Cinco discos para conhecer: o que os pré-conceitos o impediram anteriormente (2ª parte)
Por Igor Miranda (Publicado originalmente no site Van do Halen)
Complementando o primeiro artigo escrito pelo Jay, acrescento mais cinco discos afastados de sua playlist por conta de conceitos pré-estabelecidos de forma superficial. Confira:
Twisted Sister – Stay Hungry [1984]
Talvez seja complicado entender o motivo deste álbum estar na lista. Mas o Twisted Sister nunca foi tratado como um grupo de Heavy Metal, por conta do visual exagerado e farofeiro, pra não ser mais detalhista. A aparência de drag queens e a explosão de hits como “We’re Not Gonna Take It” e “I Wanna Rock” enganam muito, pois a banda é pesada. Com exceção das duas canções anteriormente citadas e da balada “The Price”, Stay Hungry é essencialmente metálico, ao estilo do Judas Priest de “British Steel”: guitarras bem compostas, cozinha marcante e vocais poderosos, neste caso do imponente Dee Snider, líder criativo do quinteto. Se a canção abaixo não for Heavy Metal, largo mão do gênero.
Dee Snider (vocal), Eddie “Fingers” Ojeda (guitarra), Jay Jay French (guitarra), Mark “The Animal” Mendoza (baixo), A. J. Pero (bateria)
1. Stay Hungry
2. We’re Not Gonna Take It
3. Burn In Hell
4. Horror-Teria: The Beginning
– Captain Howdy
– Street Justice
5. I Wanna Rock
6. The Price
7. Don’t Let Me Down
8. The Beast
9. S.M.F.
Black Sabbath – Seventh Star [1986]
Após as turbulências sofridas pelo Black Sabbath na década de 1980, Tony Iommi congelou o grupo para trabalhar em um disco solo com o tecladista Geoff Nicholls. Finalizado ainda em 1985, “Seventh Star” só levou o nome da banda em sua capa por conta da pressão da gravadora, mas a formação responsável – Glenn Hughes no vocal, Eric Singer na bateria e Dave Spitz no baixo – não havia sido contratada para o conjunto. Alguns fãs mais conservadores sequer consideram “Seventh Star” como parte da discografia do Sabbath, e há muito desprezo por seguir uma sonoridade mais puxada para o Hard Rock oitentista. Mas trata-se de um disco genial, que conta com músicos fantásticos. Além de Iommi estar inspiradíssimo, a voz de Glenn Hughes arrepia até a alma. Particularmente, um dos meus preferidos da banda.
Glenn Hughes (vocal), Tony Iommi (guitarra), Dave Spitz (baixo), Eric Singer (bateria), Geoff Nicholls (teclados)
Músico adicional:
Gordon Copley (baixo em 2)
1. In For The Kill
2. No Stranger To Love
3. Turn To Stone
4. Sphinx (The Guardian)
5. Seventh Star
6. Danger Zone
7. Heart Like A Wheel
8. Angry Heart
9. In Memory…
Stryper – To Hell With The Devil [1986]
A boa música do Stryper é deixada de lado por muitos graças ao cunho religioso que é adotado em suas letras. Mas mesmo não seguindo a religião do grupo, sou fã confesso. A mistura entre Hard Rock e Heavy Metal do quarteto é fenomenal e um disco como To Hell With The Devil rompe com qualquer preconceito. Sucesso de vendas em sua época, “To Hell With The Devil” é um disco maduro de uma banda que estava em processo de evolução, tendo em vista seus dois registros anteriores. Sem fillers, o grupo liderado pelo incrível Michael Sweet destila uma sequência de hits, capazes de prender a atenção até do menos cristão, considerando-se a qualidade do Hard N’ Heavy aqui apresentado.
Michael Sweet (vocal, guitarra), Robert Sweet (bateria), Oz Fox (guitarra), Tim Gaines (baixo)
Músico adicional:
John Van Tongeren (teclados)
1. Abyss (To Hell With The Devil)
2. To Hell With The Devil
3. Calling On You
4. Free
5. Honestly
6. The Way
7. Sing-Along Song
8. Holding On
9. Rockin’ The World
10. All Of Me
11. More Than A Man
Richie Sambora – Stranger In This Town [1991]
Não é fácil compreender que o guitarrista do Bon Jovi gravou um disco de Blues Rock. Demorei para convencer alguns amigos a escutarem Stranger In This Town, registrado durante um hiato do grupo no início da década de 1990. Mas ninguém se arrependeu. Richie Sambora demonstra ter um talento tão grande que poderia ter seguido em carreira solo em problemas. Stranger In This Town, que traz um Hard Rock blueseiro e pouco farofeiro, transmite uma grande linearidade muito provavelmente por ter sido, em sua maioria, tocado por companheiros de banda, acostumados uns com os outros – Richie Sambora, Tico Torres e David Bryan. Mas muito se deve ao talento do guitarrista, que liderou todas as composições com algumas outras colaborações de co-autores, tocou todas as trilhas de guitarra e ainda assumiu os vocais. Recomendado, principalmente, para todos aqueles que não gostam de Bon Jovi.
Richie Sambora (vocal, guitarra, violão), Tony Levin (baixo, Chapman stick), David Bryan (teclados), Tico Torres (bateria, percussão)
Músicos adicionais:
Eric Clapton (guitarra solo em 6)
Randy Jackson (baixo)
Jeff Bova (teclados)
Larry Fast (teclados)
1. Rest In Peace
2. Church Of Desire
3. Stranger In This Town
4. Ballad Of Youth
5. One Light Burning
6. Mr. Bluesman
7. Rosie
8. River Of Love
9. Father Time
10. The Answer
Warrant – Dog Eat Dog [1992]
Em tempos de Grunge, o Warrant não poderia continuar fazendo Hard Rock meramente oitentista, como nos discos “Dirty Rotten Filthy Stinking Rich” e “Cherry Pie”. A mudança veio com força em Dog Eat Dog: a abordagem musical passou a beirar o Heavy Metal, com um toque considerável de melancolia. A banda da torta de cereja, muitas vezes julgada como Pop Metal, amadureceu demais em “Dog Eat Dog”. O instrumental bem trabalhado e versátil aliado às composições e performance incríveis de Jani Lane faz deste disco um verdadeiro petardo, muitas vezes ignorado por ouvintes que poderiam gostar do trabalho por conta de pré-conceitos. Mas vale muito a pena ser conferido.
Jani Lane (vocal, violão), Joey Allen (guitarra), Erik Turner (guitarra), Jerry Dixon (baixo), Steven Sweet (bateria)
Músicos adicionais:
Scott Humphrey (teclados)
Scott Warren (piano)
Ron Feldman (piano)
Paul Buckmaster (orquestração)
Suzie Katayama (orquestração)
1. Machine Gun
2. The Hole In My Wall
3. April 2031
4. Andy Warhol Was Right
5. Bonfire
6. The Bitter Pill
7. Hollywood (So Far, So Good)
8. All My Bridges Are Burning
9. Quicksand
10. Let It Rain
11. Inside Out
12. Sad Theresa