulick (guitars), Tim Bogert (bass), Gregg Bissonette (drums), David Glen Eisley (backing vocals)
11. Elected – Steve Jones (vocals, guitars), Duff McKagan (vocals, bass), Billy Duff (guitars), Matt Sorum (drums)
Holy Dio: A Tribute to the Voice of Metal [1999]
Não é todo dia que uma verdadeira constelação se junta para homenagear uma lenda. Para melhorar, o louvado em questão até então estava vivo, o que dignifica ainda mais a ideia, ao contrário de algumas coveiragens recentes. Outro ponto que colaborou com a consistência das versões foi o fato de bandas em sua integralidade se esmerarem nas gravações, ao contrário do catadão que ocorre normalmente nesse tipo de trabalho. Juntando todos esses predicados, podemos colocar Holy Dio entre os melhores exemplares do gênero. Interessante notar que esse é um dos tributos onde os envolvidos menos fizeram alterações nos arranjos de um modo geral. Da mesma forma, o timbre inimitável da voz de Ronnie foi respeitado, embora nunca alcançado.
No primeiro CD, destaque inevitável para a musa Doro Pesch, que trata com respeito a clássica “Egypt (The Chains Are On)” – e as vozes sussurradas no refrão são algo digno de nota. Assim como o já citado Primal Fear, o Jag Panzer e o Fates Warning não inventam muito em “Children of the Sea” e “Sign of the Southern Cross”, respectivamente. O Gamma Ray injeta toda sua energia em “Long Live Rock and Roll”, enquanto Yngwie Malmsteen solta os bichos (e os bululus) na histórica “Gates of Babylon”, em uma versão que contém JSS! A segunda bolachinha mantém o alto nível, com a correta versão para “Man On the Silver Mountain”, protagonizada pelo Hammerfall. Para encerrar, o Angel Dust faz uma lindíssima releitura para “Temple of the King”, em um dos momentos mais sublimes do álbum.
CD 1
01. Don’t Talk to Strangers (Blind Guardian)
02. Kill the King (Primal Fear)
03. Egypt (Doro)
04. Children of the Sea (Jag Panzer)
05. Sign of the Southern Cross (Fates Warning)
06. Rainbow Eyes (Catch the Rainbow)
07. Long Live Rock and Roll (Gamma Ray)
08. Country Girl (Swäno/Tägtgren)
09. Gates of Babylon (Yngwie Malmsteen feat. Jeff Scott Soto)
CD 2
01. We Rock (Grave Digger)
02. Man on the Silver Mountain (Hammerfall)
03. Holy Diver (Holy Mother)
04. Kill the King (Stratovarius)
05. Still I’m Sad (Axel Rudi Pell)
06. Heaven and Hell (Enola Gay)
07. Neon Knights (Steel Prophet)
08. Shame on the Night (Solitude Aeturnus)
09. The Last in Line (Destiny’s End)
10. Temple of the King (Angel Dust)
Bat Head Soup: A Tribute to Ozzy Osbourne [2000]
Quantos desses caras aqui presentes estariam fazendo o que fazem não fosse John Michael Osbourne formar o ‘quadrado mágico’ da música pesada no Black Sabbath? Poucos, com certeza. E por mais que você prefira outra formação, não adianta, o quarteto original é histórico além de qualquer limite pré-estabelecido. Bob Kulick sabia muito bem disso e organizou mais um de seus infalíveis tributos, com uma verdadeira seleção do Hard/Heavy.
De cara, um fator positivo é o de que das onze faixas, nove pertencem à carreira-solo do Madman. Altamente salutar, já que discos do gênero que homenageiam o bom e velho Sabbão não faltam por aí. E abrir com a arregaçadora versão de “Mr. Crowley” foi uma bola mais que dentro, já que se trata de um dos grandes momentos dos tributos by Kulick. Marcando o início da parceria de Tim ‘Ripper’ Owens – aqui ainda sendo apresentado como o vocalista do Judas Priest – com Yngwie Malmsteen, é até hoje a melhor música que gravaram juntos, já que os últimos discos do sueco voador são excelentes… como porta-copos.
01. Mr. Crowley – Tim “Ripper” Owens (vocals), Yngwie Malmsteen (guitars), Tim Bogert (bass), Tommy Aldridge (drums), Derek Sherinian (keyboards)
02. Over The Mountain – Mark Slaughter (vocals), Brad Gillis (guitars), Gary Moon (bass), Eric Singer (drums), Paul Taylor (keyboards)
03. Desire – Lemmy Kilmister (vocals), Richie Kotzen (guitars), Tony Franklin (bass), Vinnie Colaiuta (drums)
04. Crazy Train – Dee Snider (vocals), Doug Aldrich (guitars), Tony Levin (bass), Jason Bonham (drums)
05. Goodbye To Romance – Lisa Loeb (vocals), Dweezil Zappa (guitars), Michael Porcaro (bass), Stephen Ferrone (drums), Michael Sherwood (keyboards)
06. Hellraiser – Joe Lynn Turner (vocals), Steve Lukather (guitars), Billy Sherwood (bass), Jay Schellen (drums), Paul Taylor (keyboards)
07. Shot In The Dark – Jeff Scott Soto (vocals), Bruce Kulick (guitars), Ricky Phillips (bass), Pat Torpey (drums), Derek Sherinian (keyboards)
08. Children Of The Grave – Jeff Martin (vocals), Paul Gilbert (guitars), John Alderete (bass), Scott Travis (drums)
09. Paranoid – Vince Neil (vocals), George Lynch (guitars), Stu Hamm (bass), Gregg Bissonette (drums)
10. Suicide Solution – Adam Paskowitz (vocals), Peter Perdichizzi (guitars), James Book (bass), Nick Lucero (drums)
11. I Don’t Know – Jack Blades (vocals), Reb Beach (guitars), Jeff Pilson (bass), Bobby Blotzer (drums), Paul Taylor (keyboards)
Spin The Bottle – An All-Star Tribute To KISS [2004]
(por Igor Miranda)
Spin The Bottle – An All-Star Tribute To KISS, é o ponto alto dos tributos ao Kiss, na minha opinião. O grupo de mascarados merecia um tributo composto por uma maioria famosa e influenciada pelo Kiss. Tudo começa na capa: simplesmente não há uma capa melhor para um tributo à uma banda que compôs canções como “Lick It Up”, “Take It Off”, “Nothin’ To Lose” (pra quem não sabe, a última fala sobre sexo anal), entre outros verdadeiros hinos para strippers e relacionados.
Mas o ápice está na lista de músicos que integram o play – só boa gente. Como destaques pode-se citar Dee Snider (Twisted Sister), Tommy Shaw (Styx/Damn Yankees), Fred Coury (Cinderella/Arcade), Lemmy Kilmister (Motörhead), Kip Winger (Winger), Paul Gilbert (Mr. Big/Racer X), além da presença inusitada do ex-guitarrista do Kiss, Bruce Kulick, entre muitos outros nomes de peso. O repertório também foi muito bem-escolhido: apenas clássicos da época setentista da banda, como “Detroit Rock City“, “Shout It Out Loud”, “Cold Gin”, enfim… um prato cheio para qualquer fã de Kiss e de Hard Rock, de uma forma geral!
01. Detroit Rock City – Dee Snider, Doug Aldrich, Marco Mendoza, John Tempesta
02. Love Gun – Tommy Shaw, Steve Lukather, Tim Bogart, Jay Schellen
03. Cold Gin – Mark Slaughter, Ryan Roxy, Robben Ford, , Phil Soussan, Steve Riley
04. King Of The Night Time World – Chris Jericho, Rich Ward, Mike Inez, Fred Coury
05. I Want You – Kip Winger, Paul Gilbert, Greg Bissonette
06. God Of Thunder – Buzz Osbourne, Bruce Kulick, Blasko, Carmine Appice
07. Calling Dr. Love – Page Hamilton, Mike Porcaro, Greg Bissonette
08. Shout It Out Loud – Lemmy Kilmister, Jennifer Batten, Samantha Maloney
09. Parasite – Doug Pinnick, Bob Kulick, John Alderete, Vinnie Calaiuta
10. Strutter – Phil Lewis, Gilby Clarke, Jeff Pilson, Bobby Rock
11. I Stole Your Love – Robin McAuley, C.C. Deville, Tony Franklin, Aynsley Dunbar
Eu sempre acho tributos legais.. mesmo quando eles não são, rsrs.
É interessante ouvir versões diferentes, feitas geralmente (assim eu espero) por bandas que admiram o tal artista homenageado.
Vou procurar esta do Judas.
Grande blog!
Abraço.
Esses tributos são ótimos mesmo. Já aquele “We’re a Happy Family” em tributo ao Ramones é horrendo, brega e medíocre. Começando por aquele zé mané do Marilyn Manson estragando o que já era ruim em The KKK Took My Baby Away. O pior tributo já feito para uma banda. Descartável e ultra-oportunista, caça-níquel total.
Discos tributos são sempre arriscados já que muitas vezes o outro artista quer inventar moda e mudar alguma coisa. Sempre detestei ouvir discos tributos, mas um que eu ouvi e não vomitei é o tributo ao Randy Rhoads. Se não é 100% espetacular, pelo menos possui momentos mais do que memoráveis.
Aqui no Brasil um dos discos tributo mais horríveis que eu já ouvi é o “Renato Russo-Uma Celebração”. Aquilo lá é perfeito para dar de presenta para o seu pior inimigo ou pra sacanear um colega no amigo secreto. A banda já era ruim de dor, e ainda chamam outros artistas tão medíocres quanto, ai ferrou de vez. Nem uma lata de lixo merecia receber um lixo tão podre e fétido como esse. Discos tributos aos Beatles então são outros que me fazem chorar de desgosto. Escolhem sempre as mesmas músicas melosas e cafonas do quarteto de Liverpool.