Anthrax – For All Kings [2016]
Por Christiano Eduardo
Você já se perguntou o que te faz dar atenção para um disco novo de uma banda veterana? Será que os “monstros consagrados” são dotados de uma infinita capacidade de sempre fazer discos acima da média? Ou sua ligação com a “marca” e a memória afetiva são determinantes para essa boa vontade? Imagino que, na ausência de uma marca, muitos lançamentos ovacionados nos últimos anos seriam tidos somente como bons discos de metal. Exemplos? 13, do Black Sabbath, Death Magnetic, The Book of Souls…
Enfim, qual o motivo para iniciar uma resenha com essa conversa? Bom, o Anthrax acaba de lançar For All Kings, seu décimo primeiro álbum. Junto com Metallica, Megadeth e Slayer, formam o “Big Four”. Já mudaram de vocalista algumas vezes. Protagonizaram alguns episódios risíveis após a saída de John Bush: contrataram um novo vocalista, começaram a compor, deram um sumiço no sujeito. No meio dessa confusão toda, trouxeram novamente um membro da sua fase clássica: Joey Belladonna. Os saudosistas adoraram. O primeiro lançamento da volta foi Worship Music (2011), que não contou com a participação de Joey na composição de nenhuma música, pois já estava pronto antes de ele voltar para o seu antigo posto. Apesar de não trazer grandes novidades, foi bem recebido. Não é um disco inovador, não é um dos melhores lançamentos da banda, mas lembra o velho Anthrax, por ser bastante pesado. Aliás, parece que essa era um preocupação constante dos músicos: manter uma ligação com sua sonoridade mais tradicional e, ao mesmo tempo, apresentar uma certa modernização daquela linguagem. Conseguiram. É um bom disco. Mas só isso.
Estamos em 2016. Após 5 anos da volta de Belladonna e o lançamento de um EP de covers (Anthems), surge For All Kings. Dessa vez, todos participaram da composição das faixas. Um novo guitarrista – Jonathan Donais – assumiu o posto de Rob Caggiano. Parece que tiveram bastante tempo para aprimorar cada música, pois todos os detalhes mereceram atenção minuciosa. Não existem excessos, nem descuidos. As linhas de vocal foram muito bem elaboradas, e Joey Belladona conseguiu encaixar muito bem sua atual voz em todas as composições. Depois de muito tempo, o Anthrax conseguiu criar solos de guitarra memoráveis, o que, finalmente, espantou de vez o fantasma de Dan Spitz. E o que é mais importante: não se prenderam ao passado. For All Kings mostra uma banda renovada, ligada no que vem acontecendo no mundo atual da música pesada. Inovaram sem perder a identidade: é um disco pesado e melódico, tecnicamente perfeito. Charlie Benante está tocando com uma precisão extraordinária. Frank Bello optou por usar um timbre de baixo mais limpo e orgânico, além de criar boas linhas que enriqueceram bastante as músicas. Tiraram proveito de toda a experiência que adquiriram durante a carreira. Conseguiram juntar o que fizeram de melhor na fase clássica (Among The Living, Persistence of Time) com os bons momentos da era John Bush (Sound of White Noise, We’ve Come for You All) e apontaram para frente, sem demonstrar saudosismos.
No meio dessa história toda, difícil é rotular o que fizeram nesse novo álbum. Existem músicas mais rápidas e pesadas (“Zero Tolerance”, “You Gotta Believe”, “Suzerain”), andamentos mais cadenciados (“This Battle Chose Us”, “Monster at the End”, “Breathig Light”) e até uma semi-balada (“Blood Eagle Wings”). Definitivamente, For All Kings é um grande disco. Talvez o melhor lançamento da banda após Persistence of Time ou Sound of White Noise, que foram dois momentos muito importantes para o Anthrax: o primeiro por apostar em composições mais elaboradas, o segundo por “modernizar” a sonoridade da banda. Por conta disso, parece que conseguiram se reinventar mais uma vez, o que não deixa de ser surpreendente, ainda mais nesses tempos em que a regra é sempre fazer mais do mesmo.
Para quem gosta da mídia física, a edição nacional de For All Kings é convidativa, pois saiu como CD duplo numerado a mão, limitado a 1000 cópias, sendo que o segundo disco é composto pelo EP de covers Anthems e mais quatro faixas ao vivo.
Track List:
CD1
1. Impaled
2. You Gotta Believe
3. Monster at the End
4. For All Kings
5. Breathing Lightning
6. Breathing Out
7. Suzerain
8. Evil Twin
9. Blood Eagle Wings
10. Defend / Avenge
11. All of Them Thieves
12. This Battle Chose Us
13. Zero Tolerance
CD 2
1. Fight Em til You Can t (live)
2. A.I.R. (live)
3. Caught in a Mosh (live)
4. Madhouse (live)
Anthems EP:
5. Anthem (Rush Cover)
6. Jailbreak (Thin Lizzy Cover)
7. TNT (AC/DC Cover)
8. Smokin (Boston Cover)
9. Big Eyes (Cheap Trick Cover)
10. Keep on Runnin’ (Journey Cover)
11. Crawl
12. Crawl (Special Remix)
Seja muito bem-vindo, Christiano. Não ouvi o disco, mas gostei do seu texto. Ponto pro Anthrax.
Muito obrigado, Marco.
Gostei muito do disco! Me lembrou também algo do “Persistence…”, mas na verdade acho que eles fizeram um disco que remete a várias fases da banda, porém soando moderno. Muito bom mesmo!
Ouvi pouco depois que vazou, mas fui com uma má vontade enorme, pois dias antes havia ouvido o último disco do Megadeth, Dystopia. Só preciso dizer que foi uma experiência ruim.
Achei um disco bem padrão. Nada se destacou demais, mas também nada se mostrava abaixo da média. Em comparação ao Worship Music, achei o disco um pouco inferior, pois ao contrário do anterior, que tinha músicas com bons ganchos, esse peca por aquelas canções mais memoráveis. Enfim, das ditas bandas clássicas, é uma das que não decepcionaram, mas também não me motivam enormemente a ouvir um novo disco dos caras.
Bom texto, Christiano, e seja bem vindo.
Obrigado, Alisson.
Eu também não me empolguei com o Dystopia. Mas esse novo do Anthrax, por ser mais elaborado, tem aquela coisa de sempre despertar uma vontade de escutar mais uma vez, pra prestar atenção em um solo, em um refrão etc. Por isso, achei um grande disco.
Abraço.
Dizer que 13 do BS não é grande coisa é má vontade. Tenho a versão com 2 CDS e é um estupendo trabalho!!!
Tenho o Blu-ray dos 4 grandes ao vivo e o Joe Belladonna deixa MUITO a desejar.
Bush é outro nível! !!!
Oi, Gilberto.
Sei que muita gente gostou do 13. No entanto, não me agradou. Mas música é isso aí, às vezes demoramos muito tempo para entender e aprender a gostar de um disco. Quem sabe daqui uns anos eu reconheça minha má vontade?
Abraço.
O Anthrax é daquelas bandas que as vezes dá para se ouvir um disco inteiro só para apreciar um único integrante, e no caso deles, é o Charlie Benante. Se ele estiver descendo o sarrafo nesse disco, provavelmente eu irei gostar.
Ele está descendo o sarrafo com força e precisão. Pode acreditar!
Abraço.
Eu gostei bastante do disco, mas não é um álbum imediato, que voce curte tudo de cara. Precisei ouvir mais vezes para assimilar.
A unica coisa que me incomoda um pouco no Anthrax atual é que a banda fica meio em cima do muro quanto ao estilo adotado. As vezes investe numa pegada mais thrash, quando lembra muito o que fez no Persistence Of Time, e as vezes envereda por uma linha mais hard rock moderna, meio Disturbed. Mas isso ja vem desde o WCFYA, pelo menos. Mas mesmo as musicas nessa linha mais “modernas” sao bem legais, como a ótima Breathing Lightning. Mas o disco acaba ficando meio heterogeneo.
Ainda assim, achei o Dystopia melhor…
Leonardo, eu concordo muito com você.
Não é um disco imediato. E, de fato, é bastante heterogêneo, o que eu achei ótimo. Tudo isso que você citou acaba enriquecendo o álbum.
Abraço.