Lothlöryen – Principles Of A Past Tomorrow [2015]
Por Fernando Bueno
Quando soube pela primeira vez que existia uma banda chamada Lothlöryen meu lado nerd e meu amor pela obra de J. R. R. Tolkien me fez ter interesse em ouvir o que eles estavam propondo. Quem reconhece esse nome sabe que se trata do reino dos elfos liderados pelo casal Galadriel e seu esposo Celeborn. Os elfos são conhecidos nas histórias de Tolkien como seres supremos, divinos, quase perfeitos. Essa imagem nos obriga a imaginar o som de uma banda com esse nome com todos esses adjetivos que descrevem os elfos, ou seja, algo grandioso e muito bem feito.
Se o nome Lothlöryen me trouxe sentimentos de amor pela obra de Tolkien, ao saber que se tratava de uma banda de power metal, ou metal melódico como o chamamos aqui no Brasil, esse sentimento transformou-se na relação amor/ódio que tenho do estilo. Eu ouvi tanto esses grupos no fim dos anos 90 que chegou uma época que eu simplesmente parei. Só continuei ouvindo aqueles que entendia serem os mais relevantes. E por um bom tempo só o fato de mencionarem o power antes de metal me fazia fugir. De uns anos para cá, acredito que após o lançamento de Poetry for the Poisoned, do Kamelot, voltei a dar uma chance à essas bandas e encontrei várias delas que não tinha ouvido antes por conta desse entrave que criei para mim mesmo.
O LothLöryen é uma banda brasileira, mais precisamente de Minas Gerais e já está em seu sexto álbum, sendo o primeiro deles, Thousand Ways to the Same Land, lançado em 2003. Ou seja, já é um grupo bastante experiente. No início da carreira os temas relacionados ao mundo de Tolkien eram freqüentes, mas a partir do terceiro álbum essa temática foi abandonada sem que seu som sofresse mudança. Apesar de eu citar o power metal para descrevê-los, eles usam muitos elementos folk e prog em seu som, em muitas passagens sendo esses estilos até mais evidentes, fazendo com que a diversidade se torne uma característica bastante interessante de suas músicas.
A banda é formada por Leonardo Oliveira (vocals, guitarra), Wesley Martins Soares (guitarra), Alan Wagner (guitarra), Michel Aguiar (baixo), Marcelo Benelli (bateria) e Dênnis de Souza Paiva (teclados). Pelo que se ouve em Principles of a Past Tomorrow todos são ótimos em seus instrumentos o que me faz pensar que essa característica é praticamente unânime em todos os músicos que se arriscam nesse estilo musical.
A faixa de abertura “…A Jouney Begins” tem uma aura progressiva setentista, na linha de Jethro Tull, se não tivéssemos algumas passagens de guitarras mais pesadas. “Heretic Chant” apresenta a linha do que a banda nos entrega no álbum como se fosse um resumo de tudo. Em “God is Many” uma mistura de Rhapsody, Helloween e Angra é muito bem vinda. A mistura de estilos citadas acima é bem percebida em ‘Time Will Tell”. “Night is Calling” inicia com um instrumental guiado por um sintetizador que casa muito bem quando o peso das guitarras é adicionado. Quem conhece a banda por essa música pode até ter uma impressão errada do seu som.
A introdução no violão de “The Quest In On” me lembrou alguma música do Emerson Lake And Palmer, mas depois que as guitarras entram a música se transforma e um dos destaques do disco com um bom refrão e seu solo com uma escala incomum. Provavelmente a melhor faixa do disco. São vários os outros destaques do álbum e acredito que ouvir as músicas todas na sequencia, e não só algumas músicas isoladas, fará o ouvinte captar o que a banda quis passar.
Quando vi nos créditos que as gravações tinham sido feitas em um estúdio de Poços de Caldas logo me lembrei de várias outras bandas mineiras da década de 80, em especial aqueles que tinham no selo Cogumelo uma porta para a gravações de seus primeiros discos. As bandas eram ótimas, mas tinham na baixa qualidade de gravação e produção como se fosse um fardo obrigatório. Agora, por outro lado, temos sons cada vez melhores. Foi uma surpresa muito agradável perceber a qualidade da gravação do disco.
Um idéia que a princípio parece besteira, mas que se tornou uma ótima idéia, é a de colocar as letras no encartes tanto no inglês, língua em que as músicas são interpretadas, quanto no português. Sabemos que a grande maioria dos ouvintes tem bastante desenvoltura com a língua de Shakespeare, mas em muitos casos é preciso várias audições com as letras nas mãos para sacar a mensagem que está sendo passada. Ainda mais em discos conceituais como é o caso. Desse modo logo na primeira audição já estamos familiarizados com o tema. Prestem atenção também a capa para saber se consegue reconhecer todos aqueles rostos.
Foi o primeiro álbum da banda que tive contato e já tive uma ótima impressão. Lendo algumas resenhas parece-me que pelo menos outros dois são ainda melhores. Mais uma prova que o metal nacional é de alto nível. Vou conferir os outros discos e espero que vocês confiram também.
Track list
01 – …A Journey Begins
02 – Heretic Chant
03 – God Is Many
04 – Time Will Tell
05 – Manipulative Waves
06 – Night Is Calling
07 – And Dowland Plays
08 – The Convict
09 – The Quest Is On
10 – Who Made the Maker?
11 The Law & the Insider
12 Wavery Time
Ouvi duas músicas e gostei. Mas como não sou sou do ramo MÉ-TA-U, desconfio que seja o meu patriotismo varonil que fala mais alto.
Ouvi por recomendação de amigos. Como power metal passa longe das minhas playlists, a sensação que me causou foi a mesma que os clássicos Keeper of the Seven Keys ou Land of the Free me causaram: tédio, mesmo que instrumentalmente a banda seja competente.
Conheço o Lothloryen e os acho uma ótima banda. Some Ways Back No More de 2008 é uma ótimo registro. O vocalista ainda era o Leonaldo Oliveira, mas este Daniel Felipe que também cantou no Rygel manda muito bem. Vou atrás deste álbum.
A line-up atual da banda está errada. Essa citada aqui é de 2008. A line-up que gravou o álbum é: Daniel Felipe (vocal), Tim Alan e Leko Soares (Guitarras), Marcelo Godde (baixo) e Marcelo Benelli (bateria).
Eu participei do Crowdfunding para o financiamento do álbum e indico demais que pesquisem sobre o conceito do CD que fala sobre o filósofo Giordano Bruno, mas envolve conceitos de Física Quântica, Hermetismo e outras viagens.
Obrigado pela correção e pelos esclarecimentos Marcos.