Melhores de 2012: Por Micael Machado
Claro que não se pode escutar tudo o que surgiu nas lojas (físicas ou virtuais), sendo assim, seguem os discos que se destacaram dentre aqueles aos quais consegui dar atenção em 2012. Sei que, assim como ocorreu no ano passado, em 2013 irei ouvir muita coisa lançada este ano e que mereceria estar nesta lista. Mas, até lá, esta é a minha seleção:
Vintersorg – Orkan
Andreas Hedlund e Mattias Marklund esperaram apenas um ano depois do ótimo Jordpuls para dar continuidade a sua carreira. Orkan (“Furacão”, em sueco) dá continuidade a uma saga de quatro álbuns dedicados aos elementos essenciais da natureza (terra, ar, fogo e água). Musicalmente mais próximo de álbuns como Cosmic Genesis (2000) ou Visions from the Spiral Generator (2002), o grupo retoma as características progressivas daquela fase em mais um registro de destaque em sua discografia, a ser apreciado por aqueles que o acompanham há tempos. Ouça “Istid”, “Ur stjärnstoft är vi komna” ou a faixa título, e comprove.
Seja com o Soulfly ou com o Cavalera Conspiracy, Max Cavalera vem, ano após ano, lançando discos de altíssima qualidade no mercado. Enslaved tembém é desse tipo, afastando-se cada vez do nu metal dos primeiros discos do Soulfly e se aproximando de um thrash veloz e brutal. Confira “Gladiator”, “Plata O Plomo” ou a abertura com “Resistance” e comprove que, mais uma vez, Max acertou no alvo! Recomendadíssimo!
Dez anos depois do álbum que marcou sua efetiva volta à ativa, o jurássico grupo holandês Focus lança seu décimo disco de estúdio, mostrando que ainda tem muita lenha a queimar. Com o terceiro guitarrista diferente desde o retorno (o talentoso Menno Gootjes, que chegou a tocar ao lado de van Leer nos anos 90), capa desenhada pelo consagradíssimo Roger Dean (responsável pela arte de grupos como Yes, Asia e Budgie, dentre muitos outros), música com letra em latim (“Hoeratio”) e até participação especial do cantor Ivan Lins (em “Le Tango”), os “velhinhos” Thijs van Leer (teclados, flauta e vocalizações) e Pierre van der Linden (bateria), ao lado do baixista Bobby Jacobs (com o grupo desde o retorno), provam mais uma vez a importância da banda para o cenário progressivo mundial. Confira “Father Bachus”, “Amok In Kindergarten” ou a própria “Focus 10” e comprove!
E o posto de melhor disco de inéditas registrado por um grupo brasileiro em 2012 vai merecidamente para os paulistanos do Violeta de Outono. Seguindo o estilo adotado em Volume 7, seu registro anterior (de 2007), a banda segue mais progressiva que psicodélica, e lançou um disco que vai fazer a festa dos fãs do estilo. A longa “Formas-Pensamento”, a bela “Dia Azul” e a oitentista “Claro Escuro” são apenas três das excelentes faixas que compõem Espectro, recomendado a todos aqueles que curtem um prog com doses de lisergia. A viagem é certeira!
Em mais uma das longas pausas do Black Crowes, o vocalista Chris Robinson juntou um grupo de amigos para se divertir e passar o tempo. A coisa ganhou corpo, e virou um grupo efetivo, ou uma fraternidade, como o nome sugere. Não fosse pela presença do cantor, eu poderia jurar que Big Moon Ritual é um daqueles discos gravados no final dos anos sessenta e esquecidos em alguma gaveta de gravadora, pois o disco é pura psicodelia californiana, como se saído diretamente do Fillmore de San Francisco em pleno 1967. Com longas e viajantes sete canções, tem tudo para agradar tanto aos fãs do estilo quanto aos saudosos fãs dos Corvos Negros. Ouça “Tulsa Yesterday”, “Star or Stone” ou “Reflections on a Broken Mirror” e embarque nessa viagem, cujo destino é a satisfação e um sorriso enorme ao final da audição! E o melhor é que o grupo já lançou um segundo disco, The Magic Door, apenas três meses depois de seu primeiro registro! Corra atrás!
(especialmente em Porto Alegre)
2012 foi, sem dúvidas, o ano a que mais assisti a shows na vida. Desde grandes espetáculos como o aguardadíssimo “The Wall” de Roger Waters, passando pelos consagrados Dream Theater, Nightwish, Linkin Park, Anthrax e Slash, por ocasiões históricas como os retornos de Viper, Planet Hemp e Los Hermanos (além do surpreendente sarau de Arnaldo Baptista), e chegando a lendas do rock como Robert Plant, Rick Wakeman ou Jack Bruce, e aos reconhecidos (mas nem tão famosos) Jello Biafra e Creedence Clearwater Revisited, foi um ano mágico em termos de momentos que ficarão na memória por um bom tempo. Mesmo com os salgados (e por vezes proibitivos, como no caso do Kiss) preços dos ingressos, estive presente a espetáculos que, muitas vezes, não tinha sequer esperança de assistir, e pude cobrir tudo para você, leitor do Consultoria do Rock. 2013 vem aí, e, se tudo der certo, estaremos presentes a ainda mais concertos inesquecíveis! Quem sabe, encarar novamente lendas como Metallica ou Iron Maiden (desta vez, espero, em um local adequado a seu tamanho), ou então enfrentar pela primeira vez o monstro chamado Slayer, os sobreviventes do grunge Alice In Chains ou os novatos do Ghost, todos estes já confirmados para o Rock In Rio em setembro? Sonhar não custa nada!
Era para ser a consagração do Heavy Metal no Brasil, e a prova de que o estilo está espalhado pelos quatro cantos da país, e não apenas em São Paulo, como muitos pensam. O festival de São Luís do Maranhão deveria mostrar à grande mídia a força do público headbanger brasileiro, muitas vezes tratado como imbecil e retardado por pessoas que não tem nenhuma intimidade ou conhecimento deste tipo de público. Infelizmente, tudo deu errado, e o Brasil virou motivo de piadas tanto pelos detratores do metal no país quanto por aqueles que entendem do assunto lá fora, chegando a abalar a credibilidade que os produtores sérios levaram anos para construir. Foi um fato lamentável, e que deve servir de lição para que futuros aventureiros não tenham oportunidade de repetir este fiasco em anos vindouros! Que se aprenda com os erros,para não repeti-los jamais!
Se ao vivo o grupo se mostrou relevante e capaz de agradar ao seu público, como pude conferir no Gigantinho, o mais recente disco de estúdio do Linkin Park deixou um gosto amargo naqueles que são fãs mas não são fanáticos pela música dos americanos. Tudo bem que a qualidade de seus discos vem decaindo a cada lançamento, mas praticamente esquecer das guitarras e privilegiar efeitos eletrônicos e ritmos mais dançantes ao invés do rock de antigamente (ainda que misturado ao rap e ao hip hop) não foi uma boa ideia, e rendeu um álbum pavoroso, que merece ser esquecido. Curioso que a maioria das músicas, ao vivo, ganhou arranjos bastante interessantes, por vezes com duas guitarras onde no álbum não há sequer uma. Talento para se recuperar o grupo tem, resta aguardar que coloquem sua música nos trilhos novamente e voltem a produzir álbuns relevantes como no começo da carreira.
Ministry – Relapse
Ian Anderson – Thick as a Brick 2
Pow, me interessei por essa storia do Chris Robinson, mas antes desse disco, preciso conhecer direito o Black Crowes. rçrçrç
O pior é que eu estava ligado dos lançamentos de Neil Young em 2012, mas decidi conscientemente deixá-los passar. Achei que, honestamente, ainda não tenho conhecimento de causa suficiente para avaliar álbuns novos de Neil Young. Prefiro antes ao menos conhecer um bom panorama de sua carreira, pra ter mais maturidade avaliando material recente. Mesma coisa com Bob Dylan.
Quanto ao Chris Robinson Brotherhood, vi "Big Moon Ritual" em várias listas por aí e inclusive o citei como menção honrosa, pois o disco é realmente muito bom. Porém, não vi ninguém comentando sobre o segundo disco, "The Magic Door". Micael, você que citou o primeiro, o que achou desse? Eu achei nitidamente mais fraco que o antecessor…