Por Davi Pascale
No dia 18 de Dezembro de 2007 foi lançado a terceira e – até agora – última parte da série Kissology. Este volume retrata o período que vai de 1992 até 2000. Ou seja, desde a entrada de Eric Singer até a turnê de despedida do Kiss. Ao contrário da parte 1 e 2, não estão presentes apresentações em estúdio de televisão, nem clipes. Seu material é formado essencialmente por shows. Vamos a eles…
O DVD 1 começa com a apresentação realizada em Detroit em 1992, durante a Revenge Tour. Foi um dos shows utilizados na criação do disco Alive III (mais dois shows foram utilizados neste disco: Indianapolis e Cleveland) e do VHS Kiss Konfidential. Esta turnê acabou se tornando um marco na carreira do grupo por dois motivos: foi a última turnê desmascarada e a última com o guitarrista Bruce Kulick (Eric retornaria mais tarde).
No setlist misturavam clássicos dos anos 70, hits dos anos 80 e canções de seu mais recente álbum. O grupo tocava as canções com uma dose extra de peso. Eric Singer abusava de viradas e dobradas de bumbo. Entretanto, o show trazia um diferencial. Ao contrário das turnês anteriores, as canções foram interpretadas mais próximas do timing original. Nas giras anteriores os músicos aceleravam as canções mais antigas…
Na sequência temos a apresentação do MTV Unplugged. Contudo, vale lembrar que esse não é aquele famoso VHS e nem o especial de 50 minutos da MTV. Está apresentado aqui o show na íntegra. Sem cortes. Com direito a erros e músicas que não entraram na edição final. Entre elas, “Hard Luck Woman” e “Heaven´s On Fire”. E, sim, o berro de I Still Love You do Paul Stanley é real e foi feito em um take. Realmente impressionante!
O acústico reuniu os quatro membros originais do Kiss para algumas canções no especial. Era a primeira vez que os 4 tocavam juntos desde 1979. Foi só Ace e Peter surgirem nas telas dos televisores para começarem os comentários de que o grupo estaria retornando à formação original. Os boatos tornaram-se realidade quando o Kiss apareceu reunido com seus integrantes devidamente maquiados e trajados na 38ª edição do Grammy em 28 de fevereiro de 1996. Em 16 de Abril do mesmo ano fizeram uma coletiva de imprensa na cidade de Nova Iorque para anunciarem a turnê. A coletiva foi transmitida simultaneamente para 58 países. A tour iniciou-se na cidade de Detroit no dia 28 de Junho no Tiger Stadium. É exatamente aí que começa o segundo DVD.
A reunião dividiu opiniões. Os fãs mais antigos diziam que o verdadeiro Kiss estava de volta. Os fãs mais recentes questionavam a razão do tal retorno (amizade ou dinheiro) e o nível técnico de Ace e Peter. Não eram apenas Ace e Peter que estavam de volta. Também estava de volta a maquiagem, a pirotecnia, os números solos,… Enfim, pela primeira vez, seus fãs mais jovens teriam a oportunidade de testemunhar como eram os shows do quarteto nos anos 70. Todos os velhos truques estavam de volta. Gene cuspindo sangue, Peter com sua bateria indo até o alto, Ace com sua guitarra soltando fumaça. Entre toda a polêmica existia algo que ninguém poderia negar. O tipo de espetáculo que o Kiss apresentava era único. Ninguém naquele momento apresentava um show daquele porte. Não demoraria para que a banda retomasse seu prestígio. Pelo menos, por um momento. Explicarei mais adiante…
Claro que todos queriam testemunhar aquilo de perto. No entanto, acredito que nem mesmo os músicos seriam capazes de imaginar que a apresentação de estreia teria todos os 40.000 ingressos vendidos em apenas 47 minutos. É exatamente esta apresentação que está presente no
Kissology 3. No setlist, nenhuma música da década de 80 e 90 (nem mesmo “I Love It Loud”) e nenhuma música de Dynasty. O setlist foi limitado aos seus primeiros seis álbuns de estúdio. Período tido como o momento clássico dos rapazes.
Logo depois temos a curta apresentação realizada no Brooklyn Bridge em 4 de Setembro de 1996. Lembra-se que a MTV transmitiu o Kiss tocando Rock n´ Roll All Nite no MTV Music Awards daquele ano? Pois bem… É este show!
Com o retorno dos mascarados, não demorou muito para que começasse a cobrança em cima de um novo disco com a formação clássica. O disco – Psycho Circus – foi lançado em Setembro de 1998. No entanto, Ace e Peter quase não participaram das gravações. As guitarras, em sua maior parte, foram gravadas por Tommy Thayer (atual guitarrista do Kiss) e Bruce Kulick. A bateria foi registrada por Kevin Valentine (Graham Bonnet, Lou Gramm Band). Peter tocou apenas em Into The Void. Lembra-se que eu disse que os problemas haviam sido resolvidos por um momento? Pois bem, os problemas internos haviam retornado e continuariam durante sua turnê.
Encerra o segundo disco a apresentação ocorrida no Dodger Stadium (Los Angeles) em 31 de Outubro de 1998, a estreia da Psycho Circus Tour. Os fãs mais fervorosos já conheciam o áudio deste show que havia sido infinitamente pirateado por aí. Graças à transmissão de uma estação de rádio norte-americana. Aqui os músicos ainda não se deixavam abater com os problemas internos. Os fãs que assistiam as apresentações ainda não eram capazes de imaginar o que ocorria nos bastidores. Esta tour ficou famosa por trazer a tecnologia 3D em seus concertos. Provavelmente a primeira vez que uma banda utilizava este recurso em uma apresentação ao vivo. Vale lembrar que o clipe promocional – lançado oficialmente em VHS – já trazia este recurso – Agora em vídeo, verdade seja dita, eles não foram os pioneiros na tecnologia. Quando esse VHS saiu, eu já tinha em casa o VHS Roadkill do Skid Row com o clipe de “Psycho Love” em 3D e não sei dizer se isso já havia sido feito antes deles. Voltando ao show, 3 faixas do novo álbum eram apresentadas aqui: “Within”, “Into The Void” e a faixa-título.
O disco 3 está dividido em 3 capítulos: a segunda parte do show do Dodger Stadium (sim, ele está dividido em dois discos), a apresentação ocorrida na festa de premiação do longa-metragem Detroit Rock City e a turnê de despedida Last Kiss, apresentada originalmente via Pay-Per View.
O Kiss foi mais um daqueles artistas que anunciaram turnê de despedida e nunca pararam (fato que já ocorreu com outros nomes como Ozzy Osbourne e mais recentemente com o grupo Scorpions). Durante muito tempo, a imprensa massacrou os músicos por conta do episódio. Depois de muita especulação, o líder Paul Stanley deu sua versão do fato à revista inglesa Classic Rock quando divulgava o seu álbum solo
Live to Win. “
Uma vez um fã veio até mim em um lava-rápidos e me disse ‘A Farewell tour foi fantástica. Quando irá acontecer a turnê de 30 anos?’. Uma luz acendeu em minha cabeça. Só existiria uma turnê de despedida se desejássemos ou se ninguém quisesse nos assistir novamente. Eu não queria parar de tocar com o Kiss. Eu queria parar de tocar com os caras que estavam com a gente naquele momento“.
Peter Criss abandonou a turnê em 7 de Outubro de 2000 em North Charleston. No final desta apresentação, Peter destruiu seu kit de bateria no palco (algo que não é de seu costume). Muitos acharam que fazia parte da performance. Quem conhece os show do Kiss, contudo, sabe que esse número não faz parte do espetáculo. O músico estava demonstrando sua indignação. O catman não estava feliz com seu novo contrato (sim, Ace e Peter voltaram como músicos contratados). Na época, para evitar maiores polêmicas, foi anunciado que ele iria se afastar da tour por conta de uma artrite.
Eric Singer estava de volta à banda. A turnê era para ter sido encerrada com 5 shows no Madison Square Garden que foram cancelados. Ace também estava fora da banda. Sua última apresentação com o grupo foi o encerramento das Olimpíadas de Inverno em 24 de Fevereiro de 2002. Peter Criss ainda retornaria ao grupo em 2003 para algumas poucas apresentações (entre elas, a apresentação com a orquestra que rendeu CD e DVD ao vivo). Ace Frehley, por outro lado, nunca mais voltou ao Kiss.
O quarto e último disco traz uma apresentação curta, porém histórica. Trata-se de uma apresentação do grupo em Nova Iorque em Dezembro de 1973. Meses antes do lançamento do seu álbum de estreia. Nesse período, era comum os rapazes tocarem Simple Type (Wicked Lester), mas nessa apresentação, infelizmente, não rolou.
Assim como os outros dois volumes, os discos apresentam Easter Eggs. Não há segredo para acessá-los. Basta selecionar o nome Kissology na página inicial. No disco 1, temos imagens das gravações de “Carnival Of Souls”. Outro momento histórico. Como todo fã está careca de saber, este disco não teve turnê, não teve clipe e por pouco não foi engavetado. Portanto, esta é, literalmente, a única imagem deste período. No disco 2, temos um trecho do primeiro ensaio que Ace, Peter, Paul e Gene fizeram para a turnê de reunião. No terceiro, temos a versão de 2.000 no show que ficou conhecido como Millennium Concert. O show rolou em Vancouver. Era a virada do ano de 1999 para 2.000. Quando deu meia-noite os caras atacaram 2.000 Man (música dos Rolling Stones que havia sido gravada pelo Kiss no álbum Dynasty e no MTV Unplugged. Para quem tiver curiosidade de ouvir a versão dos Stones, a faixa pertence ao álbum Their Satanic Majesties Request). Bem sacado! No quarto disco, após os créditos, temos a imagem de Peter destruindo a bateria.
Lembram-se que eu disse nos textos anteriores que cada Kissology possui 3 versões? Pois bem, este possui 4! Best-Buy, Walmart, Edição Mundial e edição da VH1. Quem comprasse o DVD durante a exibição do programa VH1 Classic: 24 horas de Kiss (exibido entre 7 e 8 de dezembro de 2007) receberia uma versão exclusiva. Esta versão contava com o filme Detroit Rock City como bônus. A edição Walmart e a edição mundial traziam duas apresentações da Kiss Alive/Worldwide Tour. Nova Iorque e Irvine, respectivamente. No entanto, para os brasileiros, a versão mais legal é a da Best Buy. Esta edição traz a apresentação realizada em 27 de agosto de 1994, em São Paulo, na primeira edição brasileira do festival Monsters of Rock. E não é aquele especial da MTV. A versão do DVD é o show na íntegra! Para aqueles que, assim como eu, estavam na plateia, não há presente melhor!
Em 2009 foi lançado um Box Set com todos os DVDs do Kissology 1, 2 e 3. E todos os DVD´s bônus. Bem… Quase todos, uma vez que o filme Detroit Rock City não faz parte do pacote. Mas não há problema, uma vez que o filme foi lançado no mercado separadamente. O grande problema é que eles resolveram lançar esse ítem somente no Japão em uma tiragem limitadíssima. Foi divulgado como 500 cópias, mas há quem diga que exista um pouco mais do que isso por aí. Além dos DVDs, vinha um livro exclusivo, uma camiseta e a embalagem se transformava no palco do Kiss. O preço, obviamente, não é amigável!
Assim como os dois primeiros volumes, esta fita é indispensável na prateleira de qualquer fã que se preze. Um tempo atrás, rolou um boato de que mais volumes seriam lançados. Se for obedecer a lógica de cronologia, acho difícil. O show com a orquestra foi lançado em DVD, o show da Rock The Nation Tour também. Sendo assim, restaria apenas a tour Alive 35 e Sonic Boom. Agora, se for incluir shows que ficaram de fora dos outros pacotes, aí tem material de sobra. Enquanto o próximo volume não vem, bem que poderiam lançar os DVD´s do Kiss em blu-ray…
Disco 1:
Ø “Creatures of the Night”
Ø “I Just Wanna”
Ø “Unholy”
Ø “Parasite”
Ø “Heaven’s On Fire”
Ø “Domino”
Ø “Watchin’ You”
Ø “War Machine”
Ø “Take It Off”
Ø “I Love It Loud”
Ø “God Gave Rock and Roll to You II”
Ø Behind the Scenes
Ø “Comin’ Home”
Ø “Plaster Caster”
Ø “Do You Love Me”
Ø “Domino”
Ø “Got to Choose”
Ø “Hard Luck Woman”
Ø “Rock Bottom”
Ø “See You Tonight”
Ø “I Still Love You”
Ø “Every Time I Look at You”
Ø “Spit”
Ø “C’mon And Love Me”
Ø “God of Thunder”
Ø “2,000 Man”
Ø “Nothin’ to Lose”
Disco 2:
Ø “King of the Night Time World”
Ø “Do You Love Me”
Ø “Watchin’ You”
Ø “Firehouse”
Ø “Rock Bottom”
Ø “Let Me Go, Rock ‘n’ Roll”
Ø “100,000 Years”
Ø “Let Me Go, Rock ‘n’ Roll”
Ø “Do You Love Me”
Ø “Firehouse”
Ø “Nothin’ to Lose”
Ø “She”
Disco 3:
- Dodger Stadium (Parte 2):
Ø “Love Gun”
Ø “Within”
Ø “100,000 Years”
Ø “King Of The Night Time World”
Ø “God Of Thunder”
Ø “Deuce”
Ø “Detroit Rock City”
Ø “Beth”
Ø “Rock And Roll All Nite”
- Detroit Rock City Movie Premiere:
Ø “Detroit Rock City”
Ø “Shout It Out Loud”
Ø “Cold Gin”
Ø “Rock And Roll All Nite”
- “Last KISS”, New Jersey (27 de Junho de 2000):
Ø “Detroit Rock City”
Ø “Deuce”
Ø “Shout It Out Loud”
Ø “Firehouse”
Ø “Heaven’s On Fire”
Ø “Let Me Go, Rock ‘N’ Roll”
Ø “Shock Me”
Ø “Psycho Circus”
Ø “God Of Thunder”
Ø “100,000 Years”
Ø “Love Gun”
Ø “I Still Love You/ Black Diamond”
Ø “Beth”
Ø “Rock And Roll All Nite”
Disco 4:
- Nova Iorque (22 de Dezembro de 1973):
Ø “Deuce”
Ø “Cold Gin”
Ø “Nothin’ To Lose”
Ø “Strutter”
Ø “Firehouse”
Ø “Let Me Know”
Ø “100,000 Years”
Ø “Black Diamond”
Ø “Let Me Go, Rock ‘N’ Roll”
Disco Bonus (Edição Regular):
Ø “Deuce”
Ø “Love Gun”
Ø “Cold Gin”
Ø “Calling Dr. Love”
Ø “Firehouse”
Ø “Shock Me”
Ø “100,000 Years”
Ø “Detroit Rock City”
Ø “Black Diamond”
Ø “Rock and Roll All Nite”
Disco Bônus – Edição Best Buy:
Ø “Creatures of the Night”
Ø “Deuce
Ø “Parasite”
Ø “Unholy”
Ø “I Stole Your Love”
Ø “Cold Gin”
Ø “Watchin’ You”
Ø “Firehouse”
Ø “Got to Choose”
Ø “Calling Dr. Love”
Ø “Makin’ Love”
Ø “War Machine”
Ø “I Was Made for Lovin’ You”
Ø “Domino”
Ø “Love Gun”
Ø “Lick It Up”
Ø “God of Thunder”
Ø “I Love It Loud”
Ø “Detroit Rock City”
Ø “Black Diamond”
Ø “Heaven’s On Fire”
Disco Bônus – Edição Wal-Mart:
Ø “Deuce”
Ø “Calling Dr. Love”
Ø “Cold Gin”
Ø “Let Me Go, Rock ‘n’ Roll”
Ø “Shout It Out Loud”
Ø “Watchin’ You”
Ø “Firehouse”
Ø “Shock Me”
Ø “Strutter”
Ø “Rock Bottom”
Ø “God of Thunder”
Ø “Love Gun”
Ø “100,000 Years”
Ø “Black Diamond”
Ø “Detroit Rock City”
Ø “Rock and Roll All Nite”
Disco Bonus (VH1):
Parabéns ótimo trabalho, gostei muito das informações aqui apresentadas… fiquei só um pouco confuso na hora da leitura onde é falado sobre as quatro versões, mas depois tudo ficou claro… abraço.
Obrigado. Abração