Consultoria Recomenda: Tema livre

Consultoria Recomenda: Tema livre

interrogação

Por André Kaminski

Com Davi Pascale, Diogo Bizotto, Fernando Bueno, Mairon Machado, Marco Gaspari, Ronaldo Rodrigues e Ulisses Macedo

Chegamos ao final dessa rodada do Consultoria Recomenda, com todos os consultores que fazem parte desta seção nos recomendando temas aos quais fomos atrás de discos para todos ouvirem e comentarem. Iniciamos em dezembro de 2014 e com este agora, contamos com 9 Recomendas feitos. De forma a finalizar esta rodada e como organizador e criador da ideia, deixei o tema livre para cada um escolher o que quiser para que possamos ouvir. Como de costume, discos dos mais variados temas e ideias deram as caras por aqui.

Apesar desse ser o último dessa rodada, o Consultoria Recomenda não acabou: conversei com os integrantes da mesma e estes todos concordaram em continuar. Além de nós oito originais, teremos mais dois integrantes que participarão até o final da próxima rodada que contará com dez discos em cada edição. Estes serão anunciados junto com a próxima publicação!

PS: infelizmente, o nosso querido Ronaldo Rodrigues não pôde comentar nessa edição, embora tenha recomendado o disco. Como aconteceu algo similar ao Fernando Bueno em uma edição passada, optei por manter a indicação dele.


Vince Guaraldi Trio

Vince Guaraldi Trio – A Charlie Brown Christmas [1965]

Por André Kaminski

Não tenho muito o que acrescentar aqui. Se você ver esse vídeo com essa música e não achar divertidíssimo, é porque você não tem coração. E tenho dito!

Davi: Esse LP é uma trilha de um especial de televisão do Snoopy que atendia pelo mesmo nome. O disco misturava canções inéditas com canções tradicionais de Natal. Até hoje, o disquinho é cultuado. A maior parte do trabalho é instrumental. Os arranjos são todos de jazz. O trabalho de piano de Vince Guaraldi é excelente e acaba sendo o grande destaque. Tão simpático quanto o cachorrinho do desenho.

Diogo: Um disco gostoso de ouvir que consegue soar natalino sem ser aquele porre com o qual nos acostumamos quando se aproximam as festas de fim de ano. Vince Guaraldi e seus asseclas arranjaram e executaram com a delicadeza merecida clássicos relacionados à data e canções originais que fazem jus aos personagens que inspiraram a obra. Entre as novidades, destaque para “Christmas Time Is Here” em sua versão instrumental (confesso certo problema com corais infantis, elemento presente na versão com vocais) e “Skating”, que transporta o ouvinte para um lago congelado em algum parque de Nova York, cheio de pessoas patinando. Mesmo clássicos como “O Tannenbaum” e “The Christmas Song” não soam cansados, e olha que me refiro a um álbum que já acumula mais de cinco décadas. Não foi novidade, mas é uma boa indicação.

Fernando: Essa audição me valeu para ter o que colocar no som das festas de natal sem ser aquelas coisas bregas que tocam anualmente. Entretanto não entendi muito a indicação desse disco em especial, afinal por que não então o disco do ano anterior, A Boy Named Charlie Brown [1964], que é a trilha sonora do desenho como um todo e não somente dos episódios natalinos?

Mairon: Disco muito bonito, com o jazz tradicional sendo extraído cerimoniosamente do piano de Vince Guaraldi, que acompanhado do Excelentíssimo baixista Fred Marshall e do exímio baterista Jerry Granelli, faz versões impecáveis para clássicos do cancioneiro natalino (“O Tannebaum” e “What Child is This?”) e canções inéditas que devem tornar o Natal muito embriagante (“Christmas Time Is Here”, “Skating”, “My Little Drum” e “Christmas is Coming”). As que citei são as que mais gostei, no geral, mas digo que os momentos com coral (principalmente  “Hark, The Herald Angels Sing”) não gostei muito. Destaque principal para “Linus and Lucy”, uma das canções que certamente eu já havia ouvido antes nessa versão, e a lindíssima “Für Elise”, obra prima de Beethoven, que em um minuto coloca no bolso muita “música consagrada” do momento. O CD ainda tem como bônus uma pérola revisitada, a sensacional  “Greensleeves”, e outras canções bastantes conhecidas no final de ano. Formidável escolha, muito obrigado para quem nos trouxe essa relíquia.

Marco: Jazz não é para qualquer um. Como sou qualquer um, vou dizer que Papai Noel cai no sono bem antes de conseguir descer pela chaminé de uma casa onde esteja tocando esse disco. É bacana, é classudo, mas na minha cartinha, vou pedir o disco Christmas with the Chipmunks.

Ulisses: Cara, que disco incrivelmente agradável. A engenhosa “Linus and Lucy” eu tenho certeza de que já ouvi alguma vez na vida, mas dar uma chance ao tracklist inteiro revela as traquinagens perfeitamente construídas de “Skating” e “Christmas Is Coming”, criando uma atmosfera natalina e Brownesca precisa na mente do ouvinte. “Hark! The Herald Angels Sing” é belíssima – embora curta demais – e “The Christmas Song” encerra o disco do jeito certo. Ótima recomendação!


Jackyl 1992

Jackyl – Jackyl [1992]

Por Davi Pascale

Em tempos onde o rock ‘n’ roll anda sem bolas e artistas sonsos como Florence & The Machine são tidos como cool, sugiro entrarmos numa máquina do tempo e retornarmos para uma época onde o rock ‘n’ roll tinha guitarras falando alto, vocal gritado e letras sacanas, Onde o rock ‘n’ roll era sinônimo de festa, mulher e atitude. Uma dica é o álbum de estreia do Jackyl, banda altamente influenciada por AC/DC. Disco divertidíssimo. Recomendado ouvir no talo!

André: Já havia escutado o Jackyl, porém não este disco. Por sinal, escutei Cut the Crap [1997] não faz muito tempo. Porém, gostei mais desta estreia com faixas mais sacanas e uma bela influência southern rock muito bem vinda do que o hard rock bom mas comum do terceiro trabalho. Como já é de conhecimento de quem ouve a banda, Jesse James Dupree lembra muito Brian Johnson do AC/DC. Todavia, bom ter em mente que o instrumental lembra muito mais o Poison, o velho Skid Row e o Cinderella do que a velha banda setentista australiana. Ótimo disco, destaco “Down on Me”, “The Lumberjack” (e seu solo de motoserra) e “Back Off Brother”.

Diogo: Rapaz, deve fazer mais de dez anos que ouvi este disco, e depois nunca mais. Ainda bem que alguém o trouxe à tona, pois havia esquecido que o Jackyl faz parte da boa safra de bandas que surgiram tardiamente na cena hard rock oitentista. A identidade sulista (redneck mesmo) que destaca o Jackyl em um universo de grupos que visavam Los Angeles acima de tudo está no vocal de Jesse James Dupree (semelhante a Brian Johnson, ex(?)-AC/DC), na capa do álbum, no humor que permeia diversas letras e no solo de motosserra em “The Lumberjack” (blues rock na linha AC/DC). Acima de tudo, felizmente, também está no som praticado por esses nativos da Geórgia, impregnado de influências sulistas. Não se engane, ainda há muito daquilo que se convencionou chamar “hair metal” nas canções do Jackyl, mas em doses bem menos metal e bem menos açucaradas, por mais que isso pareça contraditório. Se você até curte o estilo, mas quer passar longe de power ballads, dê uma chance ao Jackyl.

Fernando: Totalmente diferente do que estava esperando. Não sei porque, mas eu tinha a impressão que a banda seria mais heavy metal. A idéia aqui é fundir estilos. A voz de Jesse James DuPree (grande nome para um rocker) lembra Bon Scott, Brian Johnson e o instrumental me remeteu aquelas misturas que o Anthrax fez no início dos anos 90, principalmente em “Dirty Little Mind”. Já em “The Lumberjack” a inspiração veio das bandas de southern rock. O “solo” de motosserra é pelo menos criativo.

Mairon: Tenho a impressão que já ouvi essa banda alguma vez, não lembro aonde. De qualquer forma, o hard rock da banda me lembrou muito o Skid Row de Sebastian Bach, principalmente em “Dirty Little Mind”, e também o Guns N’  Roses, onde “Brain Drain” é o principal exemplo. Gostei do blues de “The Lumberjack” (o que é aquilo no meio da música, uma moto-serra?), mas confesso que o vocal de Jesse James Dupree não me agradou muito. Disco mediano, nesse que foi o mais fraco dos Recomenda até agora.

Marco: Meu Deus, onde esses cantores vão buscar essa voz de apito de patinho de borracha? Prefiro Jack. o estripador.

Ulisses: Se me botassem pra ouvir esse disco sem eu saber o nome, logo diria que é algum disco do AC/DC da era Brian Johnson. Mas apesar da latente semelhança, ouvir com um pouco mais de atenção o hard rock do Jackyl revela um pouco de personalidade própria, caso de “Redneck Punk” e da excêntrica motoserra em “The Lumberjack”. A diversão faz valer a audição.


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Taylor Swift – Red [2012]

Por Diogo Bizotto

Apesar do sucesso internacional de Taylor Swift vir desde 2008, foi só no ano passado que realmente liguei o nome à pessoa, percebi que conhecia alguns de seus hits e fui atrás de sua discografia. A surpresa foi ótima: álbuns cujas boas canções não se limitam aos singles, boas composições, bons arranjos e uma cantora que, mais que talentosa, é madura e inteligente na maneira que conduz sua carreira, fazendo muito mais bonito que todas essas moças que hoje em dia recebem o abominável rótulo de “diva pop”. Poderia ter escolhido outro disco para indicar, mas julguei Red o mais adequado, mostrando ainda uma fase intermediária de seu crossover entre o country e aquilo que se convencionou chamar de música pop, metamorfose que seria consolidada em sua obra mais recente, o ótimo 1989 [2014]. Taylor não precisa esbanjar sensualidade plastificada ou tantos outros artifícios sem os quais suas contemporâneas não vivem. Trata-se de uma artista genuína, cujo maior mérito reside em suas músicas, como algumas das excelentes canções presentes em Red: “State of Grace”, com baixo e bateria bem na cara; a sensibilidade de “Treacherous”; o pop dançante de “22”; “I Almost Do”, balada que muita banda de rock adoraria compor; além do delicioso crossover country/pop de “Starlight” e da faixa-título. Taylor Swift é a grande estrela pop da atualidade.

André: Difícil mesmo uma cantora pop dessas que o mainstream adora divulgar e endeusar que me agrade. A Taylor Swift mistura pop com country, mas diferente da excelente canadense Shania Twain que se foca mais no country, Taylor se foca no pop. Não tenho como negar que a cantora tem uma garganta privilegiada, mas como acontece com 93% do pop mainstream atual, as estruturação musical é praticamente a mesma velha AABA de sempre com os tradicionais 4 minutos para se caber em uma rádio comum. Algumas faixas mais eletrônicas como “I Know You Were Trouble” não tira a sensação de ser o mesmo disco gravado por tantas outras vocalistas do pop dos últimos 15 anos. Eu realmente fico com as divertidas cantoras dos anos 80 como Kim Wilde e Cindy Lauper.

Davi: Podem me atirar pedras, mas eu gosto da Taylor Swift. Acho que ela tem uma voz bacana e acho o trabalho dela muito bem resolvido. Tanto na sua fase country quanto na sua fase pop. Red é um álbum da fase pop e é bem variado. O instrumental de “State of Grace” nos remete a U2. ” I Knew You Were Trouble” e “22” contam com um arranjo mais dançante, com uma linguagem meio Katy Perry. O trabalho é longo. A versão standard apresenta 16 faixas e a deluxe 22. Brinca com elementos eletrônicos, explora uma guitarrinha mais rock, O lado country, contudo, é bem sutil. Aqui já aparenta estar querendo se distanciar desse universo, o que se intensificaria ainda mais em 1989 [2014]. Disco bacana, desde que você curta música pop com uma linguagem jovem.

Fernando: Acho que a primeira reação da maioria quando viu o nome Taylor Swift foi de descer o cacete sem dó. Acho as músicas chatas e não ouviria no dia a dia, mas acredito que as adolescentes que tem contato com a moça podem se identificar com o que ela entrega e estou certo que é muito melhor ouvir isso do que outros estilos. Os arranjos são bonitinhos, a garota canta bem e isso tudo pode ser bom para o desenvolvimento musical de quem gosta.

Mairon: Fala sério, é piada isso né? Sacanagem aturar uma hora de pop insosso e totalmente sem graça. Não nasci para ouvir choradeiras como “Holy Ground” e “Begin Again”, me desculpe. Conheço algumas músicas, como “I Knew You Were Trouble” e “We Are Never Ever Getting Back Together”, que tocaram bastante nas rádios, mas não é algo que eu ouça com satisfação. Pode até ter feito algum sucesso, mas que coisinha chata.

Marco: Vi um vídeo de Red ao vivo e parecia mais o roteiro de um filme da franquia Resident Evil, onde a Taylor Jovovich, armada de guitarra, detona uma plateia de zumbis alegretes. Difícil, hein?

Ulisses: Fiquei surpreso de ver a Taylor Swift sendo recomendada. Só não fiquei surpreso de não ter gostado muito do álbum… As faixas mais orgânicas, como “We Are Never Ever Getting Back Together”, “Stay Stay Stay” (fofíssima) e “Holy Ground” são bem mais agradáveis do que o pop genérico do restante do CD, mas não o salvam.


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Fratello Metallo – Misteri [2008]

Por Fernando Bueno

Cesare Bonizzi, também conhecido como Padre Cesare, Padre Rock ou Padre Metal, entende que a música é o melhor método de transmitir as mensagens divinas. Quem diria que um padre falaria que o metal é “a linguagem musical verdadeira”. Um padre true metal de setenta anos é algo que não vemos todos dia, não é? Ele chegou a gravar outros discos de estilos bastante diversos. Ele se apresentava com vestimentas que usa no dia a dia no convento em que vive e, talvez levado pelo momento, chegava até a fazer o tradicional chifrinhos com as mãos. Parece contraditório? Certamente que sim, mas o seu som é divertido. Obviamente a parte lírica é baseada nos ensinamentos que ele vive e passa para os fiéis. “Venere” por exemplo fala de como o sexo molda as vidas das pessoas, mas temos músicas sobre bebidas, cigarros, etc…. O instrumental é bastante direto como algumas bandas de heavy/thrash.

André: Estranho que eu nunca tenha ouvido falar desse frade porra louca. Até já cheguei a ouvir uns discos de heavy metal em italiano até porque o Rhapsody of Fire me acostumou ao idioma, então não estranhei. Uma das coisas que me ganham sempre é quando percebo que os integrantes estão se divertindo ao gravar um disco, e é o que parece com relação ao senhorzinho aqui. Bons riffs e um vocal bem curioso, vale a pena uma audição. Achei “Tabacco” tosca e hilária!

Davi: Este disco vale pela curiosidade. Fratello Metallo é um personagem criado por Cesare Bonazzi, um frade capuchinho italiano, O rapaz inventou de gravar um álbum heavy metal. E o pior é que o cara se deu bem ao ponto de conseguir se apresentar no cultuado festival Gods of Metal, ao lado de Judas priest e Iron Maiden, é mole? O disco não é ruim. As letras são todas em italiano e falam sobre fé e problemas com sexo, drogas e álcool. O instrumental é bacana. Pesado e bem tocado, mas o estilo vocal dele me cansa. Foi legal conhecer pela bizarrice, mas não compraria.

Diogo: Lembro de ter ouvido falar a respeito desse frade capuchinho que, apaixonado pelo heavy metal e já tendo diversos lançamentos musicais nas costas, decidiu registrar essa paixão em estúdio, tornando-se então conhecido no underground do gênero, inclusive participando de festivais. O resultado disso é um álbum com poucas ideias musicais interessantes, muito focado em seu vocal peculiar, na maior parte do tempo mais declamado que cantado. É uma audição que vale pela curiosidade e para constatar que Cesare Bonizzi ao menos teve coragem ao encabeçar este projeto, pois sim, ainda há muitas restrições ao rock em geral (mais ainda ao heavy metal) mesmo dentro da Igreja Católica, mais aberta que outras religiões. Não é o tipo de disco que eu ouviria novamente, na verdade há momentos bem constrangedores (“Maria Maiestatis” é de doer), mas considerando a proposição de tema livre, diria que esta é a oportunidade correta para nos expôr a Misteri.

Mairon: O nome já entregue, é Metal cantado em italiano (algumas canções cantadas em latim).  Tirando as linhas egípcias da guitarra na faixa-título, o resto foi não me chamou a atenção nem negativamente e nem positivamente. Como o disco é curto, acabei ouvindo ele de novo, e na segunda audição, a impressão que tive da primeira vez foi a mesma, apenas complementando que metal em italiano soa muito estranho aos ouvidos, assim como qualquer língua latina acho que não casa bem com o estilo. Não ouvirei de novo, certamente.

Marco: Que legal a história do frade Cesare Bonizzi! O som da banda também. Mas me deixou curioso e gostaria que os capuccini aqui do site tirassem uma dúvida: o progressivo italiano formou uma cena muito forte nos anos 70, a ponto de ser talvez o maior rival dos ingleses. E o metal italiano? Tem personalidade suficiente para se destacar no cenário heavy metal?

Ulisses: Heavy metal tradicional, cantado em italiano por um senhorzão. Que surpresa. O vovô até que manda bem, obviamente sem demonstrar grandes proezas vocais, mas soltando até uns gritos aqui e ali. Por outro lado, o aspecto instrumental do registro não traz surpresa alguma, mostrando-se entediante. Achei a premissa bem legal, mas o que temos aqui é só um álbum mediano mesmo.


Massahara

Massahara – Massahara [2011]

Por Mairon Machado

Como é bom ouvir um grupo novo com um tempero setentista. No caso do Massahara, o seu álbum de estreia é uma viagem no tempo, com guitarras, baixo, teclados e bateria emulando os velhos bons sons que tanto alegram os admiradores de um hardão 70, misturado com pinceladas de jazz e progressivo. Liderados pelo guitarrista e vocalista Fábio Gracia, o Massahara a explora sons musculosos e impactantes, tornando faixas como a zeppeliana “Tudo O Que Eu Quero”, a pegada “Contramão”, a viajante “Cabeça Boa” ou a divinamente sensacional “Já Nem Ligo Mais” em um prato cheio para os fãs de grupos como Captain Beyond, Warhorse e Armageddon se deleitarem, seja pelos solos ácidos entre guitarra e teclados (a cargo do nosso colega Ronaldo Rodrigues), seja pela combinação exclusiva de boas melodias e bons vocais. Nem parece que faz cinco anos desse lançamento incrível, pois cada vez que o ouço, arece que o álbum foi lançado há 40 anos. Massahara é fácil um dos melhores discos do mundo já lançados pós anos-2000, e espero que os coleguinhas gostem da indicação.

André: Como volta e meia acontece com as postagens musicais do nosso querido Ronaldo Rodrigues em suas redes sociais, o instrumental com aquele peso do hard rock setentista auxiliado pelo teclado configurado para vários sons (o que mais gostei foi do mellotron, principalmente nos solos) é de tirar o chapéu. O baixo também é outro show a parte. Realmente o que peca é o vocal de Fábio Gracia que não parece bem encaixado com a proposta sonora. Mas também não é nada que chegue a atrapalhar a audição, mas é fato que ele é muito melhor guitarrista do que vocalista. No mais, Massahara vale muito a pena para quem gosta de hard setentista e é um ótimo disco.

Davi: Banda do nosso colaborador Ronaldo Rodrigues. Gostei bastante. Excelentes músicos, influência gritante da cena hard/heavy do final dos anos sessenta, início dos anos setenta como Mountain, Blue Cheer e Grand Funk Railroad. Fábio Gracia se demonstra um ótimo guitarrista. Bom tanto para a construção dos riffs quanto de solos. O trabalho de bateria é inspirado e nosso colaborador Ronaldo Rodrigues deixa clara sua influência de Jon Lord nos dolos de teclado. O CD tem uma pegada meia de jam e tem de tudo para agradar os fãs do gênero. Recomendado!

Diogo: Normalmente não curto a ideia de abordar projetos musicais de amigos, em especial neste caso, em que se trata de algo com a participação de um dos colegas do site, Ronaldo Rodrigues. Pode parecer que estamos usando este espaço em benefício próprio, fomentando a cultura do tapinha nas costas. Felizmente trata-se de material de grande qualidade, então é com tranquilidade que afirmo que Massahara consiste em um dos destaques positivos desta edição. Admito que não morri de amores pelo trabalho vocal de Fábio Gracia, mas a coesão instrumental do quarteto é grande, unindo muito peso hard tipicamente setentista (com fontes dos dois lados do Atlântico) a uma pegada blues e elementos prog, especialmente nos teclados de Ronaldo. Um fator que me deixou especialmente feliz foi ouvir o que parece ser a influência do guitarrista norte-americano Joe Walsh, pouco valorizado no Brasil. Destaque para “Lugar ao Sol”.

Fernando: Som vindo direto do início dos anos 70. Até os timbres dos instrumentos emulam os equipamentos daquela época. Achei que em alguns momentos a voz não estava tão entrosada com a parte instrumental, como em “Lugar ao Sol”. “Tudo o que eu Quero” tem um jeitão de Black Sabbath. Quase todas as músicas reservam um tempo para jams que me cansaram um pouco também.

Marco: Dizem que todo homem deveria plantar uma árvore, escrever um livro e fazer um filho. O disco do meu amigo Ronaldo conseguiu a proeza de ser 3X1: um ipê majestoso, um clássico de Dostoyewsky e a Sasha de fio dental.

Ulisses: Se me lembro bem, essa banda já deu as caras aqui na CdR, mas a audição eu só fiz propriamente agora. O som é calcado no rock setentista, incluindo elementos de psicodelia e progressivo, além de ser cantado em português. E os caras dão um show, demonstrando proeza nos instrumentos nos vários solos e mudanças de andamento. O disco é praticamente impecável, com destaque para o petardo “Cabeça Boa” e os elementos nordestinos de “Mandacarú”.


Yoko Ono

Yoko Ono – Approximately Infinite Universe [1973]

Por Marco Gaspari

Um álbum de canções e não de experimentalismos. E que grande álbum! Não por ser duplo, mas por Yoko passear com desenvoltura por diversos estilos. Todas as 22 músicas são de sua autoria. Todos os arranjos também. O marido Lennon, apesar de produzir uma ou outra faixa e tocar guitarra aqui e ali sob o anagrama Joel Nohnn, está mais para coadjuvante. E a Plastic Ono band é um espetáculo à parte, todos grandes músicos escolhidos a dedo. Sua voz, claro, não é a de nenhuma Aretha Franklin, mas nenhuma outra ornaria tão bem em suas canções. O lançamento é de 1973 e o discurso das letras é escancaradamente feminista. Machões do rock que acham que a Yoko só veio ao mundo para acabar com os Beatles e viver à sombra de Lennon, este disco é o melhor guia para irem todos tomar nos seus devidos.

André: Não morro de amores por Yoko, mas também não morro de ódio como muitos beatlemaníacos. Mas confesso que esperava alguma bizonhice art pop modernosa e recebo um bom disco de rock com um sotaque japonês que soa até charmoso. “I Want My Love to Rest Tonight” é bem legal. “I Have a Woman Inside My Soul” também tem um belo saxofone e uma Yoko que até soa bem nesse vocal mais baixo, quase sussurrando. Sem má vontade gente, dá para darmos um crédito para a senhora Lennon por aqui.

Davi: Vocês gostam de judiar da gente, hein? PQP! Álbum da Yoko é dose. Mas vamos lá… de todas as aventuras musicais que ouvi da japonesinha (nunca ouvi a discografia dela por completo porque ela nunca me chamou a atenção) essa é realmente a mais agradável. Yoko Ono estava tentando cantar (Aaaaaleluia, Aaaaaaaaleluia) e não tinha tantas maluquices quanto de costume. Contando com a banda de John Lennon por trás, inclusive com a participação do próprio, obviamente o instrumental é muito bem executado. Algumas músicas são boas. O problema é a voz da Yoko é muito chata, não passa nem um pouco de emoção, e o disco é longo. Então, ele cansa rápido. Mas se você quiser se sujeitar a ouvir alguma coisa de Yoko, esse pode ser um bom disco para começar.

Diogo: Não basta me fazerem ouvir um disco da Yoko Ono, ele tem quase cem minutos! Ok, falando sério agora: instrumentalmente, o álbum tem muitas qualidades, pena que a vocalista na colabora. Aliás, pelo que li a respeito, Yoko até tentou colaborar, esforçando-se para cantar de verdade, e não produzir aquela gritaria com a qual a japonesa está tão firmemente associada há muitas décadas. Só que, mesmo assim, seu vocal atua como elemento desagregador, tirando a atenção do ouvinte para o trabalho instrumental de canções como  a faixa-título e “Song for John”. Quando Yoko soa um pouco mais displicente, mais solta, como em “What a Bastard the World Is”, o resultado fica melhorzinho. Quem tem simpatia por Yoko tem tudo para gostar deste álbum, afinal de contas, como destaquei, musicalmente há boas ideias. Bem melhor do que imaginei que poderia ser.

Fernando: Já tinha me preparado para sons e ruídos indecifráveis, mas não é nada disso. Porém foi maldade de quem escolheu um disco duplo para apresentar a eterna culpada pelo fim dos Beatles. Apesar de identificar algumas faixas interessantes como “Yang Yang”, “Catman” e “I Felt Like Smashing My Face in a Clear Glass Window”, foi difícil ouvir tudo como a chatíssima “I Want My Love to Rest Tonight”. Fico imaginando alguma banda de alto escalão e mais gabarito como o Traffic tocando essas músicas.  

Mairon: Álbum sensacional e fundamental em qualquer coleção que se preze sobre música. A musa de John Lennon faz seu disco mais coeso, acompanhado de uma bandaça na qual John Lennon (ou Joel Nohnn) é o principal nome com sua guitarra efervescente, fugindo do experimentalismo avant-garde que marcou seus primeiros álbuns com o esposo, e fazendo rock de verdade, seja na viajante faixa-título, cujo arranjo de cordas já dá muitos pontos para o disco, ou no embalo de “Kite Song”, percussiva para dançar pela casa, e “Catman (The Rosies are Coming)” , com o maravilhoso saxofone de Stan Bronstein, além de mostrar que sabe cantar,  como nas lindas baladas “Song for John”, “Winter Song” e  “I Want My Love to Rest Tonight”, e se permitindo emular Joan Baez na sensacional “What a Bastard the World Is” ou uma pseudo-Aretha na linda “I Have a Woman Inside My Soul”. Aqui você não vai encontrar nada de vagidos, grunhidos ou barulhos desconhecidos. O disco é longo, mais de uma hora e meia, mas vale a pena a audição, principalmente por “Yang Yang”, “Move the Fast”, sonzeira inigualável na carreira da japa, “Peter the Dealer” ou “Is Winter Here to Stay?”. Excelente indicação, talvez a melhor daqui.

Ulisses: Não é comum, mas às vezes acontece de eu preferir as faixas mais lentas e melancólicas do que as roqueiras ou pesadas. É o caso deste disco da Yoko, na qual as composições mais animadas não desapontam, nem mesmo pela bizarrice “Catman (The Rosies Are Coming)” e “What a Mess”). Mas é em pérolas como “Song for John”, “Winter Song”, “I Want My Love to Rest Tonight”, “I Have a Woman Inside My Soul” e “Looking Over from My Hotel Window” que se encontram os melhores, mais belos e sublimes momentos do registro, dirigidos por voz e piano emotivos e evocativos. E o álbum é duplo? Nem notei.


Blodwyn Pig

Blodwyn Pig – Getting to This [1970]

Por Ronaldo Rodrigues

André: Curioso como uma banda cheia de ex-integrantes de bandas enormes setentistas tais como Jethro Tull, Wishbone Ash e Savoy Brown acaba sendo tão desconhecida e tão pouco comentada. Nunca tinha ouvido falar do Blodwyn Pig. Mas como de costume, o rock setentista era de fato abençoado. Olha o balanço de “Drive Me”, ao qual imagino trompetistas fazendo dancinhas coreografadas e um Mick Abrahams rebolando tal como um Elvis britânico. Porém, o disco não fica só no rock ‘n’ roll clássico. Há também uma pegada folk/acid rock como em “Variations on Nainos” com uma flauta digna de Ian Anderson e “Send Your Son To Die” com mais brass rock dos bons. Grande registro, mais uma prova de como os anos 70 estão recheados de grandes pérolas escondidas.

Davi: Não conhecia essa banda. Foi a que mais gostei dessa lista. Rock ‘n’ roll com forte influência de blues (sentido principalmente nas slide guitars), um pé no psicodélico e no jazz (sentido principalmente no trabalho de saxofone). O trabalho de sax é um diferencial interessante, mas quem mais me chamou a atenção aqui foi o guitarrista Mick Abrahams e o baterista Ron Berg (puta pegada). Faixas de dest aque: “Drive Me”, “See My Way” e ” Worry”. Excelente LP!

Diogo: O som do Blodwyn Pig é interessante, especialmente pelo diferencial dos instrumentos de sopro em algumas canções, mas confesso que essa estirpe de blues rock ainda não me fisgou de vez. Talvez um dia, quando tiver mais cancha como ouvinte do estilo, tendo devorado álbuns de grupos como Ten Years After, Fleetwood Mac e Savoy Brown com farinha, um disco como este possa ser redescoberto. Sei que Mick Abrahams é a estrela do álbum e líder a banda, mas o trabalho do baixista Andy Pyle foi o que mais me chamou atenção, especialmente em “The Squirreling Must Go On”, minha favorita. “Variations on Nainos” é outra boa pedida. Da metade pro final, Getting to This tem uma queda e não se recupera mais.

Fernando: Quando procurei algo sobre a banda e li o nome de Peter Banks estava esperando algo na linha do progressivo tradicional. Apesar de algumas passagens lembrar o som de Canterbury em alguns momentos a banda apenas flerta com o estilo. O ex-guitarrista do Yes participou da banda por um período bastante curto não sendo o nome principal do line up. Temos também um ex-Jethro Tull que, pelo jeito, é o manda-chuva dos caras. Estranho eu não ter conhecimento do Blowyng Pig antes já que esses caras vêem de bandas que eu gosto bastante e eu já deveria ter lido algo sobre eles.

Mairon: Depois do excelente Ahead Rings Out [1969], a trupê de Mick Abrahans veio com mais um ótimo álbum. Com exceção da debochada vinheta “To Rassman”, o que mais me impressiona neste disco é como o grupo conseguiu unir o folk rock psicodélio do Jethro Tull (antiga banda de Abrahans) com um naipe de metais de primeira categoria. Sem pestanejar para nenhum dos lados, deixe-se impressionar pela pancada instrumental “The Squirreling Must Go On” e a suavidade de “Toys” Os apaixonados pela banda de Ian Anderson irão delirar com o ritmo frenético de “Worry”, a pegada de “Variations on Nainos” e principalmente “See My Way”, uma espécie de prima do interior da clássica “My Sunday Feeling”, mas com mais peso. Os metais de Jack Lancaster são umas das principais atrações no blues “Drive Me” e no embalo de “Send Your Son to Die”. Abrahans solta seu lado de blueseiro das antigas com o violão de cordas de aço no blues “Long Bomb Blues”, e o auge do LP vai para as quatro partes da mini-suíte “San Francisco Sketches”, recheada de variações com destaque para o belíssimo trabalho instrumental em “Beach Scape” e “Telegraph Hill”. Pena que a banda não seguiu carreira, pois no estilo, era uma das melhores, assim como este é um dos melhores desse Recomenda.

Marco: Mick Abrahams deixou o Jethro Tull por divergências com Ian Anderson sobre os rumos da banda. Graças a Deus que houve essa briga porque assim ganhamos duas bandas fenomenais. O que sobrou foram Ahead Rings Out e Getting to This de um lado, Stand Up e Benefit do outro. Se eu tivesse comprado essa briga, faria questão de apanhar dos dois.

Ulisses: Mistura contagiante de blues, hard rock e jazz. Guitarradas ferozes marcam presença em “See My Way” e “The Squirreling Must Go On”, e os vocais são também vigorosos. A longa e variada “San Francisco Sketches” é o momento definitivo do álbum, que fecha com ótimos solos de sax e guitarra em “Send Your Son to Die”. Registro animado e que vale a audição.


HO-KAGO_TEA_TIME_Second

Ho-kago Tea Time – II [2010]

Por Ulisses Macedo

Pensei bastante em qual disco recomendar para o tema livre. Os principais figurantes deveriam ser Open the Gates (Manilla Road, 1985), Enter (Within Temptation, 1997) ou algum disco do A Sound of Thunder. Entretanto, eu já resenho todos os discos de estúdio de ASoT, e os outros dois candidatos são relativamente bem conhecidos dentro dos gêneros em que estão inseridos – quem tiver interesse em ouvir, ouvirá. Sendo assim, se é para obrigar meus colegas a ouvir um bom disco, que seja o mesmo que venho ouvindo quase todos os dias desde que o conheci. Falo do único álbum de estúdio in-universe da banda virtual Ho-kago Tea Time, que surgiu há pouco mais de seis anos e, na época, foi um verdadeiro estouro no meio do estranho (e cativante) universo da animação japonesa. As garotas protagonizavam o anime K-ON!, formando uma banda de rock no ensino médio, e o sucesso estrondoso da série produziu fenômenos bizarros lá no Japão, como transformar a escola Toyosato Elementary School e a loja de instrumentos JEUGIA Sanjo Stage em pontos turísticos de suas respectivas regiões, ou aumentar as vendas de headphones e instrumentos musicais específicos pelo simples fato de figurarem no desenho. E o álbum em si? As personagens Yui Hirasawa (Aki Toyosaki / Toshio Uchida, guitarra e vocais), Mio Akiyama (Yoko Hikasa / Toshino Tanabe, baixo e vocais), Ritsu Tainaka (Sato Satomi / Hisashi Ichinose, bateria e vocais de apoio), Tsumugi “Mugi” Tosobuki (Minako Kotobuki / Shigeo Komori, teclados e vocais de apoio) e Azusa “Azu-nyan” Nakano (Ayana Taketatsu / Toshio Uchida, guitarra e vocais de apoio) são encarnadas, respectivamente, por suas dubladoras e por instrumentistas, dando vida a composições tão cativantes quanto as de uma coletânea do Creedence. Trazendo um estilo que mistura rock, pop e punk de forma precisa e extremamente fofa, é quase impossível não se apaixonar pela sing along “Pure Pure Heart”, pela animada “Honey Sweet Tea Time”, pelo baixo marcante de “Samidare 20 Love”, pela confissão sincera de “Tenshi ni Fureta yo!” ou pela divertidíssima “Gohan wa Okazu”, no primeiro CD. O segundo CD é quase igual, reproduzindo a gravação ao vivo em fita cassete que teria ocorrido no episódio 23 da segunda temporada, apresentando como “novidade” somente as versões com a adição da segunda guitarra de Azusa em “Fuwa Fuwa Time” (música tema do quinteto), “Curry Nochi Rice”, “Watashi no Koi wa Hotch Kiss” e “Fude Pen ~Ball Pen~” (olha esse riff, pelamordedeus!), presentes nesta mesma ordem no EP auto-intitulado de estréia. Mesmo não tendo uma discografia mais longeva e concisa (muitos singles e poucos álbuns, o que já erá esperado de um projeto desse tipo), o Ho-kago Tea Time já é uma das bandas que mais curto.

André: O vocal dessa japa na primeira faixa dá pura impressão que foi distorcido por efeito de aceleração, agudo do jeito que é. Olha, eu adoraria ouvir um Babymetal aqui, pois aquelas japinhas são engraçadas, não se levam a sério e morro de rir com as coreografias delas. Da segunda faixa em diante já aparecem cantoras japonesas normais. Ou uma cantora japonesa normal. Não sei ao certo. Porém, apesar do j-pop prezar por melodias bonitas e um vocal que sempre canta junto ao instrumental, a questão é que sinto o estilo um tanto quanto limitado. Deve ser bom para quem é fanático por animes japoneses (que eu gosto de alguns mais populares), mas costumo deixar quase sempre as trilhas sonoras de lado (com algumas poucas exceções).

Davi: Imagine Chiquititas gravando um álbum junto com o Restart. E o pior, com os vocais em rotação 45. É exatamente isso o que temos aqui. Se bem que sou obrigado a reconhecer que as japonesinhas tocam melhor do que o Restart e que o disco é bem gravado. Mas é só!

Diogo: Inocente fui eu em crer que minha indicação poderia ser um ponto fora da curva, fonte de estranheza maior tendo em vista o histórico do site. Fui derrubado facilmente por esta banda de j-pop cuja origem, pelo que minha breve pesquisa revelou, está ligada a um anime/mangá do qual nunca havia ouvido falar (algo normal considerando minha quase inexistente ligação com a cultura pop japonesa). De cara, os vocais infantilizados me fizeram torcer o nariz para o trabalho das meninas (ou de músicos de estúdio? O responsável pela indicação pode responder?). Prestando mais atenção no trabalho instrumental, o pop rock açucarado do grupo se mostra bem mais palatável do que pareceu inicialmente, e é possível até perceber que há talento de verdade em quem empunha os instrumentos, incluindo alguns bons solos de guitarra. Ok, ainda não é o suficiente para me conquistar, mas até que a surpresa não foi das piores.

Fernando: É sério isso aqui? Alguém tá de zueira né? Pelo que entendi é música de anime e talvez vídeogame. Fiquei com saudades das músicas de Yu Yu Hakusho, Shurato e Cavaleiros do Zodíaco. Mas ouvir o disco todo foi complicado. A voz extremamente aguda da garota doeu os ouvidos depois de um tempo. Se não é a voz, o instrumental faria o som deles passar por um pop rock básico.

Mairon: Não, fala sério, conseguiram acabar com meu humor. Quem indicou essa joça? Só pode estar de brincadeira. Música de desenho animado coreano cantado em coreano por umas garotinhas de vozes agudíssimas, com tecladinhos irritantes, bud@ que partiu! É o Alvin com Esquilos asiático. Coitado dos músicos de verdade, parece que tem algum talento, seja em “Samidare 20 Love”, a melhorzinha do disco, ou na instrumental “Interlude”, mas se submeterem a isso por algumas moedas é uma prostituição barata. Pior que vi um clipe da “banda” ao vivo e claramente se percebe o playback das criaturas. Larguei de mão.

Marco: Muito tempo antes dessa onda de mangás e animês, existia um programa na TV chamado Japan Pop Show, por onde desfilava a fina flor do cancioneiro oriental. A gente não entendia um catso do que cantavam, mas era exótico e cafona. Não é o caso dessas japonesinhas animadas e barulhentas, afogando sua sexualidade numa massa de guiosa de shiitake. Talvez se eu tivesse uns 11 anos…

22 comentários sobre “Consultoria Recomenda: Tema livre

    1. Linus and Lucy é um clássico. Por sinal, já viu qualquer pianista tocando ela? É insano o que precisa fazer com a mão esquerda para tocá-la.

        1. Concorrem fortemente as piores indicações de todos os tempos algumas daqui com o The Shaggs, verdade

  1. “Pior que vi um clipe da “banda” ao vivo e claramente se percebe o playback das criaturas.”

    Sim, mas isso não é um problema porque todo mundo que foi aos shows e/ou assiste os BluRays já sabe disso :P. O projeto K-ON! / HTT não teve intenção de ser “de verdade”, mas elas chegaram a aprender algumas faixas e as tocaram de verdade, se me lembro bem foram duas. E a diferença de técnica entre elas e os instrumentistas era gritante.

  2. Caros amigos, apesar de não ter participado do CR Recomenda no qual uma das indicações foi uma banda da qual fiz parte e um disco que gravei, gostaria de partilhar com vcs qual seria o meu comentário a respeito. Agradeço os comentários e as críticas de vocês. Abraços!

    “Olhando em perspectiva e fazendo uma auto-crítica, acho que existiu coisas que ficaram deixando a desejar neste álbum que foi nosso único registro. A qualidade da gravação e a resolução sonora ficou abaixo do que era necessário, não podendo competir em igualdade com lançamentos internacionais de gêneros similares, como o Siena Root, Graveyard, Kadavar, etc… Musicalmente, acho que as músicas, com um trato sonoro melhor, poderiam ter maior envergadura, tanto dentro quanto fora do país. A maioria das composições é do vocalista e guitarrista Fabio Gracia. Elas tem um certo apelo, tem bons ganchos. Assino duas composições, a abertura e o fechamento do álbum. Hoje as considero um bocado pretensiosas, poderiam ser mais econômicas. O clima de jam session, com solos muito longos, também poderia ser mais bem dosado. Por outro lado, foi um ar de fidelidade ao que fazíamos com essas músicas ao vivo. Fiquei pessoalmente bastante insatisfeito com a sonoridade da bateria do disco e acho que o Fabio Gracia poderia ter registrado melhor sua performance vocal. Contudo, o processo de gravação foi muito longo e foi realizado em São José do Rio Preto, estúdio de uns amigos nossos. Mas como tudo era muito longe de onde estávamos, creio que isso criou uma pressão e uma impossibilidade de ficar fazendo grandes retoques. Do mais, gosto do trabalho e tenho apreço por ele.”

    1. É um dos melhores discos nacionais dessa década Ronaldo, mesmo com todos os contras citados por você

    2. Ronaldo, existe mesmo influência de Joe Walsh entre vocês ou minha percepção está descalibrada mesmo?

      1. Sim, o Fabio é fã declarado do Joe Walsh, tanto no James Gang quanto no Eagles. Creio que não seja a influência principal dele, mas é uma das, com certeza.

    1. Bem provável que tenha, já o Mairon não gosta da trilha sonora do filme “Purple Rain”, mas eu gosto. Pra mim este é o melhor trabalho do Prince (tanto o disco quanto o filme) e um dos melhores álbuns da música pop em todos os tempos, junto com Madonna (Like a Prayer), Michael Jackson (Thriller), Elton John (Goodbye Yellow Brick Road) e Supertramp (Breakfast in America).

  3. Marco, obrigado por escrever tão belas palavras:

    “japonesinhas animadas e barulhentas, afogando sua sexualidade numa massa de guiosa de shiitake.”

    Isso foi o suficiente pra restabelecer minha fé na humanidade.

  4. “E o metal italiano? Tem personalidade suficiente para se destacar no cenário heavy metal?”

    Estou há dias para responder o Marco sobre essa questão e havia me esquecido.

    Então Marco, o metal italiano até está bastante numeroso e participativo nos últimos tempos. Em termos de quantidade de bandas e lançamentos, até tem superado muito os ingleses, perdendo na Europa apenas para os alemães e os nórdicos.

    Mas é aquela coisa: o metal britânico tem a vantagem das bandas clássicas. Os italianos ficam focados em alguns nichos que são o metal melódico e o sinfônico. Então eles soltam muita coisa todos os anos enquanto os britânicos se concentram em menos bandas mais clássicas. Talvez só o cenário nórdico (bem mais recente)e o norte-americano mesmo podem fazer frente aos britânicos.

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