Review Exclusivo: Nightwish (Porto Alegre, 09 de dezembro de 2012)
Por Micael Machado
Sem nunca ter sido completamente aceita pelos fãs, Anette se foi deixando poucas saudades, e a chegada de Floor foi extremamente saudada pela legião de seguidores dos finlandeses. A vocalista holandesa tem um longo passado ligado ao heavy metal, além de talento, beleza e carisma para fazer com que o quinteto (completado pelo citado Tuomas nos teclados, Emppu Vuorinen na guitarra, Marco Hietala no baixo e vocais e Jukka Nevalainen na bateria) possa voltar a ter a relevância dos tempos em que contava com a diva Tarja Turunen nos vocais, ela que foi a vocalista original do Nightwish, e por quem seus fãs ainda suspiram de saudades. Pois foi com esta convicção e com Floor Jansen à frente que o grupo veio pela quinta vez à Porto Alegre, sendo a quarta apresentação dos finlandeses no Bar Opinião, um dos melhores locais de shows da capital gaúcha.
Devido à longa fila na entrada do bar, perdi um pouco do início do show da Save Our Souls, que em pouco mais de meia hora fez uma excelente apresentação, mesclando o gothic metal guiado pelos teclados a um som mais agressivo graças ao peso da guitarra, sempre com qualidade e com grande destaque para os vocais de Melissa Ironn (também tecladista), muito bem amparada por Marlon Lago na guitarra, Jackson Harvelle no baixo e Andrêss Fontanella na bateria. As músicas do grupo conquistaram a plateia (até porque casavam muito bem com o som da banda principal), especialmente quando executaram covers para canções do After Forever e do Megadeth. Após a apresentação, tive a oportunidade de conversar com a vocalista Melissa, que se mostrou extremamente simpática e atenciosa. Um grupo a ser notado, que já tem um EP lançado na praça, e se prepara para gravar o primeiro full lenght no ano que vem. Desejo todo o sucesso para eles, pois talento possuem de sobra!
Iniciando pouco mais de meia hora depois do horário previsto, o Nightwish deu o pontapé inicial à turnê brasileira de divulgação de Imaginaerum, seu controverso álbum lançado ano passado, às nove e trinta da noite. Pelo menos ao que se viu (e ouviu) nesta noite, os fãs da banda não terão do que reclamar do fato de Floor Jansen estar na posição de vocalista do grupo, pois, já na primeira canção da noite, “Storytime” (precedida pela longa introdução instrumental “Crimson Tide”), ficava clara a diferença entre a vocalista anterior e a nova dona do microfone do quinteto (que não se restringia apenas às escolhas de figurino das duas). Se Anette sempre foi cercada de desconfianças por causa de seu alcance vocal (especialmente ao vivo), Floor exibiu uma garganta poderosa e afinada, e uma voz que quase (e eu disse “quase”) pode ser comparada à da vocalista original do conjunto.
A holandesa trouxe uma nova luz a músicas que eram apenas aceitáveis na voz da antiga vocalista, e que com a nova cantora ganharam contornos próximos a clássicos, embora ainda recentes, e tudo por causa de seu enorme talento ao microfone. Apesar do restante da banda ter se portado de forma quase perfeita ao vivo (com Marco e Emppu se movimentando pelo palco bem mais do que em outros shows a que estive presente, e Jukka batendo forte como sempre – aliás, cabe citar que o big boss Tuomas parecia mais alegre desta vez do que nos outros concertos a que assisti), a noite era toda de Floor. Ela possui talento, beleza, carisma, charme e sex appeal para trazer de volta uma característica que o Nightwish possuía com Tarja, mas havia perdido com Anette: quando a vocalista do conjunto está em cena, fica difícil olhar para outra coisa que não seja ela (e olha que, várias vezes, durante alguns solos mais longos, Floor se recolheu aos camarins para um descanso). Além disso, a holandesa é uma headbanger de verdade, e, quando ela se abaixava e “batia cabeça” alucinadamente (o que ocorreu muitas vezes ao longo da noite, com seu longo cabelo completando um espetáculo fascinante), dava para perceber que era algo sincero, feito por puro instinto e paixão pela música, e não uma encenação forçada e ensaiada, como muitas vezes parecia quando Tarja fazia o mesmo (Anette nunca se arriscou a tanto).
A presença do multi-instrumentista Troy Donockley foi outro ponto de destaque na noite. Com sua gaita de foles e suas flautas, o músico abrilhantou canções como “I Want My Tears Back” e a balada “The Crow, The Owl And The Dove”, além de “Last Of The Wilds”, momento instrumental de praxe nos shows da banda, que existe para que a vocalista, seja ela quem for, possa ter uma folga e um descanso. O “momento acústico” que a banda vinha interpretando em seus shows pelos EUA e Europa não esteve presente aqui, e “Nemo“, um dos maiores sucessos da carreira dos finlandeses, foi interpretada com ainda mais peso que a versão de estúdio, com o arranjo enriquecido pelos instrumentos de Troy. Brilhante!
O convidado deixou o palco antes da maior surpresa da noite, a execução da aplaudidíssima “Wishmaster” (primeiro sucesso da banda, presente no álbum de mesmo nome, de 2000, ainda com Tarja nos vocais). Essa canção não estava presente nos set lists anteriores dos shows com Floor, e foi interpretada com perfeição pela banda (com grande e óbvio destaque para a vocalista, que conseguiu alcançar todas as notas gravadas pela cantora original), para delírio e emoção do grande público que lotava o Opinião. Aliás, as músicas da “era Tarja” eram melhor recebidas que as da segunda fase, e, ao contrário do que ocorria com Anette, se adaptaram muito bem à poderosa garganta de Floor. Assim, canções como “Ever Dream” ou o cover para “Over The Hills And Far Away” (original de Gary Moore, que também não vinha sendo executado regularmente pela banda) levaram muitos ao delírio, e tiraram lágrimas dos olhos de diversas das muitas garotas presentes ao show.
A longa e épica “Ghost Love Score” não soava tão bem há anos, e encaminhou o encerramento da apresentação com a sequência final de Imaginaerum, com a dobradinha “Song of Myself” e “Last Ride of the Day”, seguidas da outro “Imaginaerum”, que ficou tocando no sistema de som até as luzes da casa acenderem, indicando o final da apresentação e frustrando quem esperava por um bis que não veio, depois de pouco mais de noventa minutos de uma apresentação memorável!
Floor Jansen se mostrou a cantora ideal para a banda, e, embora seu futuro ao lado dos finlandeses seja incerto, sua permanência no quinteto parece ser a decisão correta a tomar. O entrosamento entre todos foi perfeito (nem parece que faz pouco mais de dois meses que a holandesa se juntou ao grupo), e a cantora tem tudo para recuperar a abalada credibilidade do Nightwish. Se o chefão Tuomas permitir, é claro!
Fica aqui um agradecimento especial ao pessoal responsável pela segurança e pela iluminação do show, que me permitiram ficar em um local onde tive excelente visualização do palco por inteiro, algo que seria difícil em outra posição, devido à lotação do bar. Thanks, guys!
“My love, it lies so deep, ever dream of me”
Setlist:
1. Crimson Tide (intro)
2. Storytime
3. Dark Chest Of Wonders
4. Wish I Had An Angel
5. Amaranth
6. Scaretale
7. I Want My Tears Back
8. The Crow, The Owl And The Dove
9. Nemo
10. Last Of The Wilds
11. Wishmaster
12. Ever Dream
13. Over The Hills And Far Away
14. Ghost Love Score
15. Song Of Myself
16. Last Ride Of Day
17. Imaginaerum (outro)
Fiquei curioso agora para ouvir algum bootleg desses shows com a Floor…
Eu gostei do ultimo disco do Nightwish e não acho a Anette tão ruim assim. Claro que nunca ouvi ela ao vivo para ter uma opinião mais embasada.
Anette >>>>> … >>>>>>>>>>>>>>>>>>> Tarja >>> Floor.
Desculpe, Vinícius, mas discordo totalmente!
Me desculpe vim aqui pra discordar totalmente de você, mas acho meio ridículo Floor rebolar no palco como se tivesse dançando brega, parece que ela nem presta atenção na letra da música! Pra mim, estragou a banda, Tarja era perfeita e Anette estava se tornando, um dia desses eu vi um vídeo dela cantando Ghost Love Score, ficou absurdamente perfeito e olha que o vídeo foi filmado por um fã que estava lá por baixo, você percebe o sentimento na voz. Eu achava legal nela isso de não precisar se vestir como uma típica metaleira, ser loira e cantar meio pop, era bem interessante.
Floor só canta agudo e rebola, ela não representa, não tem emoção na voz, não tem personalidade, é mais uma "metaleira" de roupinha justa de couro. Que o Nightwish tome seu rumo com ela, e que os futuros álbuns se pareçam com ela, ficará menos feio do que vê-la cantar uma música belíssima como The Crow, The Owl And The Dove sem sentir nada e pra piorar, rebolando como de costume…
Pra quem se sente como eu, corram pra Within Temptation, a banda tá bem legal 😉 Tarja tomou um rumo meio esquisito sozinha, eu gostei do My Winter Storm, mas os outros albúns são meio esquisitos… E Anette parece está indo na mesma onda. Flw!
Valeu, Marcos! Opiniões são assim mesmo, ninguém precisa pensar igual! Respeito a sua, assim como respeitou a minha, embora elas sejam bem diferentes! O importante é o respeito! Acompanhe-nos agora em consultoriadorock.com
Eu penso igual você, Floor Jansen não passa a mesma emoção que a Tarja, parece um manequim no palco, um robô. As músicas que a Annette cantava também eram muito e boas e prefiro na voz de ambas.