Nesta semana, de segunda a sexta-feira, diversos colaboradores da Consultoria do Rock apresentarão listas com suas preferências particulares envolvendo os novos álbuns de estúdio lançados em 2012. Cada redator tem a oportunidade de elaborar sua listagem conforme seus próprios critérios, escolhendo dez álbuns de destaque, além de uma surpresa e uma decepção (não necessariamente precisam ser discos). Conforme o desejo de cada um, existe também a possibilidade de incluir outros itens à seleção, como listas complementares, enriquecendo o processo e apresentando impressões relacionadas ao ano que acabou de se encerrar. Como culminância da seleção, no sábado, os dez álbuns mais citados serão compilados e receberão comentários de todos os colaboradores, não importando o teor das opiniões.
Nota: a lista está em ordem alfabética.
Black Country Communion – Afterglow
O novo trabalho do Black Country Communion pode ter sido o último, por conta de atritos internos principalmente entre Glenn Hughes e Joe Bonamassa. Mas o supergrupo, completo por Derek Sherinian e Jason Bonham, preparou um trabalho formidável. Afterglow mantém a essência dos dois registros anteriores, mas tende para o Hard Rock direto dos anos 1970. Os riffs passaram a orientar as canções, ao invés de acontecer o contrário. O quarteto parece mais confortável e entrosado. Espero que não seja a saideira, mas em caso positivo, foi feita com classe.
Devil’s Train – Devil’s Train
A surpresa de 2012, sem dúvidas. A banda composta por dois ex-integrantes do Stratovarius (Jörg Michael e Jari Kainulainen), além de Roberto Dimitri Liapakis e Lakis Ragazas, surpreende por sua consistência em seu debut. Hard n’ Heavy pesado e visceral, com guitarras dropadas, cozinha pulsante, vocais adequados e muita pegada. Já estou no aguardo do próximo lançamento.
É incrível pensar que uma banda tenha evoluído tanto com o passar dos anos, tendo ficado separada por uma década e longe de sua fase de maior sucesso. O Europe vem demonstrando essa evolução a cada álbum que lança e, assim como meu companheiro de site João Renato Alves, vejo Bag Of Bones como o ponto alto da volta dos suecos. O quinteto proporciona um misto de Hard Rock setentista com influências Blues e o destaque da voz e das composições de Joey Tempest, além do monstro John Norum – que não se iludiu pelo sucesso e notavelmente continuou estudando seu instrumento.
Foxy Shazam – The Church Of Rock And Roll
No maior estilo The Darkness, o Foxy Shazam colocou seu quarto trabalho, The Church Of Rock and Roll, na praça. Finalmente o sexteto – que conta até com um saxofonista – passou a ter maior reconhecimento nos Estados Unidos. Não era pra menos, o registro, produzido por Justin Hawkins, é sensacional. O Glam Rock setentista aparece com uma nova roupagem, unindo elementos do Pop e do Prog de forma discreta porém essencial. Som muito bem feito.
Confesso que o mais novo trabalho do KISS não me conquistou de primeira – e isso me assustou, por se tratar de minha banda preferida. Esperava uma coisa e veio outra. Confiei nas declarações dos membros da banda, que tanto diziam que teriam influências de trabalhos mais pesados, como Creatures Of The Night e Revenge. Monster é um verdadeiro revival aos anos 1970, apresentando o que há de melhor no trabalho clássico do quarteto sem “reinventar a roda” nem exagerar no repeteco. A genialidade dos chefes aliada à competência dos empregados Tommy Thayer e Eric Singer (incontestáveis) gerou um dos melhores álbuns de 2012.
Mais uma grata surpresa de 2012. O Rival Sons não conseguia se desvincular da alcunha de “cópia de Led Zeppelin” até Head Down, seu terceiro trabalho. A influência continua ali, mas o quarteto californiano colocou a sua cara e gerou um Hardão clássico de primeira categoria, com canções truncadas, cozinha aparente, voz semelhante à de Steven Tyler no começo do Aerosmith, muita orientação para os riffs de guitarra e (porque não?) uma pitada de 2012.
O icônico guitarrista demonstra uma grande evolução enquanto músico e compositor em Apocalyptic Love, álbum que considero ser o seu primeiro solo – o anterior, homônimo, apesar de excelente, soa um pouco como uma colcha de retalhos. Juntamente de Myles Kennedy e The Conspirators, Slash apresenta um trabalho homogêneo e com a sua assinatura enquanto guitarrista, mas sem deixar de trazer algo novo. Ou você imaginaria que, algum dia, o cartola traria inspirações de Bach em um riff?
Trixter – New Audio Machine
O Trixter ficou conhecido como uma das bandas mais pimposas e felizes do Hard Rock. Mas isso é passado. New Audio Machine, lançado cinco anos após a reunião da banda, mostra amadurecimento e consistência simplesmente inimagináveis. Hard Rock com melodia e, até certo ponto, peso. Espero que sigam os passos do Europe no sentido de apresentar novos trabalhos melhores que os dos tempos áureos.
Finalmente, Michael Kiske voltou ao Metal. Ou não? Sendo Metal ou não, o que importa é que este registro é mais um trabalho de qualidade envolvendo cinco grandes músicos. Ainda em plena forma, o vocalista é acompanhado pela criatividade de Kai Hansen e Mandy Meyer nas guitarras, além da cozinha habilidosa de Dennis Ward (baixo) e Kosta Zafiriou (bateria). Tem alguns momentos mais metálicos, outros mais voltados ao Hard Rock e ainda algumas influências que saem do Hard/Heavy. E ainda bem que foi assim: o primeiro trabalho do Unisonic saiu com cara de Unisonic, não com cara do passado de seus integrantes.
Van Halen – A Different Kind of Truth
Os anos podem se passar, mas a química entre os Van Halen (agora são três e não dois) e David Lee Roth continua incontestável, incrível, avassaladora, arrepiante e muitos outros adjetivos. Uma das voltas mais aguardadas do Rock ocorreu em A Different Kind Of Truth. O Hard fanfarrão, performático e focado nas guitarras está de volta. Não deixa a desejar em nada quando comparado aos discos clássicos.
Só de saber que o Black Country Communion acabou me desanimou um pouco com o disco deles. Tenho visto alguns falando que é melhor que o segundo, mas eu ainda acho os dois primeiros melhores.