Melhores de 2011: Por Leonardo Castro
Megadeth: Shawn Drover, Dave Mustaine, Chris Broderick e Dave Ellefson |
Nesta primeira semana de janeiro, de segunda a sexta, diversos colaboradores da Consultoria do Rock estarão apresentando listas com suas preferências particulares envolvendo os novos álbuns de estúdio lançados em 2011. Cada redator tem a oportunidade de elaborar sua listagem conforme seus próprios critérios, escolhendo dez álbuns de destaque, além de uma surpresa e uma decepção (não necessariamente precisam ser discos). Conforme o desejo de cada um, existe também a possibilidade de incluir outros itens à seleção, como listas complementares, enriquecendo o processo e apresentando sugestões relacionadas ao ano que acabou de se encerrar. Como culminância do processo, no sábado, os dez álbuns mais citados serão compilados e receberão comentários de todos os colaboradores, não importando o teor das opiniões.
Por Leonardo Castro
Álbuns do Ano
Megadeth – Th1rt3en |
Revisitando a sonoridade mais melódica de discos como Countdown To Extinction (1992) e Youthanasia (1994) com muito sucesso, Dave Mustaine e cia. lançaram mais um belíssimo disco. Muitos acusaram a banda de não ousar e apenas repetir o que já havia feito no passado neste lançamento, mas entre inventar e lançar algo como Lulu (Metallica) e ficar na zona de conforto compondo músicas como “Sudden Death”, “Public Enemy Number 1” e “New World Order”, eu fico definitivamente com a segunda opção. E ainda que o disco anterior, Endgame (2009), tenha causado mais impacto na época de seu lançamento, Th1rt3en tem músicas mais marcantes, com riffs e refrões que grudam na cabeça e não saem mais.
Hardcore Superstar – Split Your Lip |
Depois de dois discos espetaculares em sequência, o auto-intitulado álbum de 2005 e Dreamin in a Casket, de 2007, o Hardcore Superstar deu uma pisada de leve na bola com Beg For It, de 2009, um disco um tanto melódico e bonitinho demais para os padrões do grupo. Contudo, a banda resgata boa parte da sujeira e atitude sleaze glam em seu último álbum, Split Your Lip. Com uma produção pesada e moderna, músicas como “Last Call For Alcohol”, “Sadistic Girls” e “Moonshine” resgatam o que a banda tem de melhor, com riffs ganchudos e refrões grudentos.
Vicious Rumors – Razorback Killers |
Desde a morte do vocalista Carl Albert, em 1995, a carreira do Vicious Rumors tem tido diversos altos e baixos, mas Razorback Killers definitivamente faz parte dos altos. O primeiro destaque do disco é o novo vocalista, Brian Allen, certamente o que melhor se encaixou na banda desde o falecimento de Albert. Já o instrumental aposta em um misto entre o thrash metal mais moderno e o clássico power metal oitentista norte americano, na linha Sanctuary / Helstar / Armored Saint, tudo conduzido pelos excelentes riffs e solos de Geoff Thorpe. Escute “Murderball”, “Axes To Grind” ou “Right Of Devastation” e tente ficar parado!
Amon Amarth – Surtur Rising |
É impressionante como o Amon Amarth consegue se superar a cada lançamento. Ainda que pouco mude na sonoridade da banda a cada álbum, a qualidade das composições só aumenta a cada novo disco lançado. Surtur Rising não foge à fórmula consagrada do grupo, mas é um pouco mais direto e agressivo que seu disco anterior, Twilight Of The Thunder God, de 2008. Ainda assim, os riffs continuam tendo uma dose de melodia que torna o som da banda acessível até para quem não é fã de death metal, assim como os belos solos e duetos de guitarra. Mas não se iluda, pedradas como “Destroyer Of The Universe” e “War Of The Gods” tem um peso descomunal, enquanto o lado mais épico da banda aparece em “Töck’s Taunt – Loke’s Treachery Part II” e “Wrath Of The Norsemen”. Sem falar no dvd bonus da edição limitada, que tem quatro shows completos da banda, cada um com um disco tocado na íntegra!
Whitesnake – Forevermore |
Misturando o melhor das fases pré e pós 1987, David Coverdale e Doug Aldrich conseguiram compor o melhor disco do Whitesnake em bastante tempo. Ainda que os demais membros da banda se destaquem ao longo do álbum, são as composições da dupla que fazem de Forevermore um álbum tão bom. Desde a abertura bluesy com “Steal Your Heart Away” ao fechamento com épica faixa-título, passando por pérolas como “Love Will Set Your Free”, “Love And Treat Me Right” e “Dogs In The Streets”, Forevermore soa como uma explosão de rock ‘n’ roll em estado bruto. Pena que ao vivo a banda não tenha mais esse pique todo.
Sixx:A.M. – This Is Gonna Hurt |
Pesado e moderno, mas extremamente orgânico e envolvente, This Is Gonna Hurt traz Nikki Sixx em ótima companhia, com o versátil DJ Ashba nas guitarras e o excelente vocalista James Michael, capaz de dar uma vida extra a composições que já eram naturalmente boas. Músicas como a faixa título, “The Lies Of The Beautiful People” e “Help Is On The Way” mostram que é possível se fazer rock sem soar datado ou presunçoso, como a maioria das bandas atuais. Recomendável até para quem não suporta o Mötley Crüe.
Anthrax – Worship Music |
Após oito anos de espera, eis que o Anthrax lançou um novo álbum, o primeiro com o retorno de Joey Belladonna, vocalista presente na formação clássica da banda. Contudo, quem esperava um retorno à sonoridade de discos como Among The Living (1987) ou Persistence Of Time (1990) certamente se decepcionará, uma vez que Worship Music soa como uma evolução do disco anterior, We’ve Come For You All, de 2003, e não como um revival thrash metal. Ainda assim, canções como “Fight’em Til You Can’t”, “The Devil You Know” e “I’m Alive” mostram que a banda ainda tem muita lenha para queimar, e que, apesar das inúmeras mudanças nos últimos anos, continua tendo uma identidade própria que se manteve intacta. Mal posso esperar pelos shows em abril.
Iced Earth – Dystopia |
Confesso que já havia perdido a esperança com John Schaffer e cia. Como uma banda que lançou discos como Night Of The Stormrider (1991), The Dark Saga (1996) e Something Wicked This Way Comes (1998) havia conseguido lançar dois discos tão sem graça nos últimos anos? Pouquíssima coisa se salvava em Framing Armageddon (2007) e em The Crucible Of Man (2009), mas o mais irritante eram as intermináveis introduções e interlúdios que permeavam os dois álbuns. Felizmente, tudo isso foi deixado de lado em Dystopia, que mostra a banda investindo em músicas mais diretas e coesas, como fazia em seu auge. O novo vocalista Stu Block também é uma grata surpresa, com um timbre que lembra bastante o de Matthew Barlow, mas com agudos à la Tim Owens. Uma bela retomada para uma carreira que parecia perdida.
Cauldron – Burning Fortune |
Se no primeiro disco, Chained To The Nite (2009), o Cauldron investiu em uma sonoridade mais próxima à do Dokken e do Judas Priest oitentista, em Burning Fortune o lado mais NWOBHM da banda ficou em maior evidência, gerando ótimos resultados. Músicas simples, mas com belos riffs de guitarra e refrões marcantes, como “All Or Nothing” ou a grudenta “Miss You To Death”, são o grande destaque do disco, que apesar de não trazer de nada original, transborda paixão e honestidade em cada faixa. Hard ‘n’ heavy descompromissado como tem que ser, que garante 40 minutos de muita diversão.
Machine Head – Unto the Locust |
Depois de uma estreia arrasadora com Burn My Eyes (1994), o Machine Head lançou discos bem irregulares, como The Burning Red (1999) e Supercharger (2001). Contudo, desde o lançamento de Through The Ashes Of The Empire (2003) que a banda vem acertando a mão, e se o disco anterior, The Blackening (2007), já havia sido um arregaço, com Unto The Locust o grupo atingiu um patamar ainda mais alto. Moderno, pesado e épico, o disco mistura o que o heavy metal sempre teve de melhor, seja nos anos 80, 90 ou atualmente, alcançando resultados impressionantes. Além da qualidade das composições, é impossível não elogiar o trabalho de guitarras de Rob Flynn e Phil Demmel, irrepreensível. Muitos questionam se a banda pode ser classificada como thrash metal, e, honestamente, eu acredito que não, visto que influências de diversas vertentes do heavy metal podem ser encontradas no som do grupo. Contudo, em nenhum momento o som da banda soa como uma colcha de retalhos, e sim como Machine Head, sempre. Escute “I Am Hell (Sonata In C#)”, “Locust” e “Darkness Within” e confira!
Menções Honrosas:
Onslaught – Sounds Of Violence
Helstar – Glory Of Chaos
Hell – Human Remains
Demonaz – March Of The Norse
Shadowside – Inner Monster Out
Evile – Five Serpent’s Teeth
Black N Blue – Hell Yeah
Riot – Immortal Soul
A Surpresa
Slipknot no Rock in Rio |
Apesar de já ter visto um ou outro videoclipe da banda anteriormente, o som do Slipknot nunca me atraiu o suficiente para ouvir um disco inteiro. Sempre achei tudo na banda extremamente exagerado, o visual, a quantidade de integrantes, efeitos sonoros… Contudo, com menos de 10 minutos de show, o grupo já havia conquistado um novo fã. Ainda que você não goste do som, é inegável que o grupo faz um espetáculo visual impressionante, com uma postura de palco ao mesmo tempo carismática e ameaçadora. Mas a minha surpresa foi a qualidade da música, que ganha muito quando executada ao vivo. Ainda assim, comprei os discos na semana seguinte e me surpreendi, há muito mais do que barulho e scratches, com riffs e refrões muito bem trabalhados, principalmente nos álbuns Vol. III (The Subliminal Verses) (2004) e All Hope Is Gone (2008). Recomendado mesmo para quem não curte nü-metal, como eu.
A Decepção
Ratt |
Depois de lançar um disco maravilhoso em 2010, Infestation, e de fazer uma pequena turnê pelos EUA e tocar em alguns festivais europeus, torcia para que 2011 fosse o ano da consolidação da volta da banda, com mais shows, inclusive no Brasil, e, se possível, o lançamento de um DVD ou disco ao vivo. Entretanto, a banda anunciou mais uma pausa nas atividades, com Stephen Pearcy voltando a investir na sua carreira solo inexistente, Bobbly Blotzer lançando um livro detonando todos os companheiros de banda e os restantes investindo em outros projetos, nenhum de maior expressão. Quando eles vão se tocar que apenas juntos conseguem alguma coisa?
Concordo em 100% com a surpresa e a decepção. Já conhecia diversas músicas do Slipknot através de videoclipes, mas nunca havia parado para ouvir álbum algum, apesar de admirar o talento e a versatilidade de seu vocalista, Corey Taylor. Foi só apos o Rock in Rio que parei para ouvir seus discos… e que ótima surpresa! Os quatro são ótimos, pra dizer o minimo, mas "Iowa" é uma desgraceira de fazer muita banda metida a extrema corar de vergonha. Quem tem aquela imagem do nu metal vinculada a bandas como Limp Bizkit e Papa Roach pode esquecer: o Slipknot é cheio de influências thrash e death metal que o tornam muito diferentes dos citados.
E o ratt, hein? Lançaram um monstro de um disco, tinham tudo pra continuar em uma crescente, mas se deixaram levar pelas velhas picuinhas e tomaram cada um seu rumo. Esse Bobby Blotzer então, é caso perdido, a capacidade dele de falar bobagem e arrumar encrenca com os companheiros é maior que seu talento como baterista. Uma pena ver a melhor banda de hard rock dos anos 80 desperdiçando talento…