Cinco discos para conhecer Göran Edman
Por Christiano Almeida
Que a Suécia é uma espécie de paraíso para os amantes de boa música não é novidade para ninguém. Do Pop de bandas como ABBA e Secret Service até os sons mais pesados de gente como Opeth, Ghost, Europe, Ulver, Morgana Lefay, Candlemass, Moon Safari e mais uma imensidão de outros artistas, o pequeno país é referência obrigatória para colecionadores e melômanos em geral.
Göran Edman é um vocalista que esteve envolvido com vários artistas suecos renomados: gravou com John Norum, Yngwie Malmsteen, Talisman, Karmakanic, Jens Johansson e mais uma infinidade de gente, conseguindo transitar muito bem entre os mais diversos estilos. Para apresentar um pouco de sua carreira, selecionamos cinco discos que representam bem a sua longa trajetória.
Madison – Diamond Mistress [1984]
O Madison foi uma banda de Hard Rock/Metal surgida no início da década de 80, na Suécia. Diamond Mistress é o seu primeiro trabalho, e também o primeiro registro oficial de Göran Edman. Lançado no mesmo ano de Wings Of Tomorrow, dos conterrâneos do Europe, traz uma sonoridade bem próxima à que era praticada bela banda de John Norum naquela época, uma mescla de Metal Tradicional com o Hard Rock Europeu. No entanto, o Madison apresentava uma pegada um pouco mais pesada, como pode ser verificado em faixas como “Don’t Look Around” e na faixa título, que conta com os famosos solos dobrados de guitarra e uso de bumbos duplos, o que era um diferencial para uma banda de Hard Rock. Um outro destaque é “Run Boy”, que tem um refrão marcante e traz um belo trabalho vocal. Em 1986 gravaram seu segundo e último registro Best in Show, que tinha uma produção um pouco melhor que o anterior. Após o lançamento de um EP The Tale naquele mesmo ano, encerraram as atividades.
Formação: Goran Edman (vocal); Dan Stomberg (guitarra); Anders Karlson (guitarra); Conny Sundquis (baixo); Peter Frederickson (bateria).
1. Lay Down Your Arms
2. Run Boy
3. Sneaker
4. Don’t Look Around
5. Pictures Return
6. Diamond Mistress
7. Don’t Go
8. Squealer
9. Changes
10. Turn Me Loose
John Norum – Total Control [1987]
Após deixar o Europe no final de 1986, John Norum decidiu lançar um disco solo. Para iniciar essa nova fase de sua carreira, contou com a ajuda de Göran Edman e do baixista Marcel Jacob, que já tinha colaborado com o Europe e gravado o segundo disco do guitarrista Yngwie Malmsteen, Marching Out. A estreia de Norum apresenta a sonoridade que seria característica de toda a sua carreira solo, um Hard Rock com altas doses de Blues Rock. Além de tocar, o guitarrista ainda divide os vocais com Göran, que realizou um grande trabalho em faixas como “Eternal Flame” e “Love Is Meant to Last Forever”. A maioria das músicas contou com a co-autoria de Marcel Jacob, que mais tarde fundaria o Talisman, projeto que chegou a ter os vocais de Edman em sua primeira Demo. Além das faixas autorais, Total Control apresenta dois covers: “Back on the Streets”, do Vinnie Vincent Invasion, e “Wild One”, do Thin Lizzy, uma das grandes influências de Norum.
Formação: John Norum (guitarra/vocal); Göran Edman (vocal/backing vocals); Marcel Jacob (baixo); Per Blom (teclados); Peter Hermansson (bateria).
- Let Me Love You
- Love Is Meant to Last Forever
- Too Many Hearts
- Someone Else Here
- Eternal Flame
- Back on the Streets
- Blind
- Law of Life
- We’ll Do What It Takes Together
- In Chase of the Wind
Yngwie Malmsteen – Fire & Ice [1992]
Yngwie Malmsteen é odiado por muitos, sendo acusado de somente fazer solos rápidos e cansativos. Por outro lado, é um dos poucos guitarristas que sempre fez questão de trabalhar no tradicional esquema de banda: guitarra, baixo, bateria, teclados e vocal. Por mais que seja um virtuose, sempre trouxe bons vocalistas em seus discos: Jeff Scott Soto, Joe Lynn Turner, Michael Vescera etc. Por isso, ao contrário de gente como Joe Satriani e Steve Vai, ele não prioriza somente a parte instrumental dos seus trabalhos. Fire & Ice é o seu sexto álbum, e o segundo com Göran Edman. Foi lançado em um momento de grandes mudanças no mercado fonográfico [início da década de 90, auge das bandas de Seattle], e parece ter sido a última tentativa de Malmsteen para atingir o “mainstream” norte americano. Por isso, ainda aposta em uma sonoridade que, em alguns momentos, lembra bandas de AOR e Hair Metal, tendência predominante em “Eclipse”, seu antecessor. Justamente por apostar no equilíbrio entre o Metal Neoclássico característico de Malmsteen e um som mais comercial, Fire & Ice é um dos pontos mais altos da carreira do guitarrista. O único destaque negativo é a faixa “Teaser”, uma vergonhosa tentativa de soar como o Warrant, em plena década de noventa. Infelizmente, foi o último trabalho a contar com Göran Edman, talvez o melhor vocalista a ter acompanhado Malmsteen.
Formação: Yngwie J. Malmsteen (guitarra, backing vocals); Göran Edman (vocal); Mats Olausson (teclados); Svante Henryson (baixo); Bo Werner (bateria).
1. Perpetual
2. Dragonfly
3. Teaser
4. How Many Miles to Babylon
5. Cry No More
6. No Mercy
7. C’est La Vie
8. Leviathan
9. Fire and Ice
10. Forever Is a Long Time
11. I’m My Own Enemy
12. All I Want Is Everything
13. Golden Dawn
14. Final Curtain
Kharma – Wonderland [2000]
Formado por vários músicos de estúdio, o Kharma parece ter sido criado para prestar uma homenagem às grandes bandas que conseguiram aliar uma linguagem Pop bastante acessível a arranjos elaborados e boas composições. Por isso, é impossível escutar Wonderland e não lembrar de grupos como Kansas, Styx, Journey, Boston e Toto. O que pode ser um problema para os fãs mais conservadores, acaba se revelando uma grata surpresa para os menos radicais: refrãos grudentos, muita presença de teclados, timbres sempre limpos e muitas vocalizações. No final, é um álbum que prima pela suavidade e beleza das músicas, sem se preocupar com rótulos ou convenções de estilo. A faixa título poderia estar em discos clássicos do Styx; “In Chains” remete diretamente ao projeto Phenomena, dos irmãos Mel e Tom Galley; “Ray of Sunshine” encheria de orgulho os admiradores do Kansas da fase Vinyl Confessions. Esse é o primeiro e único disco do Kharma, que não lançou mais nada depois de Wonderland.
Formação: Göran Edman (vocal); Dragan Tanaskovic (guitarra); Atilla Szabo (teclado); Joel Starander (baixo); Imre Daun (bateria).
1. Free Yourself
2. Wonderland
3. Knowing You
4. Burn Forever
5. In Chains
6. Standing Alone
7. Part Time Lovers
8. Angel Eyes
9. Ray Of Sunshine
10. Spell On You
11. Don’t Close Your Eyes 4:53
12. Hold On
13. Wings Of History
Karmakanic – Entering The Spectra [2002]
O Karmakanic começou como um projeto paralelo de Jonas Raingold, um baixista com passagem por várias bandas de seu país [Suécia], como The Flower Kings, Kaipa, Time Requiem e The Tangent. Entering The Spectra é o seu primeiro disco, e conta com a participação de boa parte dos músicos do The Flower Kings, inclusive o guitarrista Roine Stolt. Essa relação tão próxima é responsável por algumas semelhanças entre as duas bandas, pelo menos em uma primeira audição. No entanto, o Karmakanic apresenta uma sonoridade um pouco mais próxima de bandas de AOR e Rock Progressivo tradicional, uma mistura pouco provável, mas que funcionou muito bem. Aliás, esse caminho chegou a ser traçado pelo Yes na época do “90125”. O que Jonas Reingold fez foi atualizar aquela abordagem, adotando elementos um pouco mais modernos, principalmente algumas pitadas de Progressive Metal, sem nunca cair na armadilha do exagero. A banda já conta com quatro discos de estúdio, sendo que o último, In a Perfect World, foi lançado em 2011, e realça ainda mais o seu lado AOR, talvez por influência dos vocais de Göran Edman.
Formação: Göran Edman (vocal); Jonas Reinglod (baixo); Roine Stolt (guitarra/vocal); Johan Glössner (guitarra); Tomas Bodin (teclado); Robert Engstrand (teclado); Jaime Salazar (bateria); Zoltan Czörz (bateria).
1. The Little Man
2. Entering the Spectra
3. The Spirit Remains the Same
4. Cyberdust from Mars
5. Space Race No 3
6. The Man in the Moon Cries
7. One Whole Half
8. Is this The End?
9. Cello Suite No 1 in G Major
10. Welcome to Paradise
Interessante que já escutei o Karmakanic mas nunca me dei conta que o Goran Edman já havia cantado na banda do Malmsteen e nem com o John Norum. Orra, hoje ainda é o vocalista do Time Requiem, banda que já resenhei aqui (embora não no disco que eu tenha resenhado). E vi que ele participou de várias bandas e projetos.
Parece ser o caso do típico integrante “conhecido entre os músicos, mas desconhecido entre os ouvintes”. O que é bizarro pelo fato de ser vocalista.
O Time Requiem quase entrou na minha lista, mas tive que fazer escolhas muito difíceis rsrs
Porra, esse Kharma é bom pra caralho! Me surpreendi com a qualidade da execução, produção e composição dessa banda. Pena que ficaram apenas no primeiro disco.
Quando li a primeira vez o nome da matéria eu fiz mentalmente aquela pergunta Goran QUEM?!?!!?!?!? Daí depois de ler percebi que esse é daquele tipo de músico que vc lê os créditos do disco e passa batido pelo nome. Claro que, talvez como a maioria, tive mais contato pelo disco do Malmsteen. Outros aí eu nunca nem chegei perto por total desconhecimento mesmo…
Boa Christiano!!!
Que bom que gostou, Fernando.
O cara já gravou muita coisa com muita gente.
Abração
Ele também cantou numa banda de progmetal chamada Shadrane .
Cara, como tem banda que nunca ouvi falar. Valeu Julio!