Cinco Discos Para Conhecer: o hard rock oitentista
Por Igor Miranda (publicado originalmente no site Van do Halen)
Amado por muitos, odiado por muitos também, o Hard Rock/Hair Metal/Pop Metal/Glam Metal praticado na década de 1980 tinha características diferentes das bandas da década anterior. Havia uma influência quase nula da psicodelia e a sonoridade tornou-se mais comercial e aceitável para as grandes massas. Grandes bandas surgiram naqueles anos e outras, já consolidadas, adequaram-se à tendência, do Kiss ao Black Sabbath. Entre sucessos de vendas, discos de fácil aceitação e divergências musicais entre os próprios grupos do estilo, essa lista traz cinco álbuns introdutórios ao gênero – não os melhores.
Após dois aclamados lançamentos, o Dokken se firmou como uma das mais competentes bandas de Hard Rock e continuava se aprimorando, visualmente e musicalmente. O ápice de todo esse aprimoramento, ao meu ver, se deu em seu terceiro álbum, lançado em novembro de 1985, que vendeu mais de um milhão de cópias apenas nos Estados Unidos. Under Lock and Key traz um perfeito meio-termo entre o Pop Rock, pelo cunho comercial das composições (letra e melodia), e o Heavy Metal, através do peso da cozinha de Mick Brown e Jeff Pilson e das exaltadas habilidades do guitarrista George Lynch. Trata-se também do melhor registro do vocal do ótimo Don Dokken. Farofa pesada e bem feita.
2. The Hunter
3. In My Dreams
4. Slippin’ Away
6. It’s Not Love
7. Jaded Heart
8. Don’t Lie to Me
9. Will the Sun Rise
10. Til the Livin’ End
Formação: Don Dokken (vocal); George Lynch (guitarra); Jeff Pilson (baixo, teclados, backing vocals); Mick Brown (bateria, backing vocals)
Os dois primeiros trabalhos do Bon Jovi são confusos. Os caipiras de New Jersey conseguiram sucesso com seu Hard Rock pesadamente influenciado pelo Pop e pelo AOR, mas moderado, destacando-se apenas com o público japonês. No terceiro disco dos caras, o sucesso foi astronômico e o êxito musical foi incomparável, já que uma identidade havia sido construída – mesmo que com a ajuda externa, como a do produtor Bruce Fairbairn e do compositor Desmond Child. Slippery When Wet traz o Bon Jovi repaginado, sem aquele grande foco nos teclados de David Bryan e com mais espaço para as linhas vocais grudentas de Jon Bon Jovi. O guitarrista Richie Sambora é decisivo: acrescenta um toque roqueiro a um disco que soube casar o Rock com o Pop e molhar as calcinhas das jovens dos anos oitenta. Você, true metaller que ouve Burzum, eu sei que você também se molha ao som de “Livin’ on a Prayer“!
1. Let It Rock
3. Livin’ on a Prayer
4. Social Disease
6. Raise Your Hands
7. Without Love
8. I’d Die For You
9. Never Say Goodbye
10. Wild in the Streets
Formação: Jon Bon Jovi (vocais, guitarra); Richie Sambora (guitarra, backing vocals, talkbox); Alec John Such (baixo, backing vocals); Tico Torres (bateria); David Bryan (teclados, backing vocals)
Todo gênero musical tem seu extremo. No Hard Rock farofeiro, o extremo da farofa é o Poison, e explicações são desnecessárias quando se observa a capa ao lado. Apesar de quase moças, a trajetória do quarteto foi complicada e a fama demorou um pouco para chegar, mesmo com o lançamento desse álbum. Look What the Cat Dragged In só estourou cerca de oito meses após estar nas prateleiras das lojas de discos por conta do single “Talk Dirty to Me“, que ganhou um clipe de extensa rotação na MTV. Em termos de som, o Poison é como uma versão Pop e até certo ponto pasteurizada do Kiss: vocais em coro, composições simples e festeiras e forte apelo visual. Para gostar do Poison, o segredo é não levá-los tão a sério, pelo menos nesse álbum.
1. Cry Tough
2. I Want Action
4. Play Dirty
5. Look What the Cat Dragged In
6. Talk Dirty to Me
7. Want Some, Need Some
8. Blame It on You
9. #1 Bad Boy
10. Let Me Go to the Show
Formação: Bret Michaels (vocal); C.C. DeVille (guitarra, backing vocals); Bobby Dall (baixo, backing vocals); Rikki Rockett (bateria, backing vocals)
O Mötley Crüe já era macaco velho e campeão de vendas antes de lançar Dr. Feelgood, quinto da discografia dos caras. Eram adequados ao rótulo Hard Rock mas flertavam com o Heavy Metal e com o Punk Rock em inúmeros momentos, além de serem creditados pelo pioneirismo na criação do Sleaze Rock, juntamente ao Hanoi Rocks. Dr. Feelgood é o que mais tem pitadas de Hard Rock. A atitude das composições capitaneadas por Nikki Sixx (e muito ajudadas dessa vez por Mick Mars) caíram como uma luva na proposta de tímida comercialização de som, que traz algumas músicas dignas de serem tocadas em arenas lotadas. Trata-se, também, do último campeão de vendas do quarteto, que teve uma história conturbada nos anos seguintes.
1. T.N.T. (Terror ‘N Tinseltown)
2. Dr. Feelgood
3. Slice of Your Pie
4. Rattlesnake Shake
6. Without You
7. Same Ol’ Situation (S.O.S.)
8. Sticky Sweet
9. She Goes Down
11. Time For Change
Formação: Vince Neil (vocais); Mick Mars (guitarra); Nikki Sixx (baixo); Tommy Lee (bateria, piano)
Das cinco bandas presentes neste artigo, o Skid Row é o mais pesado – mesmo tendo sido apadrinhado pelo Bon Jovi, que de pesado nunca teve nada. Não é a toa, inclusive, que os discos sucessores caminharam para o Heavy Metal. A estreia em formato bolacha se deu em 1989, com um disco autointitulado que se tornou clássico e sucesso de vendas na época. O debut do Skid Row é simplesmente fantástico, mas de um jeito particular. Mesmo com a insegurança e uma certa influência de elementos comerciais em sua sonoridade, o quinteto se apresentou diferente no visual e no som. Conseguir ser farofa e não-farofa é uma tarefa para poucos. E conseguir um registro vocal como o de Sebastian Bach por aqui é tarefa para ninguém que exista neste mundo.
1. Big Guns
2. Sweet Little Sister
3. Can’t Stand the Heartache
4. Piece of Me
5. 18 and Life
6. Rattlesnake Shake
8. Here I Am
9. Makin’ a Mess
10. I Remember You
11. Midnight/Tornado
Formação: Sebastian Bach (vocal); Scotti Hill (guitarra, backing vocals); Dave “The Snake” Sabo (guitarra, backing vocals); Rachel Bolan (baixo, backing vocals); Rob Affuso (bateria)
Muita farofa pra todo mundo |
Muito bom!!
Muito bem escolhidas as bandas, dentre elas só tenho um pouco menos de afinidade com o Poison,e o Bon Jovi ainda rolava aquele preconceito oitentista de não ser uma banda muito…não sei, não achava muito…rock. Mas agora escuto na boa.
Esse disco do Dokken é excelente. Os thrashers invejosos odiavam as bandas posers, mas esses caras sabiam tocar muito! George Lynch é meu guitarrista preferido. Magnífico esse disco.
Ficou faltando o Scorpions, qualquer disco que eles fizeram na década de 80 podia muito bem ocupar um lugar nesta lista (menos “Love at First Sting” de 1984).
Ficou faltando Ratt e Wasp aí nessa lista.
WASP é uma bandaça. Mas lembre, a lista foi feita pelo pessoal da Van! Abraços
De todas as bandas “farofentas” dos anos 80, o Poison sem dúvida era a mais fraquinha de todas. Os próprios integrantes da banda confessam que nunca se identificaram com o “glam metal’ e tinham muita influência de punk no som. E a música do Poison não tinha tantos solos e era mais simples. A única música que eu curto deles é a faixa título do “debut” deles. Que por sinal se parece com alguma coisa do Ratt ou do WASP.
Já achei o Dokken a melhor banda de hard farofa dos anos 80. Hoje acho uma banda fraca. Esse Under Lock and Key pelo menos tem músicas boas e alguns ótimos solos do George Lynch como por exemplo “Unchain the Night”.
Bon Jovi ultrapassou a estigma de banda do anos 80. Bon Jovi está muito além disso, mas concordo que o SWWet é o melhor álbum das bandas de hard que surgiram nos anos 80.
Só que eu acho que o melhor disco o Bon Jovi fez depois do SWW que é o New Jersey.
Boa lista, mas no caso do Motley Crue teria colocado outro disco. Talvez, o Too Fast For Love.
Tinha esse do Dokken aqui, nunca ouvi 🙁
Senti os anos 80 bem diminuídos com essa seleção…. Mas resumir a década em 5 álbuns é tarefa muito complicada mesmo.