Discografias Comentadas: Ozzy Osbourne – Parte II

Discografias Comentadas: Ozzy Osbourne – Parte II
Ozzband em 1991: Zakk Wylde, Randy Castillo, Ozzy e Mike Inez

Por Bruno Marise


No More Tears [1991]

Em 1989, o baixista Bob Daisley deixa o grupo de Ozzy e através de vários testes, Mike Inez é contratado. Porém, sua única participação no álbum seguinte do madman, No More Tears, é a introdução da faixa título. O restante das linhas de baixo foram todas gravadas por Bob Daisley (Inez participou das turnês e clipes).

Lançado em 1991, o disco é bem mais polido e mais acessível que No Rest For The Wicked (1988), mas sem perder a pegada. A fase conturbada na vida pessoal de Ozzy, principalmente pela sua luta contra o álcool, refletem claramente em algumas músicas, bem mais introspectivas como “Road to Nowhere“. O disco também trata de assuntos pesados como pedofilia (“Mr. Tinkertrain”) e serial killers (“No More Tears“).

O hino “I Don’t Wanna Change The World” venceu um Grammy e a bela balada “Mama I’m Coming Home” em homenagem à sua companheira e esposa Sharon, tocou a exaustão. Lemmy Kilmister co-escreveu quatro músicas, que são destaques da bolacha: a grudenta “Desire” (com um solo brilhante de Wylde), a clássica “Hellraiser” (também gravada pelo Motörhead) e a já citada “I Don’t Wanna Change The World”.

A turnê, nomeada de “No More Tours”, juntamente com algumas declarações de Ozzy, afirmando desgaste e cansaço, levaram todos a crer que o madman estava prestes a se aposentar. No ano seguinte, os rumores se confirmaram e em um show de despedida com direito a participação surpresa dos antigos membros do Sabbath, Ozzy anunciou sua aposentadoria do mundo da música. Em 1993, uma compilação ao vivo dessa turnê foi lançada com o nome de Live & Loud.


Ozzmosis [1995]

A aposentadoria durou pouco, e três anos depois Ozzy estava de volta. Com o parceiro Zakk Wylde ocupado com sua nova banda Pride & Glory, as guitarras teriam participação do virtuoso Steve Vai, porém, por problemas com a gravadora, a única contribuição de Vai foi na música “My Little Man”.

O restante da banda é formado pelo antigo companheiro de Sabbath, Geezer Butler no baixo, mais uma vez, e Deen Castronovo (ex-Cacophony) na bateria, além da participação especial de Rick Wakeman nos teclados. Apesar de algumas ótimas músicas como a grudenta “Perry Mason” e a balada “I Just Want You”, no geral o disco soa maçante e um tanto quanto repetitivo. Talvez o fato de Zakk Wylde estar com o foco em outro projeto (ele só tocou no álbum, o guitarrista na turnê foi Joe Holmes), tenha afetado nas composições que carecem de algum brilho em alguns momentos.

Apesar de tudo, Ozzmosis serviu para mostrar que a carreira de Ozzy estava longe de acabar. Um ano mais tarde, o madman e Sharon criariam o festival Ozzfest, que em sua primeira edição recebeu 30 mil pessoas, tornando-se um sucesso total, e serviu para revelar bandas novas da cena metal mescladas com veteranos do nível de Sepultura e Slayer.


Down To Earth [2001]

Com a boa recepção da primeira edição do Ozzfest, em 1997, o festival é realizado mais uma vez, e conta com uma reunião do Sabbath, mas sem Bill Ward e com Mike Bordin (ex-Faith No More) na bateria. Vendo que o Black Sabbath estava se apresentando sem problemas sem ele, Ward chateado, acaba insistindo e em 1998 a formação original estava junta novamente e  fazem um registro ao vivo com duas músicas inéditas, Reunion (1998).

A Ozzfest foi crescendo cada vez mais, ocupando todos os anos a agenda de Ozzy, que acabou lançando seu próximo disco só em 2001. Descontente com Joe Holmes, o madman resolveu chamar o velho companheiro Zakk Wylde para gravar as guitarras, que mais uma vez só tocou, sem participar quase nada das composições. A nova cozinha é formada por Robert Trujillo (ex-Suicidal Tendencies) no baixo e Mike Bordin (Faith No More) na bateria.

O trabalho é um dos mais pesados de Ozzy, e consegue mesclar o metal clássico com uma roupagem moderna. O disco abre com a Sabbathica “Gets Me Trough”. Passamos pela ótima “Facing Hell” e temos “Dreamer” uma das músicas mais bonitas já compostas pelo Madman, com direito a quarteto de cordas. A primeira parte de Down To Earth ainda traz boas canções como “No Easy Way Out” e “That I Never Had” com seu riff marcante. O “lado B” perde um pouco do fôlego e é mais cansativo, claramente com alguns fillers.

O disco está longe de ser uma obra impecável, mas tem algumas canções e o peso unido à modernidade mostram que Ozzy poderia entrar no novo milênio e se adaptar a novos sons sem perder sua identidade e qualidade.


Under Cover [2005]

Em 2002, é lançado o CD e DVD ao vivo, Live At Budokan, quarto registro ao vivo de Ozzy. Um ano depois, Robert Trujillo troca com Jason Newsted o posto de baixista do Metallica, e toca em algumas edições da Ozzfest.

Sem lançar nada inédito há algum tempo, Ozzy acaba adiando a gravação de material novo e em 2005 sai Under Cover, um álbum de covers com versões de bandas que influenciaram o madman. Participaram do projeto o guitarrista Jerry Cantrell (Alice in Chains) e Chris Wyse (ex-The Cult). Apesar de alguns deslizes como “Sympathy For The Devil” (Rolling Stones) e “Sunshine Of Your Love” (The Cream), a maioria das versões caíram muito bem na voz metálica de Ozzy.

Os destaques são “In My Life” (The Beatles), “Woman” (John Lennon) e “All The Young Dudes” (Mott The Hoople). Under Cover vale como curiosidade, já que Ozzy nunca teve costume de tocar covers, a não ser de sua ex-banda, o Black Sabbath.


Black Rain [2007]

Com seis anos sem lançar material inédito, Ozzy recruta Zakk Wylde mais uma vez para a gravação de seu décimo álbum de estúdio. Rob “Blasko” Nicholson (ex-Rob Zombie) assume o posto de baixista. Black Rain segue a sonoridade de Down to Earth (2001), mas tem maior consistência, principalmente pelo grande envolvimento de Wylde no processo de composição, o que reflete claramente em algumas canções, que tem bastante semelhança com sua outra banda, Black Label Society, como na excelente “I Don’t Wanna Stop“.

O disco foi bem recebido pela crítica, e traz mais uma vez a mescla de metal clássico com sonos modernos. O que incomoda é a produção exagerada, principalmente os efeitos na voz do Ozzy e excesso de overdubs. Apesar disso, o resultado final é bastante competente e acima da média, e funciona como um alívio para o público afoito por um som mais tradicional.

Scream [2010]

Em 2009, Ozzy anuncia que está procurando um novo guitarrista para substituir seu parceiro de longa data, Zakk Wylde. O motivo, foi de a sonoridade de sua banda estar cada vez mais parecida a do Black Label Society. O novo dono das seis cordas da Ozzy band é o grego Gus G (Firewind).

Mike Bordin também deixa a banda com a volta do Faith No More e é substituído por Tommy Clufetos (ex-Rob Zombie e Alice Cooper). O disco foi inicialmente batizado como “Soul Sucka”, o que desagradou os fãs e foi renomeado como Scream. A sonoridade segue a linha de Black Rain (2007), com uma excelente performance da nova formação da Ozzband.

Gus G mostra a que veio, mesmo mantendo as características de Zakk Wylde. “Let It Die” abre a bolacha quebrando tudo e com uma melodia grudenta. “Let Me Hear You Scream” vem na sequência e funciona muito bem ao vivo com Ozzy interagindo com a platéia. O teclado está bem presente nas canções, como vemos na balada “Diggin’ me Down”. Ozzy prova que com mais de 60 anos e 40 de carreira, ainda pode bater de frente com as novas bandas e continuar no topo do mundo da música pesada sem soar ultrapassado ou datado.

A atual Ozzband: Adam Wakeman, Rob “Blasko” Nicholson, Ozzy, Gus G e Tommy Clufetos

Ozzy está dando um tempo em sua carreira solo para se dedicar à tão aguardada reunião do Black Sabbath e agora livre do álcool e das drogas, e em boa forma, mostra estar muito bem e tem entregado boas performances apesar das sequelas deixadas pelo abuso das substâncias tóxicas. Que tenhamos ainda muitos anos de Ozzy em cima dos palcos, seja com o Sabbath ou solo!

Um comentário em “Discografias Comentadas: Ozzy Osbourne – Parte II

  1. Zakk Wylde até No More Tears ainda era um bom guitarrista e sabia fazer solos com muito feeling. Depois ele preferiu aderir ao estilo que eu mesmo batizei de ‘hard rock-poser-hippie”

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