Melhores de 2015: Por Ulisses Macedo
Segue aí a minha lista (em ordem de preferência) com os 10 melhores discos que ouvi este ano. Não há nenhum critério especial: é puramente uma questão de relacionar os discos que eu mais gostei.
1. Halestorm – Into the Wild Life
O Halestorm vem crescendo vertiginosamente a cada ano, tanto em popularidade quanto em qualidade. O terceiro disco de estúdio do quarteto estadunidense traz o mesmo hard rock de sempre, mas com uma produção notavelmente superior aos anteriores e um tracklist absolutamente impecável. A sonoridade mais moderna, os flertes com o pop e a musicalidade mais diversa garantem a diversão para todos os públicos. São 13 faixas (15 na versão de luxo), mas em momento algum eles deixam a peteca cair. Tenho até que me segurar para não ouví-lo demais. Simplesmente fenomenal! Resenha completa aqui.
Ouça: “Sick Individual”
2. Angra – Secret Garden
O Angra passou por algumas turbulências, mas agora parece estabilizado novamente, com a entrada de Bruno Valverde na bateria e Fabio Lione nos vocais. Gostei bastante do Bruno: ele traz um groove muito bom, com uma pegada mais ágil e sutil e menos cavala que a do Priester. Sobre o Lione, só tenho a dizer que vem fazendo um ótimo trabalho; apesar de não ser fã de sua antiga banda, o Rhapsody, pude conferir o cara ao vivo e ele entrega tudo o que promete, além de ser bem carismático. Entretanto, não deixa de ser estranho ver um grupo nacional com um vocalista estrangeiro. De qualquer forma, a banda soube dosar a sonoridade de Secret Garden, trazendo um prog/power de respeito, com ótimos refrões e que soa refrescante. Faixas como “Black Hearted Soul” e “Perfect Symmetry” são precisas e diretas, e mesmo as mais longas “Newborn Me” e “Upper Levels” (p*** que pariu, que solo fantástico!!) nunca ficam de enrolação. Vi muita gente descrevendo o álbum como “sombrio”; de fato, nota-se que uma atmosfera mais obscura permeia o disco, fato realçado pelo lado prog mais evidente no registro e pela história conceitual. Isto deixa Secret Garden com uma marca bem distinta na discografia do grupo, e não posso deixar de me perguntar se os próximos discos serão assim também. Outro aspecto interessante é o destaque para os vocais de Rafael Bittencourt; além do dueto com Doro Pesch na emocionante “Crushing Room”, ele também finaliza o disco com a linda balada acústica “Silent Call”. Em suma, o Angra conseguiu se reinventar novamente, entrando em um novo (e bem-vindo) momento. Ah, e não podemos nos esquecer da entrada do Kiko Loureiro no Megadeth, o grande momento de orgulho nacional do ano!
Ouça: “Newborn Me”
3. A Sound of Thunder – Tales From the Deadside
O pessoal aqui já deve estar de saco cheio da minha obsessão por este quarteto americano, mas não adianta: os caras não deslizam de jeito nenhum! Nina canta de forma ainda mais apaixonada e explosiva, com interpretações intensas e convincentes; Josh entrega riffs e solos memoráveis de uma forma que não se via antes; Chris é um sólido baterista e Jesse sabe prover um ritmo como ninguém. E quando eles decidiram se juntar para contar uma história, aí o negócio ficou bom mesmo: as precisas mudanças de andamento, combinadas com as narrações bem encaixadas e com mais algumas loucuras que só o ASoT saber fazer (*cof, cof* “Punk Mambo” *cof*) fazem de Tales From the Deadside um disco memorável do começo ao fim. Detalhes aqui.
Ouça: “Tower of Souls”
4. Dr. Sin – Intactus
Após 23 anos de puro rock, a maior banda de hard n’ heavy nacional decide encerrar suas atividades. Deixam como legado uma discografia impecável, sendo Intactus a grande despedida. Em 10 faixas redondinhas (diferente do discos anteriores, que chegam a trazer 15 ou 16), o power trio arrasa-quarteirão entrega um disco recheado de instrumental talentoso, refrões pegajosos e influências diversas. Ardanuy mostra porquê é um guitarrista tão aclamado em petardos como “How Long” e “The Big Screen”, enquanto que “This Is the Time” é uma das melhores baladas já compostas pela banda. Entretanto, é no funk preciso e sensacional de “The Great Houdini” que o grupo entrega o melhor momento do registro (quiçá de todos os discos de estúdio). Taí uma banda que vai fazer muuuita falta!
Ouça: “The Great Houdini”
5. Noturnall – Back to Fuck You Up!
O disco auto-intitulado de estréia foi, para mim, o destaque absoluto de 2014. Trazendo a maior parte da segunda formação do Shaman junto a Aquiles Priester na bateria, os caras trouxeram um som moderno, pesadíssimo e, ao mesmo tempo, cheio de bons ganchos, refrões marcantes e momentos brilhantes. Estes elementos se encontram em menor quantidade aqui no sucessor Back to Fuck You Up!, visto que os caras apostaram agora num som mais seco e agressivo, dando enorme destaque ao virtuosismo intrincado típico do metal progressivo, inclusive enterrando um pouco demais os teclados do ótimo Juninho Carelli. Nisso, perdeu-se muito do que fez o disco antecessor ser tão bom. Entretanto, os caras ainda têm muita lenha pra queimar. Bianchi, sabe-se lá como, consegue soar ainda mais violento, com drives e guturais de tremer o chão – vide “Major Cover Ups”. Como logo se nota pela capa e pelas letras, a galera aqui está fula da vida, fazendo de petardos como “Fight the System” e “Industry of Fear” verdadeiros terremotos, sempre com grooves capazes de fazer qualquer um bater cabeça. A veia prog é mais forte em “Zombies (The Holy Trinity)” e “We Are Not Alone”, enquanto que “Rise Now!” remete à herança melódica dos músicos. Ainda que eu siga preferindo o debut, espero que o Noturnall continue trazendo mais explosões nucleares como esta.
Ouça: “Zombies (The Holy Trinity)”
6. The Winery Dogs – Hot Streak
Após uma estréia aclamada por crítica e público, os Cães da Vinícola soltam o segundo álbum de estúdio, apostando em temperos diversificados por todo o registro; e a mistura de influências foi certeira, trazendo desde aquelas doses cavalares de funk pela qual Kotzen é conhecido (“Hot Streak”), passando pelo pop rock oitentista (“Ghost Town”), R&B (“Think It Over”) e uma faixa acústica que conta com violão flamenco (“Fire”). As pedradas hard rock ainda estão aqui, como no caso da faixa de abertura – e single – “Oblivion” e da gingada “Empire”. Dava pra cortar umas duas ou três faixas menos empolgantes, o que deixaria disco mais redondo, mas tudo bem…
Ouça: “Oblivion”
7. Ghost – Meliora
O Ghost já se mostrava uma ótima – e distinta – banda em Opus Eponymous (2010) e Infestissumam (2013), mas faltava uma maior coesão no material, algo que realmente os fizesse tomar o mundo de assalto. E Meliora chegou trazendo justamente isso. Com doses bem calibradas de peso e assombração, também traz melodias cativantes e hipnóticas, de uma beleza lúgubre e, ao mesmo tempo, quase pop. Gostei bastante também da cozinha mais selvagem, em especial o baixo, que aparece com mais força e mais frequência. Com um trabalho verdadeiramente superior, agora sim podemos dizer que o Ghost está pronto para se aproximar do panteão do rock contemporâneo.
Ouça: “Deus in Absentia”
8. Disturbed – Immortalized
A volta do Disturbed foi um dos eventos mais aguardados de 2015. Após um hiato de quatro anos, o quarteto de Chicago retorna revigorado, entregando o som de sempre: Um nu metal radiofônico e calcado em refrões memoráveis e melodias pesadas, mas de fácil assimilação, fundamentadas no vocal característico de David Draiman. As canções são fortes e grudam na mente logo na primeira audição, contando com duas ótimas surpresas bem distintivas no tracklist: a bela “The Light” e o interessante cover do clássico de Simon & Garfunkel, “The Sound of Silence”, numa versão que evidencia a versatilidade e textura vocal de Draiman e o arranjo instrumental sublime, com um crescendo eficiente.
Ouça: “The Light”
9. Baroness – Purple
Banda que eu só ouvi um pouquinho no passado e logo ignorei. Erro crasso! Lembro de ter ficado sabendo do acidente deles na época, e os ecos do acontecido ressoam pelo disco, que reafirma a vida e a resiliência em arranjos emocionantes, cativantes e poderosos. Agora é correr atrás do restante da discografia dos caras!
Ouça: “Chlorine & Wine” (em tempo: melhor canção do ano).
10. Civil War – Gods and Generals
Outro exemplo de banda que me agradou bem mais na estréia do que no segundo disco. Sou apaixonado pelo impecável The Killer Angels (2013), mas Gods and Generals é um pouco menos legal que a estréia. Apesar da maioria das faixas serem ótimas, os caras parecem ter restringido seu power metal bombástico (e com um dedo mindinho no sinfônico) a algo um pouco menos dinâmico e brilhante. Ainda assim, Nils Patrik Johansson continua com sua conhecida e charmosa voz de Pato Donald, entregando performances carismáticas em faixas contagiantes como “War of the World”, “Braveheart” e no hit “Bay of Pigs”. A power ballad “Tears From the North”, o tipo de canção que facilmente faz a galera levantar as mãos e cantar em uníssono no show, é um dos maiores destaques do álbum junto à épica faixa-título.
Ouça: “War of the World”
SURPRESA: Meytal – Alchemy
Finalmente a carismática baterista Meytal Cohen lançou um disco! Quem acompanha o canal da moça do YouTube sempre teve esperanças de um registro de inéditas. Que seja o primeiro de muitos. Leia mais sobre ele aqui.
Ouça: “Everybody Hates You Now”
DECEPÇÃO: Dr. Sin encerra as atividades
Todo mundo foi pego de surpresa, mas dado o desgaste que é manter uma banda de rock no Brasil e não ser reconhecido por isso (o que parece ter criado uma rixa entre Ardanuy e os irmãos Busic), o Dr. Sin até que sobreviveu por um baita tempo. Deixam como legado uma ótima discografia.
Outros destaques do ano (em ordem alfabética):
Adele – 25
Annihilator – Suicide Society
Battle Beast – Unholy Savior
Chastain – We Bleed Metal
David Gilmour – Rattle That Lock
Faith No More – Sol Invictus
Kamelot – Haven
Killing Joke – Pylon
Manilla Road – The Blessed Curse
Motörhead – Bad Magic
Nightwish – Endless Forms Most Beautiful
Sirenia – The Seventh Life Path
Symphony X – Underworld
The V – Now or Never
TRUE – Joy Heart
Tuatha de Danann – Dawn of a New Sun
Concordo com o Noturnall, acho o debut um pouco melhor embora esse segundo também seja bom. Por sinal, gostei da capa e da temática desse Gods and Generals.
A maioria dos membros vem do Sabaton, então eles continuaram com a ideia de falar sobre batalhas.
Suspeitei desde o princípio!
Ghost foi tão citado (mas minha compreensão não alcança porque, pois os vi no RiR e foi uma das coisas mais risíveis do festival) que resolvi remeter os fãs para imagem que deve ter inspirado o visual do cantor: http://cdn.fstatic.com/media/movies/covers/2010/09/thumbs/99afd22e1b97f3401ff9ca8ad6d33512_jpg_290x478_upscale_q90.jpg
Eu não vejo o Ghost como uma banda para festivais ao ar livre, ainda ainda mais ecléticos como o Rock in Rio. Acho que eles funcionam mais em locais fechados.
Fantasmas costumam assombrar casas velhas e não campos abertos.
Dessa lista dos que ouvi gostei do The Winery Dogs, Disturbed, Ghost e Baroness
Essa lista é a melhor até agora. Pra ficar excelente( sei que são apenas 10) colocaria Swing OF Death do Dracula , Innocence & Decadence do Graveyard e o último do Lamb Of God. Esse gods And Generals eu curti muito quando saiu, mas acabei esquecendo com o passar do tempo, boa lembrança.
Lamb of God eu não curto, mas as outras duas são boas recomendações! Valeu.
Bom disco do Dracula – Swing of Death, porém, acho que o Jorn Lande já gravou coisas melhores.
Concordo. Cite porque, ao meu ver, fazia tempo que o Jorn não emprestava a voz a um álbum que ficasse ao menos acima da média, não da pra comparar com o segundo do ARk ou o debut do Masterplan, mas foi um excelente lançamento, até por se tratar de um projeto.
Masterplan foi realmente a melhor banda que ele cantou. Mas muito bem lembrado o Ark. Tá aí uma banda que nunca deveria ter acabado. Se bem que agora com dois integrantes mortos fica difícil imaginar uma volta.
Preciso ouvir esse disco novo do Ghost. Valeu as dicas das listas de todos, pincei coisas que curti em todas.
Abraço!