Direto do Forno: Seu Juvenal – Rock Errado [2015]
Por Mairon Machado
Formado na mineira Uberaba, no longínquo 1997, sob o nome Os Donátilas Rosários, e radicados na cidade de Ouro Preto, o grupo Seu Juvenal lançou em janeiro desse ano seu terceiro álbum, Rock Errado, que mostra através de suas dez canções uma mistura do punk oitentista misturado com heavy metal e até um pouco de indie. Os dois primeiros, Guitarra de Pau Seco (2004) e Caixa Preta (2008) tiveram uma repercussão um tanto quanto tímida, mas dessa vez, o grupo fez uma divulgação muito boa.
A formação atual conta com Bruno Bastos no vocal, Edson Zacca na guitarra e violão, Alexandre Tito Juvenal no baixo e Renato Zaca na bateria, que reuniram-se durante quatro dias na cidade de Passagem de Mariana, região de montanhas do estado de Minas Gerais, sob produção de Ronaldo Gino, guitarrista da banda Virna Lisi.
A banda passeia pelo blues rock de “Homem Analógico”, baixa o peso em “Free Ordinária” e na instrumental “Louva-A-Deus”, e senta o pau nas agressivas “Antropofagia Disfarçada”, com uma introdução na linha de gigantes como Inocentes, Garotos Podres e Replicantes, remetendo-nos aos Titãs de Cabeça Dinossauro durante a faixa-título, e detonando na furiosa “Um Dia de Fúria”, com seu riffzão stoner e a participação de Guilherme Demente na Guitar Noise, Guilherme que também participa com esse instrumento em “Moleque Dissonante”, outra com uma introdução punk bem oitentista.
Apesar das boas composições, senti falta de uma melhor produção, já que o som do baixo e bateria (principalmente) são muito crus. Por outro lado, essa crueza dá uma sensação de som independente característico de alguns álbuns dos anos 80, o que não é de todo ruim, já que bate aquela sensação sempre nostálgica dos tempos em que o rock pesado e o punk engatinharam no Brasil.
Destaca-se a voz rouca de Bruno e a ótima técnica de Edson Zacca, para mim o grande nome do grupo.
O melhor momento de Rock Errado vai para a viajante “Asfalto”, trazendo a participação de Maxsuel Sancho no baixo acústico, e a sequência final do álbum, com a bonita “A Chuva Não Cai”, tendo a participação fundamental de Pamelli Marafon no piano e teclado, que deu uma cara toda especial para a canção, além de Euler Alves (percussão) e Guite Congo Powers (guitarra) e “Burca”, trazendo o piano de Pitágoras Silveira na introdução, em duas canções bem trabalhadas e destoantes da agressividade que rola nas demais, lembrando um pouco de U2 aqui, um certo Los Hermanos ali ou até um Blur acolá.
Segundo Renato, o grupo faz o rock do jeito errado para os padrões do politicamente correto, e no geral, é exatamente isso, com uma produção muito crua, canções boas e um grupo que é difícil definir qual é o som, mas com um caminho interessante pela frente, valendo a aquisição pelo menos para deixar nos ouvidos algo curioso e novo no repetitivo mercado musical nacional da atualidade.
Track list
- Homem Analógico
- Free Ordinária
- Antropofagia Disfarçada
- Asfalto
- Louva-A-Deus
- Um Dia De Fúria
- Rock Errado
- Moleque Dissonante
- A Chuva Não Cai
- Burca