Na Caverna da Consultoria: Ronaldo Rodrigues

Na Caverna da Consultoria: Ronaldo Rodrigues
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Por Mairon Machado
Continuamos nossa série de Entrevistas com os consultores da segunda geração do então blog Consultoria do Rock, agora com o cara que entende do riscado da música não somente nas caixas de som, mas também no ato de praticá-la como profissão. O campinense mais carioca da Consultoria, Ronaldo “Solid Rock” Rodrigues,  tecladista de mão cheia, com passagens por grupos como Massahara, O Terço, Módulo 1000, Arcpelago, Caravela Escarlate, entre outros, vem aqui nos contar como é a sua relação com nosso site, suas experiências musicais, as vivências em outros países e, claro, um pouco de sua coleção de discos.

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Ronaldo e seu acervo
1. Consultoria do Rock: É uma honra poder entrevistar um dos maiores tecladistas de nosso país, além de um dos escribas que me inspirou a ser alguém capaz de passar para palavras a paixão pela música. Meu grande amigo de fé e irmão camarada Ronaldo Rodrigues, obrigado por esse momento. Conte-nos um pouco sobre a sua pessoa.
Ronaldo Rodrigues (RR): A gratidão é minha e digo que estou longe de merecer essas palavras da sua parte. Pois bem, tenho 31 anos, nasci em Campinas-SP e estou radicado em Niterói – RJ desde 2009. Já perdi um bocado do sotaque original de fábrica (risos). Me formei em Engenharia Química pela USP, sou servidor público federal e trabalho em um instituto de pesquisas. Comecei a tocar teclado aos 11 anos, basicamente de forma autodidata. Dos 16 anos em diante, a paixão pela música se tornou mais e mais forte. Até o time do coração, o Corinthians, foi ficando pequeno frente ao papel que a música ocupa na minha vida. E a relação com ela é mais ou menos a mesma que com o time do coração – as vezes, a música faz a gente sofrer. Mas o que dá de alegria também não se conta em qualquer gibi.
2. Como você conheceu a Consultoria do Rock, e como foi a sua entrada para o blog?
RR: O momento em que o blog surgiu é meio nebuloso na minha cabeça. Lembro-me que eu, você Mairon, o Daniel, o Fernando, o Diogo, colaborávamos com a Collectors Room e houve um momento em que o perfil desse site mudou, deixando de abrigar textos como os nossos para ser um site com notícias e textos curtos. Surgiu-me o convite pra embarcar nessa nova iniciativa e eu topei.
3. Uma de suas especialidades é resgatar bandas obscuras no Tralhas do Porão, além de também incentivar o rock nacional com o Sangue Novo, que o colega Bruno criou, mas você ajudou a alavancar. As histórias sobre os Selos Lendários (que a Uol acabou nos tirando) também marcaram época no site. Essa distinta geração de bandas é talvez uma de suas principais características. Como foi adquirida essa formação musical?
RR: Quando eu realmente comecei a mergulhar no rock, o que aconteceu através do Led Zeppelin, e o disco Led Zeppelin II (1969), eu percebi que o que me emocionava de fato não era só a música e as composições, mas sim toda aquela roupagem. Eu realmente me apaixonei por aquela sonoridade rústica. E decidi então que passaria a buscar sons que me propiciassem aquela mesma sensação inicial. Continuo essa busca até hoje, e por isso que nunca mais deixei de vasculhar o rock (de todas as vertentes) dos anos 60 e 70, que é o que realmente me dá esse barato. Descobri baratos semelhantes com o jazz, o blues, o soul e a MPB da mesma época.
A questão de buscar histórias de bandas obscuras vem um pouco da minha trajetória errática e a forma como eu fui descobrindo os sons…eu conheci discos de bandas do segundo e terceiro escalão do rock antes mesmo de ouvir os discos dos Beatles. Conheci muita banda underground antes das chamadas “discotecas básicas”. Eu conheci essas coisas meio que por acaso, não tive um amigo ou um parente do tipo que chegue pra você e diga: “meu camarada, toma aqui. Ouça isso que vai mudar sua vida”. Não foi assim. Discos e músicas foram surgindo ao acaso, ficava mendigando audições em lojas de discos, pegava coisas no escuro (e me arrependia delas), ia totalmente sem direção, me guiava as vezes por algumas informações difusas em TV, rádio, notas de jornais. Enfim, não foi fácil adquirir algum conhecimento. Isso nos idos de 2000, 2001, 2002. Fico imaginando como devia ser muito mais difícil décadas atrás. Depois veio a internet e suas facilidades. Abusei disso e tomei partido da informação pra transformá-la em algum conhecimento. Acabou que eu criei um gosto por partilhar tudo aquilo que descobria, especialmente esses discos menos conhecidos. Fiz muitos bons amigos a partir disso. Buscar as histórias sobre eles veio daí.
Sobre os grupos atuais, além de ser músico e trabalhar com música autoral desde 2008, eu tenho percebido que existe um forte corrente que admira e busca o tal som rústico que eu aprecio. Então, muita coisa contemporânea me anima nesse sentido. Também depois de um tempo fui abrindo mais o leque. E sempre gostei de tentar entender o contexto. Afinal, lidamos com uma forma de arte. Ouvir e passar minhas impressões sobre grupos atuais tem sido uma satisfação, principalmente por ter a liberdade e o descomprometimento de realizar críticas sinceras, e não apenas publicar algo que seja meramente um incentivo.
Ronaldo (esquerda) e Sérgio Hinds (direita), no show O Terço Lado B
Ronaldo (esquerda) e Sérgio Hinds (direita), no show O Terço Lado B

4. Tive a oportunidade de ouvi-lo tocar com o grupo O Terço, e ainda, admiro e muito o trabalho do Massahara, uma das melhores bandas surgidas no Brasil nos últimos anos. Também tenho apreço pelo Arcpelago e pela Caravela Escarlate, a qual está prometendo cada vez mais ser uma banda que marcará época. Conte-nos um pouco como foi cada um desses projetos que você participou.

RR: Esse show que você esteve foi uma ocasião muito marcante e tenho vivo na mente todos aqueles momentos. Fui convidado pelo produtor Cláudio Fonzi para um espetáculo chamado “O Terço Lado B”, na qual o guitarrista e líder do Terço, Sérgio Hinds, reuniria-se com alguns outros músicos pra revisitar músicas obscuras do repertório do grupo em suas diversas fases. Foi uma sensação fantástica poder tocar com um cara que gravou alguns dos discos e músicas que mais ouço, que frequenta minha prateleira de discos e meus alto-falantes há anos. Fiz dois shows nesse projeto, um no Rio e outro em Belo Horizonte. Ter tocado a suíte “Amanhecer Total”, de 1973, que nunca havia sido executada ao vivo, foi também uma grande honra pra mim.

A Massahara foi o primeiro grupo autoral do qual participei e do qual mantenho um carinho enorme e bastante orgulho. Desde o momento que os vi ao vivo, pelos idos de 2006, vi no palco o ideal de banda que eu buscava naquele momento – um som poderoso e cheio de carisma, música feita por aqueles caras que estavam ali e não por heróis do passado. Me deram a oportunidade de contribuir com arranjos e composições, duas coisas que realmente são meu maior prazer na música. Infelizmente, o grupo acabou por causa de divergências pessoais, uma química que se esgotou. Tenho ainda essa lacuna no peito, pelo aspecto coletivo, mas mantenho ótimas recordações e sou amigo de todos os ex-membros.

Meu outro grupo, o Arcpelago, surgiu pelo simples fato de que quando o David Paiva me convidou para ingressar na Caravela, eu já tinha um baterista tocando comigo e que foi um cara muito importante pra me manter motivado nessa busca. O David também já tinha um baterista naquelas alturas. Pra não criarmos conflitos, decidimos fazer duas bandas (risos). Isso também ajudou em outros sentidos, porque a Caravela já tinha um repertório e muitas composições na manga e pro Arcpelago eu tinha muitas composições e ideias que queria dar vazão. Entre muitas idas e vindas, conseguimos uma formação estável para o Arcpelago no início de 2014. Desde então, estamos construindo um repertório que prima por uma tentativa de abranger muitas vertentes do rock de inspiração setentista, seja do rock progressivo sinfônico, experimental, space-rock, jazz-rock, sons mais pesados. Enfim, tentar traçar tudo que vier. Creio que tem dado certo e agradado.

Quanto à Caravela Escarlate, é um grupo com o qual estou apostando, na linha do rock progressivo com muitas influências do rock progressivo latino (brasileiro, argentino, italiano, espanhol, etc.), bem melódico. Apesar de termos o formato de trio, não emulamos aquele tipo de progressivo de trio na linha do ELP. Estamos concluindo a gravação e produção do nosso primeiro disco. As gravações já estão finalizadas e estamos na fase de mixagem e masterização. Estaremos com disco na praça esse ano!

5. Por ter morado em Campinas, e estar no Rio, você percebe uma diferença na questão do rock nessas cidades? Eu por exemplo, vejo São Paulo como sendo bem mais roqueira que o Rio de Janeiro, além de mais conservadora tanto no quesito lojas quanto preço de discos.

RR: Sim, há diferenças. São Paulo, capital, tem mais coisa até por ser uma cidade maior. Lá também o público é mais segregado, as tribos são mais claras. Em Campinas, o movimento é bem fraco apesar da cidade ser grande para o padrão do interior do país. Existe algo de hard rock e uma cena de punk-hardcore, mas que considero que sempre foi inexpressivo. No Rio, é bem capaz de você encontrar a galera do rock vendo show de mpb no Circo Voador ou circulando no meio de uma batucada. O carioca não tem esse sectarismo, é bem mais plural, o que eu acho até bom em certo ponto. Por outro lado, é tudo muito fragmentado por esse mesmo motivo. No Rio, acho que as referências ao rock progressivo são maiores que em SP, provavelmente por herança da rádio Eldo-Pop e de programas como o 60 Minutos de Música Contemporânea, da rádio JB. Também vejo mais gente interessada em produzir som autoral com essa influência no Rio do que em SP. No metal e derivados, SP é bem mais forte. Com relação as lojas de discos, não percebo diferenças muito expressivas. Exceto pelo fato de que SP é uma cidade maior, como já disse, do que decorre mais concorrência e opções.

6 – Que outros grandes artistas você teve a oportunidade de dividir o palco e/ou estúdio?
RR: Eu tive outra grande alegria ao participar da última formação do Módulo 1000, que retornou como iniciativa de seu guitarrista e fundador Daniel Romani (in memoriam). Foi a mesma sensação que tocar com Sérgio Hinds – uma honra poder ocupar a cadeira de um tecladista como o Luiz Paulo Simas, de quem sou fã, e refazer aqueles sons históricos, dentre outros novos. Essa última formação ensaiou por cerca de 1 ano e fez apenas três apresentações, todas maravilhosas. Infelizmente, o Daniel estava doente e veio falecer, o que interrompeu a continuidade dessa volta. Sempre toquei (e continuo tocando) com artistas, que na minha concepção, são grandes. Seja em talento ou em atitude. Infelizmente, aos olhos do público, são no máximo heróis do underground.
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Ronaldo Rodrigues e Daniel Romani, no Módulo 1000
7 – Você esteve na Malásia recentemente. Teve oportunidade de conferir a cena musical por lá?
RR: Sim, fui para lá pela quarta vez em dezembro de 2015. Minhas idas para lá são sempre a trabalho, com um cronograma apertado. O fuso horário (11hs de diferença) também não favorece a disposição para os rolês noturnos, que na verdade rola de dia no horário do Brasil (risos). Não tive oportunidade de conferir nada a respeito. Apenas em um dia de folga fui a um clube noturno que tinha uma banda pop tocando. O mesmo repertório das que animam as noites por aqui.
8 – E chegou a andar por lojas de discos ou ver algum show?
RR: Infelizmente, dessa última vez, descobri que uma loja que eu frequentava lá fechou. Chama-se Rock Corner. Ela tem outras lojas em outros pontos da capital Kuala Lumpur e arredores, mas não pude visitá-las. A filial que ficava próxima ao hotel que me hospedo fechou. Era bem boa, tinha um bom acervo de rock e jazz e muitas caixas, edições especiais e deluxe-editions. Também tem uma outra loja bem boa, em Petalyn Jaya, a Joe Mac, que é forte no vinil. Os preços contudo, assim como no Brasil, estão bem salgados e inflacionados.
9 – Que outras novidades musicais você trouxe de lá?
RR: Dessa vez, encontrei em uma loja genérica de cds e dvds uma versão mini-lp do 401 Ocean Boulevard do Eric Clapton, uma versão digipack do Sabotage do Black Sabbath e o disco Equinox, de Sérgio Mendes e Brazil 66, que comprei de presente pra um amigo.
Com o consultor metido a entrevistador
Com o consultor metido a entrevistador Mairon Machado

10. Que outros países você já visitou? Há muita diferença musicalmente de um para outro? Pergunto isso por que eu já estive em vários países, e as culturas em relação a discos são bem diferentes em cada país.

RR: Minhas viagens internacionais sempre foram a trabalho, com pouco tempo disponível para procurar algo com relação a música. E só fui pra lugares “exóticos”, digamos. Além da Malásia, fui ao Japão, à Moçambique e conheci uma área fronteiriça da Bolívia. Em Moçambique, como era de se esperar, eles curtem música com muito groove por lá. Há muito rap, hip-hop, algo de reggae. Dá pra sacar alguma coisa regional, mas sempre com tons eletrônicos, modernos. O povo andando na rua você já saca a malemolência. Mas o país é muito pobre e um bocado hostil para turistas. No Japão foi tudo muito corrido, um cronograma insano para uma viagem de quase 24hs de duração. Mas nesse caso, descolei tempo para garimpar uma loja que ficava em Shinjuku, distrito de Tóquio, onde fiquei hospedado. Chamava-se Disk Union. Foi bárbaro. Eram várias lojas da mesma rede, cada uma especializada por estilo. Tinha uma só pra jazz, outra para pop japonês, outra para música clássica, etc. E tinha a maior de todas, que era uma com itens usados, que tinha de tudo. Eram cerca de 80.000 títulos! Eu tinha lido em um guia de viagem de que o Japão possui uma grande cultura de venda de artigos usados, porque as casas são muito pequenas e o japonês não tem muito como ficar acumulando coisas. Como eles são muito cuidadosos e honestos, isso cria um mercado bem interessante. Pois bem, a Disk Union era de perder a linha. Eu tive que me segurar porque fui lá no meu primeiro dia, depois de rodar muito pra encontrar (achar um endereço em Tóquio é um inferno, as ruas não tem nomes, os mapas são difíceis de entender e não é fácil achar quem fale inglês por lá), e eu ainda não tinha recebido minhas diárias e nem sabia como seria a dinâmica dos meus gastos por lá. Trouxe “apenas” 14 cds em versão mini-lp, por precinhos módicos…tinha colocado ao menos uns 50 no cesto. Depois do término do trabalho, vi que poderia ter trazido ao menos uns 30 que ainda estaria muito bem. Mas seria impossível voltar lá, fiquei apenas 4 dias e com uma programação muito intensa. Só tive uma tarde livre. Outra coisa interessante no Japão é a cultura de músicos de rua…há muitos, em vários cantos, e de excelente nível, de tudo quanto é instrumento.

11. Qual país você gostaria de conhecer, não só pelas belezas naturais, mas também para dar aquela garimpada em discos?

RR: EUA, Suécia (adoraria ir lá pra tocar!), Holanda, França, Itália, Austrália, Argentina, Chile, México. Todos esses lugares tem muita história musical pra contar.

12. Voltando ao blog, qual a matéria que você mais gostou de ter feito?

RR: Escrever sobre as discografias do Jimi Hendrix e do Som Nosso de Cada Dia (que a Uol Host levou embora) me marcaram. Mas acho que o texto que mais gostei foi a matéria sobre o selo Vertigo (que a Uol Host também levou embora). Sou fã daquela estampa.
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O músico com alguns CDs de sua coleção e instrumentos musicais
13. Quais as principais alegrias e tristezas que você teve nesses cinco anos de Consultoria do Rock?
RR: Alegrias, foram inúmeras. Ver o blog crescendo e se tornando site, a qualidade dos textos, as pautas sempre se aprimorando. A amizade que vai se formando entre os colaboradores. Tudo isso me alegra. Tristeza, de longe, foi a perda do conteúdo e do nosso acervo pelo Uol Host. Foi um golpe duro, que me desanimou muito. Outra tristeza é minha falta de tempo e condições de colaborar mais. 2016 há de ser diferente.
14. O que você caracteriza como principal característica do Consultoria do Rock, que o torna um diferencial nos demais sites de música?
RR: A profundidade dos textos. Não nos incomodamos com os preguiçosos que não lêem textos longos. Os textos colaborativos também são uma sacada bem bacana e envolvente. Não ser (mais) um site de notícias sobre música. Tudo isso torna a Consultoria peculiar e especial.
15. Dentro do Consultoria, você acabou tornando-se um dos pilares após a saída de alguns dos criadores do blog, e auxiliou na transformação do blog em site. Hoje, sua colaboração diminuiu um pouco perto de outas épocas. Quais os motivos?
RR: É uma coisa temporária. Eu realmente estou fazendo muita coisa atualmente…além do meu trabalho (40 hs semanais), ingressei em um mestrado acadêmico (em geoquímica ambiental, pela UFF), toco em duas (as vezes três) bandas, gravei dois discos em 2015 e colaboro com outros músicos e projetos. Também faço trabalho voluntário. Além disso, tive muitas viagens a trabalho e estudo esse ano. Como disse, 2016 (após abril) há de ser diferente.
O fã com uma raridade (prensagem holandesa em Mini-LP de Stand Up, do Jethro Tull)
O fã com uma raridade (prensagem holandesa em Mini-LP de Stand Up, do Jethro Tull)
16. Falando um pouco agora do lado prazeroso da música, que é o ouvir e colecionar. Quais são suas principais lembranças de quando começou a ouvir música?
RR: A primeira coisa que me fisgou na música foi a música clássica. Meus pais nunca foram apreciadores de música, não tinham coleção de discos e nem ouviam música com regularidade. Meu contato com a música foi na igreja, com o som daqueles órgãos litúrgicos e corais. Entrei em um coral de crianças que estava se formando na paróquia e dali o músico que acompanhava o coral era um cara já mais velho, que conhecia e gostava muito de música clássica. Ele foi uma influência pra mim e começou a dar aulas de teclado para o meu irmão. Com ele, tomei gosto pelo assunto, assisti alguns concertos de orquestras e pedi pra minha mãe comprar alguns cds de compositores clássicos. Eu os ouvia com muita frequência, principalmente também quando comecei, por um breve período depois que já sabia tocar com alguma destreza, a estudar piano. Enquanto isso, eu continuava ouvindo rádio FM em casa ou no carro do meu pai.
No colégio, eu também era muito maria-vai-com-as-outras. O que meus colegas ouviam ou falavam eu procurava conhecer e em alguns momentos até fingia que gostava, pra poder me integrar, aquelas coisas. Tinha um colega cujo irmão era fã de Beatles e rock inglês em geral. Conheci algumas coisas com ele (o Oasis despontava na época, ele gostava também), mas não foi por ali realmente que a coisa do rock me fisgou. Eu chegava em casa e ainda ouvia música clássica. Depois, um pouco mais velho, eu conheci uma amiga que tinha um tio músico, um cara totalmente heavy metal. Ela também curtia, por influência dele, e tentou me passar essas coisas, que eu não assimilei. Eram coisas de death metal, speed metal, som bem pesado mesmo. Eu me sentia mais interessado em tocar do que em ouvir, até o momento.
Entre os 15 e os 16 anos, estava no colégio técnico de Química. Em uma tarde de folga, fui até a casa de um amigo jogar video-game. Lá tinha um porta-cds e perguntei se podia olhar. Ele disse que sim, era da namorada do irmão dele. Vi lá alguns cds e perguntei se podia ouvir. Ele prontamente disse: “pode pegar emprestado, se quiser” (sem nem ter consultado a dona dos cds). Eu não hesitei e peguei algumas coisas cujos nomes (por algum motivo que eu nem sei dizer) eram familiares – Led Zeppelin (Led Zeppelin II), Neil Young (Rust Live) e Ramones (Mondo Bizarro). Estavam todos em péssimo estado de conservação, muito arranhados e sem os encartes. Ouvi-os todos, pincei algumas coisas boas, mas não diria que gostei intensamente de nenhum logo de cara. O Led Zeppelin me causava estranheza … aquela viagem no meio de “Whole Lotta Love” me incomodava. Mas eu voltava da escola todo dia no fim da tarde e botava aquele disco pra ouvir novamente. Depois de uma semana ou um pouco mais, essa insistência se transformou em deslumbramento. Tudo passou a fazer muito sentido. Dali, minha relação com a música nunca mais foi a mesma.
17. Você gostou de rock desde o início ou foi em um determinado período de sua vida?
RR: O rock veio na adolescência, como contei acima, dentro do espectro do rock ’70. Tive contato com outras vertentes do rock antes dessa descoberta e o efeito não tinha sido o mesmo.
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De Módulo 1000 a Milton Nascimento, passando por Beach Boys, Gentle Giant, Quicksilver Messenger Service entre outros. Ampla variedade de estilos predominam na coleção de Ronaldo
18. Com quantos anos você comprou seu primeiro disco, e qual foi? Você ainda tem ele?
RR: Também é algo meio nebuloso pra mim quando e qual foi o primeiro cd que eu comprei. Acho que eu tinha 15 anos; me lembro de ter trocado uma coletânea da Tina Turner (da sua fase oitentista) por uma coletânea dos Doors (The Best of the Doors). Acho que esse foi o marco zero da minha coleção e ainda tenho esse cd. Depois ganhei a coletânea Early Days, do Led Zeppelin e a trilha sonora do filme Almost Famous, de uma ex-namorada. Essa coletânea se perdeu depois que emprestei pra um colega de faculdade. Maninha algumas fitas K7 com músicas que tocavam em uma rádio chamada “A Máquina do Som”, que teve vida curta na região de Campinas (coisas como Jimi Hendrix, Deep Purple, Mutantes, O Terço, Santana, Beatles, Rolling Stones) e mais algumas coisas esparsas de cds emprestados por colegas do curso técnico. O exemplar do Led Zeppelin II que me abriu a mente nunca foi devolvido (risos) e o mantenho em casa bem guardado.
19. A quantas anda sua coleção? 
RR: Atualmente, tenho 385 cds, 35 lps e uns 40 dvds. Minha coleção é uma piada perto da coleção de outros colaboradores aqui do site (risos)! Eu comecei a comprar cds efetivamente em 2009, quando passei a ter uma renda adequada pra isso. Sou cria da geração mp3, não tenho vergonha nenhuma em assumir isso. Comprar discos era algo difícil pra mim, dada a minha condição de estudante universitário que morava em república e que trabalhava para pagar as próprias contas. Mas eu baixava discos sempre com a perspectiva de comprá-los no futuro, era apenas uma forma de solucionar a ansiedade e a sede de conhecer novos sons, bandas, discos. E diferentemente de muitos que baixavam compulsivamente, tudo que tenho baixado ou ripado de cds de terceiros (cerca de 3.200 álbuns) eu ouço com regularidade e conheço muito bem.
20. Qual a banda que você tem mais itens na sua coleção? Quantos itens entre DVDs, LPs, CDs e memorabilia?
RR: Jimi Hendrix, que é o meu favorito junto com o Led Zeppelin. Tenho ao todo 11 cds do guitarrista. Tenho alguns posters dele, revistas, livros e recortes a respeito. Não coleciono outro tipo de memorabilia.
21. Que outras bandas / artistas tem destaque na sua coleção?
RR: Yes, King Crimson, Miles Davis, The Doors, Milton Nascimento …
22. Como você organiza sua coleção?
RR: Organizo por ano de lançamento e dentro de cada ano, por ordem alfabética. Coletâneas causam problema nesse critério, mas eu acabo vendo a data da maioria das músicas e encaixo no ano desta maiorira, ou então, ficam confinadas no fim da prateleira. Eu gosto da sensação de ter um panomara do que acontecia ano-a-ano, os contextos e transformações e sou bastante ligado a números e datas.
23. O que todo mundo gosta e você não consegue gostar? O que só você gosta?
RR: Eu não gosto de música pop, no geral. Então, se o assunto enveredar por aí, vai ter muita coisa quase unânime entre a maioria das pessoas que eu não curto. Da minha praia de rock ’60 e ’70, blues e jazz, acho que eu não tenha nenhuma grande peculiaridade nesse sentido, gosto dos medalhões tanto quanto dos obscuros. Acho que David Bowie e Velvet Underground talvez sejam os casos mais contumazes, assim como toda aquela galera do glam-rock (T-Rex, Sweet, Slade, Roxy Music). Apesar de que há várias coisas desses nomes que eu realmente aprecio. Tem algumas coisas que eu gosto, mas longe de ser na mesma medida que o pessoal no geral fala – Uriah Heep, Judas Priest, The Band, as carreiras solos do John Lennon e do Paul McCartney são alguns exemplos. Aquela turma toda do fim dos anos 70 – Patti Smith, Elvis Costello, Television, outros nomes do punk-rock…não gosto de nada disso. Eu gosto de bossa nova e samba-jazz, o que não é muito comum para quem me taxa (apenas) como fã de rock.
Alguns CDs
Alguns CDs de raridades
24. Há algum item bizarro ou diferente na sua coleção, que quando algum amigo vai visitar pergunta “O que isso faz aqui”?
RR: Isso nunca aconteceu (risos), mas quem não me conhece bem estranharia ver na minha coleção discos como “Construção” do Chico Buarque ou “Stan Getz & João Gilberto” dividindo espaço com Black Sabbaths e Mahavishnus Orchestra.
25. Já fez alguma loucura por algum disco de sua coleção? Ou para assistir algum artista em especial?
RR: Creio que não, sou um cara bem sóbrio nesse sentido. Já paguei caro por alguns cds e por alguns shows, mas nada que possa ser considerado excêntrico.
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Hard rock setentista para fã nenhum colocar defeito
26. Qual o item mais raro de sua coleção?
RR: Não sei bem conceituar “raridade”, porque acessando o ebay e com uma boa grana em mãos, é possível se obter de tudo. Creio que sejam a coletânea The World Ends: Afro-Rock & Psychedelia in 1970’s Nigeria, que comprei em uma loja no aeroporto de Joanesburgo, e um LP ao vivo da banda Flash, Psychosync, com registros não-oficiais da turnê americana deles, em 1972.

27. Bei, esse do Flash é uma raridade monstra. Parabéns pela aquisição. Já teve algum item que você acabou se desfazendo e depois se arrependeu, sendo que nunca mais conseguiu encontrar o dito cujo?

RR: Nunca precisei me desfazer de nada, graças a Deus! mas de arrependimentos, já teve vários itens que deixei de comprar na hora e depois não achei mais, ou com os preços que tinha visto. Não sei nem citar exemplos porque isso já me aconteceu muito. Quando comprei esse LP do Flash, o cara que me vendeu tinha vários LPs legais, com um preço bem bacana. Devia ter pego outros, mas tava com pouco dinheiro em mãos na ocasião…lembro que ele tinha Modrý Efekt e Radim Hladík, SBB…coisas que não se vê por aí todo dia.

Raridades progressivas
Raridades progressivas importadas
28. Qual o artista que você já assistiu ao vivo mais vezes? Quantas foram?
RR: Não sou um grande frequentador de shows de artistas famosos. Prefiro ver bandas iniciantes ou undergrounds em lugares pequenos. Fora isso, vi 4 shows do Violeta de Outono, uma banda que gosto e admiro muito.
29. Cite cinco itens que, se você tivesse que vender sua coleção, não venderia de jeito nenhum.
RR: O critério seria – discos que gosto muito, tenho em versões especiais e/ou que foram difíceis de conseguir:
– Khan – Space Shanty (1972)
– Deep Purple – Deep Purple (1969)
– Aphrodite’s Child – 666 (1971)
– Som Nosso de Cada Dia – Snegs (1974)
– Captain Beyond – Captain Beyond (1972) (com a capa holográfica)
30. Onde você adquire itens para sua coleção atualmente?
RR: Atualmente compro pela internet, em uma loja do centro do Rio que não tem nome, na Rua Alcântara Machado, e na Renaissance Discos.
Mais raridades importadas
Mais raridades (importadas e nacionais)
31. Quais os dez melhores discos da década de 60?
RR: Em ordem é complicado. Vou apenas listar.
– Beach Boys – Pet Sounds (1966)
– Beatles – Sgt. Peppers Lonely Heart Club Band (1967)
– Byrds – Fifth Dimension (1965)
– Crosby, Stills & Nash – Crosby, Stills & Nash (1969)
– Cream – Wheels of Fire (1968)
– The Doors – The Doors (1967)
– Led Zeppelin – Led Zeppelin II (1969)
– Leslie West – Mountain (1969)
– Jimi Hendrix – Electric Ladyland (1968)
– King Crimson – In the Court of the Crimson King (1969)
32. Quais os dez melhores discos da década de 70?
RR: A mais difícil de todas. Vou ficar nos clichês.
– Led Zeppelin – IV (1971)
– Black Sabbath – Vol. IV (1972)
– Deep Purple – Burn (1973)
– Yes – Close to the Edge (1972)
– Genesis – Selling England by the Pound (1973)
– Pink Floyd – Dark Side of the Moon (1973)
– Emerson, Lake & Palmer – Brain Salad Surgery (1973)
– Rolling Stones – Sticky Fingers (1971)
– Mahavishnu Orchestra – Inner Mountain Flamme (1971)
– Captain Beyond – Captain Beyond (1972)
33. Quais os dez melhores discos da década de 80?
RR: Não curto a sonoridade dessa época. Conheço algumas coisas do período, mas como é algo que não ouço ou tenho em minha coleção, seria leviano em citar 10 discos do período.
Álbuns diversos, e clássicos
Álbuns diversos, e clássicos
34. Quais os dez melhores discos da década de 90?
RR: O mesmo comentário acima vale para essa época também.
35. Quais os dez melhores discos dos anos 2000 (de 2001 até agora)?
RR: – Black Bonzo – Black Bonzo (2004)
– Wobbler – Rites at Dawn (2011)
– Opeth – Pale Communion (2013)
– Graveyard – Hinsingen Blues (2011)
– Radio Moscow – Radio Moscow (2007)
– Causa Sui – Summer Sessions Vol. 1 (2009)
– Diagonal – Diagonal (2008)
– Astra – The Weirding (2009)
– Siena Root – A New Day Dawning (2004)
– Charles Bradley – No Time for Dreaming (2011)
36. Cite dez discos que você levaria para uma ilha deserta.
RR: Se a viagem fosse amanhã, eu levaria esses:
– Steve Hillage – Fish Rising (1975)
– Mutantes – O A e o Z (1973)
– Colosseum – Valentyne’s Suite (1969)
– Led Zeppelin – Led Zeppelin II (1969)
– Black Sabbath – Sabbath Bloody Sabbath (1973)
– Santana – Santana (1969)
– Quicksilver Messenger Service – Quicksilver Messenger Service (1968)
– Traffic – Traffic (1968)
– Veludo – Ao Vivo (1975)
– Larry Coryell & Eleventh House – Introducing … (1974)
37. Cite dez itens que deveria ter nessa ilha deserta para completar o prazer de estar com esses dez discos.
RR: – Colchão;
– Travesseiros;
– Uma espreguiçadeira;
– Um gerador de energia elétrica;
– Uma aparelhagem de som bem potente;
– Um violão;
– Papel e lápis;
– Um gravador;
– Uma prancha de SUP;
– Um veleiro
Humilde, né?
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O colecionador e parte de sua coleção de CDs
38. Há um fim para a sua coleção?
RR: Não, nunca, jamais! (risos)

39. Quais os próximos passos para sua carreira musical?

RR: 2015 foi um ano de estúdio. 2016 vai ser um ano de palco. Eu tenho um sonho de organizar um festival ao ar livre, nem que seja durando um único dia. Quem sabe em 2016 eu consiga mover algo nesse sentido. Também estou prospectando entrar para o mercado de trilhas sonoras. Mas apenas confabulações até o momento. Plano concreto mesmo é lançar os discos das bandas, fazer shows, continuar compondo e me divertindo.

40. Alguma coisa mais que gostaria de passar para nossos leitores?
RR: Gostaria de passar algo especialmente para quem é ou quer ser músico. Façam música autoral. Criem. Renovem a música, ainda que trabalhem em estilos já consolidados. Busquem valorizar a música alheia, ouçam muitos discos e frequentem shows. Tudo isso voltará pra vocês. Todos temos a crescer aprendendo uns com os outros.

49 comentários sobre “Na Caverna da Consultoria: Ronaldo Rodrigues

  1. Tenho praticamente o dobro da idade do Ronaldo, mas ele tem conhecimento musical para ser meu pai. E tem a simpatia daquele tio bacana que todo jovem quer ter na vida. Mais uma ótima entrevista pilotada pelo Mairon. Senti falta apenas de uma conversa sobre o programa de rádio tão legal que o Ronaldo fazia e que tive a honra de participar uma vez.Imenso prazer de ser seu colega neste site, Ronaldo.

    1. Olá Marco, obrigado pelo seu comentário, fico muito feliz ao lê-lo, pq a consideração por vc é gigante e recíproca! só discordo veemente de que eu ouso ter mais conhecimento que vc…isso jamé! O Mairon até me prôpos comentar sobre o programa da rádio, na segunda versão, contudo achei que eu já encheria por demais a paciência de todo mundo com as minhas histórias e aí fica pra uma próxima kkk. Abraço!

      1. Prova de que vc que é o mestre nessa história é que o disco do Eduardo Bort que vc vê em uma das fotos eu fui atrás de conhecer e comprar depois da sua matéria sobre o rock espanhol, viu?!

    2. Agradeço o elogio Marco, mas isso não seria possiel se nao fosse o Ronaldo uma pessoa de caráter excepecional. Outro que tenho muita alegria de ter conhecido. Em fevereiro, vamos botar para quebrar no ensaio da Salgueiro, procede meu nobre RR?

  2. Minha referência para ir buscar bandas obscuras setentistas ou procurar novos sons de bandas brasileiras são as matérias do Ronaldo. Já havia dito isso, mas vou repetir: incrível como o Ronaldo sempre consegue achar uma banda setentista que se encaixa em qualquer tema do Consultoria Recomenda e que ainda por cima tem qualidade.

    E como o Marco disse, tem cara de ser aquele tio que todo mundo adoraria ir visitar numa viagem de férias ou em um fim de semana.

    Também nos avise quando os cds do Caravela e do Arcpelago estiverem prontos para eu comprar.

    1. Valeu pelas gentis palavras, André! gostei dessa de ter cara de tio que todo mundo adoraria visitar…espero que meu sobrinho tenha essa opinião sobre mim no futuro! hahahahaha
      a respeito dos trabalhos, quando prontos, terão ampla publicidade e vc terá um, pode ficar tranquilo! abraço!!

  3. Mais um que cita o “Close to the Edge” de sua lista pessoal dos anos 70. Por outro lado, fiquei contente com as citações do Ronaldo ao DSOTM (Pink Floyd) e SEBTP (Genesis), que são sim bem melhores do que este disco do Yes, em se tratando de rock progressivo.

    Até hoje não sei o que os fãs observam tanto neste disco para considerá-lo como o melhor da carreira do Yes (tirando da minha parte a música “And You and I” que é sempre uma delícia ouvir). Não sei mesmo!

    1. Obrigado pelo comentário, Igor! só acho que essa sua “cruzada” a respeito do Close to the Edge é meio infrutífera, saca? o disco é bom, muita gente gosta e vc nem tanto e viva a diversidade de gostos e opiniões no mundo, não é msm?
      Sobre o Dark Side of the Moon e o Selling England by the Pound, são lindos, maravilhosos, estupendos, embasbacantes e acachapantes. Eu e a torcida toda do Flamengo e do Corinthians juntos apreciam e cantam em coro. Abraço!

      1. Um abraço pra você também, Ronaldão. Outra coisa: respeito a torcida do Mengo e do Timão, eu sou Galo!

      2. Concordo plenamentíssimamente com você,Ronaldo!!Viva a diversidade,falar disso,faltou algum disco de Eno na sua lista setentista,Ronaldo!Falar disso,seria interessante uma matéria sobre o minimalismo,tendo em voga obras de DEUSES com Riley,Eno,Glass etc.

        1. Olá Erick, obrigado pelo seu comentário! apesar de gostar muito do Brian Eno em seus trabalhos eletrônicos, acho que não sou o cara mais indicado pra falar de minimalismo. Eu, na real, me considero um maximalista!
          abraço!

          1. É Igor, já rendeu o que tinha que dar suas questões sobre o gosto do pessoal com o CTTE.

      1. Comodoro irá desfilar suas relíquias para nós provavelmente no inverno gaucho, com uma boa cuia e uma erva de primeira, procede?

  4. Conheci O Ronaldo no Festival Psicodália em 2009 tocando com a banda Massahara. Levei uma filmadora e foi o único show do festival que filmei completo. Gostei da banda demais. Voltando ao Rio encontrei ele em um bar de blues na Prado Júnior com outro psicodálico. Foi quando ele me disse que estava morando no Rio, acabara de se mudar. Pensei logo, a cidade ganhou um puta reforço musical. O cara é bom demais como músico. Mas depois fomos nos encontrando nos cenários rock and roll do Rio e descobrindo que o gosto musical dele era bem parecido com o meu. Mas a certeza foi quando rolou, em um churrasco ‘and’ roll da turma, a música da banda Arzachel e ele matou na hora. Não é qualquer que gosta e conhece esta banda. Fui logo presenteando-o com uma coletânea da Eldo-pop (em mp3 é lógico). RS. Parabéns pela entrevista. Rock na veia é o nosso lema.

    1. Que legal, Joel! me lembro muito bem de todas essas ocasiões que vc citou…a música do Arzachel era “Garden of Earthly Delights”, lindíssimo som. Aliás, ali tem dois caras que eu sou muito fã, o guitarrista Steve Hillage e o tecladista Dave Stewart. Farejo na hora esses sons. Obrigado pela sua amizade e pelos muitos amigos que conheci através de vc. Abraço!

      1. Ronaldo, um amigo meu conseguiu um video raro do Steve Hillage nos anos 70. Posso tentar conseguir com ele para te levar em fevereiro. Que achas?

  5. Ótima entrevista e parabenizo a Consultoria do Rock por isso. Conheci o Ronaldo em shows da Massahara no Rio e depois o vi com o Caravela Escarlate no Prog Camp, mais tarde com o Modulo 1000 e mais recentemente com o Arcpélago. Estamos falando de um pilar do prog psicodélico no Brasil, se é que podemos rotular a música dele numa caixa só. Lendo a matéria estou pasmo com a disponibilidade dele em acumular conhecimento tão focado estando com tantas atividades dentro e fora da música, mas no fundo não é surpresa para nós que o admiramos. Competencia, eficiencia , bom gosto e muito feeling são caracteristicas que saltam imediatamente nos primeiros acordes de quem o assiste, agora vejo tb que ele tem muita persistencia em seus projetos. Seria ótimo estar com ele lá no Psicodalia este ano mas já me informou que tem compromissos inadiáveis como vimos aí na entrevista. Fico aqui vibrando pelo sucesso desse motor do rock e que agora já se tornou meu consultor. Abração, Ronaldo!

    1. Grande PC! valeu pelo comentário, fiquei lisonjeado! agradeço muito o prestígio e a amizade…em 2016 tenho certeza que nos veremos em muitas ocasiões, com muito som…abração!

      1. Obrigado PC. Abraços e suas palavras refletem muito do que é o Ronaldo. Um cara fora de série.

  6. Grande Ronaldo, músico e escritor de mão cheia, um dos grandes talentos que temos o prazer de ter aqui no site! Excelente entrevista, achei muito legal as suas passagens por países “exóticos”, ainda que corridas! E parabéns à citação ao primeiro álbum do Black Bonzo, um discaço que merecia mais reconhecimento do que possui! Grande lembrança!

    Ah, e quanto à sua coleção ser uma “piada” perto das de outros colaboradores… bem, melhor uma coleção pequena, mas cheia de qualidade como a sua, do que uma composta apenas de 400 versões diferentes do mesmo disco do Iron Maiden!

    Parabéns mais uma vez pela entrevista!

    1. Valeu Micael! o Black Bonzo realmente é muito bom e tenho a impressão de que foi um dos melhores exemplos do chamado “retro-rock” nos anos 2000. A coleção é pequena mas tem seus méritos kkk. A família tá crescendo aos poucos. Abraço!

  7. Bacana demais a entrevista, uma das melhores até agora. Ronaldo confirma a impressão que tinha dele através de seus textos: ponderação, tranquilidade, sem um pingo de afetação, mesmo com aventuras musicais que poucos de nós teremos durante a vida. Me identifiquei muito com suas referências musicais, inclusive com o fato de ter sido fisgado para a coisa pelo Led Zeppelin. Por fim, fiquei muito admirado com a idade do Ronaldo. Sem dúvida é uma daquelas pessoas cuja idade cronológica não reflete o fato de ter uma alma velha, no melhor sentido!

    1. Obrigado Eudes! tanto na vida, quanto na música, se tem uma coisa que prezo é o equilíbrio. Só me falta essa virtude na hora de ouvir, tocar e curtir som. Aí sou um desequilibrado confesso! Led é Led, azar dessa turminha de agora que fica botando defeito no som dos caras…hahahahaha…abraço!

  8. Grande Ronaldo , bela entrevista , parabens .
    Apenas notei suas prateleiras “meio’ vazias
    precisammos colocar mais mini lps nelas …rss

    Forte abraço ,

    Gilney

    1. Valeu Gilney! te mandei um email esses dias, mas voltou, vou mandar de novo!
      as estantes tão esperando aquelas liquidações espertas pra ficarem mais cheias…hahaha…abraço!

  9. Lembro-me de quando o Ronaldo começou a colaborar com a Collectors e depois com a gente. Pra mim ele era um cara que só o Daniel ou o Mairon tinha acesso. Não lembre de ter trocado e-mails com ele lá no início. Achava até que era um dos pseudonimos do Mairon….hahaha…. brincadeira!!!

    Gostei muito da entrevista e principalmente pelo fato de vc buscar aquilo que gosta. Estou certo que muitos acabaram desistindo no meio do caminho e essa é a decisão mais fácil de se tomar.

    Fiquei assustado de saber que você é tão mais novo que eu! Achei que tínhamos a mesma idade!!! Foda!! Tô velho!!! hahahah

    Temos mais coisas em comum fora o amor pela música: o time de coração (Vai Corinthians!!!) e o fato de sermos USPianos….rs

    Parabéns Ronaldo pela entrevista, pela carreira musical, pela carreira profissional (apesar que a musical tb é profissional, certo?), pelo time, pelas atividades extracurriculares e por ser um cara tão gente boa!!!

    1. Fala Corinthiano, paulista do interior e USPiano! valeu pelo comentário, a gente é praticamente contemporâneo kkk. A consideração por vc e pelos colegas da Consultoria é recíproca. Quando vier ao Rio, dá um toque pra gente tomar umas!

  10. mais uma grande entrevista, lendo a parte onde ele esteve no japao, cheguei a conclusao que o japao é a meca de todo colecionador, independente qual o estilo de musica. parabens ronaldo

  11. Excelente entrevista. Eu sou fã do escritor Ronaldo Rodrigues, o músico infelizmente não tive tempo de conhecer.
    Em alguns pontos, o gosto do Ronaldo reflete o meu. Talvez, pelo fato de ele ter me influenciado com aquela lista magnífica que ainda está presente na Collectors Room. Enfim, também não gosto de quase nada dos anos 80.
    O que quero dizer com isso tudo, é que o Ronaldo cativa as pessoas com as suas palavras, por que além de um enorme conhecimento musical, elas tem uma super dosagem (direto na veia) de paixão a música.

    1. Obrigado pelas palavras, Roberto! em uma oportunidade, lhe apresento os trabalhos das minhas bandas. Aquela lista até hoje rende alguns bons comentários, fico muito feliz por isso. Acho que ali tá a nata do som pesado do começo dos ’70. Abraço!

      1. Nossa que pura coincidência, eu relendo essa entrevista a exatamente 1 ano depois de ter lido a primeira vez hehehe
        Aquela lista é um guia para quem quer conhecer o “Hardão”, deveria ter mais listas semelhantes por aqui também.
        Abs Ronaldo

    1. Obrigado Wagner “Rock Raro” Xavier! gosto muito do seu livro e ainda não adquiri o volume 2. O farei em breve. Falamos a mesma língua, bom gosto não lhe falta! Abraço

  12. Ronaldo, sua entrevista transmite a mesma sapiência e tranquilidade dos seus textos, e isso é muito positivo. Melhor que isso é contar com você ao nosso lado. Foi interessante constatar que temos alguns pontos em comum, entre eles a idade, o fato de não sermos exatamente colecionadores e de não termos vergonha de admitir a importância que o mp3 teve para adquirirmos conhecimento sobre música. Claro, o talento musical não está incluído entre esses pontos em comum, infelizmente para mim (risos). Abraço!

    Apenas um detalhe: não cheguei a colaborar efetivamente para o site Collector’s Room, mas participei de duas ou três publicações colaborativas, se bem me lembro.

  13. Sem palavras pras oportunidades que esse cara já teve com as bandas clássicas.
    Faço coro com a última resposta.
    Parabéns galera.

  14. Conheci virtualmente o Ronaldo na antiga comunidade poeira Zine. Depois, tive alguns contatos com ele. Vi o seu show com o Massahara e o Módulo 1000. O seu teclado é extremamente competente e empolgante. Além disso, tem um conhecimento musical incrível. Se ele estivesse fora do País, já tinha deixado de ser servidor há muito tempo (risos). Parabéns aos dois, o entrevistador e o entrevistado. Abração!

      1. Chefão Mairon, cê falou que minhas opiniões contra os fãs de CTTE já deram o que tinha que dar e realmente já deram mesmo. Eu já me redimi com este disco do Yes há um tempo atrás antes de eu voltar a metralhar o disco (do mesmo jeito que eu metralho o Atom Heart Mother e o Love at First Sting, por exemplo), devido ás opiniões dos fãs e críticos, que não paravam de crescer. Tô cansado de falar que este não é – nunca foi e nem será – o melhor disco do Yes e muito menos de todo o rock progressivo, é como se alguém me disser, por exemplo, que Thaeme & Thiago é a melhor dupla do “sertanejo universitário”. Basicamente eu desceria o cacete neste infeliz que pensa assim.

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