Cinco Discos Para Conhecer: O Pop Nordestino dos Anos 70
Por Eudes Baima
“Amanhã se der o carneiro
O carneiro
Vou m’imbora daqui pro Rio de Janeiro
Amanhã se der o carneiro
O carneiro
Vou m’imbora daqui pro Rio de Janeiro
As coisas vêm de lá
Eu mesmo vou buscar
E vou voltar em vídeo tapes
E revistas supercoloridas…”
(Ednardo e Augusto Pontes – “Carneiro”, em
“O Romance do Pavão Mysteriozo“, 1974)
Os 40 anos de lançamento do LP Alucinação, do abduzido Belchior, ensejou um grande número de matérias na imprensa cultural. E não apenas aqui no chão sagrado do Ceará, mas também nas páginas dos jornais de alcance nacional, inclusive no Caderno de Cultura do Estadão e na Coluna do chatérrimo Nelson Motta no Jornal da Globo.
Por aqui, então, as comemorações são intermináveis. No Carnaval de Fortaleza tivemos a estreia do Bloco “Os Belchior”, que ostentou o slogan “pelo direito de desaparecer”, além de shows-tributo, seminários e colóquios, como um chamado Semana Alucinação, constando de palestras e apresentações musicais, ocorrido no final de maio, e até um show na abertura do Festival de Jovens Compositores, com feras da música local dedicado a reproduzir no palco o disco aniversariante, sob o comando do guitarrista e diretor musical Mimi Rocha, no mês de junho.
Alucinação, de 1976, não entra nesta mini-antologia de cinco discos, posto que matérias sobre ele são, pelo dito, facilmente acessíveis. Contudo, de fato, o disco vai ficar aqui marcando este “abre” pela perenidade de sua influência e como um dos principais marcos da emergência do que hoje podemos chamar de pop nordestino nos anos de 1970, essa mescla (como sempre, aliás) de autêntica renovação musical e truque mercadológico da indústria cultural.
Em Alucinação, Belchior canta com sua verve característica, no blues “Fotografia 3×4”, que “tudo que pesa no Norte/pela lei da gravidade/ (disso Newton já sabia)/cai no Sul/grande cidade”. O chamado Pessoal do Ceará, que, a rigor, jamais constituiu um grupo, caiu no eixo Rio-São Paulo assim, meio que pela força da gravidade da indústria. Naquele tempo pré-internet, ninguém imaginava estabelecer uma carreira musical em rincões distantes como Ceará e Pernambuco, no que pese a presença cultural de peso que este último já ostentava em escala nacional. Uma realidade que até hoje, com rede mundial e tudo, ainda se mantém em parte viva e que ainda marcou a última manifestação coletiva de expressão nacional da música pernambucana, o Movimento Mangue Beat.
Assim, o caminho dos jovens músicos pernambucanos e cearenses da virada dos 60 para os 70 foi a migração para o Sul do país, de certa forma, acompanhando o que já ocorrera antes com os baianos. Daí que a marca de fantasia destes grupos de músicos fazia referência quase sempre a sua naturalidade (baianos, novos baianos, pessoal do Ceará, etc.).
Os pernambucanos aparentemente foram menos vítimas dessas rotulações, embora, até por uma questão de sobrevivência, tenham mantido certos laços grupais que traziam do meio musical do Recife. De todo modo, não é sem razão que falamos de “pop nordestino”, mantendo este sentido grupal dos músicos que desceram do Norte nesta época, embora, ressalte-se aqui, que traziam todos características pessoais e originais que os distinguiam esteticamente entre si. Mas entre as características comuns a todos estava a influência do rock em sua música, sobretudo dos ícones dos anos 60, Beatles, Dylan, principalmente. Belchior é explícito na citação dessas influências.
Outro elemento era a queda pelo experimentalismo com a musicalidade regional nordestina e a apreensão de culturas consideradas exóticas, como a música árabe. Música árabe que já estava, diga-se, gravada na raiz da música nordestina graças à influência moura, deixada aqui, primeiro pelos portugueses, depois pela migração galega, sírio-libanesa e turca que, em parte se fixou no Nordeste. Fagner mesmo é de família de origem moura (e o apêndice nasal de Belchior não nega o sangue árabe). Não por acaso, tanto em seu canto, como no de Alceu Valença e no de Ednardo ressoam tons orientais, sem falar na intrincada combinação de cordas que marcam os trabalhos destes artistas nos seus primeiros discos, justamente aqueles que se pode enfeixar nesta categoria de “pop nordestino”.
Aqui, a coincidência cultural joga um enorme papel, já que também o rock anglo-saxão, na mesma época, andava seduzido por estas sonoridades ditas exóticas (exótica pra quem, cara pálida?). Esta musicalidade aberta a múltiplas e improváveis influências, ironia da indústria, tomou um formato efetivamente pop, no sentido de ser veiculado num pacote acessível ao gosto popular ou, se não tanto, pelo menos ao gosto de bons segmentos das classes médias, garantindo as vendagens.
Como se pode imaginar, entretanto, este encontro de Lennon e McCartney com Luiz Gonzaga e Humberto Teixeria, tendo cítaras e tablas ao fundo, foi maturado por anos, seja nos bares de Fortaleza e Recife, seja na programação fortemente local que as emissoras de TV e rádio mantinham nos anos 60. Para não fala das sessões nas casas dos rapazes e moças desta cena nordestina, como lembra o estudioso Wagner Castro (veja referência ao final). De forma que, antes do mergulho rumo ao Sul Maravilha, estes artistas já tinham uma carreira mais ou menos reconhecida regionalmente, e já testavam suas canções para plateias de programas de auditório e de festivais universitários e profissionais, uma verdadeira epidemia na mídia deste período, o que permitiu alguns jornalistas falarem de uma “era dos festivais”.
Por isso, alguns dos artistas aqui abordados, quando se lançaram em carreiras discográficas, já tinham algumas de suas canções gravadas por medalhões da MPB, ou já tocavam como músicos de apoio para artistas de proa. Assim, Elis e Roberto Carlos já tinham registrado a emblemática “Mucuripe” antes dos primeiros sucessos de Fagner, e a primeira já gravara “Velha Roupa Colorida” e” Como Nossos Pais”, em 1976 (LP Falso Brilhante) antes da edição de Alucinação, em 1976. Enquanto o guitarrista Robertinho do Recife já era figura conhecida nos estúdios sulistas antes de suas aventuras com Fagner e solo.
Os álbuns escolhidos para esta edição da seção “Cinco Discos” não são os mais conhecidos de seus autores, mas representam tentativas pioneiras e, por isso mesmo, talvez sejam os melhores para indicar ao ouvinte interessado a seguir esta saga fonográfica. Os destinos dos artistas aqui enfocados foram, às vezes, erráticos. Fagner, depois de transitar de maneira brilhante pela fusão roqueira, chegando a momentos de puro experimentalismo (“Orós”, gravado ao lado de Hermeto Pascoal), enveredou por discos feitos no piloto automático, pouco inspirados, mas de acachapante apelo popular. Ednardo, depois de discos de uma originalidade próxima do inusitado, manteve uma carreira discreta e digna, embora musicalmente menos ousada do que o que fizera nos primeiros lançamentos, mas segue com intensa agenda de shows e dando suas cacetadas como agitador cultural. Alceu Valença, depois de perpetrar talvez a mais bem-sucedida e energética fusão de rock e música nordestina, seguiu fazendo bons discos, mas já bem próximos do que se poderia chamar de MPB padrão. Robertinho, após dois discos mais ou menos inacreditáveis para nossos ouvidos despreparados (um deles resenhado abaixo), teve de se dedicar a sustentar a mina que o esperava em casa com seu baby doll de nylon, e cometeu discos, no sentido oposto, também inacreditáveis. Como algumas obras não trazem os músicos participantes, não iremos informar os mesmos para não cometer erros.
Belchior … bem, Belchior deixou o mundo dos vivos para viver como superstar no país das lendas. Vamos aos discos!
Meu Corpo, Minha Embalagem Todo Gasto na Viagem (também conhecido como Ednardo e o Pessoal do Ceará) – Ednardo, Rodger Rogério e Tety [1973]
Gravado no final de 1972, este disco inaugura os registros do chamado Pessoal do Ceará em LP. Antes, Fagner já havia lançado 2 compactos pela RGE e sido incluído na série Disco de Bolso que vinha encartado no jornal O Pasquim, com a faixa “Mucuripe”. O disco tem todos aqueles atributos de manifesto inaugural. Com autoria de faixas irmãmente dividida entre Ednardo e Rodger (então um músico bissexto que, como nosso consultor Mairon Machado, era professor de Física da USP), mais uma de Fagner e Ricardo Bezerra (a mítica road song “Cavalo Ferro”), a fusão entre o acústico e o elétrico, entre o intimista e as frases tonitruantes de metais, entre os sons nordestinos (litorâneos e sertanejos) e o rock, tudo já está aqui. E, melhor, na forma de lindas canções juvenis, transpassadas pela temática do cearense errante e da saudade da terra natal. A indústria sempre foi um horror, mas já foi melhor: o disco de estreantes saiu com capa dupla, liner notes de grandes figuras da época e com uma imagem maravilhosa de um trabalho em renda na capa. Depois a “força da grana” reduziu o disco a uma edição simples, com arte sem graça e, com o estouro comercial de Ednardo, o nome trocado para Ednardo e o Pessoal do Ceará, mantido na edição em CD nos anos 90. Vá direto a “Beira Mar”, um soul de gosto cearense e emblemático para quem mora em Fortaleza, “Cavalo Ferro”, com seu arranjo eletrificado, à lindíssima e melancólica crônica urbana “Curta-metragem” e ao experimentalismo de “A Mala”, além da faixa de abertura, “Ingazeira”, dedicada ao artista plástico cearense, Aldemir Martins, e que, ouvindo hoje, tem uma levada de violão meio The Who.
1. Ingazeiras
2. Terral
3. Cavalo Ferro
4. Curta-metragem
5. Falando da vida
6. Dono dos teus olhos
7. Palmas para dar ibope
8. Beira-mar
9. Susto
10. A mala
Belchior – Belchior [1974]
Belchior, não parece, mas tem uma sólida formação musical, apesar de vir de uma família pobre da região Norte do Ceará, mas fortemente ligada à música: foi cantador de feira, poeta repentista e estudou música coral e piano com Acacio Halley. Quando estreou com este LP em 74, tinha vencido um festival universitário com a legendária “Hora do Almoço”, que lhe rendeu dois compactos. O disco autoproduzido, mas com o amparo da orquestra da Continental, é fortemente experimental, com musicalização de poesia concreta (“Bebelo”, “Máquina”), faixas instrumentais, referências literárias e musicais eruditas e populares, e até com uma gravação primitiva do futuro hit “Todo Sujo de Batom”, uma versão brazuca da temática de American Grafitti. Tão estranho, o disco não teve reedição em LP, ficando como um item de colecionador. A edição em CD só se deu por meio da série Dois Momentos (Warner), junto com Belchior (disco de 1978, lotado de hits), por iniciativa de Charles Gavin. Pouse a agulha na faixa 1, “Mote e Glosa”, e fique parado se for capaz.
1. Mote e glosa
2. A palo seco
3. Senhor dono da casa
4. Bebelo
5. Máquina I
6. Todo sujo de batom
7. Passeio
8. Rodagem
9. Na hora do almoço
10. Cemitério
11. Máquina II
Molhado de Suor – Alceu Valença [1974]
Molhado de Suor é o terceiro álbum de estúdio de Alceu Valença, e o seu primeiro álbum solo. Foi lançado em 1974 pela Som Livre, produzido por Eustáquio Sena. Antes de Molhado de Suor, o cantor já participara do Festival Internacional da Canção, assustando o júri com o coco roqueiro “Papagaio do Futuro” (também incluído neste disco), ao lado de Geraldo Azevedo e do moderníssimo Jackson do Pandeiro. Alceu e Geraldo Azevedo lançaram a seguir o disco Quadrafônico (1972), e Alceu gravou faixas para o a trilha sonora de A Noite do Espantalho, filme de 1974, do diretor e músico Sérgio Ricardo. “Molhado de Suor”, um disco de intensa fusão roqueira e hábil entrelaçamento de instrumentos acústicos e elétricos, inesperadamente alcançou o grande público, atingindo 100 mil cópias vendidas. Com a anárquica participação de Alceu e trupe no Festival Abertura, da TV Globo, em 1975, com o rock agalopado “Vou Danado Para Catende”, a Som Livre se apressou em relançar o disco com a inclusão da faixa. As sonoridades contemporâneas, providenciadas por parte da turma do rock pernambucano, se fundem com a ancestralidade do artista. Diz Alceu: “sou fruto da cultura de minha terra, das violas, dos cantadores, dos violeiros, dos pastoris lusitanos; dos frevos e blocos, do maracatu, negro; e da coisa moura”. Vá direto a faixas como “Papagaio do Futuro”, “Dente de Ocidente”, “Dia Branco”, “Mensageira dos Anjos”, para entender do que se fala aqui. O show de divulgação do disco rendeu o maravilhoso álbum ao vivo “Vivo”, que poderia ser um destes cinco discos. O último disco de Alceu com a radicalidade destes foi “Espelho Cristalino” de 1978. Depois, o artista se direcionou para um regionalismo pop mais convencional.
1. Borboleta
2. Punhal de Prata
3. Dia Branco
4. Cabelos Longos
5. Chutando Pedras
6. Molhado de Suor
7. Mensageira dos Anjos
8. Papagaio do Futuro
9. Dente de Ocidente
10. Pedras de Sal
Raimundo Fagner – Fagner [1976]
Não sendo ainda um ídolo popular, quando gravou este disco, Fagner já era uma figura importante na indústria fonográfica, um bom vendedor de discos no plantel da então CBS. Depois do intrincado e belo Ave Noturna, gravado com o Vímana e outros músicos de prestígio, Fagner resolveu fazer um LP de sotaque roqueiro. Com instrumentação majoritariamente elétrica e a presença igualmente eletrizante de Robertinho do Recife nas guitarras, o disco funde o canto mouro e as inflexões nordestinas com precisos e pesados arranjos blueseiros. O estranhamento começa com a abertura com “Sinal Fechado”, o clássico de Paulinho da Viola, quase irreconhecível num emaranhado de canto e contracanto tendo uma cornucópia de cordas no background. Emenda com o blues acústico “Conflito”, cheio de fraseados de bateria. Canções como “Asa Partida”, “Pavor dos Paraísos”, Cordas de Aço” e sobretudo “Sangue e Pudins” são números rock com ataque irretocável da banda e a guitarra virtuose de Robertinho. Se você tem menos de 30 anos, dificilmente reconhecerá este Fagner aqui.
1. Sinal Fechado
2. Conflito
3. Asa Partida
4. Pavor dos Paraísos
5. Corda de Aço
6. Calma Violência
7. Natureza Noturna
8. Matinada
9. Sangue e Pudins
10. Além do Cansaço
11. ABC
Jardim da Infância – Robertinho do Recife [1977]
Não tenho medo de dizer que Jardim da Infância é um dos melhores discos já gravados nestas terras. Nesta época, Fagner foi elevado à condição de diretor artístico do selo Epic da CBS (havia uma piada dizendo que CBS significava Cearenses Bem-Sucedidos) e empurrou para o estúdio vários músicos nordestinos, destes que as gravadoras consideravam com pouco potencial comercial. Entre eles, Robertinho do Recife, jovem guitarrista que já o vinha acompanhando há algum tempo, como no extraordinário registro no LP Raimundo Fagner (1976). Este disco solo de estreia é uma iluminação. Se seus contemporâneos incorporavam influências do rock, Robertinho resolveu perpetrar uma aproximação entre as sonoridades nordestino-árabes e o jazz fusion em voga na época. O disco abre trilhando uma vereda que os Novos Baianos já tinham aberto: a introdução pesada da guitarra elétrica no frevo tradicional, sendo que “Frevo dos Palhaços” investe na sonoridade típica do estilo pernambucano. Talvez a faixa mais original da fusão nordeste-oriente-jazz-rock seja o lindo tema “Sinais”, em que a guitarra se embrenha numa conversa torta com a sanfona do genial Sivuca. “Idade Perigosa” emula com propriedade o Jeff Beck de Blow by Blow, enquanto “Chamada”, com participação de Fagner nas harmonias vocais, traz a Mahavishnu Orchestra para tocar no agreste, num amanhecer do verão. Agora, se estas faixas denunciam as paixões jazz fusion de Robertinho, coisas como “Ao Romper D’Alva”, “Acalanto para um Punhal” e “Agrestina” mostram que estas influências eram reprocessadas em temas originais e de alta voltagem inventiva. O disco obviamente não fez boa figura no departamento comercial da CBS e nunca foi relançado, nem mesmo na era do CD. Uma versão completa pode ser ouvida através do Youtube, mas o arquivo para download não está mais na rede. Robertinho ainda lançaria outro álbum do mesmo calibre, Robertinho no Passo, para depois cair na vida e cometer atrocidades na forma de versões para canções bregas do Def Leppard e do Aerosmith. Hoje, está dedicado à produção em seu estúdio no Recife e este produtor deve entender pra caramba do riscado!
1. Frevo dos Palhaços
2. Jardim da Infância
3. Sinais
4. Idade Perigosa
5. Ao Romper D’Alva
6. Chamada
7. Acalanto para Um Punhal
8. Agrestina
9. Cor de Rosa, Dor do Amor
Para saber mais:
CASTRO, Wagner. No Tom da Canção Cearense: do rádio e TV, dos lares e bares, na era dos festivais (1963-1979). Fortaleza: Edições UFC, 2008.
ROGÉRIO, Pedro. Pessoal do Ceará: habitus e campo musical na década de 1970. Fortaleza: Edições UFC, 2008.
Esqueci de assinalar na matéria que em Raimudo Fagner (1976) comparecem alguns membros do Clube da Esquina, com destaque para o super baterista Robertinho Silva.
Esse primeiro do Belchior teve sim reedição em 1986.
Eudes, senti a ausência daquele que talvez seja, na minha modesta opinião, o maior representante do pop nordestino: Zé Ramalho da Paraíba. “Zé Ramalho”, “A peleja do diabo com o dono do céu” e “A terceira lâmina” são obras que vêm resistindo ao tempo e amealhando novas gerações de fãs. Merecia ao menos uma citação…
Concordo com o Francisco. Colocaria Zé Ramalho no lugar do Belchior, por exemplo. Mas a lista é muito boa. Parabéns!
Sem divergência quanto à importância de Zé Ramalho, penso que ele expressa um momento um tanto posterior àquele que enfoquei. Acho que Zé merece um artigo na CR.
Compreendi o critério adotado. Os músicos citados são de uma “safra” que começou a aparecer no fim dos anos 60 e início dos 70. Nesse contexto, Zé Ramalho não se enquadra, pois começou a aparecer por volta de 1974. Mas o paraibano merece, pelo menos, um artigo. Só para lembrar: há que se considerar que, ao redor desses destaques, outros bons músicos pontificaram. Cito Geraldo Azevedo, Lula Cõrtes, Paulo Raphael (guitarrista da banda de rock psicodélico Ave Sangria), Heraldo do Monte, Elomar…
Com estes primeiros comentários, fica claro que há necessidade de mais artigos sobre o tema, abrangendo uma constelação maior de artistas.
Lembro que há uma cena enorme de roqueiros, surgidos na mesma época em outras regiões, como o Sul do país.
Não à toa sou sócio de Eudes Baima no ASPABROMI. Mamãe já dizia que se eu quisesse ser bom teria que andar com os bons e o Eudes é dos melhores. Parabéns pela matéria, meu amigo e por não ter optado pelas escolhas fáceis. E gostei da explicação da garota de baby doll como responsavel pela guinada na carreira do Robertinho de Recife. Só por coincidência, ontem estava lendo uma entrevista do produtor e músico alagoano Herman Torres, que já tocou com deus e o mundo desde os anos 60, e lá pelas tantas ele fala sobre o batrista d’A Cor do Som Gustavo Schoeter, que havia trabalhado com Fagner: “Ele trabalhava com o Fagner, mas parece que rolava um certo… Da mesma forma que os cariocas olhavam meio atravessado para o rock nordestino, tinham alguns nordestinos que olhavam meio assim também, no caso o Gustavo era rockeiro demais, e os caras tipo o Robertinho do Recife queriam uma coisa mais raízes – o que é engraçado, pois o Robertinho hoje faz heavy metal – então o Gustavo acabou se sentindo um pouco deslocado, eu não me lembro exatamente o que aconteceu, mas o Gustavo saiu da banda do Fagner…” Só uma fofoquinha, hehe…
Fiquei com ciúmes. Mas o Eudes merece os elogios. Ainda mais que ele é um gatinho socialista de direita (ou seria um playboyzinho coxinha de esquerda?)
O Eudes é um Goebbels enrustido. No bom sentido, claro…
Parabéns ao Francisco e ao chefe Mairon por citarem o Zé Ramalho. Eu e meu pai gostamos de quase tudo dele, só que não gosto muito das primeiras gravações de seus primeiros discos, com exceção de “A Peleja do Diabo com o Dono do Céu” (1979), que gosto de ouvir do começo ao fim em sua gravação original. Quanto aos outros, estou mais acostumado com as versões feitas por ele mesmo anos mais tarde em discos como “Antologia Acústica – 20 anos” (1997).
As três primeiras músicas do Lp “Zé Ramalho”, o primeiro disco solo do paraibano, são, pela ordem, “Avôhai” (com os teclados de um tal Patrick Moraz), “Vila do Sossego” e “Chão de giz”. Obra-prima!
Do Zé continuo gostando mais do disco solo de estreia.
Mas confesso que, reconhecendo a importância de Zé, tirando este primeiro disco, não faz muito minha cabeça. Sentimento meio parecido ao que tenho por Raul. Sei da gigantesca importância, mas não me tacam na parede. Uma coisa que gosto nos dois é o de que chegam do bebim do boteco da esquina ao roqueiro ortodoxo.
Não tenho muita paciência com o disco de estréia dele, prefiro o Zé Ramalho á partir da “Peleja do Diabo com o Dono do Céu”. I’m sorry, friend!
No problem, baby.
OK, amigo!
Muito legal a matéria Eudes!!! Só a introdução já valeria um texto, podendo deixar a compilação dos cinco discos para um outro dia. Na verdade acabou sendo cinco discos (mais um). Gostei muito da contextualização dos lançamentos com a história da música. Chama a atenção a pouca criatividade da maioria das capas. Exceto as de Robertinho do Recife e Ednardo (aliás…prazer, não conhecia nem de nome), as outras são de chorar. Sendo a pior dela a de Belchior. Porque colocar o nome das músicas na capa do disco?!?! Já existe a contra capa para isso!!!! Bem…não vou mentir que essa não é a minha praia musical e vocês já devem imaginar que eu não tenho idéia de como são esses discos mas fiquei interessado no do Robertinho. Por enquanto vou ficar aqui com mais um disco oriundo de outro movimento musical regional, a NWOBHM…
Parabéns de novo!!!
Do Robertinho de Recife, talvez você aprecia o Lp “Rapsódia rock”. E o “Metalmania”…
Talvez você APRECIE…
Sério que você não conhece Ednardo? Nem Pavão Mysteriozo?
Outra música do Ednardo que tocava nas rádios nos anos 70, era Artigo 26!
Outro grande sucesso de Ednardo: “Enquanto engoma a calça”, que é posterior aos já citados.
Mas que matéria arretada!! kkk
Infelizmente não tenho muito material desse pessoal em minha coleção. Os únicos discos que possuo são o primeiro disco do Zé Ramalho e o “Espelho Cristalino” do Alceu Valença!
Meus parabéns pelo teu texto, Eudes. Dá gosto de ler matérias assim.
Abs
E você comentou de atrocidades de Robertinho de Recife e eu me lembrei do disco “Satisfação” que estouros nas rádios no início dos anos 80 e que continham os sucessos ” O Elefante” e “Seja o meu Céu”! kkkk
EU TIVE ESSE DISCO! Mas entendam: eu era apenas um adolescente… Na mesma época, o meu amigo Marcão me emprestou um disco de um tal Ted Nugent, “State of shock”… Aí o Robertinho ficou de lado.
Dá outra chance a Jardim da Infância, Francisco.
Vou procurar…
Atroz!
Excelente matéria Eudes, trazendo excelentes sugestões e contextualizando muito bem o cenário em que os músicos do Ceará se destacaram. Em relação aos discos, gosto muito do Manera frufru Manera do Fagner. Do Ze Ramalho, seu disco com o Lula Cortes, o Peabiru merece uma matéria, tanto pela qualidade do som como pelas lendas que cercam sua concepção e lançamento.
Justo porque o famoso, mas pouco ouvido, disco de Lula e Zé Ramalho é um item à parte que não o inclui. Merece sim um artigo. Quem se habilita?
O Lula gravou disco?!!!
E o disco “Satwa”, que o Lula Cortes gravou com Lailton, e que teve a participação do Robertinho de Recife, também merece uma análise…
“Blue do cachorro muito louco”, do Lp “Satwa”, traz um solo primoroso do Robertinho de Recife…
Vixi, esse nem eu que sou do norte conheço…curiosíssimo!
Esse disco do Robertinho do Recife é foda…e a matéria do Eudes dispensa meus comentários. Ficou porreta de boa.
Abraço,
Muito legal essa matéria, Eudes. A descrição de todos os discos me agradou. A propósito, falando de Belchior, ele é pra mim o melhor artista de toda a MPB. Já coloquei um dos citados pra escutar, e estou gostando bastante.
“Belchior, não parece, mas tem uma sólida formação musical”, não entendi essa colocação….