Kiss: Rock n´ Roll All Weekend (São Paulo/Rio de Janeiro 2012)
Texto: Davi Pascale
Fotos: Davi Pascale (obs: todas as imagens são do show do Rio)
Sábado. 18:30h. Saio de casa vestindo uma calça e uma camiseta preta. Na camisa está estampada uma imagem retirada da capa do disco Unmasked da banda norte-americana Kiss. É dia de assisti-los ao vivo novamente. Minha quarta experiência em um show dos rapazes. Por ser meio de feriado, não pego muito trânsito e chego à arena do Anhembi em pouco mais de 30 minutos. No local, misturam-se crianças e adultos. Homens e mulheres. Todos com o mesmo intuito. Se divertirem. Quem já foi à um show do quarteto sabe que sua apresentação é muito mais do que um mero show de rock. Nunca o termo espetáculo se encaixou tão bem na definição de alguma apresentação. A mistura de som e imagem apresentada pelos músicos é capaz de conquistar a pessoa mais rabugenta do universo. Uma verdadeira celebração, quase uma festa…
Aproveito que ainda falta uma hora para o número de abertura e passeio pelo local. Visito a banca de merchandising. Fotos, camisetas, bonés e peles de bateria oficiais são vendidos no quiosque. Dentro da arena há diversas delas, todas com os mesmos produtos. Os preços variam de R$60,00 a R$80,00 dependendo do objeto. Não comprei nada. Apenas reparei o que estava sendo vendido. Havia ainda quiosques vendendo alimentos. Hamburguer, hot-dog, pizza e pastel, para ser mais preciso. Como já sabia que iria ficar sem jantar, resolvi comer uma pizza e tomar uma água. Logo em seguida, caminhei em direção ao palco. Fui o mais próximo que pude. Várias pessoas da plateia entraram no clima do show e pintaram seus rostos com a maquiagem de seu integrante favorito. Era normal virar para o lado e encontrar alguém com a maquiagem do Paul Stanley ou do Gene Simmons. Alguns foram mais longe e fizeram roupas iguais à de seus ídolos. Quanto mais tempo se passava, mais pessoas chegavam ao local.
E eis que chega o momento do número de abertura. O responsável por aquecer os fiéis seguidores de Stanley/Simmons é a banda paulista Viper. Sempre gostei do som dos meninos. A primeira vez que assisti ao grupo foi no extinto festival Monsters of Rock em 1994, realizado no estádio do Pacaembu. Coincidentemente, o Kiss era a atração principal naquele ano. Entretanto, muito mudou. No show do Monsters, o Kiss estava sem maquiagem e contava com Bruce Kulick na guitarra. O Viper estava sem Andre Matos. O baixista Pit Passarel havia assumido o papel de cantor da banda. No inicio deste ano, o grupo anunciou a volta de Andre para uma série de apresentações. Portanto, aqueles que conheciam o grupo haviam criado uma expectativa em cima da atração. Matos demonstrou que continua sendo um excelente showman, mas apresenta dificuldade em atingir algumas notas. Principalmente os falsetes. Muitos deles, simplesmente não saem. O instrumental estava redondo, sem erros. Apesar dos problemas com o vocal, gostei bastante da apresentação. Direta, sem muita enrolação, setlist correto. Os músicos estavam bem animados, faziam o show com garra. A apresentação foi curta, porém agradou boa parte dos presentes. Algumas pessoas reclamavam da qualidade de som, mas honestamente não achei ruim. Já assisti números de abertura com bandas bem mais populares e com uma qualidade de som bem inferior.
A próxima atração já era o Kiss. Muitos estavam preocupados por conta do atraso de duas horas que havia ocorrido na apresentação de Porto Alegre alguns dias antes. Em breve ficaria nítido que não teríamos esse problema. Com apenas cinco minutos de atraso, as luzes se apagaram e um enorme pano preto com o logo do Kiss era visto cobrindo o palco. Era o início da festa. Não demorou muito e surgiu no telão um vídeo que mostrava os músicos saindo do camarim, já devidamente trajados para o show. Na sequencia, a introdução típica. Uma voz rouca e forte gritava “All right São Paulo. You Wanted The Best, You Got The Best, The Hottest Band In The World, Kiss”. Os fãs gritavam a frase juntos como se fosse um ritual. Reparo que já é possível avistar Paul, Gene e Tommy em um pequeno palco em cima do tal pano, já devidamente posicionados. Assim que começa a introdução de “Detroit Rock City”, o pano cai e o palco começa a descer com os três músicos em cima. A produção de palco é realmente impressionante e o pique dos músicos também. Paul Stanley e Gene Simmons agitam de um lado para o outro. Nem parece que por trás daquelas máscaras estão dois senhores de 60 e 63 anos respectivamente. O show prosseguiu com mais um clássico da década de 70, “Shout It Out Loud”.
Stanley comanda o show e tem o público em suas mãos. “O que vocês acham de transformarmos isso em uma festa? Estivemos na Argentina, no Chile, mas vocês são o número um”. Os fãs iam ao delírio e gritavam o nome da banda extasiados. “Quero que vocês saibam que vocês são a nossa família esta noite. É hora de Dr. Love”. Foi o suficiente para manter a adrenalina dos expectadores a mil. Quase um mestre de cerimônias Paul retorna ao microfone no final da canção e avisa “Temos um novo álbum nas lojas, Monster. Nos orgulhamos muito dele”. Era a chamada para duas novas faixas: “Hell or Hallellujah” e “Wall Of Sound”. Sem pestanejar emendam “Hotter Than Hell”. Ao final desta, o baixista Gene Simmons faz seu famoso número onde cospe fogo. Antes de deixar a galera esfriar, anunciam a próxima canção, “I Love it Loud”, seu maior hit no Brasil. O público grita o famoso coro enchendo os pulmões. Era possível notar a felicidade dos músicos.
O guitarrista Tommy Thayer assume o microfone para cantar “Outta This World” do álbum recém-lançado. Ao final da faixa, emenda uma Jam com o baterista Eric Singer. Tommy e Eric são levados até o alto por um elevador. Tommy solta fogo de sua guitarra. Singer tem seu momento e dá um tiro de uma bazuca. Gene então surge ao palco para interpretar o papel do demônio. O músico cospe sangue falso e voa até uma plataforma onde executa a primeira parte da próxima música, o clássico “God of Thunder”. Gene até arrisca um “tudo bem” antes de iniciar a música. Duas músicas mais pesadas vêm na sequência: “Psycho Circus” e “War Machine”. Durante o show, várias imagens são demonstradas no telão de cristal líquido que ficava atrás da bateria pegando todo o palco. Nele, eram misturadas imagens do show com imagens criadas para interagir com tudo o que acontecia ali. Durante todo o espetáculo ocorriam explosões de fogos sincronizados com as músicas.
Paul Stanley volta a conversar com o público. “Toda vez que venho para São Paulo, me sinto como se estivesse em casa. Como disse anteriormente, amo Argentina, Chile, Paraguai, mas meu coração pertence à São Paulo”. Os fãs praticamente berram em todo o estádio e começam a gritar o nome do músico em coro. Stanley continua “Em uma noite como essa, fico com vontade de ir até vocês. E é isso que irei fazer”. O músico se agarra em uma tirolesa que o leva até um segundo palco no meio da plateia. Estava bem próximo desse palco e consigo vê-lo de perto. A música escolhida era “Love Gun”, outro grande clássico. Ao final desta, Paul voa de volta para o palco principal e inicia “Black Diamond”. Faixa do primeiro disco do grupo, lançado em 1974. Durante o dedilhado inicial, Stanley brinca interpretando um trecho de “Stairway to Heaven” (Led Zeppelin). “Acho que vocês querem ouvir Kiss. Preciso que vocês nos ajudem a cantar esta”. Eric Singer canta a música originalmente gravada pelo Peter Criss. A voz de Eric não é tão rouca quanto à do baterista original, mas a interpreta muito bem. A música termina com mais explosões de fogos e a bateria indo até o topo mais uma vez. Era o final do show. Mas claro que ainda haveria um bis.
“Vocês querem mais? Não querem ir para casa? Tudo bem. Tocaremos mais para vocês. É realmente uma honra estar aqui com vocês esta noite. Tenho uma pergunta: Podemos voltar mais vezes?”. Ao ouvir um forte grito em toda a arena, Stanley respondeu somente “Lindo”. As três músicas do bis foram emendadas: “Lick It Up”, “I Was Made for Lovin´ You” e o clássico “Rock n´ Roll All Nite” para encerrar a noite com direito a chuva de confetes, guitarra quebrada no palco e tudo mais. Os fãs saíram do show encantados com o que haviam presenciado. Para muitos, aquele era o final perfeito de uma bonita noite de sábado. Para mim, entretanto, a diversão estava apenas no começo.
Demorei para conseguir achar um táxi que me levasse de volta para casa. Cheguei em casa à 1:30h da manhã. Optei por ir até o concerto de táxi devido ao alto valor que andam cobrando nos estacionamentos. Quando fui assistir o Metallica no Estadio do Morumbi o preço médio era de R$100,00. Valor que considero um absurdo. Como estávamos no meio de um feriado e o transito era livre, acabaria saindo mais barato. Assim que cheguei em casa, coloquei minha carteira e meu celular na mesa da sala, subi para o meu quarto, vesti meu pijama e fui dormir. Domingo teria mais um longo dia pela frente. Como disse, a diversão estava apenas começando…
Domingo. 8:30h. Levanto da cama depois de uma noite mal dormida. Acordava de quarenta em quarenta minutos com o medo de perder a hora. Às 11:00h tinha que pegar um voo para o Rio de Janeiro. Corri para o banheiro, escovei os dentes e tomei um banho rápido. Saí de casa às 9:20h, rumo ao aeroporto de Congonhas. Cheguei ao aeroporto às 10:00hs e corri ao balcão da TAM.
– Tenho um voo programado ao Rio de Janeiro hoje às 11:00h. Comprei o bilhete pela internet no site de vocês.
– Me empresta seu documento?
– Aqui está.
– Seu voo foi cancelado. Você não recebeu nenhum e-mail da companhia?
– Não recebi, não.
– Não há problemas. Há um outro voo saindo às 11:30h e um daqui a pouquinho às 10:30h. Ainda dá tempo. Qual você prefere?
– 10:30h.
– Aqui está o seu bilhete.
Peguei a sacola de roupa e a sacola com os discos e corri até o portão indicado. Enquanto estava no telefone percebi que anunciavam no falante algo sobre o voo que estaria pegando. Olhei para o quadro de avisos do aeroporto e vi que o portão de embarque havia mudado. Mais uma vez peguei minhas sacolas e saí correndo. Faltava menos de dez minutos para decolar e o tal portão era em outro andar.
Finalmente consegui embarcar. O avião era um Airbus. Não estava muito lotado, havia vários assentos vazios. Recebemos o anuncio do comandante de que o tempo estava bom e que a previsão de voo era de quarenta e dois minutos. Durante o voo foi servido um pedaço de um mini-pão enrolado com um recheio que eles gostam de chamar de sanduiche de frango e uma versão reduzida de uma mini coca-cola. Como não havia tomado café da manhã, acabei aceitando.
Cheguei ao aeroporto Santos Dummont pouco antes das 11:30h. Telefonei para o Antonio. Um motorista lá do Rio de Janeiro. Como não conheço quase nada do Rio contratei seus serviços através de um amigo da família para me buscar e me levar nos locais e na hora em que eu precisava. O rapaz chegou lá pouco mais de meio-dia. Não era culpa dele. Não consegui avisá-lo que havia antecipado o voo. Minha primeira parada era o hotel Ramada, próximo ao Riocentro. Durante o caminho, Antonio foi mostrando e comentando alguns dos principais pontos do Rio de Janeiro e questionou sobre a onda violência que está ocorrendo em São Paulo. Foram quase cinquenta minutos de carro até chegar ao local.
Entrei no hotel e assim que fiz o check-in já tive que pagar a diária. Não sei se é um costume do Rio ou se é alguma clausula por conta da empresa que usei para comprar a diária. Fiz tudo pela internet, aqui de SP. Só sei que achei estranho. Estou acostumado a pagar diária quando saio do hotel. No entanto, não tive problemas. O quarto era muito bom, bem aconchegante. Os funcionários eram bem educados, mas quase não fiquei no local. Entrei no quarto mais de 13h e tinha que sair às 14:45h para ir até o HSBC Arena. Foi o tempo exato de tomar um banho, me trocar e dar um telefonema para os meus pais. Mais uma vez não tive tempo de comer. Dessa vez optei por usar outra camiseta do grupo, a que contém a capa do Love Gun.
Larguei a sacola de roupas, peguei a de discos e fomos para o HSBC Arena. Além do show do Kiss, participaria do Meet & Greet. Finalmente iria realizar meu sonho de infância e conhecer Paul Stanley e Gene Simmons. Tommy Thayer e Eric Singer já havia conhecido em 2009. No itinerário que recebi por e-mail pedia para que as pessoas estivessem no local às 16:00h debaixo do banner que anunciava o show do Kiss. Nós seríamos instruídos por um rapaz chamado Dean, membro da equipe da banda. Mas antes, tinha que retirar o ingresso do show na bilheteria. Por isso resolvi chegar uma hora antes. Afinal, não sabia se encontraria fila na bilheteria. Já sabia que havia sido organizada excursões de outras cidades para o show do Rio, portanto achei bom não correr o risco.
Logo que cheguei na bilheteria reparei que os guichês para compras online atendiam separado. Só tinha eu para retirar o bilhete e mesmo assim um segurança me parou e exigiu que preenchesse um formulário constando nome, RG e assinatura. Segundo ele, era para facilitar o processo. Achei que não tinha muito sentido, mas resolvi não criar caso. Não falei nada e preenchi. E até agora não entendi nada, porque a primeira coisa que a menina me pediu foi meu voucher e a segunda foi meu RG e nem sequer olhou o tal formulário. Ou seja, realmente não serve para nada. Questionei a menina e o tal segurança se aquele banner que havia próximo à bilheteria é onde estaria sendo realizado o encontro com a equipe do Kiss ou se havia mais banners espalhados. Ambos disseram que não sabiam informar. Diante de uma equipe tão bem instruída resolvi ficar perto de um grupo de rapazes que estavam discutindo qual seria a melhor formação do Kiss. Vi que eles estavam segurando material da banda e deduzi que poderiam estar esperando o evento também… Depois de um tempo descobri que estava correto. Ali era o local do encontro.
Olhei para o relógio e reparei que faltava quase uma hora até a chegada do Dean. Estava todo de preto e o sol estava de lascar. Comecei a conversar um pouco com uma galera que estava à espera do evento. Os assuntos, obviamente, eram em torno da banda. Sobre como e quando viramos fãs, se já havíamos tido contato com eles antes etc… Reconheci entre a galera um de nossos ex-colaboradores, Leonardo Dias de Castro, aproveitei para me apresentar e cumprimentei ele rapidamente. Não quis ficar perturbando muito porque percebi que ele estava com um grupo de amigos.
Não demorou muito e chegou o tal Dean. Começou uma discussão sobre como comprovar quem havia comprado o evento porque muitos dos presentes não haviam levado o comprovante impresso. O rapaz disse que não tinha problema porque ele tinha uma lista com todos os nomes dos compradores. Bastava mostrar um documento com nome e foto. Já sabia que eu não teria problema pois estava com meus documentos, o comprovante e o itinerário. Dean olhou o itinerário e disse:
– Ok. Não vamos precisar disto aqui. Se quiser, pode guardar de recordação. Já localizei seu nome na lista. Está tudo certo.
Todos nós recebíamos uma pulseira verde escrito Kiss Vip que é o que servia para nos diferenciar do restante do público. Algumas pessoas já começavam a chegar ao local à espera do inicio do show.
Não demorou muito e entramos para o HSBC Arena. Não na parte do público, mas nas dependências. Nos corredores onde estavam localizados área de imprensa, acesso à backstage (que obviamente não tínhamos acesso), etc. Fomos levados até uma sala acompanhados de Dean e de uma garota loirinha de cabelo ondulado. Não lembro de ter escutado o nome dela, mas sei que pertencia à equipe brasileira. Dean pegou o microfone e disse “daqui a pouco, a banda entrará aqui. Será realizado um show acústico de aproximadamente 50 minutos. Depois disso, eles irão autografar seus itens, vocês irão ganhar a camiseta e irão aguardar a fotografia. A banda irá se trocar para a fotografia. Nesse meio tempo, quem estiver com seu carro no estacionamento do local e quiser guardar seus itens, pode. Quem está com o carro em outro local, aconselho não sair daqui. Pode ser que vocês não consigam voltar”. Antes que alguém questionasse a respeito de gravação, declarou “vocês podem fotografar, filmar, fazer o que quiserem. Aproveitem!”.
Não demorou muito e entraram os quatro músicos do Kiss. Sem maquiagens, com roupas comuns. Pegaram seus instrumentos e começaram a performance. O set começou com “Hide Your Heart”. Entre outras, foram apresentadas “Shandi”, “Do You Love Me”, “Tears Are Falling”… Os músicos ainda arriscaram “Spit”. Ao ouvirem o grito de The Elder, Paul Stanley começou a brincar imitando os falsetes de “Just a Boy” e Gene Simmons puxou “I” com a plateia cantando o refrão o mais alto que podia. Era um clima de descontração total. O acústico é um grande presente aos fãs do quarteto. Os músicos tocam canções que há muito não tocam em seus shows, atendem pedidos dos fãs, conversam com o público, jogam palhetas. Começam músicas e param no meio porque não se recordam, fazem piadas. Totalmente intimista. A sensação é de que estamos em um ensaio do grupo ou ainda participando de uma roda de amigos.
Assim que acabou a performance, os músicos foram em um por um assinando os itens de cada pessoa. Quando compramos o evento recebemos um comunicado de que cada pessoa poderia assinar apenas dois itens e que não era permitido levar instrumentos musicais para os músicos assinarem. Sou fã do Kiss desde os três anos de idade e coleciono material deles há um bom tempo, sendo assim tenho uma coleção realmente grande do grupo. Entretanto, não tive muita dificuldade de escolher o que assinar porque queria autografo dos quatro. Então já sabia que não levaria material dos anos 70, 80 e 90 para assinarem. Não que seja um crime ou uma vergonha, mas acho estranho pegar uma capa com o nome e imagem de Ace e Peter, Vinnie e Eric Carr, Bruce Kulick ou quem quer que seja e ver a assinatura de Tommy Thayer e Eric Singer. Sendo assim optei por assinar o LP do Monster e um CD da série Alive 35, vendido no site da Live Nation. Ambos, com a formação atual.
Os primeiros a assinarem meus discos foram os guitarristas Paul Stanley e Tommy Thayer. Na sequencia, foi a vez do baterista Eric Singer. Enquanto assinava meus discos, Eric comentou:
– Gostei da sua camiseta.
– Muito obrigado! Gosto dessa camiseta. Também sou baterista…
– Legal! Esteve no show de ontem?
– Sim, sou de São Paulo, na verdade. O show foi fantástico.
– Fantástico, não é mesmo? Já que você é baterista, me responde uma coisa. Como estava o som da minha bateria ontem?
– Muito bom. Perfeito.
– Ufa! Que bom. E o show de Porto Alegre? Você conseguiu ir?
– Esse infelizmente, não. Assisti o de São Paulo, estarei no show de hoje também, mas em Porto Alegre não consegui ir…
– Pô, você tinha que ter ido em Porto Alegre. Até agora, melhor público da turnê. O público de São Paulo foi fantástico também. Sem reclamações, mas em Porto Alegre as pessoas estavam totalmente enlouquecidas. Foi demais!
Não demorou muito, chegou Gene Simmons:
– Olá.
– Olá. Cara, sou seu fã desde os três anos de idade…
– Me sinto honrado. Sou seu fã também!
– Estive no show de vocês ontem, em São Paulo. Achei fantástico!
– Muuuuito obrigaaaado!
Gene, embora seja criticado por suas declarações polêmicas, foi o que mais deu autógrafos e o que mais tirou fotos com os fãs no momento das assinaturas. O músico não fazia cerimônias em atender os pedidos das pessoas presentes. Foi o último músico a abandonar a sala…
Eis que chegava o momento de pegar a camiseta. Cada pessoa que participou do evento tinha direito a pegar uma camiseta oficial de graça. Foram colocados à disposição todos os modelos e todos os tamanhos para que cada um pegasse a que mais gostasse. Se o modelo que você quisesse não tivesse mais seu tamanho, a pessoa poderia pegar um tamanho menor e trocar em algum outro quiosque instalado lá dentro.
Era o momento de esperar pela fotografia. Não havia almoçado, então aproveitei para comer uma pizza. Como já tinha comido pizza no dia anterior, pedi outro sabor para não ficar com aquela sensação de deja-vu. Desta vez, bebi uma Coca Zero. Logo na sequencia, fui à banca de merchandising para comprar alguns itens que tinha visto no dia anterior. Comprei mais uma camiseta, dois bonés (um para mim e um para o meu irmão) e uma pele de bateria assinada pelo Eric Singer.
Na sequencia corri de volta para a sala onde haveria as fotografias. Já se passava das 19:00h e a banda havia avisado que começaria a fotografar às 19:45h. No entanto, os músicos atrasaram um pouquinho e acabaram entrando na sala pouco após às 20h. Dean era o responsável pelas fotografias. As fotos são feitas com máquina profissional. Cada pessoa recebe um cartão do Kiss. No verso do cartão há o endereço do site e a senha para que você possa acessar e pegar sua fotografia. As fotos são disponibilizadas em diversos tamanhos. Um a um ia até a banda, ficava na pose que desejasse e o rapaz fotografava. Um outro rapaz segurava os pertences da pessoa enquanto ela tirava o retrato. Para as fotos, os músicos já estavam com a maquiagem e a roupa do show. Assim que tira a foto, a pessoa é obrigada a deixar a sala. Uma vez terminada a sessão de fotos, os músicos iniciam seu show.
Fui o segundo a tirar a foto. Peguei minhas coisas e fui para a casa de show. Quando entrei, o Viper já estava se apresentando. Estavam começando a canção “Living for the Night”. O final do show foi o mesmo de São Paulo com “Rebel Maniac” e “We Will Rock You”. No pouco que vi, Andre Matos parecia estar mais confortável e mais seguro. Sua voz estava muito mais forte. No final da apresentação, Felipe Machado correu até a grade para cumprimentar algumas pessoas. Como sou amigo dele, fiz questão de cumprimentá-lo. Quando estava indo embora, o músico me chamou de volta e me deu uma palheta de presente. Trouxe para a casa junto com a palheta de Tommy Thayer e de Eric Singer (sim, ele também tem palheta) que havia conseguido durante o show acústico.
Por conta do atraso nas fotos, achava que o show do Kiss iria atrasar, mas isso não ocorreu. O atraso do Rio foi o mesmo de São Paulo, cinco minutos e nada mais. O setlist foi exatamente o mesmo, mas para mim o show foi ainda mais emocionante. Havia adquirido o ingresso Budzone e acabei assistindo o show bem próximo ao palco, próximo de Gene Simmons. Sem contar que o HSBC Arena é um local fechado, sendo assim a acústica é muito melhor. O som estava mais bem equalizado. A voz de Paul Stanley estava muito mais nítida. Certamente, o melhor show da minha vida.
O show acabou pouco mais de 22:30. Cheguei no hotel pouco mais de 23:30h. Pedi um lanche no quarto, assisti um pouco de TV e fui dormir, afinal saía às 11:00h para ir até o aeroporto para pegar meu voo de volta para São Paulo. Naquela noite fui dormir com a certeza de ter vivido os momentos mais emocionantes da minha vida. Fim-de-semana simplesmente inesquecível! Lembro que fiquei pensando na hora de comprar o Meet & Greet, por conta do valor. Como sou fanático pela banda há 27 anos resolvi fechar os olhos e ir. Com certeza a decisão mais acertada da minha vida. Obrigado Paul, Gene, Tommy e Eric pelos ótimos momentos. “Keep on Rockin´”!
Poxa, muito obrigado por essa descrição incrível Davi. Parabéns meu velho. Não quis ir ver o show de Porto Alegre dessa vez. Desde a saída do Ace, e o Tommy assumindo a máscara dele, peguei uma certa antipatia com o Kiss. O novo álbum, por exemplo, não ouvi, e também não sei quando ouvirei. Mas tenho que admitir, visualmente, foi o melhor show da minha vida o de 1999, quando eles tocaram mascarados com Peter Criss e Ace Frehley. Quanto ao Viper, eu também sinto dificuldades na voz de Andre, mas mesmo essas dificuldades ainda fazem dele um baita cantor.
Uma pena que esses Meet & Greet sejam tão reservados, e o valor um pouco abusivo, mas que é uma dentro para os fãs, com certeza é.
parabéns novamente Davi, por ter visto sua banda favorita tão de perto e por ter narrado para nós essa grandiosa história com tanta emoção.
belissima narrativa, sou fã de kiss desde 1990 e posso imaginar a sua felicidade, parabens.
Olá Mairon,
Deixe sua antipatia de lado e escute o novo disco dos caras. Está muito bom! Na minha opinião, o melhor álbum deles desde o Revenge. No começo achava estranho ver Tommy e Eric com as roupas e as maquiagens de Ace e Peter, mas confesso que já me acostumei. Se bem que eu ainda preferia ver eles com personagens novos como aconteceu com Vinnie Vincent e Eric Carr. Quanto ao preço do Meet and Greet, realmente é caro. Mas acho que quem é muito fã ao menos uma vez na vida tinha que participar. É uma oportunidade unica de estar cara-a-cara com seus ídolos. E a experiência realmente é emocionante.
Em relação ao Andre… Já assisti ele ao vivo com o Angra, com o Shaman, em carreira solo e agora com o Viper. Não sei o que acontece com ele, mas ele costuma cantar muito bem em local fechado e costuma deixar a desejar em shows abertos. Se bem que gostei muito dele cantando na abertura do AC/DC (1996). Mesmo assim, o cara ainda é o meu cantor favorito dentro dessa cena heavy metal brasileira.
Do mais, obrigado pelos elogios. Abraços,
Olá Sérgio,
Obrigado pelo elogio. Aquele realmente foi o dia mais feliz da minha vida hehehehe.
Abraços,
Caro Davi,
Invejinha!! Não soube do meet and greet até chegar no camarote do HSBC Arena no Rio e conversar com uma galera que estava lá. Fiquei com um terrível sentimento de vazio… Mas seu report foi sensacional e serviu para duas coisas: me deixar mais pertinho dos nossos ídolos (ouço Kiss há, pelo menos, 30 anos) e ter uma triste noção do que perdi, rsrsrs. Paciência. Agora me resta esperar pela próxima tour.
Grande abraço.
Katia – SP
Olá Kátia,
O Meet & Greet, na verdade, rolou nas 3 cidades em que eles se apresentaram: São Paulo, Porto Alegre e Rio de Janeiro. Tentei comprar ingresso para São Paulo, mas já havia esgotado. Por isso, fui para o Rio. Afinal, não queria perder a oportunidade de conhecer meus ídolos.
Caso eles voltem, é capaz que role o Meet & Greet de novo por aqui. Conversei rapidamente com a equipe no intervalo para as fotos e os caras disseram que os músicos estavam curtindo bastante a experiência por aqui e que há chances de um novo Meet & Greet em uma próxima passagem pelo país. Agora se é verdade ou não, já não sei. Só nos restar torcer hehehehe…
Ah… E obrigado pelo "report sensacional". Fiquei bem feliz com seus elogios. Espero que continue sendo nossa leitora. Já que você também é uma grande fã do Kiss, não deixe de conferir os outros textos que publicamos sobre a banda. Alguns são escritos por mim, outros pelos demais colaboradores.
Abraços