Test Drive: Slayer – Repentless [2015]

Test Drive: Slayer – Repentless [2015]

Sem título

Por Mairon Machado

Com Alisson Caetano, Bruno Marise, Davi Pascale, Diogo Bizotto, Fernando Bueno, Marco Gaspari

Seguindo o momento de lançamentos importantes que estão ocorrendo nesse mês de setembro relacionados com nomes relevantes do rock mundial, hoje trazemos um Test Drive com o álbum Repentless, que chega às lojas amanhã. No último sábado, o disco vazou na internet, e sete consultores antenados com o que está acontecendo no mercado e na net, baixaram o arquivo e o ouviram para trazer suas impressões aqui. Confira os comentários abaixo, e veja se vale ou não, e na segunda-feira, a resenha completa sobre o décimo primeiro disco dos americanos.


 

Alisson Caetano: Sejamos francos: depois da morte de Jeff e da saída nada amistosa de Dave, quem esperava clima para a continuidade do Slayer? Ninguém, a não ser Kerry, que deve ter tido seus motivos para reformular completamente o Slayer para entrar em estúdio. O que poderia resultar em uma verdadeiro engodo na verdade gerou um disco…. na falta de uma palavra mais adequada, usemos o termo NADA. As linhas de guitarra do veterano Gary Holt são convenientes, mas pouco memoráveis. O desempenho vocal de Tom não é algo digno de nota, mas não chega a comprometer. Kerry faz aquilo que sabe fazer de melhor: fritar muito, o que é divertido em primeiro momento, e apenas. Por outro lado, Paul Bostaph entrega as melhores linhas de bateria desde o longínquo Seasons in The Abyss, mas é pouco para me fazer lembrar de algo deste disco. Acaba que, no fim das contas, será um disco memorável só para os fanáticos. Eu, que nunca pirei no som de Kerry e cia. e acho tudo pós Seasons de médio pra baixo, tenho a impressão de ser só MAIS um disco que não me diz absolutamente nada.


 

Bruno Marise: Quem diria que teríamos um petardo do Slayer a essa altura do campeonato? Meu hype não era dos mais altos para o disco novo da banda, ainda mais depois das baixas de Jeff Hanneman e Dave Lombardo. Apesar de os substitutos serem de alto nível, permanecia a desconfiança, principalmente porque Hanneman era o principal compositor e teríamos o primeiro trabalho sem a presença do falecido guitarrista. Mas é justamente a participação de Gary Holt um dos maiores destaques. O líder do Exodus soube impôr seu estilo sem desrespeitar a cartilha do Slayer. Os solos que nunca foram um forte da banda, apesar de servire bem à proposta, soam muito melhores. Holt é muito superior a Hanneman e King, e essa diferença fica evidente em Repentless, e dá uma dinâmica interessante no trabalho de guitarras. O frescor das faixas é impressionante, e causam a mesma empolgação que temos ao ouvir Reign in Blood ou South Of Heaven. A vibe hardcore que sempre foi um artíficio importante no arsenal da banda, está de volta. Musicalmente, é uma miscelânea de tudo que o Slayer fez de melhor, desde a pancadaria desenfreada até faixas mais atmosféricas e cadenciadas. Tinha a impressão de que Repentless seria uma espécie de álbum de despedida, e que soaria cansado e burocrático. Mas o que ouvimos é exatamente o contrário, e traz uma banda veterana com pique de iniciante. As músicas são recheadas de vigor e dinâmicas viciantes, que não desperdiçam um minuto da audição. Repentless é facilmente o álbum mais inspirado do Slayer desde Seasons in The Abyss e periga ser o melhor do ano. Hanneman pode descansar tranquilo que seu legado está em boas mãos. Aprovadíssimo!


Davi Pascale: O grande Slayer volta à atacar e, mais uma vez, com um puta disco. O álbum não traz grandes inovações. Ou seja, quem não curte, continuará torcendo o nariz. Quem é fã, vai delirar. O que temos aqui é o Slayer clássico. Ou seja, direto e agressivo. Tom Araya continua cantando como estivesse extraindo toda raiva de si. A dupla de guitarristas – Kerry King e, agora, Gary Holt – continuam com seus riffs sombrios e solos velozes. Paul Bostaph está em seu melhor momento desde Divine Intervention. Parece que Bostaph resolveu acabar com os haters. O cara está esmurrando a bateria sem dó. Em algumas passagens de canções como “Vices” e “Prides In Prejudice” seu pé parece uma metralhadora. “Piano Wire”, que contou com a colaboração do falecido Jeff Hanneman, resgata a sonoridade mais cadenciada dos tempos de Seasons In The Abyss. Mas o que temos, na maior parte do tempo, são canções mais diretas, mais nervosas, girando em torno de 3 ou 4 minutos cada. Certamente, Jeff Hanneman está orgulhoso. E seus fãs também!


Diogo Bizotto: Primeiro, as críticas: Repentless padece do mesmo mal que os dois discos anteriores da banda, Christ Illusion (2006) e World Painted Blood (2009), que é a homogeneidade entre suas faixas. Existem momentos de maior variação, mas são necessárias audições mais atentas para percebê-las devidamente. Mesmo assim, não espere a variedade de andamentos existente em um disco como Seasons in the Abyss(1990). Isso não é necessariamente ruim, mas a grande base para o Slayer da atualidade são os riffs que eu chamo de “motor de Scania”, que aparecem em diversos momentos em suas pequenas oscilações. É possível que a falta de Jeff Hanneman, que impunha uma maior cadência em vários momentos, tenha a ver com isso. Ponto negativo, considerando que um dos grandes criadores de riffs do thrash metal, Gary Holt, faz parte do quarteto e não pôde participar nem do processo de composição nem da gravação das guitarras, exceto alguns solos. Segundo, os elogios: tem muita banda atualmente tida em alta conta que daria a mãe pra lançar um disco intenso como Repentless. Especialmente o início do tracklist, com a faixa-título, “Take Control” e “Vices”, é pra mostrar que o grupo, apesar de não ter mais a criatividade de sua melhor fase, jamais se acomodou, entregando material com altíssimo potencial para agradar os fãs, mas sem soar como cópia de si mesmo. “Chasing Death” é outra que garante a empolgação. Paul Bostaph, por sua vez, faz com que poucos tenham saudade de Dave Lombardo. Por mais que o cubano seja um dos grandes do instrumento, é inegável que Bostaph é um distribuidor de porrada de primeira linha, que sabe usar a caixa como poucos, algo atestado na ótima “Atrocity Vendor”, que é uma das melhores do disco e ainda traz riffs que são uma viagem à época de Show No Mercy (1983). No geral, apesar das ressalvas, Repentless merece minha aprovação, assim como Christ Illusion e World Painted Blood mereceram. O Slayer segue espalhando a maldade como pouquíssimas outras formações da atualidade e todas as músicas que citei merecem espaço em suas apresentações.


 

Fernando Bueno: O que mais gostei até então foi a faixa instrumental, “Delusions of Saviour”, que abre o disco. Já conhecíamos a pancadaria da faixa título e é uma música padrão da banda. Imagino a difilcudade que tiveram para se asostumar ter músicos diferentes gravando um álbum do Slayer. Apesar de já terem tido mudanças de formação anteriormente era sempre o baterista, mas nunca outro tipo de integrante. Agora foram dois “estranhos” ali e Tom Araya e Kerry King devem ter sentido que algo estava diferente. Não tenho ideia se isso que estou falando acabou influenciando o resultado do disco, mas creio que mesmo depois de várias audições esse álbum vai acabar sendo mais um na discografia dos americanos. Assim como os cinco discos anteriores tiraremos duas ou três faixas mais fortes para acrescentar no rol de faixas que podem entrar em um set list de um show, mas dificilmente um clássico sairá de Repentless. Vou ouvir mais…


 

Mairon Machado: Sou um grande preconceituoso com bandas que perdem integrantes importantes e continuam sua carreira. Exemplo clássico é essa abominável volta do Legião Urbana, organizada pelos mú$ico$ Dado Villa-Lobos e Marcelo Bonfá sem a presença do ícone Renato Russo. A morte de Jeff Hanneman em 2013 parecia ser um presságio do fim de uma das maiores bandas de Thrash (para mim a melhor) de todos os tempos. Porém, o showzaço do Rock in Rio em 2013 (cadê as matérias, Uol Host?) trouxe esperanças para os fãs, que mesmo com o coração partido pela perda do carismático guitarrista loiro, sentiam a eclosão de uma química prestes a tornar-se saborosamente deglutível. E é com uma sensação de muita alegria que ouvimos Repentless. Depois da volta de Lombardo em 2006, o grupo lançou dois álbuns bastante regulares, mas nenhum deles um clássico como Reign in Blood (1986) ou South of Heaven (1988). Porém, Repentless surge nas caixas de som com a mesma potência que manteve o grupo no ápice de sua carreira, com o inquestionável Seasons in the Abyss. Bostaph na bateria novamente prova que é a melhor escolha para substituir Dave Lombardo. O cara simplesmente espanca as peles de seu kit com uma fúria de um rinoceronte, em uma performance soberana. Já a entrada de Gary Holt (Exodus) trouxe mais técnica para banda. Seus solos são dotados de melodias e escalas que Hanneman não apresentava, e isso traz uma sonoridade bastante atraente. Tom Araya cada vez mais torna sua performance única, e Kerry King é simplesmente a própria imagem do Slayer atual, solando com a gana de superar todas as dificuldades e perdas que ocorreram nessa década. Enfim, Repentless surge como um álbum que certamente não irá ficar apenas como quesito de coleção, pois várias são as faixas que rodam fácil entre os clássicos da banda (destaco a faixa-título, “Vices”, “Piano Wire” e “When the Stillness Comes”). Louco para ver isso ocorrendo no palco.


Marco Gaspari: Vamos dar um desconto: nos últimos anos a banda perdeu o fundador Lombardo e o ótimo Hanneman. Era de se esperar que King e Araya pendurassem as chuteiras ou, no máximo, reunissem amigos de peso para projetos esporádicos. Afinal, são músicos do seleto clube “Não Preciso Provar Mais Nada Pra Ninguém”. Ao invés disso, aí está o Slayer com novo disco na praça. Não sei quanto a vocês, e deve ter muitos aí achando que não é nada especial, mas achei que fizeram um Belo trabalho. Isso mesmo, com B maiúsculo. Tá certo que o Paul Bostaph e o Gary Holt já eram da turminha, mas a sensação que tive é que a banda não perdeu nada, muito pelo contrário, fizeram melhor do que muito velhinho da sua idade. A voz do Tom Araya nunca foi de sereia, nem constipada, mas eu até que gosto, considerando que não achei meus ouvidos no trash. Mas é o instrumental do Slayer, com certeza, o que canta mais alto. Do pouco que conheço da banda, sempre me impressionou muito. E esse disco tem riffs bem convincentes. Não vou ficar aqui enaltecendo esta ou aquela faixa até porque só ouvi o disco para poder participar deste test-drive. Duas vezes e chega! Porque não sou fã. Assim como não sou fã do Iron Maiden e ouvir o novo disco deles foi um suplício. Repentless não. É surpreendentemente bom. E pensar que essa banda, reza a lenda, foi “descoberta” tocando cover do Iron. Dos fantásticos bons tempos do Iron, bem entendido.

30 comentários sobre “Test Drive: Slayer – Repentless [2015]

      1. Na verdade, o texto do Marco ofendia tanto o disco que eu mudei tudo. É o poder de quem publica …

  1. Eu, que na teoria tenho os gostos mais “trevosos” da Consultoria inteira, fui o único que achou esse disco fraco. Como o mundo as vezes é irônico… E repito os comentários do Fernando: li umas dez vezes para ver se realmente eram os comentários do Marco.

  2. Senhores, como nunca tive apego nenhum ao heavy metal, também não devo nada a ele. Não vestia calça curta quando o HM dominava e tinha mais o que fazer. Daí que o que rege minhas opiniões é a emoção. Não reagi bem ao disco do Iron Maiden e deixei isso claro. Adorei esse disco do Slayer e foda-se quem não gostou. Vão catar coquinho.

  3. Pessoal, detalhe muito importante que parece ter passado despercebido para a maioria: Kerry King tocou todas as guitarras do disco, exceto alguns solos, gravados por Gary Holt. Se vocês gostaram desse aspecto do disco, bem, podem elogiar o próprio Kerry King, que nunca foi, na minha opinião, tão bom quanto Jeff Hanneman, mas sempre soube se defender muito bem.

    1. Sério mesmo? Mas como ele conseguiu criar o efeito de estilos diferentes? Talvez ele esteja treinando, pq realmente, Hanneman >>>>> King

  4. Reparei que estamos em setembro e até agora não ouvi nenhum disco de thrash metal que possa chamar de “legal”.

  5. Achei o álbum muito bom, e já sabia que assim seria desde que ouvi a faixa titulo. Não imaginava que haveria tantas criticas positivas, grata surpresa.

    1. O Slayer é uma banda acima do bem e do mal, assim como o Motörhead. Já cravaram o seu nome na história do rock/metal para a eternidade e mais 6 meses.

  6. “mú$ico$”; “considerando que não achei meus ouvidos no trash”; a Consultoria tem consultores geniais, sem mais.

  7. não tinha paciência para o Slayer desde God hate us all de 2001. Frente a isto, este disco foi grata surpresa compara-o a um Blockbuster genérico. divertido, vale o ingresso mas não vai mudar minha vida (nem fazer a banda crescer no meu conceito).

  8. O “Repelente”(Repentless) pode ser frustante. Mas infinitamente melhor do que o insosso World Painted Blood, particularmente o pior disco da carreira do Slayer.

    1. Esse anônimo comeu merda quente e saiu no sereno. Deu PT ! Só fala idiotice ! É um fenônemo !!!

  9. Quando foi anunciado que Gary Holt estava definitivamente no Slayer, os fãs imaginavam que ele iria participar das novas composições e iria sugerir muitas idéias no novo disco. Mas infelizmente aconteceu exatamente o contrário. Eu não sabia disso Bizotto, que tinha sido o King quem tocou todas as guitarras do disco. Deixou a desejar esse disco. Ele soa um pouco enjoativo. Mas enfim….

    1. Não gravou mesmo. Mas como você pode notar nas próprias opiniões dos participantes, essa é uma informação que não foi tão publicizada quanto deveria.

  10. Cara, que engraçado isso. Coincidência do cacete. Ontem mesmo passei numa loja aqui da cidade pra comprar uns cds e ver o que eles tinham de bom, voltei com 3 cds e 1 LP, mas a coincidência é que esse CD do Slayer tava lá na loja por 20 zl (uns 18 reais). Não comprei pq Slayer não é minha praia.
    O LP não tava caro tb, tava 70 zl (uns 65 reais).

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