Monster Magnet – Powertrip [1998]
Por Micael Machado
Talvez a música mais conhecida do Monster Magnet seja “Negasonic Teenage Warhead“, registrada no seu terceiro disco, Dopes to Infinity, de 1995. Graças à veiculação de seu clipe na MTV, esta canção levou o álbum a se tornar o lançamento mais vendido da banda até então, e fez com que o nome do grupo obtivesse um destaque mundial até então inédito em sua história.
Como manter o sucesso obtido com Dopes deve ter sido uma dúvida que assolou o vocalista e guitarrista Dave Wyndorf e seus asseclas Ed Mundell (guitarras), Joe Calandra (baixo) e Jon Kleiman (bateria) quando foram gravar seu próximo álbum. A resposta, que viria a ser este Powertrip (que ainda teve algumas linhas de guitarras gravadas por Philip Caivano, John Flannery e Matt Hyde, também co-produtor ao lado de Wyndorf, além da participação do baterista Scott Garrett em alguns trechos), foi fazer um disco ainda melhor que aquele, e que manteve o nome do grupo em evidência, conseguindo ainda mais sucesso que o registro anterior, e obtendo disco de ouro nos EUA em 1999.
Foto do encarte de Powertrip
A grande diferença do Monster Magnet para seus colegas de estilo (o Stoner Rock, ou Stoner Metal, como queiram) é que, ao invés de apenas reciclar os riffs que Tony Iommi criou para o Black Sabbath nos anos 70, o grupo de New Jersey busca inspiração também na psicodelia da costa oeste americana dos anos 60 (como em “Baby Götterdämmerung”, que a todo momento parece que vai explodir em um riff furioso, o que nunca acontece), no space rock de grupos como o britânico Hawkwind (vide “3rd Eye Landslide” ou a própria cover de “Brainstorm”, registrada em Superjudge, de 1993, segundo lançamento do Monstro Magnético), e até no grunge (vide “19 Witches”, que lembra a versão do Nirvana para “Love Buzz”, originalmente gravada pelo Shocking Blue).
Assim, “Space Lord” (que ganhou vídeo clipe, e em estúdio tem seu refrão cantado como “Space Lord Mother Mother”, ao invés do “Space Lord Motherfucker” que Wyndorf berra ao vivo) e “Your Lies Become You” são quase acústicas, e “Goliath and the Vampires” é baseada em gritos de terror e efeitos viajantes (e meio assustadores) de guitarra, ao invés de riffs pesados e poderosos, sendo que “Temple of Your Dreams” tem um ritmo balançado que Iommy nunca sequer sonhou em usar.
Joe Calandra, Jon Kleiman, Ed Mundell e Dave Wyndorf (sentado)
Claro que o peso a la Sabbath também está presente, e faixas como “Tractor”, “Atomic Clock”, o ritmo quebrado de “Bummer” e a abertura com “Crop Circle” (um dos destaques do álbum, ao lado da contagiante faixa título e seu hilário refrão e de “See You in Hell“, com um contagiante teclado a la The Doors – estas duas ganharam vídeos de divulgação) deixam isso bem claro. Mas, mesmo nessas, há variações que não as tornam repetitivas, nem meras cópias das músicas do quarteto de Birmingham.
Os problemas com drogas de Wyndorf acabaram diminuindo as chances de um destaque maior para o grupo nos anos futuros, e foram responsáveis por lançamentos com menor brilho do que Powertrip ou Dopes to Infinity na história do Monster Magnet. Mesmo assim, a banda sempre se manteve no pódio do Stoner Rock mundial, em muito por saber fugir do lugar comum de seus colegas de estilo na hora de compor suas músicas, como prova este excelente álbum, que, dentre as faixas bônus lançadas em países como o Japão, contava com um cover para “Kick out the Jams”, do MC5, outra influência incomum para uma banda Stoner. Se você curte este tipo de música, pode conferir sem medo.
“I’m never gonna work another day in my life. The gods told me to relax, they said I’m gonna be fixed up right”.
Track List:
1. Crop Circle
2. Powertrip
3. Space Lord
4. Temple of Your Dreams
5. Bummer
6. Baby Götterdämmerung
7. 19 Witches
8. 3rd Eye Landslide
9. See You in Hell
10. Tractor
11. Atomic Clock
12. Goliath and the Vampires
13. Your Lies Become You