Astafix – End Ever [2009]
Por André Kaminski
Lá pelos idos de 2011, eu havia escutado no youtube algumas faixas do na época ainda novo disco de uma banda gaúcha chamada Anaxes ao qual se intitulava Antithesis (2010). Tinha gostado muito da banda, para mim era o Symphony X do hemisfério sul com faixas que ao mesmo tempo soavam técnicas como todo metal progressivo faz, as ótimas melodias das composições do disco me saltaram aos ouvidos e me empolgaram para comprar o cd e ajudar os caras. Como não consegui achar muito fácil pelos sites de venda, mandei direto um email para a banda solicitando uma cópia para a minha coleção.
Quem respondeu meu email foi o baterista Thiago Caurio, me tratando de forma muito bacana e contente que eu quisesse comprar um disco deles. Porém, no mesmo pacote, ele me ofereceu este disco do Astafix, banda em que ele também toca e que faz um thrash metal grooveado, com pegada bem noventista e ainda me oferecendo um descontinho camarada. Aceitei, é claro. Uma semana depois, estava com ambos na minha coleção.
Ouvi o Anaxes e encontrei o que eu esperava: um ótimo disco de metal progressivo. Botei o Astafix logo em seguida, sem jamais ter ouvido nada deles. Riffs pesados e dissonantes, bateria cavalar e o vocal rasgado surpreendentemente bem compreensível me fizeram pirar no disco. Ouvi e botei no repeat. Outra ótima banda. Pensei comigo que o show desses caras deve ser insano.
Daí né pesquisando na internet, soube que o líder e vocalista da banda Wally foi nada mais, nada menos, que o guitarrista do CPM 22. Nessa época ele já havia saído da banda. Se eu soubesse disso, era bem possível que eu não adquirisse o cd. Uma daquelas situações que serve para nos ensinar que cada disco e cada banda é um universo musical único e que não podemos julgar um disco pelo passado de seus integrantes antes mesmo de ouvi-lo. Fica a dica para a galera que nos acompanha por aqui.
A formação da banda que gravou o disco consiste de Wally (vocais e guitarras), Paulo Schroeber (guitarras), Ayka (baixo e vocais) e agora tenho dúvidas quanto a quem gravou a bateria. No encarte, cita Adriano Daga mas várias fontes da internet indicam Thiago Caurio. O que consegui do que pode ser mais exato é que Adriano gravou o disco mas acabou saindo e Caurio assumiu as baquetas pouco antes desse ser lançado. As letras em sua maioria foram escritas por Wally e o produtor norte-americano Brendan Duffey, enquanto a banda toda ajudou no instrumental. Antes que eu me esqueça R.I.P. Paulo Schroeber. Vários convidados participam tocando guitarra em diversas faixas.
A banda já começa muito bem com “Red Streets” com um thrash influenciado pelo groove e riffs com ótima variedade, além de uma caixa de bateria esmurrada sem dó. Não a toa lembra o Sepultura dos anos 90, visto Andreas Kisser tocar nela. “Cypher” prossegue no peso e Wally aqui já urra de maneira similar a Max Cavalera. Alguns efeitos nos vocais e a própria batida mais reta dá uma ideia de zona urbana em conflito. Depois vem a mediana “False Eyes”. Creio que por ter me lembrado o Pantera, banda que gosto de algumas coisas mas não morro de amores, não me saltou aos ouvidos.
Já “Dead Forever” é mais o meu estilo. Típico thrash americano noventista que lembraria o Testament. Riffs bem sacados, baixo fazendo vibrar o subwoofer e Wally tirando tudo o que tem da garganta. As guitarras finalizando a canção ficaram fodas. “Drown Your World” é veloz, conta com bumbo duplo e já lembra as facetas mais extremas quase alcançando o death metal. Em “13th Knot” ouvi uma voz diferente aqui, mais rasgada e menos urrada. Será que é Wally cantando diferente ou seria o baixista Ayka?
“End Ever” é a melhor do álbum, definitivamente. Os caras conseguiram criar um clima de apocalipse perfeito. Até acho que a letra da canção um tanto quanto “esperançosa” para um clima tão caótico criado pelo instrumental dessa canção. “Seven” traz o próprio número sete como base citando várias referências diferentes ao número como os sete pecados. O instrumental é bem diferente, mais lento e praticamente todo doom metal. Candlemass inspirou os caras bonito por aqui. “The Havoc Clutch” já me soou também mediana. Boas ideias, mas alguns riffs exageradamente dissonantes deixaram a faixa cansativa. “Black Blood Blight” pega um heavy mais pesado e tradicional. Há algumas gravações de discursos como rádios de soldados em guerra, reportagens de tv e um inicial que parece ser de um político, algo meio George W. Bush. “Desordem e Retrocesso” é aquela coisa meio thrash crossover com punk que apesar de ser em português e bem curta, não me agradou em nada por eu não curtir esse estilo. Sorte que voltam ao thrash com “Desert Eyes”, encerrando um ótimo disco com poucos pontos baixos.
O Astafix segue na ativa e com formação estável após a morte de Schroeber. Cássio Vianna assume as guitarras e lançaram no ano passado seu segundo trabalho intitulado Internal Saboteur e no momento estão promovendo o álbum com vídeos e dando entrevistas. Quanto ao Anaxes citado lá no começo da matéria, não há mais registro de atividades deles desde 2013. Provável que a banda acabou ou está parada. Uma pena.
Tracklist
01 – Red Streets
02 – Cipher
03 – False Eyes
04 – Dead Forever
05 – Drown Your World
06 – The 13th Knot
07 – End Ever
08 – Seven
09 – The Havoc Clutch
10 – Black Blood Blight
11 – Desordem e Retrocesso
12 – Desert Eyes
André, sempre nos trazendo bandas que só ele conhece. É o Marco da nova geração!!!
Falta eu conseguir chegar na mesma qualidade de escrita dele. Vai muito feijão com arroz ainda.
Mais umas duas semanas e o André ouviu mais que eu e escreve bem melhor. Quem viver, verá.
Essa história do Wally ter sido do CPM 22 me lembrou o PJ, baixista do Jota Quest que apareceu em um disco do Eminence.
Em relação ao Astafix, não curto. Lembro da aparição deles, na época desse álbum aí, no extinto Programa Novo da TV Cultura.
Procurei no youtube o programa deles e “Red Streets” até está boa, mas “False Eyes” está com uma sonoridade horrível, não sei se pela qualidade do vídeo ou porque o engenheiro de som avacalhou com a banda. Praticamente só se escuta o baixo e mais nada.
A bateria desse disco realmente foi gravada pelo Adriano. Comentou comigo quando ainda estava fazendo as gravações, antes do disco ficar pronto. Na época, ele tocava em uma banda de hard rock junto com meu irmão chamada Shocker. Atualmente, ele é baterista do Malta. Olha aí, mais um motivo para a galera descer o cacete antes de ouvir. O disco é bacana mesma. Pesadão, bem tocado.
Davi é amigo de todos da cena paulista. Come um pastel toda manhã na padaria com o Frejat, convida o Andreas Kisser para uma partida de sinuca a tarde e ainda empresaria os shows do Sergio Mallandro da “Porta dos Desesperados” a noite. De madrugada, ainda tira um tempo para bater um papo com o Gene Simmons sobre melhores investimentos da macroeconomia mundial.
kkkk Até parece, né? Mas seria um dia realmente interessante. Renderia altas histórias, fala aí…
Davi é nossa Miriam Leitão (do bem): “encontrei no elevador com o secretário do ministério e ele me confidenciou que…”
O disco do Astafix, se não me engano, foi gravado no Norcal Estudios (Andre pode confirmar. No encarte deve ter essa informação). Quem gravava os artistas nessa época no Norcal eram o Brendan Duffey e o Adriano. Preciso checar o CD, mas se não me engano, os dois assinam a produção do álbum. Quando o baterista faltava ou não conseguia gravar determinado trecho, o Adriano sentava e tocava (famoso musico de estúdio). Na época do Astafix, eles estavam sem baterista. Não lembro agora a historia. Se o cara tinha saído da banda perto da gravação ou se ainda estavam sem baterista mesmo. O Thiago é um ótimo músico, mas ele entrou depois. Quando eles entraram em estúdio, isso aí ainda era meio que um projeto paralelo. Depois é que tomou ar de banda…
Só confirmando que o Davi está corretíssimo quanto a todas as informações que ele passou aqui.
Faltou incentivar o Gugu a lançar a sequência do álbum da capa em 3D, o que é feito durante um Brunch com Jacquin, Paola Carosella e Fogaça
Datena anda incentivando o Davi a fazer um programa nos moldes do Amauri Jr., mas ele disse que se não for no estilo do Otávio Mesquita, chapa de balada dele, não rola
Gostei tanto do texto do André que eis-me, quem diria, aqui ouvindo o álbum…bacana Kaminski…ainda que o disco mesmo seja gutural demais pra mim. Problema geracional.
Essa foi a maior surpresa do site desde o dia que o Mairon saiu do armário.
Também ouvi, André. É legal, mas o cantor cansa a gente e me faz repetir a máxima: não achei meus ouvidos no trash. O instrumental, por outro lado, tem o efeito de um gardenal a mais.
Quem disse que eu sai do armário? Eu nunca estive dentro …