You wanna rock around the clock tonight, baby ?
Por Luiz Duboc
Nada mais é novo. It’s only rock’n roll, que catzo importa isso! o sonho acabou, o pop virou pesadelo medieval pós-moderno ou estacas franki. A única coisa que sempre será nova é a memória, somos o monte de recordações que juntamos. Cada vez que pedimos with a little help from my friends a ela, vem o que se queria lembrar, mas sempre diferente, sempre uma versão nova, nunca a mesma memória mas sempre da mesma coisa.
Contudo, aconteceu. Ao menos, lembro que cheguei lá naqueles dias de Londres meados dos 1970: na semana que saiu o disco Let it be, que estreou o filme Let it be, do comunicado da Apple que Lennon, McCartney, Harrison e Starkey acordavam para seus solos. Se foi assim como aconteceu, sim, foi assim, bom, a memória só me garante o que aconteceu: esse ‘que’ chamando o ‘como’ pra curtir rock do bom, falar do rock que a memória quase lembra.
O que vai se passar aqui não vai mudar este mundo nestes tempos, principalmente brazukas, tão opostos estúpidos cruelmente aos valores, princípios, honestidade lyrics and music; uma ética praticada desde o grande patriarca negro de todos os rocks, o Blues; mais família, soul, spiritual, gospel, jump blues, country, folk, Chicago Blues, boogie-woogie, R&B; e descendentes, rockabilly, soft rock, progressive, metal, heavy metal etc.. E o enfant gaté que assumiu o sangue negro do patriarca, casou com todas as cores do som, e continuou rock — o mimado, curtido, velho rock n’roll & cia. iltda., esse patriarca forever young.
Rock, pedra, não pára aí, saiu rolando arranjos para vários significados semânticos. A origem ninguém sabe, todos lembram a cor, negra. O preto puro que inventou o negro que nunca mais largou sua alma musical negra, atéia mas eterna, desde as noitadas de Memphis e New Orleans. E no sétimo dia o negro pariu o rock no meio da luta contra o racismo.
Debaixo do sol e da chuva, construindo as ferrovias sulistas, mantinham outro ritmo nas batidas de seus martelos na pedra. Nesse arranjo para rochas, no fim de cada verso, improvisado (outro rock dali a pouco) ou não, eles balançavam seus martelos para furar e aumentar mais o buraco. Os caras que se ocupavam das pontas de aço dos pregos-patrão, esses ‘shakers’ balançavam os cravos pra frente e pra trás, os ‘rolavam’, girando o prego-patrão, corrigindo e aumentando a ‘mordida da broca’. Embalou celeiros, cheap-saloons, tavernas; martelo e prego-patrão viravam guitarras, baixos, baterias, pianos; e voz, berros, gritos (o Fab4 teve aulas de grito com Little Richard; George ficou em dependência e Ringo em 2a. época).
Os cantores negros gospel falavam ‘rock, rocking’ para significar o êxtase espiritual. O verbo ‘to roll’ vem de metáfora do medievo (waal!), para ter relações sexuais. Séculos utilizando expressões como ‘They had a roll…’ (Eles tinham um rolo …, ‘She rolled me in…’, Ela transou comigo no… — ambas, na gíria moderna). Os termos também eram utilizados juntos – rocking-and-rolling – para descrever aquele mover, balançar o corpo para frente e para trás de lado a lado, com cuidado, suavemente, e com emoção. O duplo sentido musical e sexual foi se plasmando pela década dos 40, ficou. ‘Rocking-and-rolling’ (balançando e rolando) conforme gíria negra conforme a circunstância, para a dançar ou fazer sexo, aparece em gravações desde 1922, popularizou-se.
Em 1954, com a entrada dos brancos Bill Haley and His Comets encaretou semanticamente quando gravaram “Rock Around the Clock”, hit menor usado na sequência de abertura do filme “Blackboard Jungle”. Um ano mais e estourou, passa a definir o início do auge do rock’n roll como movimento, agora, também no sentido para o conjunto de ações e corrente de pensamento de um grupo com os cabelos crescendo que se mobilizam, se identificam, curtem aquele som e seu carisma de liberdade. A canção se torna um dos maiores sucessos, até hoje, na história da música pop. Mais que uma moda, um espaço nada metafórico para todas as músicas de rock and roll. Se tudo veio lançando antes as bases, “Clock” introduziu a música para um público global . Elvis, the Pelvis, traz o significado de volta aos palcos, metade, só no movimento da dança, todos pensam que o copyright é dele, ele usou, e bem.
Um salto quântico do terror: na guerra do Vietnã, o termo “Let’s Rock and Roll” era a ordem para o pelotão, ao mesmo tempo, apertar o gatilho do fuzil-metralhadora M-16, colocando e apoiando a arma no quadril feito uma guitarra. Enquanto Bob Dylan, por exemplo, mandava ver sua voz de taquara rachada contra a estupidez, e alguma juventude americana consciente rasgava o certificado militar, e fugia para o Canadá.
You wanna rock around the clock tonigth, baby? Quer transar a noite inteira, baby? Quer transar o tempo todo de noite, baby?
Mexer o corpo, transar com e sem música; (vale também para balançar, embalar, vai dar no ‘embalo’, hoje). Um toque para antes e depois do rock: durante o primeiro movimento, com música e sem música, depois só os movimentos acompanhando a respiração do desejo: dois movimentos, os negros sempre sabem das coisas.
Música primária, deriva em parte do blues e folk, marcada por batida com forte sotaque numa estrutura simples, frases musicais repetitivas. Nada disso dessa música vai mudar o mundo. O rock deu somente sua maneira melhorada, esquecida hoje, principalmente musicalmente. Quase mudou nos quase 20 anos se metendo onde não era chamado mas era ouvido no mundo, deixou sua marca nos corações e mentes. Por causa desse quase — socialmente e economicamente, psicologicamente e filosoficamente, poeticamente e musicalmente: Logo, Culturalmente — entrou para a história da música. Quando se acerta o tom, riffs sempre novos, inventado um som com todas as cores, regala uma moda para todas as cores, que volta e meia vira moda, cria um público inexistente antes, a juventude. Fazendo o mundo mexer o corpo e a mente acompanhando o compasso da história, e faz crescer o cabelo: o hippie abre as portas da percepção e entra na História, passa a valer no legado da humanidade. Quem diria, its’ only rock’n roll, but I like it. Pois é, mas a gente gosta. Paz e amor.
Rock around the clock, ôba, hi, men, nice meet you.
Uma aula sobre a história do rock, escrita com o padrão Marco Gaspari de sempre. Porém, nosso Mestre Siri resolveu retomar seus anos de LSD, acabou adquirindo um de seus codinomes utilizados quando de suas aventuras em uma bolsa de canguru pela Austrália, e sob efeito de alguns alucinógenos, renomeou-se Luiz Duboc.
Seja bem-vindo meu caro Luiz, e que seus textos regados de psicodelia continuem alegrando nossos olhos, principalmente por resgatar da alma de Marcola um lado desconhecido de sua criatividade!
Esse texto do Luiz Duboc é apenas um aperitivo para o verdadeiro banquete de memórias de quem viveu em Londres no começo dos anos 70. Luiz vai nos contar suas lembranças do Festival de Bath, de Jimi Hendrix na Ilha de Wight, do show de estreia de Eric Clapton junto aos Derek and Dominoes e outras coisinhas mais. Seja bem-vindo, Luiz.
Caramba!!! Ansioso por esses textos!!! Seja bem vindo Luiz!!!
Bah, esperando ansioso pelo Na Caverna do Luiz já. Estar na Ilha de Wight deve ter sido sensacional, mas ver a estreia de Derek and the Dominoes, barbaridade, essa é de cair o ( _ o _ )
Sensacional! Tb aguardo pelos próximos textos!
Artigo bom para fazer todo mundo cair na real e calçar as sandálias da humildade.
Quando (e se) a gente comer o feijão suficiente, e se a sorte nos ajudar, talvez a gente vire o Marco Gaspari quando crescer.
Puxa, li o txt e agora que vi que o txt não é do Gaspari. Mas a babação tá valendo.
Quem é o autor?
Gostaria de saber onde é que está escrito que o autor do texto é Marco Gaspari. Tá escrito lá, logo abaixo do título: Luiz Duboc. E o texto não só não é meu como o Luiz escreve muito melhor do que eu e quem me dera fosse meu. O Mairon é que fica fazendo confusão. Mas fico feliz que tenham gostado. Aguardem que vem mais coisa boa do Duboc por aí.
Eu vi que o texto não é seu Marco, não confundi nada, pelo contrário, exaltei vocês dois, dizendo que o Luís consegue ampliar a sua genialidade. Você que não entendeu meu caro … Ou eu que me expressei errado, desculpe
Neste caso eu que me desculpo. Achei que você não tinha entendido e quem não entendeu fui eu. Vou cortar meus pulsos ali no banheiro e já volto.
Os dois estão errados. Quem não entendeu fui eu. Mas quem é o Duboc, Gaspari?
Luiz é um caro amigo meu, desde a década de 70. Foi meu diretor de criação e é um escrevinhador daqueles. É carioca, mas morou em Londres, São Paulo, Peru, Colombia e sei lá mais onde. Na realidade, ele é quem deveria vir aqui se apresentar. Enquanto a gente usava nossas primeiras calças boca de sino ele já tinha uma coluna sobre rock se não me engano na Folha de São Paulo. Hoje mora no interior de São Paulo e começa agora a plantar suas memórias por aqui.
Porra, baita texto bacana para ler, um prazer. 🙂
Um dos textos mais rock’n’roll que apareceu nessas páginas. Bem vindo, Duboc! Aqui um já fã aguarda novos delírios! (Ôrra, ele viu Derek and The Dominos ao vivo! Ele viu Duane Allman mostrando ao Clapton como é que se toca… Ô inveja santa!)
Mais uma amostra do quanto eu tenho orgulho de fazer parte deste site que sempre me surpreende com algo diferenciado dos demais. Mal posso esperar pelas novas histórias.
Bom, já que meu Amigo Marco já voltou do banheiro, limpou todo o sangue, e deixou tudo limpinho como dona Rosana manda.
Antes de beijar as guitarras de todos vocês, duas correções e um orgulho:
Nunca fui diretor de criação do sr Gaspari, pelo simples fato de que ele nunca precisou de quem quer que fosse que dirigisse sua criatividade. Não escrevo melhor do que ele, embromo melhor porque sou mais velho.
O orgulho é de ter um Amigo que fez um lançamento de bola, à la Didi, pra chegar em rockeiros na veia.
Podem crer, bichos: vocês são Supimpas! E carinho, na pior, dá boa balada.
Meu pobrema é que escrevo pra curtidores que manjam mais do assunto do que eu.
Thank You All Very Much Indeed. Valeu, malandros. E como valeu!
Luiz Durock
Esse é o Luiz. Estão apresentados.
Seja bem vindo Luiz.