Dream Theater – Awake [1994]
Por Jefferson A. Nunes (Publicado originalmente no site Progshine)
O disco mais obscuro do Dream Theater? Possivelmente. Awake, entretanto, representou um belo salto criativo, abrindo espaço para outras formas de composição. James LaBrie (voz), John Myung (baixo), John Petrucci (guitarras e vocais), Mike Portnoy (bateria/percussão e vocais) e Kevin Moore (teclados) formavam o lineup, nessa época.O CD inicia com “6:00”, uma música que não fez muito sucesso, mas que representa bem essa nova fase. A faixa começa com uma linha de bateria bem interessante e abre espaço para um riff estranho, bacana e pesado. Em 0:46, vozes estranhas trazem uma linha melódica plácida que traz James LaBrie cantando com sua voz única. Um bom solo de guitarra começa em 2:37. As linhas melódicas a seguir passam por várias mudanças entre leveza e peso dando um belo contraste à composição.
“Caught In A Web” é a primeira música do Dream Theater com uma guitarra de sete cordas. Começa mais uma vez com um riff bem pesado. Acompanhado por uma linha de teclado fantástica. Em seguida, LaBrie entra e demonstra que faz diferença dentro da banda. O pré-refrão e refrão são extraordinários, daqueles “chiclete”. Em 3:34, após o bom solo de Petrucci, a bateria precisa de Portnoy segura a música abrindo para ótimas linhas de teclado e a volta de LaBrie arrebentando.
Uma das mais famosas do álbum vem na sequência: “Innocence Faded”. A canção começa com um solo de guitarra inspirado, que logo se transforma em uma linha mais plácida que serve de base para um vocal impecável. Um daqueles refrões para serem cantados ao vivo.
Depois, aparecem as três partes de “A Mind Beside Itself”. Começando com “Erotomania”. Seria esta a melhor instrumental do Dream Theater? Muito provável! O início feito no teclado é memorável. A faixa tem riffs lick’s pesados, tempos quebrados. Bom gosto em cada nota tocada. E um equilíbrio perfeito entre partes mais calmas com outras mais dinâmicas. Merece destaque ainda a parte que se inicia em 4:42 com um solo de guitarra com extrema influência da música clássica. Um dos melhores solos de Petrucci. A música termina suavemente com Myung fazendo um belo e preciso trabalho em seu baixo.”Voices”. A melhor música de Awake! Fiquei de boca aberta a primeira vez que a ouvi. Começa com um lick de baixo impressionante, seguido por um riff de guitarra agressivo. O peso segue até 1: 08 quando a banda para. Apenas uma bela e simples linha de piano serve de base para a voz de LaBrie que canta de forma suave e bonita. A agressividade retorna em 2:43, com um refrão que mostra toda a capacidade de LaBrie. Mais uma vez, Petrucci se destaca interpretando um solo que faz até “as pedras chorarem”.
O encerramento de “A Mind Beside Itself”, batizado de “The Silent Man”, é baseado em um dueto violão/voz com a adição de teclado em algumas partes e um pequeno solo de violão em 2:16.
Considerada hoje como o prelúdio da AA Suite de Portnoy, “The Mirror” tem um clima obscuro. Caracterizado por riffs mais simples, apresenta vocais mais graves que chegam a beirar o macabro. Os bonitos dedilhados não fogem do conceito da música: obscuridade.
“Lie” é a continuação da anterior. Forma uma música mais ampla, embora sejam separadas (o que já aconteceu com a “A Mind Beside Itself”). Traz um tom mais vibrante do que a anterior. O solo de guitarra reforça a idéia de continuação. Em 5:07 o riff inicial de The Mirror reaparece, seguido por um solo de guitarra com muito wah-wah.
“Lifting Shadows Off A Dream” segue com o tom obscuro das anteriores. Começando com uma linha de baixo muito boa, com os teclados de Moore entrando na sequencia. A linha melódica de guitarra do refrão lembra bastante a música “Bad”, do U2 (como curiosidade, vale lembrar que o grupo chegou a incluir uma versão dessa canção do quarteto irlandês no Fan Club Christmas CD de 1998).O clima é lento, mas cativante!
Que BAITA introdução! “Scarred”! Mantém o clima lento, apresentando um tom épico impressionante e partes mais “alegres” a partir de 2:10. A linha vocal é excelente, e possui um instrumental caprichado. Mais uma vez, os solos de Petrucci e Moore ganham destaque. A música caminha por vários momentos distintos com dedilhados e linhas mais plácidas nas estrofes e partes mais violentas nos refrões.
Por fim, “Space-Die Vest”, composta exclusivamente pelo tecladista Kevin Moore. Uma linha bastante obscura, sendo na maior parte do tempo um dueto de piano/voz. A melodia é muito bonita e ganha um novo ar com a entrada da banda em 4:31. Apresenta uma guitarra de boa qualidade e bateria que se destaca na parte final. Finalmente, em 6:55, a linha de piano volta a monopolizar a canção dando um belo final para esse álbum obscuro.
Track list
1. 6:00
2. Caught In A Web
3. Innocence Faded
4. A Mind Beside Itself:
a) Erotomania
b) Voices
c) The Silent Man
5. The Mirror
6. Lie
7. Lifting Shadows Off A Dream
8. Scarred
9. Space-Dye Vest
Acho superior ao Image and Words…alias…pra mim a sequencia The Mirror e Lie estão entre as coisas mais legais feitas pelo DT ….
Melhor disco do Dream Theater, e disparado!!
Está entre os meus favoritos da banda…