Cinco Discos Para Conhecer: Jörg Michael
Por Igor Miranda (Publicado originalmente no site Van do Halen)
A folha corrida do baterista alemão Jörg Michael é extensa. Portanto, vamos tentar colocar álbuns que tragam diferenças entre si. Assim, muitos poderão ver que sua carreira não se resumiu ao lado mais melódico do Heavy Metal.
Avenger – Prayers of Steel [1985]
O Avenger, para quem não sabe, é o atual Rage. Após esse álbum e o EP Depraved to Black, o grupo teve que mudar o nome. O motivo foi que o Avenger inglês detinha os direitos de propriedade, além de já contar com dois discos lançados. Uma rápida pesquisa vai nos indicar várias bandas com esse nome na história, inclusive no Brasil. Essa foi a época mais porrada do grupo de Peter ‘Peavey’ Wagner. Praticavam um Speed Metal vigoroso, muitas vezes até se aproximando do Thrash. Bem diferente do som mais trabalhado de hoje em dia. Até hoje os headbangers oitentistas mais ferrenhos vibram ao som de cacetadas como “Battlefield”, “Faster Than Hell” e “Assorted By Satan”. A faixa-título é o maior clássico, sendo a única executada pelo Rage nos shows mais recentes. O conteúdo lírico traz aqueles velhos clichês da época, para delírio coletivo – uma pequena conferida nos títulos das músicas já é suficiente para se ter uma ideia. Jörg já mostrava sua hoje reconhecida precisão, espancando seu kit com força. Curiosamente, Prayers of Steel teve lançamento nacional. Quem tem o bolachão, cuida com carinho.
Peter ‘Peavey’ Wagner (vocals, baixo), Jochen Schröder (guitarras), Alf Meyerratken (guitarras) e Jörg Michael (bateria)
1. Battlefield
2. South Cross Union
3. Prayers of Steel
4. Faster Than Hell
5. Adoration
6. Rise of the Creature
7. Sword Made of Steel
8. Bloodlust
9. Assorted by Satan
Laos – We Want It [1990]
Aqui, Jörg Michael se aventura por um estilo não muito comum para quem conhece seu background metálico, o que acaba sendo uma prova de sua versatilidade como músico. Capitaneada pela inglesa radicada na Alemanha, Aino Laos, a banda investe em um Hard Rock tipicamente germânico, com altas doses de melodia. Lembra a carreira solo de Doro Pesch, especialmente em seus momentos iniciais. O disco abre com a pancada de “I Want It”, música escolhida para a divulgação do trabalho. Pesada e com um refrão marcante, caiu no gosto de quem ouviu à época. “Why Is A Good Love” já é um Hard mais alegre, cheio de melodia, lembrando um pouco o estilo da canadense Lee Aaron. Outros destaques vão para “Straight To The Top”, os ótimos teclados que marcam o ritmo de “Jericho” e a bonita “We Called It Love”. Em 2005, o álbum foi relançado com três faixas-bônus. Um momento diferente na carreira do baterista, mas também de grande qualidade.
Aino Laos (vocals), Ralf Hansmeyer (guitarras), Fran Fricke (guitarras), Thomas Roben (baixo), Wolfgang Schindler (teclados) e Jörg Michael (bateria)
1. I Want It
2. Why Is a Good Love
3. Now That It’s Over
4. Straight to the Top
5. Jericho
6. Heartbreak Road
7. We Called It Love
8. Long Shot
9. Badlands
10. Higher Ground
11. One More Night
Running Wild – Black Hand Inn [1994]
Em 1994, Jörg Michael se juntou a Rolf Kasparek, tornando-se um pirata do Metal. E sua estreia não poderia ser melhor. Black Hand Inn é o oitavo trabalho de estúdio do Running Wild e um dos melhores. Contando a história de um homem que é ressuscitado para enfrentar uma quadrilha de piratas que almeja apenas crimes e destruição, o álbum mostra uma banda coesa, reproduzindo o que desejava o manda-chuva Rock n’ Rolf. O bom entrosamento permitiu que as músicas fossem mais trabalhadas. Todas da segunda metade ultrapassam os cinco minutos. O que não significa que tenham ficado complexas demais para os fãs de sons mais diretos, muito pelo contrário. Sons como a poderosa faixa-título, a cadenciada “Fight the Fire of Hate”, as excelentes “Mr. Deadhead” e “The Phantom of the Black Hill”, além do single “The Privateer” não demoraram a cair no gosto dos adeptos. Encerrando o tracklist regular, “Genesis (the Making and the Fall of Man)”, com seus épicos quinze minutos da mais pura viagem metálica. Black Hand Inn vendeu duzentas mil cópias mundo afora. Um ótimo trabalho, indicado para quem não conhece a banda e não sabe por onde começar. Recomendado para aqueles dias em que a gente acorda meio true.
Rolf Kasparek (vocals, guitarras), Thilo Hermann (guitarras), Thomas Smuszynski (baixo) e Jörg Michael (bateria)
1. The Curse
2. Black Hand Inn
3. Mr. Deadhead
4. Soulless
5. The Privateer
6. Fight the Fire of Hate
7. The Phantom of Black Hand Hill
8. Freewind Rider
9. Powder & Iron
10. Dragonmen
11. Genesis (the Making and the Fall of Man)
Axel Rudi Pell – Between the Walls [1994]
Paralelamente ao Running Wild, Jörg seguia como fiel escudeiro de Axel Rudi Pell. E nesse caso é importante destacar que o guitarrista alemão se sobressai em relação à maioria dos fritadores masturbatórios. O principal motivo é que ele usa sua habilidade – muito acima da média – a favor da música e não o contrário, como muitos costumam fazer. Between the Walls é um de seus trabalhos mais bem-sucedidos. Contando com o grande Jeff Scott Soto nos vocais, Axel manda um Hard/Heavy de primeira com muita influência de Ritchie Blackmore, especialmente Rainbow. Destaque para a veloz “Talk of the Guns”, Power Metal genuinamente europeu. Na sequência, as duas mais conhecidas do disco, “Warrior” e “Cry of the Gypsy”. “Casbah” consegue envolver o ouvinte, fazendo com que seus dez minutos não pareçam de difícil apreciação, mesmo para quem não curte músicas tão extensas. O cover para “Wishing Well”, do Free é manjado, mas vale pela homenagem. Para encerrar, a empolgante instrumental “Desert Fire”. Fãs de músicos técnicos não-exibidos devem conferir sem medo de errar.
Axel Rudi Pell (guitarras), Jeff Scott Soto (vocals), Volker Krawczak (baixo), Jörg Michael (bateria) e Julie Greaux (teclados)
1. The Curse
2. Talk of the Guns
3. Warrior
4. Cry of the Gypsy
5. Casbah
6. Outlaw
7. Wishing Well
8. Innocent Child
9. Between the Walls
10. Desert Fire
Stratovarius – Visions [1997]
Após a bela estréia com Episode, Jörg participaria do álbum que colocaria definitivamente o Stratovarius entre as maiores bandas da história do Heavy Metal melódico. Visions pode soar hoje como uma verdadeira reunião de clichês dos mais variados tipos. Mas é preciso lembrar que Timo Tolkki já estava nessa há muito tempo, buscando aprimorar seu som. Pois bem, ele finalmente atingiu seu objetivo. Contando com feras como o vocalista Timo Kotipelto (gostem ou não, poucos vocalistas souberam tirar proveito de seu registro no gênero como ele) e o mago dos teclados Jens Johansson, a banda lançaria sua obra definitiva. O play começa com “The Kiss of Judas”, faixa que possui uma melodia bem acessível aos ouvidos populares. Não à toa, acabou virando single. Em seguida, o maior clássico da banda, “Black Diamond”, desde então a música que encerra os shows. Outras que figuram entre as mais apreciadas são “Forever Free”, “Paradise” e “Coming Home”. A longa e variada faixa-título também merece ser citada, com os integrantes mostrando toda sua musicalidade. Visions chegou à quarta posição da parada mainstream da Finlândia, país de origem do grupo. Referência histórica do Metal Melódico. Gostem ou não!
Timo Kotipelto (vocals), Timo Tolkki (guitarras), Jari Kainulainen (baixo), Jens Johansson (teclados) e Jörg Michael (bateria)
1. The Kiss of Judas
2. Black Diamond
3. Forever Free
4. Before the Winter
5. Legions
6. The Abyss of Your Eyes
7. Holy Light
8. Paradise
9. Coming Home
10. Visions (Southern Cross)
Eu cansei um pouco de metal melódico desde que a Rock Brigade resolveu que esse era o único estilo que o mundo precisava ouvir, mas ainda escuto algumas bandas e discos. Esse Visions do Stratovarius é UM PUTA DISCO!!!!! Pode ser clichê, pode ser o que for, mas é difícil citar uma música ruim dele. Timo Kotipelto canta demais nesse álbum e não utilizou tanto reverbe como fez no Episode. Black Diamond é uma daquelas músicas que só de lembrar seu nome já me faz ficar com a melodia na cabeça…
Tanto o Visions quanto o Episode sao sensacionais… Mas, infelizmente, depois foi ladeira a baixo…
Dos discos nao mencionados na materia, vale muito a pena citar o The Reaper, do Grave Digger, um dos melhores e mais pesados trabalhos do grupo alemão, com um belissimo trabalho do baterista; e o disco que ele gravou com o Saxon, Lionheart, que é bem legal tambem!