Cinco Discos Para Conhecer: Tony Iommi

Cinco Discos Para Conhecer: Tony Iommi

Por Mairon Machado

Assim como Ritchie Blackmore, o guitarrista Tony Iommi também não teve uma carreira muito diversificada. Com mais de quarenta anos na estrada, Iommi consagrou-se como o líder das seis cordas do Black Sabbath. Porém, sua breve carreira solo também gerou um material de qualidade. Unindo a discografia do Black Sabbath, a carreira solo e o único registro do Heaven and Hell, temos assim Cinco Discos para Conhecer Tony Iommi.


Black Sabbath – Black Sabbath [1970]

A estreia dos britânicos de Birmingham é um petardo. Se não é o melhor disco da carreira do grupo, é nele que Ozzy Osbourne (voz), Bill Ward (bateria), Geezer Butler (baixo) e Tony Iommi (guitarra) se revelam como seres influenciadores de gerações e gerações de músicos dentro do metal. Concentrando-se apenas na participação de Iommi, o guitarrista é o principal destaque, seja no blues de “Evil Woman Don’t Play Your Games With Me” e “The Wizard”, na pegada de “N. I. B.” ou no aterrorizante riff de “Black Sabbath”, uma pequena amostra da potencialidade criativa de Iommi. Ouvir o riff de “Behind the Wall of Sleep” e não sair pulando pela sala é algo impossível. Mas, se você quer se deleitar mesmo com a guitarra de Tony Iommi, parta para a sequência “Sleeping Village / Warning“, o mais longo e complexo solo da carreira de Iommi, exalando criatividade, velocidade e técnica para virtuose nenhum botar defeito. A versão europeia e americana ainda nos traz “Wicked World”, um ótimo complemento renegado aos brazucas na época de seu lançamento, mas que hoje pode ser ouvida dentro dos relançamentos em CD dessa bolacha essencial.

Ozzy Osbourne (vocais, harmônica), Tony Iommi (guitarras), Bill Ward (bateria), Geezer Butler (baixo)

1. Black Sabbath
2. The Wizard
3. Behind the Wall of Sleep
4. N. I. B.

5. Evil Woman don’t Play Your Games With Me
6. Sleeping Village / Warning
7. Wicked World


Black Sabbath – Heaven and Hell [1980]

Depois da saída de Ozzy Osbourne, ninguém sabia qual seria o destino do Black Sabbath. AS incursões prog-jazzísticas de Technical Ecstasy (1976) e Never Say Die (1978) haviam afundado a carreira dos britânicos, que perderam credibilidade e principalmente, espaço. Eis que surge o nome do baixinho Ronnie James Dio, e com ele, a aura de solos e riffs de Tony Iommi é recapturada em outro álbum mais que essencial. A partir de Heaven and Hell, Iommi especializa-se em criar riffs cantáveis, marcantes e que, apesar da simplicidade dos mesmos, são verdadeiras preciosidades no heavy metal. Desde as mais desconhecidas (“Wishing Well”, “Lady Evil” e “Walk Away“) até as clássicas “Neon Knights” e “Heaven and Hell”, Iommi apresenta seu variado menu de riffs, dedilhados e palhetadas. O maior destaque vai para a épica “Die Young“, outro grandioso solo na carreira do bigodudo mais famoso do rock mundial. Complementam essa pérola a linda balada “Lonely is the World” (com um solo de guitarra capaz de arrancar lágrimas até de uma pedra) e a eterna “Children of the Sea“, com Dio mostrando ao mundo que o Black Sabbath era possível de existir sem Ozzy Osbourne.

Ronnie James Dio (vocais), Tony Iommi (guitarras), Bill Ward (bateria), Geezer Butler (baixo)

Músico adicional

Geoff Nichols (teclados)

1. Neon Knights
2. Children of the Sea
3. Lady Evil
4. Heaven and Hell
5. Wishing Well
6. Die Young
7. Walk Away
8. Lonely is the World


Iommi – Iommi [2000]

Durante quase toda a segunda metade da década de 90, Iommi ficou quase relegado a obscuridade, participando de uma que outra reunião do Black Sabbath (que gerou o ao vivo Reunion) e só. Na verdade, ele estava preparando o material para esse que se tornou seu primeiro álbum solo. Iommi demorou cinco anos para ser lançado, e quando chegou às lojas, não deixou pedra sobre pedra. Contando com a participação de diversos músicos convidados, Iommi conseguiu colocar na mídia um álbum que se por vezes lembra a sonoridade pesada do Black Sabbath, por vezes soa novo e inédito. Os grandes destaques ficam por conta da pesadíssima “Time is Mine“, “Laughin Man (In the Devil Mask)” e a agitada “Black Oblivion”.  Iommi brinca com eletrônicos e peso durante “Patterns”, “Meat” e “Just Say No To Love”, e até mesmo a parceria com Billy Idol (“Into the Night”) merece destaque, sendo que o álbum ficou reconhecido por “Who’s Fooling Who“, com a participação de Bill Ward e Ozzy Osbourne, além do sino imitando “Black Sabbath” (porém sem a tempestade ao fundo). Particularmente, me agradam as canções com Brian May na guitarra (“Flame On” e “Goodbye Lament“, essa carregada de efeitos), mas todo o álbum vale a pena ser ouvido, mostrando que o velhinho Iommi ainda tinha muitos riffs para tirar de sua cachola.

Tony Iommi (guitarras).

1. Laughing Man (In the Devil Mask)
2. Meat
3. Goodbye Lament
4. Time is Mine
5. Patterns
6. Black Oblivion
7. Flame On
8. Just Say No To Love
9. Who’s Fooling Who
10. Into the Night

Músicos convidados

Henry Rollins (Vocais em 1)
Skin (Vocais em 2)
Dave Ghrol (Vocais em 3)
Phil Anselmo (Vocais em 4)
Serj Tarkan (Vocais em 5)
Billy Corgan (Vocais em 6)
Ian Astbury (Vocais em 7)
Peter Steele (Vocais em 8)
Ozzy Osbourne (Vocais em 9)
Billy Idol (Vocais em 10)
Terry Phillips (Baixo em 1)
Bob Marlette (Baixo em 2)
Laurence Cottle (Baixo em 3, 4, 5, 7, 8 e 9)
Billy Corgan (Baixo em 6, guitarra em 6)
Peter Steele (Baixo em 8)
Ben Shepherd (Baixo em 10)
Ace Martin Kent (Guitarra em 2)
Brian May (Guitarra em 3 e 7)
Jimmy Copley (Bateria em 1 e 5)
John Tempesta (Bateria em 2)
Dave Grohl (Bateria em 3)
Matt Cameron (Bateria em 4, 7, 8 e 10)
Kenny Aronoff (Bateria em 6)
Bill Ward (Bateria em 9)


Iommi – Fused [2005]

Em 1986, Iommi lançou o álbum Seventh Star sob o título de Black Sabbath. A ideia era de que esse fosse o primeiro álbum solo do guitarrista, mas por imposição da gravadora, o álbum teve que sair como Black Sabbath featuring Tony Iommi. Nos vocais, o nobre Glenn Hughes era o encarregado de comandar as letras. Quase vinte anos depois, a dupla reuniu-se para um trabalho que só podia dar certo, e logicamente, deu. A fusão do peso de Iommi com o soul de Hughes acaba satisfazendo os admiradores de ambos os artistas. Não espere nada parecido com o Black Sabbath ou com o Deep Purple. É uma mistura de estilos que vale cada centavo investido.  Algumas canções lembram bastante a atual carreira solo de Hughes, porém com os riffs inconfundíveis de Iommi, como “Dopamine”, “Face You Fear” e “Saviour of the Real”, e outras que são mais hardeiras, como “Wasted Again” e “What You’re Living For“. “Resolution Song”, “The Spell” e “Grace” são carregadas de peso nos riffs e na pegada da cozinha. Ainda há espaço para a balada “Deep Inside Shell“, mesmo com os riffs pesados de Iommi. O álbum encerra com uma das melhores canções da última década, a épica “I Go Insane“, na qual Iommi mostra por que de ser tão venerado como guitarrista, e Hughes exprime toda sua categoria nos vocais. Uma ótima combinação, que infelizmente parou só nessa colaboração.

Tony Iommi (guitarras), Glenn Hughes (vocais, baixo), Kenny Aronoff (bateria), Bob Marlette (teclados, baixo)

1. Dopamine
2. Wasted Again
3. Saviour of the Real
4. Resolution Song
5. Grace
6. Deep Inside a Shell
7. What You’re Living For
8. Face Your Fear
9. The Spell
10. I Go Insane


Heaven and Hell – The Devil You Know [2009]

Quando ninguém esperava, eis que Tony Iommi, Geezer Butler, Ronnie James Dio e Vinnie Appice aparecem novamente como um grupo. Por problemas legais, o nome Black Sabbath não pode ser usado, e assim, Heaven and Hell foi a alcunha protagonizadora de The Devil You Know. Esse álbum tem várias circunstâncias importantes, principalmente por ter sido o último registro de estúdio de Ronnie James Dio, mas vamos nos deter apenas na parte musical. Iommi e cia. retornam ao peso Sabbáthico, trazendo novos e marcantes riffs.

O peso inicial de “Atom and Evil” já serve para mostrar que o quarteto está em ótima forma, em uma excelente canção, que daqui há alguns anos certamente será lembrada como clássicos do porte de “Heaven and Hell” ou “Mob Rules”. Outras pesadíssimas são “Follow the Tears”, “Breaking into Heaven” e “The Turn of the Screw”, apesar da levada simples de Appice nessa última, o que também prejudica “Bible Black”, a canção mais conhecida de The Devil You Know. O quarteto mostra-se renovado, principalmente em faixas como “Rock and Roll Angel” (um belíssimo solo de Iommi), e exibindo velocidade em “Neverwhere” e “Eating the Canibals“, que  faz dessas as melhores do álbum. O riff de “Fear” é surpreendente pela modernidade, assim como “Double the Pain”, cujo maior destaque é o baixão de Butler. Último álbum de Dio, é também o último do bigodudo até o presente momento. Torcemos para que ele se recupere do câncer e lanCe muitos mais discos para conhecermos.

Ronnie James Dio (vocais, teclados), Tony Iommi (guitarras), Geezer Butler (baixo), Vinnie Appice (bateria)

1. Atom and Evil
2. Fear
3. Bible Black
4. Double the Pain
5. Rock and Roll Angel
6. The Turn of the Screw
7. Eating the Cannibals
8. Follow the Tears
9. Neverwhere
10. Breaking into Heaven

16 comentários sobre “Cinco Discos Para Conhecer: Tony Iommi

  1. O Devil You Know é interessante por trazer várias músicas com uma pegada doom metal, que se encaixa melhor com o porra-louca do Ozzy. O riff de Breaking Into The Heaven é sem sombra de dúvida o mais sombrio, sinistro e pesado riff da carreira do Iommi. The best of the best. Junto com Zero the Hero e into the Void.

      1. Põe discaço nisso mano! É de um peso avassalador. Como falei, é interessante pois traz o Dio cantando músicas com pegada mais doom, que sempre foi mais a cara do Ozzy. O Devil You Know seria o Master of Reality do século 21. Bem melhor do que o Pentagram do Bobby Liebling. Chega a lembrar o Candlemass dos tempos do Nightfall.

  2. Não fazendo comparação, mas já fazendo, o que é The Devil You Know? um álbum espetacular, possuidor de um peso paquidérmico, pena ter saído como Heaven & Hell, se tivesse saído como Black Sabbath teria uma popularidade muito maior. Ao contrário do 13 que, a despeito da divulgação massiva da ” reunião, só que não”, não é tão inspirado.

  3. Exatamente MARCK, o “Treze”(zoando) é mais marketing e propaganda do que um álbum espetacular como parecia que seria quando foi anunciado o retorno da formação “original”. Entre aspas mesmo, pq o pobre Bill Ward foi deixado de lado, mancada da Dona Sharon, a dona do nome da banda. Rick Rubin tem o toque de midas ao contrário. Aonde ele põe a mão, com exceção dos álbuns clássicos que ele produziu do SLAYER, ele estraga. A produção ficou muito polida e talvez a doença do Iommi tenha feito o clima desanimar entre eles no estúdio. E de fato, o Devil You Know é na minha opinião, o melhor disco do Sabbath, só que com o nome de Heaven and Hell.

  4. Sempre achei que Iommi deveria ter gastado seus anos em discos solo, ao invés de ficar arrastando o cadáver do BS por aí. Iommi, de 2000, é melhor do que tudo que lançou como BS a partir dos anos 80.

      1. Bem melhor do que tudo o que eles fizeram nos anos 80 eu não diria, mas o IOMMI(2000) e o Fused com o Glen Hughes são muito melhores do que o fraco “13” lançado recentemente. Não sei se a produção do Rick Rubin ou a falta de inspiração dos caras, mas o 13 deixou e muito a desejar. Fizeram uma propaganda que parecia que o Sabbath iria lançar o melhor álbum da carreira deles. Só tem três músicas que se salvam ali: End of the Beginning. Dear Father e Pariah. Só.

        1. Gosto do 13, acho-o um disco bacana. Volta e meia ainda pego-o no meio dos meus Cd’s pra escuta-lo.

        2. Acho Ozyy Osborne um palhaço, pau mandado da mulher e mal caráter, vide o que ele fez com Bob Dasley e Lee Kerslake, mas achei o 13 um puta dum álbum, o Devil You Know achei ótimo também, a produção deixou a desejar, achei o som meio abafado. Agora nessa lista não poderiam ficar de fora Dehumanizer e Mob Rules.

          1. É que nas listas tentamos dar um geral na carreira do artista, meu caro, e não focar-se apenas em uma única banda.

  5. Nunca esqueço da critica de uma certa revista acerca do disco Iommi, que posso citar sem esforço: “Iommi é o melhor disco do Black Sabbath pós Dehumanizer, e mostra o que seria o verdadeiro Sabbath na primeira metade dos anos 2000 com riffs lentos, sorumbáticos e extremamente pesados. Tony Iommi assume novamente o reinado no estilo musical onde o volume passa do 11. O disco traz riffs que poderiam estar em qualquer disco do Black Sabbath. A sonoridade moderna, bem na vertente do momento pós grunge, demonstra a versatilidade do guitarrista que se tornou sinônimo de Black Sabbath.”

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