Review Exclusivo: Ratos de Porão (Bauru, 9 de março de 2012)
Por Bruno Marise
Imagens: facebook oficial do Jack Pub
Os fãs de som pesado da região entraram em êxtase quando souberam que o Ratos de Porão tocaria em Bauru depois de seis anos. Pessoas de várias cidades (Lins, Marília, Botucatu, Pirajuí, Cerqueira César, Lençóis Paulista, Jaú…) apareceram para participar do caos que foi instaurado na noite da última sexta-feira, nove de março. Era a chance de presenciar uma verdadeira instituição da música pesada brasileira e mundial. Ao chegar aos arredores do Jack Pub, já era possível ver a enorme movimentação de camisas pretas na porta.
Depois de algum tempo de espera e três bandas de abertura, o público que lotava o recinto já ansioso entoava “Ratos! Ratos! Ratos!”. O Jack é uma casa de shows bem pequena, com ares de barzinho, onde o palco fica quase na altura da pista, tornando a quebradeira e o contato da banda com o público ainda maior. Os roadies saíram de cena e Boka assumiu as baquetas, Juninho e Jão aparecem e, por último, João Gordo, dando a certeza de que a hecatombe iria começar.
Bastou soar o riff de “Contando os Mortos” para levar o público ao delírio e armar o bate cabeça. O som estava ótimo, apesar da reclamação dos membros da banda de falta de retorno e guitarra muito baixa. Fim da música, pausa para respirar. Gordo deu o seu boa noite e agradeceu. Anunciou os 20 anos completados do clássico Anarkophobia (1991) e mandaram em sequência “Morte Ao Rei” e “Sofrer”, muito pedida pela galera.
Depois da dobradinha em celebração a Anarkophobia, Gordo questionou qual disco o público queria ouvir, e Brasil (1989) foi a escolha, abrindo a nova sequência com os petardos “Amazônia Nunca Mais” e “Máquina Militar”. Nos intervalos entre as músicas, o público gritava o que queria ouvir, e em algumas vezes a banda aceitava, como no caso de “Toma Trouxa”, que quase levou a casa abaixo.
No final de “Testemunhas do Apocalipse”, única música do disco mais recente da banda, Homem Inimigo do Homem (2006), Gordo pediu a todos que fizessem o sinal da “mão de fogo”, e então esguelou: “MOOOOOOOOORRREEEEEEEER”. Jão meteu a mão na guitarra e, quando a cozinha entrou no meio, a pancadaria comeu solta, com a galera batendo cabeça, pulando e berrando o refrão.
Os discos Anarkophobia e Brasil, talvez os mais celebrados pelos fãs, foram predominantes no setlist, fato que fez a alegria do público mais old school. Just Another Crime In Massacreland (1993) e Onisciente Coletivo (2002) foram ignorados, com nenhuma música aparecendo no repertório.
A apresentação foi relativamente curta, durando aproximadamente uma hora, mas valeu muito a pena pela intensidade e qualidade do show. Talvez não seja fácil para os três membros mais antigos, quase cinquentões, segurar um rojão desses por mais tempo que isso. Mas por ser uma banda de 30 anos, o RDP continua destruidor ao vivo, sem perder em nada a potência e a agressividade.
A noite se encerrou com um medley do clássico Crucificados Pelo Sistema (1984), e o público aproveitou para se esgoelar por mais alguns minutos e descarregar todas as energias. Fim de show, todos cansados, suados, roucos e doloridos, mas de alma lavada e satisfeitos. Vida longa ao Ratos de Porão! Trinta anos de pancadaria e violência, e que venham mais 30!
Set list:*
Contando os Mortos
Morte Ao Rei
Sofrer
Amazônia Nunca Mais
Máquina Militar
Testemunhas do Apocalipse
Morrer
Mad Society
Beber Até Morrer
Crianças Sem Futuro
Crise Geral
Velhus Decreptus
Ascenção e Queda
Crocodila
Aids, Pop, Repressão
Igreja Universal
Herança
Toma Trouxa
Bis:
Crucificados Pelo Sistema
Pobreza
Obrigado a Obedecer
Agressão/Repressão
*Infelizmente não tive acesso ao set list em lugar algum, peço desculpas por não estar na ordem exata, mas todas as músicas apresentadas estão na lista.
Não sei se houve alguma reforma no Jack, mas não consigo imaginar um show do Ratos do Porão lá…O local é adequado para bandas pequenas e covers e não para a pancadaria natural em um show desses.
Não sei se houve alguma reforma no Jack, mas não consigo imaginar um show do Ratos do Porão lá…O local é adequado para bandas pequenas e covers e não para a pancadaria natural em um show desses.
Bela estreia bruno. Bem vindo a casa e parabéns por assistir a esse grande show. Abraço
Vi o Ratos apenas uma vez na vida aqui em Porto Alegre, e foi uma pancadaria mesmo! Grande banda, que ao vivo é superada por poucas outras nacionais na arte de fazer um grande show!
Bela resenha, Bruno! Bem vindo ao blog!
Valeu galera, é um prazer escrever pro Consultoria!
Fernando, não sei como era o Jack antes, mas ainda é bem pequeno pra um show desse porte. Se fosse em algum lugar com palco mais alto e maior espaço pro público, com certeza teria sido mais adequado