Após ser iniciado com uma excursão na Europa, Fralda entrou em estúdio com o RDP para gravar seu primeiro registro como baixista da banda. Lançado pelo selo Pecúlio Discos, do baterista Boka,
Guerra Civil Canibal é um EP produzido por Marcelo Pompeu e Heros Trench do Korzus. O compacto contém sete faixas, sendo dois covers: um do Sepultura (“
Biotech Is Godzilla“) e outro do Half Japanese (“
Fire to Burn“), banda suíça de hardcore. Musicalmente, o trabalho segue a mesma linha do álbum anterior: hardcore puro no melhor estilo extremo do RDP. Os destaques ficam por conta de “
Obesidade Mórbida Constitucional” (que trata do drama de Gordo, que quase morreu em decorrência de problemas causados pelo excesso de peso) e “
Toma Trouxa“, obrigatória nos shows até hoje.
Em comemoração aos seus 20 anos de carreira, o RDP lança uma regravação do primeiro disco,
Crucificados Pelo Sistema (1984), com uma roupagem mais agressiva e uma produção infinitamente superior ao álbum original, tendo Billy Anderson assumindo a produção mais uma vez. O CD foi lançado no Brasil pela Pecúlio Discos, sendo vendido diretamente nas bancas de jornal, juntamente com uma revista contando a história da banda. É um registro bastante interessante, mostrando como o RDP poderia soar se tivesse gravado seu debut com aparelhagem e produção adequada. O resultado é excelente, e vale a pena prestar atenção em “
F.M.I.” e “
Agressão/Repressão” que ganharam uma levada mais lenta.
Onisciente Coletivo [2002]
O primeiro disco
full lenght com Fralda no baixo não traz nada de novo, além do hardcore sujo dos trabalhos anteriores. Billy Anderson, que já havia gravado
Just Another Crime… (1993), assume a produção mais uma vez . Os destaques são a faixa de abertura “
Próximo Alvo” (relato de João Gordo sobre sua reação aos ataques do 11 de Setembro, e crítica a George W. Bush), “
Problemão” e seu refrão grudento, “
Rabia Social“, composta em espanhol juntamente com a esposa argentina de Gordo, e a
faixa título. Apesar de não trazer nada de inovador, e não se equiparar aos clássicos da fase de ouro da banda,
Onisciente Coletivo mantém o nível de qualidade do RDP, e vale a audição.
Homem Inimigo Do Homem [2006]
Com alguns desentendimentos nos bastidores, Fralda acaba deixando o Ratos para se juntar ao Forgotten Boys (banda paulista de punk e rock n roll). Já é o quarto baixista que deixa a banda em menos de dez anos. O roadie Juninho, baixista do Discarga, substitui Fralda nos shows, e com o tempo acaba assumindo de vez o posto. Em 2006, depois de quatro anos sem gravar, é lançado pela Deck Disc o último disco completo de inéditas do RDP até então.
Homem Inimigo do Homem é o melhor trabalho do Ratos desde
Anarkophobia (1991). A sonoridade continua na pegada que a banda vem seguindo desde
Carniceria Tropical (1997), mas as composições são bem mais inspiradas. O
upgrade que o novo baixista trouxe ao som do grupo é inacreditável. O primeiro single a ser divulgado foi a excelente “
Expresso da Escravidão“, que fala sobre a escravidão ainda vigente no Brasil. A segunda música a ser lançada foi “
Covardia de Plantão“, cujo clipe foi censurado por conteúdo violento. A canção trata da violência gratuita, seja causada por torcedores fanáticos ou por skinheads. A bolacha transborda brutalidade em suas 12 faixas de pura destruição. Há vários momentos inspirados: “
Pedofilia Santa“; “
Testemunhas do Apocalipse“; “
Otário Involuntário“; “
H.I.D.H.” e “
PM’s de Satã” são apenas alguns deles.
Em 2010, foi lançado um split CD ao lado da banda espanhola Looking For An Answer (intitulado apenas
Ratos De Porão & Looking For An Answer), onde o RDP participa com seis faixas, sendo três inéditas (“
Exército De Zumbis“, “Paradoxo De Soberba”, “
O Martelo Dos Hereges“), duas regravações (“Guerrear” e “Políticos Em Nome Do Povo”) e um cover para “La Mantanza”, dos seus colegas de disco, os quais registraram sete músicas e um cover para “Paranóia Nuclear”, dos Ratos. Toda essa desgraceira não dura mais que dezoito minutos, e é bastante recomendável a quem curte um hardcore ou um crustcore, estilos em que as duas bandas são especialistas. Ainda fazem parte da discografia do Ratos o recomendadíssimo
Ao Vivo no CBGB (2003), que registra a fúria do grupo sobre o palco do lendário clube de Nova Iorque, e a coletânea
Só Crássicos (2000), uma bela porta de entrada ao som do grupo.
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Ratos de Porão em 2011: Juninho, Boka , Gordo e Jão |
Em 2011, o Ratos de Porão comemorou 30 anos de carreira, e lançou alguns materiais obrigatórios na coleção dos fãs. Saíram dois DVD’s, um ao vivo (gravado no Disco Voador em 2006), e Guidable – A Verdadeira História do RDP, documentário contando toda a trajetória da banda. Foi gravado também um DVD no Hangar 110 com todas as formações da banda tocando, cada uma nas músicas de sua fase, e que deve ser lançado ainda esse ano.
Assim encerramos a Discografia Comentada de uma das bandas mais importantes do cenário musical latino americano e, por que não dizer, mundial. Uma instituição do som pesado, e que com trinta anos de carreira continua destruidora ao vivo, e conquistando fãs da nova geração. Vida longa ao Ratos de Porão!
Só uma coisa: Video Macumba é em inglês…só título é em português! hehhe
O Onisciente Coletivo é um dos melhores discos do Ratos, se duvidar o último grande disco que eles gravaram na década de 2000. O H.I.D.H é regular e o álbum mais recente o “Século Sinistro” deixou a desejar, pelo menos na minha opinião. E também acho que o Onisciente Coletivo é um dos álbuns mais injustiçados da banda. E a produção do mestre Alex Newport deixaram as músicas impecáveis.