Melhores de 2015: Por Bruno Marise
Publicado originalmente no site Tinnitum
Sem maiores delongas ou rodeios, seguem os meus 25 discos preferidos de 2015.
1. Baroness – Purple
E os caras conseguiram de novo. Após a obra de arte Yellow & Green (2012), o Baroness passou por uma experiência traumatizante que quase acabou com a banda: Um gravíssimo acidente de ônibus que custou a saída de dois integrantes. Não à toa Purple soa como um renascimento, uma ligeira volta aos primórdios. Se o último trabalho foi o começo de uma experimentação maior além do sludge progressivo de Blue e Red, Purple é mais direto. As passagens viajantes e interlúdios melódicos ainda estão aqui, mas diluídos entre as canções. Ao mesmo tempo em que o quarteto mostra o frescor de um iniciante (a entrada de uma nova e excelente cozinha contribui para isso) também traz toda a experiência e amadurecimento, traduzidos na qualidade das composições. As canções seguem o formato tradicional de verso e refrão, mas com cada nota, riff, solo tocada de maneira apaixonada e com uma precisão impressionante.
O Baroness já pode se vangloriar de ter conseguido um dos feitos mais admiráveis dentro da música: Calcar um som próprio. Nada que ouvimos é parecido com o que o grupo de Savannah faz. É música para ouvir e sentir. Apreciar em todos os detalhes. Muito mais do que uma banda de heavy metal, o Baroness já é uma senhora banda de rock.
2. Royal Thunder – Crooked Doors
De primeira torci o nariz para o Royal Thunder acreditando ser mais uma das bandas da onda retrô. Apesar de ter essa estética, principalmente na produção, as composições são boas demais. Cada faixa é recheada de variações e dinâmicas viciantes. A vocalista Mlny Parsonz debulha. Independente de qualquer rótulo, um grande disco de Rock.
3- Kylesa – Exhausting Fire
O Kylesa não tem medo de evoluir e experimentar. Exhausting Fire injeta ainda mais psicodelia e passagens melódicas no sludge tribal do grupo. As composições estão ainda melhores e os momentos pesados, são PESADOS mesmo, com riffs massacrantes. Já diria o mestre Tony Iommi, se você souber equilibrar os momentos de calmaria e peso, as partes agressivas vão soar ainda mais porrada.
4- Le Butcherettes – A Raw Youth
Esses mexicanos liderados pela vocalista Teri Gender Bender lida com temas polêmicos e tem um apelo visual quase em extinção na cena atual. Com forte influência de The Stranglers, principalmente no baixo encorpado e as intervenções de teclados, guitarras garageiras e melodias cativantes, o Le Butcherettes é uma autêntica banda de rock n roll. A Raw Youth ainda conta com a produção de Omar Rodriguéz López e participações de John Frusciante e Iggy Pop. Não dá pra perder.
5- Nechochwen – Heart Of Akamon
Esse duo americano faz um misto de black e folk metal, cheio de leads melódicos e com temática indígena norte americana, representada nas letras e nos interlúdios com percussões tribais e violões. A grande surpresa do ano.
6- Turnstile – Nonstop Feeling
Esse grupo de Baltimore é um sopro de ar fresco na saturadíssima cena de hardcore. Seu disco de estreia é uma verdadeira homenagem a tudo que os caras cresceram ouvindo. Um amálgama de riffs grooveados, pauladas a lá Youth Crew, solos de guitarra esquizofrênicos, surf music e claras influências de Rage Against The Machine e Red Hot Chilli Peppers dos primórdios. Na teoria pode parecer estranho, mas funciona muito bem, e a banda passeia naturalmente por todos esses gêneros e ainda consegue soar autêntica e atual.
7- Mac Demarco – Another One
A música desse maluco canadense é inclassificável, mas absurdamente viciante. As canções são extremamente autênticas e mostram que o cara é um compositor muito talentoso. Os loopings de teclado dão uma sensação reconfortante de nostalgia. Só ouvindo pra sacar.
8- Ghost – Meliora
Apesar da proposta interessante e divertida, o hype em cima do Ghost sempre foi superior à música. A banda conseguia criar canções extremamente grudentas, mas musicalmente a sensação é que faltava alguma coisa. Em Meliora, isso mudou totalmente. Foi injetado maior peso à instrumentação e as composições são impecáveis. Não só as linhas vocais altamente melódicas de Papa Emeritus ficam na cabeça, mas cada trecho, riff, efeito de teclado ou linha de baixo cativam de imediato. Um disco viciante do começo ao fim. Que o Ghost nunca pare de evoluir e se desafiar. Talento eles têm de sobra.
9- High On Fire – Luminiferous
Muitos ficaram apreensivos que a recente sobriedade de Matt Pike interferisse na sonoridade de Luminiferous. E sem dúvida, interferiu, mas de maneira muito positiva, resultando no melhor disco da banda. As composições melhoraram consideravelmente, com menos jams e estruturas mais bem definidas e dinâmicas. Mas o peso e os riffs (Ah, os riffs…) continuam ali, com a combinação de Black Sabbath e Venom intacta.
10. Napalm Death – Apex Predator – Easy Meat
O Napalm Death poderia facilmente se acomodar e fazer um feijão com arroz medíocre para agradar os fãs mais xiitas, mas mesmo com quase 30 anos de carreira os caras conseguem se manter relevantes sem perder a brutalidade, e ouso dizer que conseguem soar ainda mais violentos. O novo disco segue com algumas experimentações já vistas em Utilitarian (2012), e algumas pirações a lá Swans e Killing Joke em meio à porradaria grind. Um disco que só melhora a cada ouvida.
Outras citações:
Action Bronson – Mr. Wonderful
Alabama Shakes – Sound & Color
Backyard Babies – Four By Four
Bnegão e Os Seletores de Frequência – Transmutação
Horrendous – Anareta
Jeff The Brotherhood – Wasted on The Dream
Kyrbgrinder – Chronicles of a Dark Machine
Mikal Cronin – MCIII
Millencolin – True Brew
Paul Weller – Saturns Pattern
Pentagram – Curious Volume
Sevendust – Kill The Flaw
The Shrine – Rare Breed
Steven Wilson – Hand. Cannot. Erase.
Wino & Conny Ochs – Freedom Conspiracy
Parabéns pelas ótimas escolhas, Bruno. Abraço.
Obrigado, Ricardo! Valeu! Abraço
Bruno!
Cara, que lista!!!!
Primeira lista realmente relevante que vejo neste site, albums realmente excelentes e nada de velharias recicladas. Vou ouvir os que não conheço, com certeza.
Queria deixar duas recomendações: Wilderun – Sleep at the Edge of the Earth, Beaten to Death – Unplugged (Esse aqui é uma pedrada grind)
E o que você achou do album do Cattle Decapitation?
Abraçoo!
Valeu, Nathan! Que bom que curtiu!
Cara, eu não sou muito fã do som do Cattle Decapitation, então não fez muito a minha cabeça esse disco novo.
Kylesa, Baroness e High On Fire, eu aprovo!!
Podem chamar-me de ‘puxa sarquista’ de Eno,mas ele,juntamente do competente Karl Hyde,lançaram dois álbuns que mereciam figurar na lista de melhores!’Someday World’ e ‘High Life’ são de uma beleza,rusticidade,excentricidade e autenticidade unicamente “ENÉISTAS”!Abram os ouvidos antes do coração,meus caros e nobres consultores,uma vez que o julgamento e analisamento são carros opostos em pistas opostas em tempos recíprocos.
Ouçam e voem,porém tenha cuidado com os espelhos,eles podem estar quebrados..: https://youtu.be/H22bwiMtyrs
tenham*
HEHEHE Errei de ano,mas de qualquer maneira,ouçam o disco,pois deveriam figurar nos melhor de “2014”.