Por Thiago Reis
Antes mesmo de falar a respeito das músicas que compõem o novo álbum do Chickenfoot, o segundo disco do grupo, batizado curiosamente de
III, devemos dar um destaque especial para a capa e para o encarte do disco. A arte foi feita em 3-D, e, com o óculos que acompanham o encarte, podemos conferir fotos de extremo bom gosto dos membros da banda. Além disso, na parte de trás de cada foto, temos uma “ficha técnica” de cada integrante. Uma ótima sacada da gravadora e um ponto positivo para a
Hellion Records, que lançou o disco aqui em nossas terras. Em tempos de pirataria e downloads ilegais, esse tipo de trabalho pode ser um diferencial para a compra do item original.
Iniciando com as músicas, temos a faixa de abertura, chamada “Last Temptation”, que é bem empolgante e possui um refrão “dançante”. Possui energia de sobra e é justamente assim que uma faixa de abertura deve soar. Além disso devemos destacar as levadas de bateria de Chad Smith e os ótimos solos de Joe Satriani. A segunda canção, “Alright Alright”, é bem animada e possui um refrão de fácil assimilação, o que ajuda ainda mais para que a música se torne bem agradável. Puro rock ‘n’ roll, sem muitas firulas, conseguindo atingir o ouvinte no alvo.
Seguimos com “Different Devil”, que tem uma introdução bem morna, mas dotada de uma performance vocal envolvente de Sammy Hagar. Após essa introdução, segue-se um ritmo um pouco mais lento, responsável pelo clima que a música proporciona. E claro, mais um ponto positivo para Joe Satriani, que fez mais um solo acima da média, sem sair do clima da música.
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Michael Anthony, Sammy Hagar, Joe Satriani e Chad Smith |
“Up Next” traz um riff dono de um groove incrível que fica na cabeça. Traz uma boa performance vocal de Sammy Hagar, mas ao contrário das três primeiras, não possui um refrão tão marcante. Para acompanhar o solo de Joe, Chad Smith faz ótimas escolhas em seu kit, o que enaltece ainda mais o momento. O Chickenfoot continua com “Lighten Up”, começando de uma maneira que não empolga tanto, para que depois entre um riff com algumas influências de blues, além do sempre consistente vocal de Sammy, fazendo com que a música não caia na mesmice. Mesmo assim, certamente não se trata de um dos pontos altos do álbum, muito pelo contrário.
“Come Closer” traz de volta o alto nível, através de uma introdução muito bonita, guiada pelo vocal e pelos acordes escolhidos a dedo por Joe. A entrada do baixo e da bateria são a cereja do bolo, criando um ritmo envolvente, destacando a música entre as outras faixas de III. “Three and a Half Letters” é energética, pesada e tem tudo para funcionar ao vivo. Possui bons riffs, além ed um vocal mais rasgado que combina perfeitamente com a letra da música.
A subsequente, “Big Foot”, é dotada de um ótimo riff introdutório e de mais um solo inspirado de Joe Satriani, mas mesmo assim não garante destaque entre as melhores do disco, devido à falta de um refrão marcante ou de um groove facilmente memorizável. “Dubai Blues” é uma das melhores, com uma introdução de baixo que cria o ritmo perfeito para a entrada da guitarra. Possui ótimos vocais e mais um grande solo de Joe (que novidade!!!). O que falta em “Big Foot”, temos de sobra em “Dubai Blues”, ou seja, muito groove.
O disco é encerrado com “Something Going Wrong”, dona de uma introdução guiada por uma linha de guitarra que mistura um blues/country com uma melodia vocal mais oriental. O resultado é perfeito. Joe Satriani apresenta um show à parte nessa faixa, transpirando criatividade e bom gosto. Uma ótima maneira de encerrar o álbum por cima, que nos faz esquecer os poucos deslizes que encontramos ao longo da audição de III.
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O quarteto posando com o óculos 3D que acompanha o encarte do CD |
Musicalmente, III não apresenta nenhuma inovação digna de nota, mas os músicos garantem ao ouvinte boa música e diversão. Além disso, o capricho demonstrado através do belo trabalho gráfico é um atrativo a mais para os colecionadores de plantão, que ainda valorizam a mídia física. Agora nos resta esperar por uma passagem desta super banda em terras brasileiras, já que o rock ‘n’ roll de primeira qualidade estará mais do que garantido.
Como deixei explícito na minha lista de melhores do ano, reconheço as qualidades do Chickenfoot e do álbum, mas acho que eles ficam devendo em relação ao que eu esperaria… Algumas músicas são legais, como "Different Devil" e "Three and a Half Letters", mas acho pouco pra um grupo que congrega caras tão talentosos…