Cinco Discos Para Conhecer: A Seattle que Não É Grunge
Por João Renato Alves
Para as gerações recentes Seattle se tornou referência à cena Grunge, que tomou de assalto as paradas nos anos 1990. Mas a cidade do estado de Washington ofereceu muito mais à música, como vemos abaixo.
(por Igor Miranda)
Jimi Hendrix. Está aí um nome que, se você gosta de Rock, pelo menos já ouviu falar. E bem! Ninguém se atreve a criticar um dos guitarristas mais influentes da história. Ousado, extremista e muitíssimo criativo, se tornou um Deus através da sua impecável e curta carreira. Are You Experienced corresponde à estreia do grupo The Jimi Hendrix Experience que, além do mesmo nas guitarras e nos vocais, consistia em Noel Redding no baixo e Mitch Mitchell na bateria. Foi lançado em maio de 1967 no Reino Unido e agosto do mesmo ano nos Estados Unidos. O álbum foi um choque aos ouvidos humanos. O máximo de complexidade dentro do Rock que os meros terráqueos estavam habituados eram com os mais recentes lançamentos de grupos como Pink Floyd, The Yardbirds e, claro, o fab-four de Liverpool (que flertavam com elementos psicodélicos). Nada que chegasse ao ponto apresentado por aqui. Esse foi o primeiro debut verdadeiramente aplausível de uma banda de Rock até então. Nenhuma estreia de outro grande grupo caracterizaria seu som sem mudanças tão drásticas. Basta comparar “Please Please Me” com “Sgt. Peppers”, ambos do The Beatles. Ou o debut dos Rolling Stones com “Beggars Banquet”. Após “Are You Experienced” não havia como NÃO se reinventar. Hendrix praticamente ensinou todo mundo a ferir as seis cordas de verdade.
Jimi Hendrix (vocals, guitarras); Noel Redding (baixo) e Mitch Mitchell (bateria)
01. Foxy Lady
02. Manic Depression
03. Red House
04. Can You See Me
05. Love Or Confusion
06. I Don’t Live Today
07. May This Be Love
08. Fire
09. Third Stone From The Sun
10. Remember
11. Are You Experienced?
O primeiro disco do Metal Church caiu como uma bomba na cena metálica. Velocidade, peso e vocais agressivos conquistaram uma legião de headbangers. O apoio dos amigos do Metallica – Lars Ulrich chegou a tocar no grupo em alguns ensaios no ano de 1981 – somado à venda independente de 70 mil cópias fez com que a Elektra manifestasse interesse nos rapazes. O êxito levou os músicos a passar o ano de 1985 inteiro na estrada. Boa parte do tempo junto com James Hetfield e companhia. Então veio a hora do teste definitivo, com o lançamento do segundo trabalho. “The Dark” foi um grande sucesso comercial, graças à balada “Watch The Children Pray” que teve seu clipe exibido com frequência na MTV. A abertura eletrizante com “Ton of Bricks” caiu no gosto dos fãs, sendo presença obrigatória nos shows até hoje. Também se destacam “Start the Fire”, com seus ótimos riffs de guitarra, e “Psycho” com sua levada rápida e alucinante. Como curiosidade, o encarte do disco traz uma mensagem em homenagem a Cliff Burton, morto algumas semanas antes do lançamento do álbum: “This album respectfully dedicated to Cliff Burton”.
David Wayne (vocals); Kurdt Vanderhoof (guitarras); Craig Wells (guitarras); Duke Erickson (baixo) e Kirk Arrington (bateria)
01. Ton of Bricks
02. Start the Fire
03. Method to Your Madness
04. Watch the Children Pray
05. Over My Dead Body
06. The Dark
07. Psycho
08. Line of Death
09. Burial at Sea
10. Western Alliance
Talvez a última grande história contada em um álbum de Heavy Metal. Operation: Mindcrime provoca o ouvinte com seu conteúdo político-social. As críticas ao american way of life nas letras, à corrupção do poder, às guerras, tudo se encaixa de maneira inteligente e lúcida gerando um momento singular. O trabalho tornou-se referência em se tratando de discos conceituais e conseguiu se sobressair à própria carreira do Queensrÿche. A participação do maestro Michael Kamen e de Pamela Moore contribuem com o clima de tensão. É interessante ouvir o play do início ao fim e notar como as emoções se misturam. Ressalte-se que é fundamental escutá-lo nessa forma pelo foco que a trama vai tomando. Muito já se especulou sobre uma versão cinematográfica. Poderia ser interessante. A aura de mistério, contudo, acabaria sendo desvendada e tirando a magia da versão original. Indispensável!
Geoff Tate (vocals, teclados); Chris DeGarmo (guitarras); Michael Wilton (guitarras); Eddie Jackson (baixo) e Scott Rockenfield (drums)
01. I Remember Now
02. Anarchy-X
03. Revolution Calling
04. Operation: Mindcrime
05. Speak
06. Spreading the Disease
07. The Mission
08. Suite Sister Mary
09. The Needle Lies
10. Electric Requiem
11. Breaking the Silence
12. I Don’t Believe in Love
13. Waiting for 22
14. My Empty Room
15. Eyes of a Stranger
Uma banda de Seattle do início da década de 1990. Panorama capaz de assustar os conservadores, certo? O que temos aqui é Hard Rock pesado, feito com garra e talento mais que acima da média. O War Babies lembra o seu contemporâneo Asphalt Ballet, além de algumas coisas do Tesla e o Aerosmith dos velhos tempos. A ideia da Columbia era lançar o grupo como uma espécie de ‘novo Aerosmith’. Afinal de contas, a companhia tinha perdido a chance de assinar com o original que renovou com a Geffen Records pouco tempo antes e lançou os multiplatinados Pump (1989) e Get a Grip (1992). Para aumentar a expectativa, os caras conseguiram um padrinho de peso. Ninguém menos do que Paul Stanley (Kiss). O Starchild, em uma fase pra lá de benevolente – vide cooperação semelhantes com o Crown of Thorns – os ajudou com participação direta em duas composições. Assim nasceram “Hang Me Up”, que abre o disco, e a climática balada “Cry Yourself to Sleep”. Se ainda era necessária alguma razão para se interessar pelo disco, essa se faz mais que suficiente. Até porque hoje em dia não vemos mais a cara metade musical de Gene Simmons envolvido nesse tipo de empreitada.
Brad Sinsel (vocals); Tommy McMullin (guitarras); Guy Lacy (guitarras); Shawn Trotter (baixo) e Richard Stuverud (bateria)
01. Hang Me Up
02. In The Wind
03. Cry Yourself To Sleep
04. Sweetwater
05. Sea Of Madness
06. Blue Tomorrow
07. Satellite
08. Death Valley Of Love
09. Big Big Sun
10. Killing Time
11. Care (Man I Just Don’t)
Nas primeiras décadas de Heavy Metal, não foram poucos os trabalhos que se tornaram referências e conquistaram admiradores de todas as futuras gerações. Era um momento de descobertas, de inovar na proposta. Com o passar dos anos, foi ficando cada vez mais difícil ser original. Por isso, é preciso render homenagens quando alguém consegue trazer algo diferente ao estilo. É o caso do Nevermore que buscou uma sonoridade própria desde o início de suas atividades, após o fim do hoje lendário Sanctuary, grupo que deixou dois discos gravados e teve como padrinho Dave Mustaine (Megadeth). A consagração definitiva viria em Dead Heart in a Dead World, lançado no ano 2000. Foi um daqueles momentos em que tudo se encaixou de vez e o quarteto de Seattle deu a maior bola dentro de sua carreira. Um grande responsável por isso foi o produtor Andy Sneap que conseguiu encontrar elementos únicos no som do grupo e desenvolveu todo um novo conceito de trabalho junto a Warrel Dane e companhia. Não é por menos que acabou se tornando um dos grandes nomes no meio, sendo chamado por vários artistas posteriormente. Entre eles, Megadeth e Accept. Seu cartão de visitas principal, contudo, está aqui!
Warrel Dane (vocals); Jeff Loomis (guitarras); Jim Sheppard (baixo) e Van Williams (bateria)
01. Narcosynthesis
02. We Disintegrate
03. Inside Four Walls
04. Evolution 169
05. The River Dragon Has Come
06. The Heart Collector
07. Engines of Hate
08. The Sound of Silence
09. Insignificant
10. Believe in Nothing
11. Dead Heart, in a Dead World
Muito bom…
Não conheço o War Babies, mas o simples fato de ter o nome de Paul Stanley na resenha já credencia a procurar alguma coisa…