Por Pablo Ribeiro
O norte-americano (de Michigan) James Newell Osterberg tem marcado a ferro seu nome no mundo da música há mais de 40 anos. Primeiro com os Stooges no final dos anos 60, onde adotou a alcunha de “Iggy (de iguana) Pop”, definindo o que viria, meia década depois a ser definido como Punk, movimento estético-Musical que mudaria para sempre o mundo da música e a cultura em geral.
|
David Bowie, Iggy Pop e Lou Reed |
Depois, em carreira solo (com eventuais participações especiais), foi o responsável por álbums e canções fundamentais no Rock And Roll. Sempre polêmico, consumiu exorbitantes quantidades de entorpecentes e se enfiou (trocadalho do carilho) em orgias insanas, principalmente no início de carreira.
A polêmica também se extendeu por suas performances ao vivo – sempre energéticas – e aparições públicas em programas de TV, ou entrevistas em veículos impressos.
Sempre surpreendente, Iggy, depois de quase duas dezenas de álbums lançados, da a cara à tapa – de novo – com aqueles que talvez sejam os seus mais ambiciosos lançamentos musicais.
|
O álbum Pop de Iggy |
O primeiro , lançado em maio de 2009, recebeu o nome – em francês – de Preliminaires (título que dispensa tradução), e conta com doze músicas, sete delas de autoria de Iggy (seis em parceria com outros compositores), entre as restantes, estão, por exemplo, “Les Feuilles Mortes” (em duas versões, no começo e no final do álbum) com letra do poeta Jacques Prèvert, e “How Insensitive”, versão em inglês da famosa “Insensatez”, de Tom Jobim, ambas bem longe do que Iggy ficou famoso por cantar, mas que encontram-se com o desejo do cantor já há algum tempo.
Todo o álbum segue de certa forma a mesma linha musical, e uma das autoriais inéditas de Pop, “King Of The Dogs”, ganhou um videoclipe (na verdade em algumas versões com sensíveis diferenças) bem bacana, em stop-motion, bem bacana e divertido, recebendo considerável divulgação. Préliminaires teve uma aceitação muito positiva, o que motivou Pop a cogitar seriamente um outro álbum na mesma linha.
|
O álbum jazzístico de Iggy |
Lançados exatos três anos depois do seu antecessor, Après (“Depois”, em francês) segue de onde o disco anterior parou: são dez canções, e nenhuma delas de autoria de Iggy… Entretanto, temos clássicos pop/soft-jazz que ficaram famosos na interpretação de artistas como Serge Gainsbourg (“La Javanaise”), Joe Dassin (“Et Si Tu N’Existais Pas”, que abre o disco. Uma das mais conhecidas músicas pop francesas), “La Vie En rose” (clássico na voz de Edith Piaf) e “Les Passantes (Georges Brassens), todas em francês, e outras no inglês nativo de Pop, entre as quais se destacam “Everybody’s Talking” (canção de autoria de Fred Neil que ficou conhecida na interpretação de Harry Nilsson), “Only The Lonely” (classicaço na voz do Ol’Blue Eyes Frenk Sinatra) e a rendição à famosa “Michelle” de autoria de Lennon/McCartney (mais do segundo).
|
Iggy ao vivo |
Apesar de se distanciar consideravelmente do que se esperaria, a princípio, de Iggy Pop, sua voz grave se encaixa muito bem nas músicas, tanto nas mais melancólicas (maioria em ambos os discos) quanto nas mais descompromissadas, nas quais a ironia do Sr. Osterberg se faz presente, ácida como sempre. Mais uma – bem sucedida – etapa criativa na carreira do cara, que nunca se deitou nos louros do passado, e tampouco se sentiu satisfeito apenas em se repetir. Nada mal para um senhor de 65 anos (em 2012) que, apesar de carregar o apelido de “Pop”, sempre foi muito mais além! Que continue…
|
Iggy Pop |
Track lists
Préliminaires [2009]
1. Les Feuilles Mortes
2. I Want To Go To The Beach
3. King Of The Dogs
4. Je Sais Que Tu Sais
5. Spanish Coast
6. Nice To Be Dead
7. How Insensitive
8. Party Time
9. He’s Dead / She’s Alive
10. A Machine For Loving
11. She’s A Business
12. Les Feuilles Mortes (Marc’s Theme)
Après [2012]
1. Et Si Tu N’Existais Pas
2. La Javanaise
3. Everybody’s Talkin
4. I’m Going Away Smiling
5. La Vie En Rose
6. Les Passantes
7. Syracuse
8. What Is This Thing Called Love
9. Michelle
10. Only The Lonely