Review Exclusivo: o fiasco do Metal Open Air – Parte I
Os colaboradores Fernando Bueno e Leonardo Castro estiveram
presentes naquele que deveria ter sido o maior festival de heavy metal
da história do Brasil. Em dois artigos publicados hoje, ambos narrarão os
acontecimentos de acordo com seus pontos de vista, externando as frustrações sentidas na pele. Informamos também que a coluna “I Wanna Go Back”, que seria publicada hoje, passará a ser mensal, retornando no dia 9 de maio.
presentes naquele que deveria ter sido o maior festival de heavy metal
da história do Brasil. Em dois artigos publicados hoje, ambos narrarão os
acontecimentos de acordo com seus pontos de vista, externando as frustrações sentidas na pele. Informamos também que a coluna “I Wanna Go Back”, que seria publicada hoje, passará a ser mensal, retornando no dia 9 de maio.
Por Fernando Bueno
A expectativa era enorme. Desde novembro do ano passado, quando surgiram as primeiras especulações acerca do festival, ainda sendo divulgado como uma versão brasileira do Wacken Open Air, realizado anualmente na Alemanha, fui um de seus defensores. Meu otimismo dava forças para rebater o acomodado povo do Sudeste, que fazia de tudo para desacreditar o evento. Por puro preconceito, acreditavam que o Nordeste, e principalmente São Luís, não conseguiria reunir público suficiente para um evento do porte que estava sendo prometido. A preocupação com o público se mostrou equivocada, como eu já esperava. Havia ido a alguns shows em algumas capitais do Norte e do Nordeste e sabia que o heavy metal conta com muitos fãs nessas regiões.
Com esse pensamento, esperando que tudo daria certo e que eu estava prestes a presenciar um evento memorável, na quinta-feira, dia 18, saí de Porto Velho (Rondônia), onde resido, rumo a São Luís, no Maranhão. No trecho de Brasília para a capital maranhense, a presença de Dave Ellefson e Chris Broderick, ambos do Megadeth, no mesmo avião que o meu, serviu para aumentar ainda mais minha confiança no festival.
Acompanhava os comentários registrados em alguns blogs e sites, sempre com textos pessimistas, e não entendia o porquê disso. Achava que isso se devia exclusivamente à inveja. Na chegada ao local, no Parque Independência, já tivemos alguns problemas: não havia ninguém para recepcionar o público, nenhuma bilheteria e nenhuma entrada específica para o camping. Apenas uma total falta de informações.
Logo de início, fui fazendo amizades com algumas pessoas. Acabei sabendo que muitas delas haviam chegado no local às 7h da manhã, e só haviam conseguido entrar depois das 14h. No camping, qualquer pessoa conseguia entrar, independente de portar ingresso ou não, afinal, não havia recepção alguma. Depois de montar as barracas, descobrimos que não existia energia elétrica no local. Isso causava desconforto, porque muitos não conseguiam carregar celulares e, principalmente, porque as bombas de água não funcionavam, evitando a possibilidade de se tomar banhos.
Apesar disso, todos ainda se mostravam confiantes. Pensávamos que esses problemas seriam resolvidos e por um momento tivemos a certeza disso, já que, após a eletricidade ter sido finalmente estabelecida, pudemos tomar banhos e utilizar banheiros. Muito se falou que o local do camping era impróprio. Particularmente, não achei tão ruim assim. Claro, estávamos em estábulos, mas não sentíamos mau cheiro. Não sei como estava a situação dos outros, mas pelo menos no que ficamos a situação não era tão ruim. Esses estábulos receberam nomes de bandas: o que utilizei tinha o título de “Alojamento Sepultura”. Não escolhi o do Iron Maiden porque eles erraram na grafia do nome da banda, usando um “M” no lugar do “N” em “Maiden”, fato que achei um desrespeito. Sendo assim, fiquei no “Sepultura” mesmo.
Depois de arrumar as barracas e conseguir tomar banho, partimos em busca de algo para comer. Essa seria a nova decepção: não havia nenhum lugar com estrutura para receber a quantidade de pessoas que já estavam por lá, que àquela altura beirava os 1 mil fãs. A solução foi comer um famoso PF, que só foi adequado por estarmos famintos. Do mesmo local, pudemos ver que tudo estava bem atrasado, inclusive a construção dos palcos.
Até as 22h, o problema com os ingressos ainda não havia sido resolvido, e vários boatos começaram a surgir. O principal deles dava conta que o Venom não tocaria mais, desagradando mais aos fãs de vertentes extremas do que das mais tradicionais do metal. Porém, para deixar esse desagrado mais “democrático”, logo surgiu a notícia que o Saxon também havia cancelado.
Exciter |
No fim da noite de quinta-feira, após finalmente termos conseguidos umas fitas, parecidas com aquelas do Senhor do Bonfim, que nos davam acesso ao camping e ao local dos shows, fomos dormir com a esperança que, no virar da noite, tudo seria resolvido.
Na manhã de sexta-feira, as coisas haviam melhorado. Claro que sabíamos que muitas coisas ainda estavam inadequadas, mas o avanço na madrugada foi bem grande. Isso acabou acalmando muita gente. Entretanto, o que gerava desconforto era o número de boatos e confirmações a respeito de cancelamentos de shows. Como tínhamos acesso à internet, e cada um usava uma fonte diferente para se informar, a toda hora tínhamos algo novo, muitas vezes informações conflitantes, que iam surgindo na mídia.
A primeira banda, Headhunter DC, estava escalada para tocar as 10h, mas como sabíamos que ela já havia sido cancelada oficialmente, esperamos pela segunda. Contudo, essa também foi cancelada, e a terceira também. Como todas eram nacionais, tínhamos a impressão que os produtores não haviam pago nenhum grupo brasileiro a fim de priorizar as internacionais. Lembrando que a informação a respeito do Venom era a de que os artistas haviam tido problemas com o visto, o que, teoricamente, não representava influência dos produtores.
Orphaned Land |
Já era o meio da tarde quando o Exciter entrou. Como estávamos todos ansiosos, a banda serviu para extravasar toda a má impressão que havíamos tido até então. Com a ótima apresentação do Orphaned Land, esse sentimento ficou ainda mais forte. Claro que percebíamos os problemas à nossa volta, mas até aquele momento a opinião geral era a de que “pelo menos as bandas estão tocando”.
Não tinha expectativa alguma com o Shaman, e o com o Almah não era muito diferente. Talvez os recentes acontecimentos envolvendo declarações de Thiago Bianchi e Edu Falaschi tenham influenciado essa opinião. O Anvil entrou e fez um show legal, porém com uma má equalização do baixo, que estava muito mais alto que o resto dos instrumentos. “Metal on Metal” seria o ponto alto até aquela altura do festival.
Quando o Destruction entrou no palco, já nem lembrávamos mais dos problemas. Mas como nem tudo pode ser perfeito, houveram algumas falhas no som durante algumas músicas, principalmente em “Nailed to the Cross”, que era a que mais esperava. Gostei muito do show do Exodus. Ver o guitarrista Gary Holt ali na minha frente foi muito legal. Nunca imaginava que um dia veria aquela banda que apenas eu e mais alguns poucos amigos ouvíamos quando ainda nem tínhamos dezesseis anos.
Exodus |
Não tenho muita paciência com o Symphony X. Os caras são claramente talentosos e possuem um ótimo repertório, mas a história dos fãs estarem muito mais preocupados com a velocidade e a técnica do guitarrista Michael Romeo do que com a música em si me afasta da banda. É muito parecido com o que acontece com o Dream Theater, apesar de me dedicar bem mais a ouvir seus discos. Mesmo assim, tocaram minhas duas músicas preferidas do grupo, “Sea of Lies” e “Of Sin and Shadows”.
Nesse meio tempo, percebi que alguém havia furtado meu celular e o pacote de encartes que tinha levado ao festival na esperança de conseguir alguns autógrafos. Inclusive, já havia conseguido os do Megadeth. Tentei não me abater, mas hoje penso nisso e fico angustiado. Porém, como o show tem que continuar, tomei umas cervejas e fui esperar o Megadeth o mais próximo possível do palco. Mesmo com um set list curto, certamente influenciado pelos problemas atravessados pelo quarteto, a banda de Dave Mustaine conseguiu agradar a todos que ali estavam. Nem problemas técnicos, como o fato da guitarra de Chris Broderick simplesmente ter sumido no solo de “Holy Wars… The Punishment Due”, modificou esse panorama.
Megadeth |
Depois de termos presenciado apenas três quintos das bandas prometidas para aquela data, as pessoas foram embora imaginando que o segundo dia seria melhor e que todos os problemas seriam realmente resolvidos. Ainda tive ânimo para ir à boate El Diablo, que havia sido montada no local. A banda tributo Fúria Louca tocou diversos clássicos de hard rock e heavy metal e foi muito divertido. Porém, devo dizer que o local era praticamente uma vitrine de gambiarras, servia como uma versão reduzida do que estava sendo todo o festival.
Devido ao cansaço do dia anterior, acordei tarde, quase 13h, e mesmo assim já levantei decepcionado. Afinal, quando me dei conta de que já havia passado do meio-dia e não se ouvia barulho algum vindo dos palcos, percebi logo que certamente algumas bandas haviam cancelado seus espetáculos. Nas duas horas seguintes tivemos uma avalanche de más notícias: Andre Matos, Stress, Glenn Hughes, Anthrax e Rock and Roll All Stas não participariam mais do festival. O maior problema era que, a exemplo do dia anterior, não tínhamos acesso a nenhum comunicado oficial. Ninguém da produção vinha a público informar o que realmente estava acontecendo.
Por volta das 15h caiu um verdadeiro dilúvio na cidade, e o sentimento era de que realmente os nossos sonhos estavam sendo lavados com aquela quantidade absurda de água. Isso é algo bem marcante, pois realmente era necessário muita água para lavar todos os sonhos de todas aquelas pessoas que haviam se deslocado de todos os cantos do Brasil para estar lá. O jeito foi ficar matando tempo na área dos camarotes, que era coberta.
Lembrar disso me dá a deixa para comentar a piada que foi essa área de camarotes. Primeiro, que estava montada no mesmo nível da pista normal; segundo, que o encontro entre fãs e músicos simplesmente não aconteceu, e, o pior, o muro atrás do camarote separava o recinto da favela que ali existe, e muitos moradores dessa favela simplesmente pulavam esse muro, circulando livremente no meio das pessoas que haviam pago para estar ali. E isso já havia acontecido no dia anterior…
Vi algumas pessoas reclamando que naquela altura qualquer um poderia entrar na área dos camarotes. Para esses, respondia que, se o problema principal do festival fosse esse, estaríamos muito bem. Até preferi que meus amigos que não haviam comprado ingressos para o camarote pudessem entrar no local, pois pelo menos ficaríamos matando tempo conversando.
Eis que um grupo de pessoas se posicionou em um dos palcos para dar explicações ao público. As desculpas foram as que já ouvimos por aí. Faltou grana para pagar algumas bandas, as passagens de outras tiveram problemas na emissão e, a desculpa mais curiosa, muita gente estava boicotando o festival. Essa foi a maior tentativa de tirar o corpo fora entre todas, inventar uma teoria da conspiração contra os “pobres” produtores.
Porém, ao menos considerei correta a atitude dos produtores em se pronunciar. Era isso que todos queriam, ser informados a respeito do que estava acontecendo. O problema foi que, enquanto satisfações foram dadas, também foram feitas promessas descumpridas pouquíssimo tempo depois. As principais foram as de que U.D.O., Grave Digger e Blind Guardian ainda estavam confirmados no festival. Creio que isso tenha sido feito de propósito, a fim de evitar uma revolta generalizada.
Imediatamente após terminarem o pronunciamento, um dos palcos começou a ser montado para uma das bandas. Entretanto, para surpresa de todos, o outros palco estava sendo desmontado, causando confusão na cabeça de muitos presentes. Quem leu nas entrelinhas, percebeu logo que o domingo seria totalmente cancelado, e iriam colocar algumas bandas para tocar ainda no sábado, a fim de entreter o público e obter tempo para que sumissem do local.
Korzus |
Desse modo, entrou a primeira banda do dia, já no começo de noite, o Ácido, que estava programada para o palco El Diablo. Depois veio Legion of the Damned (a única estrangeira do dia), Dark Avenger (que estava programada para o dia anterior) e o Korzus, que tocou por mais de duas horas. Acredito que, mesmo com a postura crítica da banda em relação à produção – chegaram a propor um “wall of death” no qual as pessoas deveriam imaginar a produção no meio do corredor –, eles foram os que mais ajudaram os produtores a ganhar tempo para sumir dali.
O show do Korzus foi muito bom e fez com que as pessoas esquecessem novamente dos problemas que estavam passando. Desse modo, após a apresentação de quatro bandas, o festival acabou. Alguns ainda tinham a remota esperança de que alguma coisa aconteceria no domingo, mas depois que todos foram entendendo as situações que aconteceram durante o sábado, caíram na real e desistiram de tudo.
O jeito foi dormir, acordar cedo, levantar acampamento e deslocar-se até algum lugar na cidade. Pelo menos foi o que muita gente fez. Sei que algumas pessoas ficaram lá mesmo, sei dos furtos que sofreram e da falta de condições para permanecer no local. Contudo, como esse artigo trata das minhas experiências em São Luís, e como muitos outros meios de comunicação já divulgaram essa situação, vou me abster de comentar a respeito disso.
O desespero de um fã com o cancelamento do festival |
Junto a alguns amigos, resolvi deslocar-me até uma pousada no centro histórico do município. Para acrescentar à minha lista de prejuízos, ainda tive tempo para perder minha câmera fotográfica. Apesar disso, a sensação de ter uma cama para se deitar, um banheiro limpo para usar e não ter areia no pés foi ótima. Acabamos conversando até tarde naquele domingo sobre filmes, livros, propagandas, seriados, história e até política externa brasileira. Uma prova de que, ao contrário da imagem preconceituosa que muitos têm dos fãs de heavy metal, somos pessoas do bem, inteligentes e civilizadas. Pessoas que conseguiram passar por tudo o que passamos sem nenhuma reação violenta, pessoas que estão preocupadas em ir atras dos seus direitos dentro da legalidade, pessoas que muitas vezes usaram do bom humor para tentar suavizar o sentimento de frustração, porém, pessoas que foram lesadas das mais diversas maneiras possíveis.
Nossa, mas show só presta assim, principalmente quando é muito esperado, sempre acontece alguma mer** mas no fim, dá tudo certo.
A diferença é que esse não deu certo, né MandySavoy?!?!?
Cara, li várias matérias durante a semana passada e nessa segunda sobre o acontecido e realmente era difícil de acreditar que uma bagunça dessas estava acontecendo. Realmente, a despeito dos comentários que via abaixo das notícias (falando até que roqueiros eram vagabundos e mereciam… o que é um absurdo!!!), achei muito maneira a atitude de todos de reagir pacifica e civilizadamente a situação. Por muito menos outras "tribos" já saíram na mão até com polícia. Agora é lutar para que pseudo-produtores como esse nunca mais se metam a organizar festivais e ou shows do tipo e buscar os direitos de vocês que foram realmente lesados com tudo isso.
Abraços
Fernando, vc escreveu:
Muito se falou que o local do camping era impróprio. Particularmente, não achei tão ruim assim. Claro, estávamos em estábulos, mas não sentíamos mau cheiro. Não sei como estava a situação dos outros, mas pelo menos no que ficamos a situação não era tão ruim. Esses estábulos receberam nomes de bandas: o que utilizei tinha o título de "Alojamento Sepultura". Não escolhi o do Iron Maiden porque eles erraram na grafia do nome da banda, usando um "M" no lugar do "N" em "Maiden", fato que achei um desrespeito. Sendo assim, fiquei no "Sepultura" mesmo.
Vc acha que ficar num estábulo com título de 'alojamento' não é tão ruim assim? Pera ai, nem se fosse de graça alguém merecia isso.
Leandro
Note que falei "que não achei tão ruim assim". Quando o "camping"começoua ser descrito na net flavam em merda de animal, mal cheiro, nevoadas de mosquitos, etc… Eu quis dizer que foi um pouco exagerado o que disseram. Mesmo sendo um estábulo foi melhor do que ter ficado no camping outdoor. Até poruqe as chuvas que caem no Maranhão não são brincadeira. MUITA gente perdeu alguma coisa de seus pertences por causa da chuva e isso, pelo menos, não aconteceu para quem estava nos estábulos…
Para mim os produtores estavam má intencionados, pois se sabiam que não tinham dinheiro para pagar as bandas, porque não cancelaram o festival pelo menos uma semana antes. Teria evitado muitas pessoas dessa frustração, humilhação. Fico imaginando as pessoas que guardaram dinheiro a meses para poder ir ao festival ver suas bandas favoritas e quando chegaram lá, tiveram a notícia do cancelamento da mesma. Não cheguei nem a ir no sábado, pois já sabia do cancelamento do festival, fui pra orla de São Luis beber para ver se esquecia de tal frustração, e não fui só eu, havia muitas pessoas por lá, que como eu, não foram ao festival nesse dia.
É Fernando Bueno, o jeito é marcar outro churrasco na casa do André Coelho e escutar as bandas pelo Micro System usando a nova camisa do festival: Metal open Air , eu fui…, mas as bandas não.
Este para mi foi um final de semana absolutamente inesquecível. No péssimo sentido evidentemente.
Para este festival eu iria junto com a patroa. Meu filho adoeceu na quinta (uma forte gripe) tendo 39 graus de febre e realmente pensamos em desistir (por que não fiz isto!). Só que minha mãe insistiu para que eu fosse, pois já estava com tudo pago (avião, hotel e ingressos) e ela cuidaria do moleque.
Pois bem, pousamos em São Luis por volta das 18:30 de sexta. Fui para o hotel deixar as coisas e no caminho recebo um SMS de meu irmão (que já estava no MOA) informando que estava tudo atrasado por lá. Na hora vibrei, pois queria muito ver o Destruction. O que eu não imaginava era que o atraso já era o aviso da tragédia.
Só que ao chegar no MOA (por volta das 21:00) uma série de coisas já foram me chamando a atenção para que este festival realmente seria repleto de shows, mas de desorganização. Uma autêntica roubada. Começa que as entradas eram absolutamente escuras, sem nenhum tipo de sinalização e com apenas um PM do lado de fora. Vi uns caras correndo muito naquilo que parecia uma fuga (provavelmente tinham assaltado alguém). As bilheterias de boate de beira de estrada eram mais organizadas que aquelas que lá estavam. No atendimento em uma mesa de bar pegaram meu voucher, não conferiram nada, jogaram ele no chão e me deram uma pulseira igual aquelas usadas por promesseiros em procissões religiosas (nada contra estas). Lá dentro não tinha nenhum, absolutamente nenhum segurança. Também não havia nenhuma equipe de primeiros socorros. Teve um rapaz que caiu de uma grade e ficou jogado (todo ensanguentado) no chão durante muito tempo, até que os próprios bangers o socorressem. Outra coisa que me chamou a atenção foi que como um festival que se dizia daquela grandeza não tinha nenhum patrocinador. Sim, não havia nenhum tipo de publicidade. Será que só o dinheiro arrecado com ingressos pagariam os custos?
Bem, os shows da sexta foram bons (dadas as circunstâncias). Principalmente Destruction e Exodus.
No sábado ao saber dos cancelamentos resolvi que sequer iria ao Parque Independência, pois só de taxi do hotel até lá eram R$ 100,00 (ida e volta), e as noticias davam conta de que lá já se encontrava o batalhão de choque da PM, e pensei logo nas possíveis confusões que poderiam rolar entre a multidão (querendo quebrar tudo) e os policiais. Coisa que não rolou, ainda bem.
O saguão do hotel que fiquei estava lotado de bangers que não acreditavam no que estava acontecendo. Assim, fui para a orla tomar umas cervejas, onde por lá também estavam dezenas de outros bangers decepcionados.
A sacanagem foi tão grande que somente no domingo foi oficialmente confirmado aquilo que o Brasil todo já sabia. Que o festival estava cancelado. Daí foi só esperar no hotel as longas horas até meu voo de retorno pra casa. Não via a hora de ver meu filho. De quem eu não deveria ter ficado tão longe.