Blackmore’s Night – Fires at Midnight [2001]
Por André Kaminski
Podemos dizer que o Blackmore’s Night surgiu bem antes da banda lançar o primeiro disco em 1997. Tudo começou quando Candice Night, na época nada mais do que uma fã do Rainbow, conseguiu se encontrar com o lendário guitarrista logo após um show do Rainbow em 1989, na época sendo apenas uma jovem de 18 anos. Foi lá pedir um autógrafo e que acabou caindo em uma longa conversa sobre vários assuntos de interesse comum entre ambos. Da para se dizer que o velho Black ficou encantado com a inteligência e a beleza daquela jovem loira e da qual fez questão de manter contato. A princípio uma amizade que logo se tornou amor e em 1991 ambos estavam morando juntos.
Blackmore notou que Candice tinha uma veia musical aguçada. Aquela límpida voz e uma facilidade para escrever letras fez com que o britânico incentivasse Candice a entrar de vez no ramo. Logo após o quebra pau com Ian Gillan no reformado Purple em 1993, Blackmore colocou Candice para trabalhar em algumas letras e vocais no reformado Rainbow no disco Stranger in Us All [1995]. Logo após a tour do disco, Blackmore estava cada vez mais interessado em trabalhar em um projeto mais voltado a música renascentista e medieval, estilo que Night também adorava. Daí surge o Blackmore’s Night.
Lembro que a primeira vez que tive contato com a voz de Candice Night foi a sua participação no single “Light the Universe”, do Helloween, do álbum Keeper of the Seven Keys – The Legacy [2005]. Desde essa época, já me havia a curiosidade de saber quem era essa vocalista tão legal que havia cantado nessa faixa. Fui descobrir alguns anos depois quando ouvi este mesmo disco pela primeira vez e logo percebi uma similaridade entre as vozes. Pesquisei e confirmei.
Não ouvi nem de longe ainda todos os discos da banda, mas dentre os que conheço, digo logo de cara que Fires at Midnight, terceiro álbum deles, é o melhor que eu ouvi do Blackmore’s Night. Uma bela mescla de música folk com boas doses da guitarra hard rocker de Blackmore que tornaram a audição do disco bastante agradável.
O trabalho conta com 9 composições próprias de Ritchie e Candice, 5 composições folclóricas tradicionais e 1 cover. Para dizer bem a verdade, posso dizer que minhas canções favoritas aqui são justamente as composições próprias da dupla. Destaco a batida e a guitarra contagiante de Blackmore em “Written in the Stars”, a instrumental e singela “Fayre Thee Well” com um tranquilo dedilhado de violão por parte do britânico, a bela “The Storm” com jeitão de canção de filme épico e a animada e dançante “Village on the Sand”. Dentre as tradicionais, fico com “I Still Remember” com um lindo arranjo de violão, guitarra e cordas originalmente feita por Tielman Susato, um compositor renascentista da Antuérpia (atual cidade belga) e a curtinha “Praetorius (Corante)” do alemão Michael Praetorius. O cover de “The Times They Are a Changin'” de Bob Dylan ficou muito bacana na voz doce de Candice. Único ponto fraco para mim é “Benzai-Ten”, canção chatinha, melosa e enjoada.
Apesar de longa duração de uma hora e oito minutos, o álbum parece que voa aos ouvidos tamanha a facilidade que a audição te proporciona em composições agradáveis. A dupla durante esses anos tem feito lançamentos constantes e recentemente Blackmore inventou até mesmo de reviver o Rainbow, aparentemente com saudades de tocar hard rock. Para um guitarrista tão famoso como Ritchie, até acho curioso o fato do Blackmore’s Night ser tão pouco falado. Será que é devido ao estilo mais ligado ao folk? Independente disso, recomendo que peguem este disco e viagem em canções alegres e divertidas do cancioneiro europeu.
Lineup
Ritchie Blackmore: guitarras, violão, tambores renascentistas, pandeiro
Candice Night: vocais, harpa, flauta, gaita de fole eletrônica
Robert Curiano: baixo, vocais de apoio
Carmine Giglio: teclados
Chris Devine: violino, viola, flauta
Mike Sorrentino: bateria
Richard Wiederman: trompete
John Passanante: trombone
Tracklist
- Written on the Stars
- The Times They are a Changin’
- I Still Remember
- Home Again
- Crowning of the King
- Fayre Thee Well
- Fires at Midnight
- Hanging Tree
- Storm
- Mid Winter’s Night
- All Because of You
- Waiting Just for You
- Praetorius (Courante)
- Benzai-Ten
- Village on the Sand
Eu já tentei gostar disso aí, afinal quem gosta de power metal já se acostumou a ouvir essas melodias renascentistas e medievais nas músicas, mas quando peguei algo essencialmente desse estilo não gostei. Prometo que vou dar mais uma chance ao grande Richie.
Não sabia que Candice era uma fã que o Richie deu um pega….rs
Experimente este disco, há momentos em que a velha guitarra elétrica de Blackmore aparece bem.
To no mesmo barco Fernando. Tenho um amigo (guitarrista, claro) que era fanático pelo Blackmore e comprava tudo que ele tinha gravado com o Purple e com o Rainbow. Ele também era fissurado em violão, então quando descobriu que o Blakmore tinha uma banda ‘renascentista’ com uma loira cantando (ele também viciado em loiras), no outro dia voltou pra casa com 2 cds que ele tinha achado e ouvia o tempo todo.
Eu, por curiosidade, peguei os dois discos emprestado e lá fui eu embarcar no barco do descobrimento…
Ouvi dois discos, Shadow of the Moon e Ghost of a Rose… detestei, se bem que o primeiro era ok, não é meu som, mas é ok. Depois disso passei longe do resto da discografia e nunca mais nem tentei ouvir outro disco. Mentira, quando eles lançaram um single uns anos atrás, e esse amigo me mandou o link, eu tentei de novo, não lembro se foi na época do Autumn Sky ou do Dancer and the Moon, mas era tão ruim… cheio de sacarose. Sabe quando você, por acidente, põe açucar demais no café e depois joga fora porque o café fica ‘imbebível’? Então… hahaha
Minha maldição é que minha mulher gosta deles, e volta-e-meia ela põe pra tocar no Spotify… (obrigado senhores técnicos de som pelos fones-de-ouvido) xD
Gosto bastante dessa banda. Pena que os discos não estão mais saindo em edição nacional.
Uma pena mesmo, aparentemente esse estilo deles não teve lá muito mercado no Brasil.
Parecer que eles fazem maior sucesso na Alemanha. Seus discos estão sempre na lista de mais vendidos.
Um detalhe: Em todos os discos da banda existem covers de outros artistas, como por exemplo:
Ocean Gypsy (Renaissance)
Self Portrait (Rainbow)
Diamonds and Rust(Joan Baez)
Rainbow Eyes(Rainbow)
Celluloid Heroes (The Kinks)
First of May(Bee Gees)
I Think It’s Going to Rain Today (Randy Newman)
Lady in Black (Uriah Heep)
The Temple of the King Rainbow)
Moonlight Shadow (Mike Oldfield)
I Got You Babe (Sonny & Cher)
Tenho praticamente todos os discos do BN, e o meu preferido é o segundo, Under A Violet Moon. Esse álbum tem um clima bem medieval, parece que tu estás dentro de uma taverna, ou caminhando por uma vila de uma cidade européia de séculos passados.
Concordo com a observação de que não se sabe por que o BN não é muito falado, muito conhecido por aqui. E me arrependo de não ter ido no Show do Blackmore no Opinião, aqui em Porto Alegre, quando ele veio pra divulgar o álbum Stranger In Us All! A Candice veio de backing vocal…