Com muito material composto e gravado, novamente o Dream Theater estava com um álbum duplo nas mãos, o qual desta vez teve o aceite da gravadora para sair nesse formato. Six Degrees of Inner Turbulence, lançado em 29 de janeiro de 2002 manteve, a linha de Metropolis Pt. 2: Scenes from a Memory, apresentando longas suítes no CD 1, tratando de temas como alcoolismo, perda de fé, morte e auto isolamento, enquanto que o CD 2 inteiro é dedicado para a longa faixa-título, com mais de 42 minutos de duração.
“Six Degrees of Inner Turbulence” é uma complicada experiência no mundo sonoro do Dream Theater. Dividida em oito partes, é mais uma canção do grupo a tratar sobre problemas mentais. Desta vez, temos seis pessoas que sofrem cada uma de: bipolaridade, estresse pós-traumático, esquizofrenia, depressão pós-parto, autismo e personalidade dissociativa, as quais são expressas através de diferentes estilos, como o folk, o jazz, a música clássica, e claro, o heavy metal e o progressivo. Outra canção que merece destaque é “The Glass Prison”, a primeira parte do que foi chamado de “Twelve Step Suite”, que conta como Portnoy conseguiu se re-habilitar do seu vício com o álcool. Esse foi o segundo Meta-album da carreira do Dream Theater.
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Dream Theater 2001: John Myung, John Petrucci, James LaBrie, Mike Portnoy e Jordan Rudess |
Mais uma vez, um álbum dos americanos era aclamado tanto por crítica quanto por fãs. Seguiu-se mais uma longa turnê, com a voz de LaBrie começando a dar indícios de melhoras, enquanto Portnoy passava a ditar o rumo do grupo com mais autoridade, chegando ao ponto de ameaçar despedir LaBrie se ele não cuidasse de sua voz. Nessa turnê, surge uma novidade: a apresentação na íntegra de um álbum de outra banda famosa. Nesse período, os álbuns que o grupo apresentava eram Master of Puppets (Metallica) e The Number of the Beast (Iron Maiden).
No ano seguinte, uma rápida turnê ao lado do Fates Warning e do Queensryche, e no dia 11 de novembro é lançando Train of Thought, que traz muitas influências do heavy metal, principalmente dos grupos que o Dream Theater estava “coverizando” no palco (Metallica e Iron Maiden), sendo com certeza o mais pesado disco do grupo. Esse se tornou outro grande sucesso de crítica, mas para os fãs que se acostumaram com o rock progressivo, o som pesado não pegou bem. Por outro lado, uma nova geração de fãs passou a seguir o grupo, voltados para o som pesado que o quinteto estava fazendo.
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Dream Theater 2003: John Myung, Mike Portnoy, James LaBrie, Jordan Rudess e John Petrucci |
O grande destaque do álbum ficou para a faixa de abertura, que apresenta no seu início os últimos acordes de “Six Degrees of Inner Turbulence”, chamada “As I Am”. Além dela, “This Dying Soul” (a segunda parte da “Twelve Step Suite”) e “In the Name of God”, além da instrumental “Stream of Consciouness”, são as melhores canções das sete que preenchem o álbum.
Outra gigantesca turnê mundial aconteceu. Dessa vez, o grupo teve o privilégio de abrir para o Yes, uma das maiores influências da banda, durante a perna americana da mesma. Dessa turnê, surgiu o CD/DVD Live at Budokan, gravado em Tóquio e lançado em outubro de 2004. Aqui, os shows do Dream Theater tornam-se cada vez mais especiais, já que o grupo passa a criar set lists diferentes para cada apresentação.
Encerrada a turnê, voltam para os estúdios, e em 07 de junho de 2005, lançam o oitavo álbum, Octavarium, o qual deu novamente uma mudança no som do grupo, voltando para o progressivo, com destaque para a longa faixa-título, com seus 24 minutos de duração. Outros destaques vão para “These Walls” e a terceira parte da “Twelve-Step Suit”, aqui batizada de “The Root of All Evil”.
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Dream Theater, ao vivo em 2005 |
Depois de ter conquistado os fãs do metal, a crítica acabou caindo em cima do álbum, e os próprios fãs não aceitaram muito bem o retorno ao progressivo. A ideia de construir canções trabalhadas com o sistema de oitavas, além do emprego de uma orquestra, não foi visto positivamente, e o disco acabou vendendo pouco em relação ao seu antecessor. Esse foi o último álbum do grupo com a gravadora Elektra.
O Dream Theater seguiu com as apresentações nos palcos, passando novamente pela América do Sul, com concorridos shows em São Paulo, onde em um show extra, apresentam o álbum Metropolis Pt. 2: Scenes from a Memory, na íntegra. Outros shows dessa turnê, como em Buenos Aires, viram o álbum ser interpretado em sua totalidade, enquanto que diversas cidades acabaram presenciando a execução completa do álbum The Dark Side of the Moon (Pink Floyd), porém interpretado pelo Dream Theater.
Em 2006, o álbum cover da vez a ser interpretado pelo grupo, foi Made in Japan, do Deep Purple. Comemorando os 20 anos de carreira, lançam a turnê Gigantour, ao lado de Megadeth, Fear Factory, Symphony X e Nevermore. Dessa Gigantour, diversos CDs foram gravados e lançados no formato Official Bootleg, através do fã-clube do grupo. Os bootlegs oficiais tornaram-se mais uma preciosidade para os fãs, que podem adquirir material de ótima qualidade através dos lançamentos da Ytsejam Records. O último show da turnê, no Radio City Music Hall, foi registrado no CD/DVD Score, lançado em 2006 pela Rhino Records, sendo este o primeiro show do grupo a ter a companhia de uma orquestra.
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Lançamentos da YtseJam Records |
Após o show no Radio City Music Hall, o grupo decidiu entrar em férias, as primeiras em dez anos. Nesse período, assinam um contrato com a Roadrunner Records, uma afiliada da Atlantic Records, e na volta das férias, voltam para os estúdios, onde compõem e gravam
Systematic Chaos. Lançado em junho de 2007, ele alcançou a décima nona posição na parada da Billboard. O grande destaque vai para a épica “In the Presence of Enemies”. A história dessa canção pode ser conferida na
análise feita pelo colaborador Micael Machado para o Consultoria do Rock. Outras canções que merecem destaque são “Prophets of War” e “The Dark Eternal Night”, além das participações mais que especias de Joe Satriani, Steve Vai, Neal Morse e Jon Anderson, e de mais sete convidados, na canção “Repentance”, a quarta parte da “Twelve Step Suite”.
Systematic Chaos se tornou o álbum mais vendido do Dream Theater nos Estados Unidos, quando de seu lançamento, até aquele momento, conquistando a décima nona posição. Além da versão normal, esse álbum recebeu lançamentos especiais, sendo um deles com o formato 5.1 Surround e outro com um documentário de aproximadamente 20 minutos narrando a construção das canções do mesmo, intitulado Chaos in Progress: The Making of Systematic Chaos.
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Sequência de imagens do livro Lifting Shadows |
Nesse mesmo ano, saiu o livro Lifting Shadows, também lançado em um formato Box Set, contando a história do grupo desde seu início e trazendo muitas imagens raras. Seguiu-se uma bem sucedida turnê, batizada de Chaos in Motion Tour, que durou de junho de 2007 até junho de 2008, passando pela Europa, onde o grupo tocou em diversos festivais, e também nos Estados Unidos, onde o show do dia 30 de julho, em Salt Lake City, culminou com a proclamação do Dream Theater Day pelo governador do estado de Utah, Jon Huntsman Jr. O Dream Theater ainda tocou na Ásia, América do Sul e, pela primeira vez, na Austrália. No total, foram 115 shows em 35 países diferentes.
Em 2008, sai a primeira coletânea oficial, Greatest Hit (… and 21 Other Pretty Cool Songs), que além de clássicos do grupo, contém três re-mixes de canções do álbum Images and Words, cinco versões editadas de canções já lançadas anteriormente e uma faixa inédita, e o grupo volta novamente a excursionar, agora com a Progressive Nation 2008, a qual passou apenas por cidades onde o grupo ainda não havia tocado, ou onde não tocavam há algum tempo.
Em setembro daquele ano, chegou às lojas o DVD Chaos in Motion 2007 – 2008, com canções registradas em várias cidades por onde a Chaos in Motion Tour passou. Esse DVD saiu em dois formatos: um na versão normal, dupla, e outra na versão dupla mais três CDs. Ambos os formatos chegaram para os fãs ainda em 2008.
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A versão DELUXE de Black Clouds & Silver Linings |
Depois de um breve descanso, o grupo concentra-se no décimo álbum de estúdio. Black Clouds & Silver Linings chegou às lojas em 23 de junho de 2009, e foi lançado tanto em CD quanto em vinil, além de uma edição especial com três CDs, sendo um deles apenas com covers, intitulado Uncovered 2008 / 2009, coverizando canções como “Stargazer” (Rainbow), um medley para canções do Queen, “Odyssey (Dixie Dregs), “Take Your Fingers from My Hair” (Zebra), “Lark’s Tongues in Aspic Part II” (King Crimson) e “To Tame A Land” (Iron Maiden). O terceiro CD apresenta apenas versões instrumentais para as canções do álbum.
Porém, a versão cobiçada pelos fãs é a apetitosa DELUXE COLLECTORS, a qual é uma edição em formato Box Set, embalada em folhas de prata em uma caixa de veludo negro, trazendo os 3 CDs, um LP de 180 gr, um DVD com o áudio isolado de cada instrumento para cada canção, um litógrafo da capa do álbum autografado por Hugh Syme (artista que desenvolveu a arte do mesmo) e um mouse pad. Além disso, os que adquiriram essa versão no formato Pre-Order (antes do lançamento), também puderam baixar semanalmente as canções que ainda estavam sendo gravadas. Dentre as 14 mil cópias lançadas, 100 traziam um ingresso de prata para o fã e um convidado encontrar os membros da banda durante um jantar.
Esse se tornou o álbum mais bem sucedido da carreira do Dream Theater, chegando na sexta posição na Billboard quando de seu lançamento, e vendendo mais de 40 mil cópias apenas na primeira semana no país. O álbum apresenta canções que relatam problemas pessoais vividos pelos integrantes do Dream Theater, principalmente Portnoy, que escreveu “The Best of Times” em homenagem à seu pai, falecido de câncer, assim como “A Nightmare to Remember” narra um acidente de carro no qual o baterista esteve envolvido, entre outros temas. O grande destaque porém ficou com “Wither”, que recebeu um single contando com uma versão alternativa somente com voz e piano, uma versão com John Petrucci nos vocais e também uma versão de “The Best of Times”, com Portnoy nos vocais. “A Rite of Passage” é outra canção desse álbum que merece a atenção dos fãs.
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Single de “A Rite of Passage” |
Com Black Clouds & Silver Linings, Petrucci foi indicado como o segundo melhor guitarrista da história do heavy metal pelo escritor Joel McIver, em seu livro The 100 Greatest Metal Guitarists, semanas após o álbum. A Progressive Nation Tour veio na sequência, agora, ao lado de grupos como Opeth, Unexpect e Bigelf. Na perna americana, Zappa Plays Zappa, Bigelf e Scale the Summit foram responsáveis por abrir os shows. O grupo lançou um vídeo promocional para “Wither” em novembro de 2009, e ao término da Progressive Nation Tour, gravou a canção “Raw Dog”, a qual fez parte do EP God of War: Blood & Metal, o qual é trilha sonora do jogo de mesmo nome. Essa canção foi o último registro de Portnoy, que decidiu afastar-se dos trabalhos com o Dream Theater.
Após mais uma grande turnê, que passou por Austrália, América do Sul, América do Norte e Europa, em setembro de 2010, mesmo mês que John Myung recebeu o prêmio de melhor baixista de todos os tempos, Portnoy anunciou seu afastamento do Dream Theater, alegando problemas pessoais, principalmente cansaço e pouco tempo para viver com sua família. Na verdade, Portnoy propôs uma pausa no grupo, mas os demais membros não concordaram, e então, o baterista decidiu seguir seu próprio rumo, indo gravar com o grupo Avenged Sevenfold.
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Mike Mangini, Jordan Rudess, James LaBrie, John Myung e John Petrucci |
Porém, o baterista, que ganhou 23 prêmios de melhor baterista eleito pela revista Modern Drummer, e foi o mais jovem baterista a ser nomeado para a Calçada da Fama da bateria, não foi bem sucedido na sua ideia, e tentou voltar ao Dream Theater, mas já era tarde. O quarteto restante já estava em busca de um novo baterista, e não iria voltar atrás na decisão. Depois de diversas audições para encontrar um novo baterista, a expectativa entre os fãs crescia cada vez mais. Em abril de 2011, o documentário
The Spirit Carries On apresentava o processo de busca pelo novo baterista aos fãs. No total, sete músicos estavam sendo testados pelo Dream Theater: Marco Minnemann, Virgil Donati, Thomas Lang, Derek Roddy, Aquiles Priester, Peter Wildoer e Mike Mangini. No final daquele mês, finalmente o nome do novo baterista era revelado: Mike Mangini.
Ao mesmo tempo em que buscavam o novo baterista, o grupo já gravava o material para seu próximo álbum. No dia 09 de junho de 2011, foi disponibilizada on-line a primeira canção gravada para o novo álbum, “
On the Back Angels”, que já agradou os fãs logo na primeira audição. Finalmente, no último dia 13 de setembro,
A Dramatic Turn of Events chegou às lojas, alcançando a oitava posição em vendas logo na primeira semana de vendas.
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Versão Box Set de A Dramatic Turn of Events |
Imprensa especializada e fãs têm admirado o trabalho de A Dramatic Turn of Events, apesar da difícil assimilação nas primeiras audições. A estreia de Mangini foi bem recebida, e apesar da incerteza que pairava sobre sua capacidade de conseguir substituir Mike Portnoy, o baterista conseguiu executar a façanha com muito talento. Os principais destaques ficam por conta das canções “On the Back Angels”, “This is the Life” e a longa “Breaking All Illusions”.
O grupo voltou aos palcos, onde está em turnê com a A Dramatic Turn of Events Tour, trazendo aos fãs aquilo que eles esperam de um show do Dream Theater: perfeição, talento, virtuosismo, improvisações e grandes canções.
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Discografia do Dream Theater, de 2002 até 2011 |
Abertura: “Metropolis Pt. 1” [do álbum Live at the Marquee – 1993]